2014-05-18

"Eu acho que a mágica vai acontecer."








“Quando você pergunta sobre a razão de vivermos aqui nesse planeta, e o que estamos fazendo, e por que tanto caos, eu devo dizer que a Vida é uma jornada para descobrir quem você é.

Quando você chega naquela encruzilhada e que descobre quem você é, então você chega à Paz. Uma vez que você esteja em paz, você pode criar de acordo com sua consciência criativa.

Isso tem sido muito difícil. Nós temos tentado por milhares e milhares de anos criar um mundo que seja próspero, onde reconhecemos uns aos outros como divinos e iguais, e compartilhamos, e cooperamos. Mas, nunca fomos capazes de fazer isso. E por que?

Eu tenho me feito essa pergunta. Por que essas diversas culturas são tão extremamente diferentes? E então, quando você as estuda, e eu estudei bastante, viajei pelo mundo inteiro, vivi em países completamente diferentes, especialmente no Extremo Oriente e na Europa, e também aqui na América do Sul…

Eu percebi que todas as pessoas são iguais, todas elas querem amar e ser amadas. Mas, isso não é o que está acontecendo.

Apesar de todos nós querermos ser amados, de alguma forma é difícil para as pessoas amarem umas as outras, e serem honestas umas com as outras, e trocar coisas de uma forma honesta.

As pessoas organizaram nosso sistema de tal maneira que todos querem ter lucro. E muito lucro. O máximo possível. É um tipo de doença.

Dois mil anos atrás, um grande Homem chamado Jesus, quando expulsou os cambistas para fora do Templo, disse: “Estes são o pior dos piores. Nunca deixem eles entrarem novamente, porque eles vão destruir o mundo”.

E nós deixamos que eles entrassem de novo. E então, temos aqui, todos esses banqueiros e agora tudo é sobre a economia, todo mundo tem de lucrar, e todo mundo está correndo de um lado para outro, passando doze horas por dia no trabalho, todo dia, para pagar as contas, esperando que tenham trabalho suficiente para fazer isso.

O mundo ficou louco. E ninguém respeita mais ninguém. Mas, todo mundo usa todo mundo para conseguir o dinheiro necessário para pagar quaisquer contas que tenha que pagar.

A situação ficou triste. O Amor foi totalmente esquecido. E isso é por causa do nosso sistema. Nosso sistema agora passou do dogma religioso para o dogma econômico, em que todos têm que pagar um pouco mais para aqueles que controlam a economia. E isso vai piorar, você pode ver guerras acontecendo.

Os governos não reconhecem a luz ou o amor de ninguém, e matam milhares e milhares de pessoas apenas para colocar suas mãos nos recursos de outros países. E a humanidade não parece fazer objeção.

Eles sabem que isso é errado, mas não sabem como se expressar, porque – para quem vai reclamar?

Nós chegamos agora em um período de nossa evolução em que as pessoas começam a ficar conscientes do que precisa ser mudado na nossa consciência, para que tenhamos um mundo melhor.

E a solução não é remover pessoas de posições de poder, não! É mostrar uma nova face, mostrar uma face mais amorosa, não de medo, mas de amor, e esse é todo o objetivo de nosso aprendizado.

Quando você vem para o Planeta Terra, quando você encarna aqui, vem de um mundo que está unido, cheio de amor, e deste mundo você vai para um mundo inferior que é o nosso mundo tridimensional, que é um mundo de dualidade.

Então, o que costuma ser Um, é separado em positivo e negativo, masculino e feminino… E esses dois precisam se unir. Mas, nós nunca aprendemos isso. Nunca aprendemos nas nossas religiões que o masculino e o feminino precisam se unir para ficarem conscientes.

Na verdade, nos deixaram com medo e disseram: “Não, o Divino, o Deus, está lá fora, e você precisa adorá-lo e precisa ter esperança que ele o abençoará”. Esse é um ensinamento falso! Deus não está somente fora, essa é apenas a metade da verdade. Deus está, também, dentro de nós! Somos todos seres divinos!

Mas, o problema com o nosso aprendizado é que precisamos entender que a natureza animal e a natureza divina (...) , que estão separadas, precisam ser unidas. Então, é o animal em nós que é medroso, que está sempre lutando para conseguir mais. E é o divino em nós que é capaz de cooperar e ser amoroso!

O trabalho para cada ser humano é unir essas duas energias dentro de nós! A parte masculina que é a mente, e a parte feminina que é o coração, estes dois precisam funcionar em harmonia.

(Uma frase de Pitágoras para ilustrar e meditar: “A Harmonia se dá pela atração das forças dos opostos”).

A intuição que é a energia do amor e compreensão, está guiando a mente para fazer a coisa certa.

Se acreditássemos em nós mesmos, imediatamente diríamos a coisa certa. Mas, não acreditamos em nós mesmos, acreditamos em Deus em algum lugar lá fora, que Deus fará isso por nós, ou que Ele nos abençoará.

