2011-10-01

ENSINA-ME A MORRER








Pai, ensina-me a morrer.
Tu que tão pouco soubeste
Explicar-me da vida.
Que sempre me dizias
Que é o bem que vence,
E proferias em afagos ternos ao meu cabelo,
A nobreza de uma existência de zelo.
De um viver,
De verdade, de amor por meu irmão,
fraternidade, que multiplicavas solidariedade
Por afecto,
E mesmo repartido em dor
Fazias sempre o que te parecia certo...
Para que mundo me mandaste tu?!...
Não vês que cometeste um grave engano
E eu não encontro um só ser humano
Que case em mim a herança
Dessa visão da vida que sonhaste e
me ensinaste e é
Nas margens de um mundo que nunca me mostraste
Que habito a ânsia de viver essa quimera
Que descrevias nas tuas palavras…
Pai...
Tu não viveste aqui,
Pai,
Tu não viveste!...
Diz-me aonde foi que viveste o que aprendeste
Que eu quero ir para lá , eu quero caminhar ...
Ensina-me a morrer, porque eu não vivo .
E deste mundo em que fiquei,
desde que não estás comigo ,
O que mais quero é partir e descansar!


Maria Portugal