Mas, Deus não vai fazer nada disso, porque Ele já está dentro de você. Estamos agora realmente no ponto em que precisamos tomar novas decisões.

Temos que perdoar o passado, não vamos acusar ninguém. Mas, precisamos respirar profundamente e dizer: “Como quero viver minha vida? Quero viver com o medo que é projetado em mim por todos os líderes do mundo inteiro, que estão nos manipulando e controlando? (Illuminatis???).

Ou vou ignorar isso, e apenas fazer o que meu coração sente que é a coisa certa para se fazer?”.

Então, você verá que será amigável com todo mundo. Um sorriso é como uma ondulação. Quando você vê alguém sorrir, você se sente elevado. Isso é um “serviço”!

E é assim que nosso sistema deveria ser – orientado ao servir – onde você serve os outros com a informação certa, para que as pessoas se tornem quem elas devem ser.

Todos nós estamos aprendendo, todo ser humano que está em encarnação, não importa em qual cultura você encarna, todos estamos aqui para aprender as “lições da integração” – quando você aprende a unir o oposto com você mesmo, você é Luz, e a Luz atrai experiência, que são suas experiências diárias, e isso é que você precisa amar!

Se você não pode amar, porque tem todo o tipo de opiniões sobre outras pessoas ou certas situações, não vai amá-las – porque estão tão cheios de opiniões, que estão sempre julgando, sempre apontando o dedo, esquecendo-se que há sempre outros três dedos apontando para você.

Mas, as pessoas não enxergam isso, vêem apenas o único dedo apontando para a frente.

O jogo não é mais julgar, o jogo é amar! O jogo é não ter medo, mas acreditar em si mesmo! E como você mesmo, expressar sua luz, e expressar seu amor! Essa é a experiência humana!

Se você não pode fazer isso, você não é humano, é mais animal, você está lutando pela existência! Você está sempre atacando todos à sua volta, porque está com muito medo.

Olhe para nossos líderes e veja como eles atacam outros países, porque estão com tanto medo… E não há nada para se temer. Se você amasse as pessoas, elas o amariam de volta. É simples assim. Não é assim tão complicada a vida…

Mas, de alguma maneira, há uma força que conhecemos por “Força das Sombras” (Sistema Infernal), que aparenta ser tão forte, que as pessoas não acreditam em si mesmas. Mas, acreditam na “força das sombras” e servem à “sombra”…

E vão, e lucram em cima de todo mundo, e funcionam como “parasitas” neste Planeta.

A grande maioria se tornou parasita, não que elas queiram ser parasitas, elas realmente querem ser amadas. Mas, não há outro caminho, com todo mundo é igual.

Então, precisamos agora que as pessoas sejam diferentes. Que acreditem em si mesmas, e expressem seu amor, sejam felizes e se unam com todos.

Esse é o “despertar final”!

Outra questão é:- “Quem está despertando neste Planeta?” – Os jovens, esses já chegaram lá, eles já sabem que o sistema é uma coisa muito ruim, que há algo muito errado com o sistema, e tentam se afastar dele. Mas, um dia, eles têm que pagar contas. E têm que fazer parte desse sistema, e se tornam tão gananciosos e negativos quanto o resto da humanidade…

Ou eles são 90% do dia negativos e 10% agradáveis, talvez uma hora antes de irem para a cama, mas isso não é bom o bastante…

O que é bom o bastante é que estejamos todo o tempo alertas e estimulando uns aos outros a fazer a coisa certa! Não julgando, mas mostrando o caminho…

Você pode estar, simplesmente, mostrando o caminho!

Muitas pessoas simples, que trabalham em hospitais e até em prisões, são muito amorosas porque muitos sofrem tanto, que elas trabalham de manhã até a noite “porque amam servir”. E elas serão recompensadas.

A maioria das pessoas não entende o karma. A maioria não percebe, por causa dos dogmas, que a vida é infinita, não há fim para ela.

Nós já tivemos infinitamente antes e agora estamos aqui aprendendo as “lições de integração”.

Precisamos aprender a criar uma situação, na qual as situações negativas e as positivas se unam. Não o positivo em preferência ao negativo, não! Porque assim você cria separação! Você tem que uni-las, como um homem (positivo) e uma mulher (negativo).

Estes pólos precisam ser unidos para que tenha uma grande luz”.“E isso que é a consciência, se você tem um pólo positivo e negativo de eletricidade, e os coloca juntos, a luz se acende.

O mesmo acontece com sua consciência. Mas, para isso, você precisa se casar. Então, todos os seres humanos precisam passar pela experiência do casamento, em que você atrai o sexo oposto e aprende a unir-se com ele.

Os dois são diferentes. A mulher é diferente, o homem é diferente da mulher. Eles têm funções diferentes. A mulher tem intuição, ela é mais o mundo interior. O homem é mais do mundo exterior e quer criar no mundo exterior.

A mulher com sua intuição, poderia inspirar o homem a criar as coisas mais maravilhosas. Mas, o homem não acredita na mulher. A mulher é vista como cidadão de segunda classe e não tem os mesmos direitos que o homem, o que é uma ignorância total.

Porque é a mulher que tem acesso à intuição, que é o acesso a Deus, é o acesso do Amor dentro do coração.

Então, nós precisamos aprender isso e é por isso que estamos aqui. E se nos casarmos com o sexo oposto, precisamos aprender a dançar em harmonia e nos tornar como uma só pessoa.

Quando você se torna uma só pessoa, você automaticamente se torna tão consciente sobre suas possibilidades como criador, que vocês dois começam a criar as coisas mais maravilhosas do mundo, para que outras pessoas também possam fazer o mesmo, porque somos todos o mesmo, todos temos que estimular cada um a ser igualmente conhecedor, e capaz, e criativo quanto todos os outros. Não um tentando controlar os outros, não! Iguais!

Aqueles que estão mais elevados na consciência, vão ganhar o respeito de todos, É uma questão de respeito, não uma questão de controle.

Estamos, agora, naquele ponto em que alcançaremos a habilidade de abraçar esses conceitos, em que podemos realmente entendê-los, agora precisamos fazer.

A vida é tão simples, não é uma coisa difícil e filosófica que você precisa aprender todo dia, não! Você só precisa vivê-la! Você precisa viver sua vida sabendo quem você é, sabendo que você precisa se integrar com o oposto, e confiar no oposto.

O maior presente que você pode dar a seus amigos, ou ao parceiro, é o presente da confiança. Você confia que eles sejam divinos e confia que eles vão fazer a coisa certa. E se você confiar, eles vão confiar, mesmo que eles não quisessem fazê-lo antes.

Mas, como você confiou tanto, eles vão confiar assim mesmo. Isso é criação! Isso é segurança!

Agora, você se sente seguro consigo mesmo, porque sabe que pode transmitir o conhecimento que tem para os outros, apenas sendo honesto. Não honesto com os outros, mas honesto com o Amor!

A Honestidade também é mal entendida. Na verdade, tudo é mal entendido neste planeta. E agora, o jogo é entender!

Nós cometemos tantos erros, e é bom que tenhamos cometido todos esses erros, porque você nunca vai conhecer a verdade a não ser que tenha estudado tudo aquilo que não é verdade.

E agora, podemos ver que temos sido mal orientados pelas nossas organizações religiosas.

Quase todas as organizações religiosas entenderam a coisa pelo avesso. Porque a religião não está aí para ajudar, amar e guiar as pessoas para a coisa certa. Mas, a religião é criada para controlar!

Eles criam um dogma com muitas regras e se você contraria as regras, você contrariou a Deus, de acordo com as histórias deles. Mas, Deus não fica contrariado com isso, Deus não fica contrariado com você se você comete um erro.

Deus fica contrariado se você matar pessoas, isso é uma coisa ruim. E eles estão preparados para matar porque você quebrou uma regra. Isso está errado! Se você for honesto, você sabe que está errado!

Então, temos que nos tornar mais confiantes com nosso próprio nível de discernimento e acreditar mais em nós mesmos. Assim, começamos a viver com mais honra e com mais respeito uns pelos outros.

Chegou a hora de parar de ler os jornais, parar de ouvir aqueles líderes que estão totalmente confusos e se expressam com tamanha violência… Estes não são os líderes, estes são os falsos líderes!

Os verdadeiros líderes sempre vão direcioná-lo para você mesmo, sempre vão direcioná-lo para criar Paz! A Paz não é algo que demore anos e anos de negociação… A Paz pode acontecer agora mesmo, simplesmente ao tomarmos a decisão de que queremos Paz!

É claro que todo ser humano é seu irmão e sua irmã…
Esqueça as culturas, esqueça as religiões.
Lembre-se de que somos humanos, somos todos humanos…

E o jogo real é dominar o animal dentro de você. O animal ainda não aprendeu a se unir com seu aspecto divino, o animal ainda está cheio de medo!

E você como ser humano, e eu, e todo mundo, nós temos cada um para si mesmo, temos que decidir conquistar o animal, para que o animal não se expresse mais com seus medos, mas para que o divino se expresse com amor e atitudes cooperativas.

Assim, teremos o nosso mundo! O novo mundo não é um presente que chega para nós, o novo mundo é o que você merece por causa das suas ações e suas expressões!

Estamos muito perto disso agora, muito perto! Nos últimos 10-20 anos, as crianças estão vindo para encarnação, são todas almas altamente evoluídas que entenderiam esses conceitos muito facilmente.

Mas, elas ainda estão lutando com os dogmas que foram projetados sobre elas, pelos seus pais e seus líderes religiosos, e não sabem bem o que fazer, e se sentem confusas.

E a educação é abominável, eles não lhe ensinam nada sobre você mesmo. Eles lhe ensinam bastante sobre matemática, elas demoram anos e anos para aprender matemática, e quando chegam ao mundo, nunca usam o que aprenderam.

Por que eles não nos ensinaram sobre “quem somos nós”? E o que podemos fazer? E que somos Amor e somos Luz? E que estamos representando as boas energias, as energias de Deus?

– É isso que somos, estamos representando essa energia de Deus! Mas, não estamos fazendo isso! O que estamos representando, o que as massas estão representando, são as energias do medo!

Todo mundo está com medo e ninguém ousa falar. Isso precisa ser discutido, nós precisamos falar sobre isso!

A educação é responsável por informar crianças muito pequenas, sobre quem elas são e o que elas vieram fazer – que elas vieram ajudar no processo da unificação, na integração com os outros, com amizade, com qualidades do ser divino, que são na verdade, a habilidade de cooperar.

As crianças entendem isso imediatamente, porque elas já são assim. Mas, se você é programado nas escolas e universidades que temos, ficamos tão treinados no modo racional, e a intuição é tão completamente rejeitada, que nos tornamos muito racionais – e o racional não tem acesso ao coração, ele tem medo!

E está sempre competindo! E sempre quer lucro! E nunca sabe como compartilhar Amor! É isto que precisamos discutir todo dia!

Todo ser humano precisa refletir de novo sobre si mesmo e dizer: “Por que não estou em Paz? Por que estou tendo tantos medos? E por que sou tão negativo nos meus relacionamentos com meus amigos, com minha família, etc.?

Por que não posso ser mais amigável? Por que não posso permitir mais aos outros serem do jeito que eles querem ser?"

"Não importa se você quer ser muçulmano ou budista, não importa.

Algumas pessoas gostam de café, outras gostam de chá, algumas gostam de leite e outras só bebem água… É uma escolha e você apenas permite que ela aconteça. Todos podem ser livres.

Mas, vamos compartilhar os ensinamentos de quem somos nós, e o que podemos fazer, e de que somos criadores e responsáveis pelo que fazemos, e pelo modo como nos expressamos…

Quando falarmos sobre essas coisas, num curto período de tempo, todo mundo se torna muito, muito responsável! E começa a discernir qual é a melhor forma de viver.

O problema em compartilharmos amor e compaixão, é que você primeiro tem que compartilhar isso com você mesmo. Porque muitas coisas aconteceram na nossa vida e muitos erros foram cometidos, e nós precisamos perdoá-los.

Nós precisamos perdoar as injustiças que foram praticadas contra nós. E também você tem que perdoar as maneiras injustas pelas quais você tem se expressado para as outras pessoas. Tudo isso aconteceu porque haviam muitos mal-entendidos…

Dogmas demais, opiniões demais, e entendimentos de menos! Para limpar sua mente desses ‘inputs’ negativos, desses padrões de pensamentos negativos do passado, você tem apenas que perdoá-los e deixá-los ir embora.

É como você encher um balão e o soltar. Você pode fazer isso em meditação. A meditação é uma forma maravilhosa de se conectar com Deus dentro de você, e de se tornar inspirado por essa energia de Deus, para saber como se tornar livre da “sombra”.

A “sombra” são pensamentos negativos que são projetados sobre você e que também você ajuda a criar, porque você não compreende a vida. Agora, você tem que perdoar isso, porque você pode enxergar melhor agora.

Quando você pode enxergar melhor, você pode se desfazer do passado, o passado não existe mais.

Quando falamos sobre compaixão, você primeiro precisa fazer a lição de casa. E a lição de casa é escrever todas as coisas do passado com as quais não está feliz. E perdoá-las, deixá-las ir embora… deixá-las ir embora… e conforme você se torna livre dessa maneira, do passado, você se liberta de sua dor, a dor que a alma sente das injustiças…”.

“Há também uma tremenda dor na alma de todos, pelas injustiças que estão acontecendo no nosso Planeta, por causa dos governos e líderes que são totalmente ignorantes. Eles nos colocam em perigo, quase em extermínio!

Chegou a hora de nos expressarmos! Toda pessoa, não importa em qual posição você esteja, não importa se você tem uma vida de nível muito inferior, ou uma vida de nível muito superior, ou qualquer coisa entre os extremos, tem que se expressar.

Vamos nos unir em querer viver de uma forma em que possamos respeitar uns aos outros e viver em paz com os outros. É possível! A maioria das pessoas quer isso, são os líderes que não querem! Eles preferem controlar, e eles controlam com o medo!

É tão óbvio, está em todos os jornais, você pode ver na televisão o tempo todo, medo, medo, medo… Não é a respeito de amor, amor, amor…

Precisamos escolher líderes que sejam de fato para todo mundo, que queiram realmente a Paz!

É muito difícil acreditar em um diplomata, porque um diplomata é alguém que nunca pode, realmente, dizer a verdade. É disso que trata a diplomacia – expressar um aspecto da verdade, não toda a verdade!

É claro que na diplomacia isso é necessário, porque há tantas opiniões divergentes…Mas, agora, temos que cortar caminho por tudo isso e dizer: “Vamos lá, vamos parar de brincar! Vamos para a coisa real, e vamos fazer isso agora! Não amanhã, agora!”.

Eu tenho certeza que se você compartilhasse isso com todo mundo, se dissesse: “Ei, alguém topa? Vamos fazer as pazes?” – todo mundo faria, todo mundo seria parte disso e apoiaria, especialmente os jovens!

Os jovens sofrem tremendamente nas suas almas, quando eles olham em volta e vêem como é difícil viver aqui, como há energias não amorosas por toda a parte…

O tempo de despertar, que é esse período de tempo, é agora! A pergunta é: “Quantos de vocês ou quantas pessoas vão participar?”

– Se muitas delas participarem, nós iremos pacificamente para uma “Idade de Ouro”. E o fim da escuridão acontecerá em alguns poucos anos! Mas, se essa escolha não for feita, então temos que sofrer, e continuar a sofrer com a força das sombras que controlam a religião e o governo.

E a Medicina? A medicina é outra coisa, é terrível! As pessoas não entendem o que “curar” significa…

As pessoas não percebem que nosso corpo é tão perfeito, que ele não pode ficar doente… Mas, se você viver com medo na sua mente, e viver tempo suficiente com esse medo, esse medo irá se alimentar de você, e você vai ficar doente.

Você pode ter um câncer, ter qualquer tipo de doença, qualquer tipo de fraqueza, porque você acolhe a “sombra” na sua mente.

Você não deveria viver com a “sombra”, você deveria viver com o “Amor”! Se há qualquer coisa na sua mente que não seja amorosa, você é responsável.

E se nossos líderes contassem isso para a humanidade, e lembrassem à humanidade disso, ela iria imediatamente aceitar, porque faz sentido!

Qual é o sentido de se viver com medo? Não há sentido! Nossa vida poderia ser uma alegria tão grande…

Onde quer que você vá - você está em casa; onde quer que você vá – você está com sua família… Não importa qual cor de pele eles têm, porque todos são os mesmos, todos são amigáveis e amorosos…

Eu viajei por todo o Planeta e nunca encontrei nenhum povo que não fosse capaz de amar…

Então, esse tempo chegou agora, e eu espero que nós tenhamos mais programas de televisão, por exemplo – a televisão é um instrumento maravilhosos para falar sobre essas coisas, mas ela é, claro, controlada pela “sombra”.

E seria muito difícil colocar alguma coisa como isso que estamos discutindo, na televisão. Porque, se todo mundo se tornar amoroso, ninguém pode mais ser controlado… 

Então, isso é uma coisa bem difícil…Mas, os líderes também estão mudando, como a Luz está aumentando, e mesmo o tempo parece estar acelerado…

Todos estão, novamente, sendo colocados na frente do espelho e sendo questionados: “De que lado você está? Você está do lado da escuridão e do medo, e conflito, e ganhando dinheiro às custas dos outros?

Ou você está do lado do Amor e da Luz, e compartilhando, e cooperando uns com os outros, e servindo uns aos outros com o que você sabe?”

– Essa é a escolha!

Se você colocar isso claramente para todo mundo, eu tenho certeza que todos, a grande maioria, vai imediatamente dizer: “É claro que somos pela Luz, pelo Amor, pela Cooperação, e pela Paz! Estamos esperando há anos!…”

O que eles não percebem é que tem que se tomar um aspecto ativo e criativo do que eles, de fato, querem nas suas vidas.

Precisamos de comunicação mais positiva e precisamos falar dessas coisas o tempo todo, até que todo mundo entenda o seu papel na jornada criativa que estamos fazendo para descobrirmos “quem somos nós”.

Então, outra recomendação:- Como somos criadores, também somos capazes de usar a imaginação. A imaginação é a força, é a ferramenta que temos para poder criar exatamente aquilo que queremos.

Na imaginação, você tem que sonhar mais, tem que fechar seus olhos para o mundo e começar a sonhar o que é que você quer, o que é que você gostaria de criar, como você gostaria de ajudar.

Então, você visualiza um mundo do seu ideal, onde todos estão em paz, todos estão felizes, e como você irá ajudar nessa felicidade.

Essa visualização, esse sonho que você pode colocar na tela da sua mente, é a sua contribuição para a “criação”. E outras pessoas começam a sonhar e captar seu sonho e ele começa a se espalhar. Isso é “comunicação”.

Somos seres espirituais, não somos apenas seres físicos. Somos seres espirituais, temporariamente em um corpo físico, aprendendo a criar nossos sonhos.

E quando você sonha, não apenas à noite, mas quando você aprende a sonhar enquanto está acordado, é aí que começa a acontecer!

Você começa a atrair na sua vida outras pessoas que são igualmente capazes de sonhar sonhos semelhantes. Então, isso começa a se espalhar…

E um “serviço” seria ajudar alguém, ou sorrir para alguém, ou ser capaz de escutar os pássaros, e ouvir o som do amor através do mundo animal. Os animais são nossos companheiros…

Infelizmente passamos bastante tempo nos alimentando deles… Mas, na verdade, os animais são nossos companheiros, nós podemos aprender muito com nossos animais…

Como foi prometido, quando tivermos aprendido a fazer as pazes uns com os outros, todos os animais chegarão à paz também.

E eu acho que essa é a nossa jornada agora. E é isso que deveria acontecer nesses próximos anos. Eu acho que a mágica vai acontecer.

Eu acho que quando todos os jovens erguerem suas vozes, se expressarem, esse mundo vai mudar para um mundo que sempre quisemos ter.

Onde todos se sentem seguros, porque todos os outros são seus amigos. Obrigado”.


Este é o texto completo transcrito da entrevista com Robert Happé.
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SOBRE O AUTOR:

Robert Happé nasceu em Amsterdão, Holanda. Estudou religiões e filosofias na Europa e dedicou-se desde então a descobrir o significado da vida. Estudou também Vedanta, Budismo e Taoísmo no Oriente durante 14 anos, tendo vivido e trabalhado com nativos de diferentes culturas de cada região



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2014-05-17

Resistência ao Mal








Na lição 62, denominada "Resistência ao Mal", do livro Vinha de luz, do espírito Emmanuel, pela pena de Chico Xavier, aprendemos que Jesus nunca nos pediu que nos calássemos diante do mal.

Emmanuel mostra que as falsas interpretações rondam até hoje as palavras do Mestre, porque pessoas mal informadas ou mesmo de má-fé, querendo perpetuar uma atitude de passividade daqueles que se dizem cristãos, insistem em confundir as mentes com palavras que distorcem o sentido original da mensagem e das ações de Jesus de Nazaré.

Jesus foi um homem extraordinário não somente pela caridade que exemplificou, mas também pela coragem que demonstrou, ao jamais compactuar com o mal.


Nunca violentou ninguém, porém nunca deixou de apontar os erros onde eles estavam: "...raça de víboras e de ladrões " disse eles a uns ... a outros chamou de " túmulos caiados de branco por fora e cheio de podridão por dentro. "

Tais palavras demonstram que não admitia a conivência com o erro. Apesar dessas palavras fortes, constatamos com tristeza que ainda hoje, no movimento espírita, há quem acredite num Jesus nefelibata!

Pessoas muito inteligentes, conhecedores do poder dos símbolos, na impossibildade de destruir a mensagem de Jesus, trataram de distorcer a sua imagem, tornando-o um deus e uma pessoa alienada pela indiferença com o mal imperante.


Projetaram a imagem de uma ser que vive nas nuvens, numa serenidade impassível; como se a bondade não fosse capaz de se indignar.

Ao fazerem dele um deus, quiseram afirmar que tudo que ele fez não poderia ser repetido por nós. Deuses são imortais e infinitos, e nós meros mortais.

Para que se preocupar, então, em praticar os seus ensinos, já que não conseguiriamos mesmo? eis o que intentaram e conseguiram incutir em muitas mentes, inclusive naquelas que de posse de conhecimentos libertadores, tais os do Espíritismo, se vinculam a essas representações ultrapassadas e enganadoras.

Vemos com muita preocupação, que na atualidade, na medida em que cresce a aceitação, pela sociedade, da doutrina enviada pelos espíritos para a libertação das consciências, aumenta a quantidade dos profitentes que a utilizam para aprisionar estas mesmas consciências em algemas de algodão.

Pretendem os tais profitentes mudar o mundo sem que a sua tranquilidade seja afetada, sem que a sua "boa imagem social" seja manchada, porquanto, mesmo que o mal circule entre eles, finjem que não o veêm.

Assim não precisarão agir com firmeza, a mesma que Jesus sempre demonstrou. Querem um evangelho fofo, sem as asperesas da luta necessária.

Criticar jamais! dizem eles. Não porque a crítica seja um mal, mas porque a crítica feita os pode "deixar mal" diante dos confrades.

Numa tentativa de continuar essa interpretação mediocre do ensino do Mestre, sempre que alguém aponta os erros dos dirigentes, lideres de instituições espíritas silenciam, pendando que assim praticam a "caridade do silêncio".

Nestas situações, este somente depõe contra eles. Quem cala consente. Esquecem que, como dirigentes estão a serviço de uma coletividade e devem prestar contas dos seus atos, pois não lidam com coisa própria, e sim coisa pública.

Quando silenciam nem praticam a caridade e menos ainda evitam a expansão do mal. Apenas demonstram o quanto estão desinformados quanto as suas respondabilidades.


Da mesma forma, escritores que se dizem espíritas lançam as suas idéias equivocadas de paz e de fraternidade; escrevem laudas e mais laudas.

Como se todos estivessem sendo atingidos, acusam sutilmente o "agressor" e alguns lhe aplicam "carinhosos epítetos": maledicente, mentiroso, revoltado, invejoso, e outros nem tão singelos.

O pior disso tudo é que em muitos reconhecemos a boa-fé, pois parecem acreditar sinceramente no que afirmam! Mas para tudo há um tempo, e o do entendimento também chegará para eles.

O triste é que somente perceberão o erro interpretativo em que labutam quando o mal que viram, mas não quiseram enfrentar, os atingir nos próprios sentimentos.

Nesta exata época em que vivemos, no inicio da implantação do Espiritismo na Terra, estamos estabelecendo uma organização que começa a repetir em quase tudo os erros cometidos pela igreja católica. O momento é de alerta. Temos tempo, porém, de mudar o rumo.


O mentor de Chico, no entanto, reforça aquilo que sabemos mas insistimos em não aceitar, talvez por alimentarmos ainda o comodismo em nossas almas: não vale revidar mal por mal, o que não significa que não devamos reagir a ele; ao contrario devemos agir contra o mal, fazendo o bem.

A lição em tela parte do capítulo 5, versículo 39 do evangelho de Mateus, quando Jesus ensina: "Eu porém, vos digo que não resistais ao mal."
  • Os expoentes da má-fé costumam interpretar falsamente a palavras do Mestre, com relação à resistência ao mal.
  • Não determinava jesus que os aprendizes se entregassem, inermes, às correntes destruidoras.
  • Aconselhava a que nenhum discípulo retribuísse violência por violência.
  • Enfrentar a crueldade com armas semelhantes seria perpetuar o ódio e a desregrada ambição no mundo.
  • O bem é o único dissolvente do mal, em todos os setores, revelando forças diferentes.
  • Em razão disso, a atitude requisitada pelo crime jamais será a indiferença e, sim, a do bem ativo, enérgico, renovador, vigilante, operoso.


A indiferença é a atitude que representa o contrário do amor. Muita gente pensa que o contrário do amor é o ódio, mas não. Ser indiferente é ser insensível.

Há indiferença se as nossas forças afetivas não são mobilizadas, nos impulsionando à ação, quando o mal se nos apresente.

Ser indiferente é ser omisso; é agir justamente no sentido contrário ao que Jesus indicou. Por isso Emmanuel não se restringe a dizer que o Bem deve ser ativo.

Consosante a lição de Emmanuel, concluimos que diante do mal que se espalha a atitude do espírita sincero e atento deve ser sempre a do Bem enérgico, renovador, vigilante, operoso.




Lição 62, Resistência ao Mal,
do livro Vinha de luz,
espírito Emmanuel,
médium Chico Xavier


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2014-05-12

COMO MANTER A ATENÇÃO PLENA EM UM AMBIENTE DE TRABALHO MOVIMENTADO? THICH NHAT HANH RESPONDE








Pergunta: Como você mantém atenção plena em um ambiente de trabalho movimentado? Algumas vezes parece que não há tempo nem para respirar com consciência.

Thich Nhat Hanh: Esse não é apenas um problema pessoal; é um problema da civilização inteira. Por isso temos que praticar não apenas como indivíduos, mas como sociedade.

Temos que fazer uma revolução de uma maneira que organizemos a sociedade e nossa vida diária, para que sejamos capazes de desfrutar do trabalho que fazemos todos os dias.

Enquanto isso, podemos incorporar um monte de coisas que temos aprendido nesse retiro para reduzir nosso estresse.

Quando dirigimos pela cidade e chegamos a um sinal vermelho ou a uma placa de pare, podemos nos encostar no assento e usar esses vinte ou trinta segundas para relaxar, para inspirar, expirar, e curtir a chegada ao momento presente.

Há muitas coisas como esta que podemos fazer. Anos atrás eu estava em Montreal a caminho de um retiro e notei que as placas dos carros diziam “Je me souviens” – “Eu lembro”. Não sei do que eles queriam se lembrar, mas para mim significa que eu lembro de respirar e sorrir (risos).

Então eu disse a um amigo que estava dirigindo o carro que eu tinha um presente para a sangha em Montreal: cada vez que você ver “Je me souviens”, lembre-se de respirar e sorrir e voltar ao momento presente. Muitos de nossos amigos da sangha de Montreal tem praticado isso por mais de dez anos.

Acredito que podemos aproveitar o sinal vermelho, podemos também aproveitar a placa de pare.

Toda vez que as vermos, nos beneficiamos: em vez de nos irritarmos com o sinal vermelho, de sermos consumidos pela impaciência, praticamos inspirar, expirar, e sorrir. Isso ajuda bastante.

E quando ouvimos o telefone tocar, podemos considerar o som do sino da atenção plena. Você pratica meditação telefônica. Cada vez que você ouvir o telefone tocar você fica exatamente onde você está (risos).

Inspirar e expirar e desfruta do respirar. Ouça, ouça – esse maravilhoso som lhe traz de volta pra casa. Então, quando você ouve o segundo tocar, você se levanta e vai até o telefone com dignidade (risos).

Isso significa, usando o estilo da meditação andando (risos). Você sabe que consegue fazer isso, porque se a outra pessoa tem algo realmente importante pra lhe dizer, ela não vai desligar depois do terceiro toque.

Isso é o que chamamos de meditação telefônica. Usamos o som como um sino de atenção plena.

E quando estiver esperando no ponto de ônibus, você pode tentar a respiração consciente, e esperar na fila do banco, você pode sempre praticar a respiração consciente.

Andando de um prédio a outro, porque não usar a meditação andando, porque isso melhora a qualidade da nossa vida.

Traz mais paz e serenidade, e a qualidade do trabalho que vamos fazer será melhorada por esse tipo de prática. Então é possível integrar a prática em nossa vida diária.

Precisamos apenas de um pouco de imaginação criativa pra fazer isso.


http://dharmalog.com/2014/05/12/como-manter-atencao-plena-em-um-ambiente-trabalho-movimentado-thich-nhat-hanh/


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[DO DESPERTAR DO DESPERTAR]








"Há vários anos atrás, quando acreditei estar completamente iluminado, e muito além do ego, ( vejam o ridículo disso? ) tinha eu um mantra:

"Nunca pedir desculpas. Jamais dizia: Sinto muito."

Acreditava que isso era perfeito.
Além da humanidade.
Além da censura.

E como não havia "nada aqui", obviamente que necessitava me desculpar por nada ( já que era perfeito e o Universo jamais comete nenhum erro ).

Se alguém tivesse algum problema "comigo",
Se alguém se aborrecia com alguma coisa que havia dito,
Certamente devia ser sua própria projeção,
Seu ego
Sua falta de iluminação
Seu sofrimento.

Isso era o que acreditava, tal qual ( e também acreditava que já estava livre de crenças ).

Me sentia atraído por mestres espirituais "radicais" e "absolutistas" que atuavam com certa crueldade e que nunca se desculpavam e que aparentavam ser imperturbáveis.
Como pareciam ser Iluminados!
Geniais e distantes!
Completamente imunes à vida!
Sumamente protegidos das dores e alegrias, que implicam as relações íntimas humanas!

Mas amigos, quando foi que se dizer "Sinto muito" - e fazer as pazes e escutar profundamente os demais e nos relacionarmos mutuamente na humildade e em alegre dúvida e nos abraçarmos e chorarmos juntos - se converteu no Pecado Original da Iluminação?

Mas mantinha os "outros" à distância, e me recusava a me envolver ( e assim afirmava que não havia "nenhum outro" como um robô bem treinado do Advaita, negando perfeitamente o imperfeito coração humano.)

Tratava-se de uma Unidade desconectada.
Um reconhecimento carente de amor
Um fogo sem calor.
Um despertar medíocre.

E agora vejo que é um grande alívio ser capaz de dizer, e dizer realmente a partir do coração...

Sinto muito...

Jeff Foster

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QUEM, E O QUÊ, SOMOS NÓS!?








Passamos muito tempo da nossa vida falando, olhando o outro, apontando defeitos e subtraindo qualidades.

Por um "mistério dos mistérios", sabemos exatamente o que e como o outro deve fazer, falar, pensar, amar, crêr e até viver.

Hiper-avaliamos e criticamos a maneira do outro se vestir, se pentear, manter sua casa, educar seus filhos, escolher seus parceiros e até os seus animais de estimação!

Somos promotores de acusação e juízes de todos o tempo todo.

No entanto, temos muita dificuldade em julgar a nós mesmos, positiva ou negativamente. Temos, ainda mais, dificuldade em aceitar o julgamento alheio.

Pois bem, é fácil perceber que, direta ou indiretamente, infernizamos a vida alheia, mas só queremos receber afagos e elogios de volta.

É certo que não somos os bons cristãos que julgamos ser. Vejamos:

Jesus disse: " Ama teu próximo como a ti mesmo."; " Amem uns aos outros, como Eu vos amei."; " Não fazê aos outros o que não queres que façam a ti."

Se eu digo que sou cristã, fica implícito que sigo os mandamentos cristãos, logo, se maltrato as pessoas, ( quando Jesus disse para tratar os outros da forma que quero ser tratada), então é como se eu afirmasse: me maltratem, pois, ao maltratá-los, é assim que quero que me tratem.

E, se somos questionados de forma direta, somos hipócritas, oscilamos entre o ego exagerado, lá nas alturas e a diminuição de nossos valores, tanto mentais quanto físicos, numa falsa demonstração de humildade.

É raro alguém reconhecer a sua própria hipocrisia, arrogância, ignorância, e muitas outras -isias e -âncias. Porém, todos, sabemos exatamente quando e onde os outros estão sendo todas as (-isias) e (-âncias) que existe.

Somando a isso, não temos a fé que propagamos, expressamos os reflexos distorcidos dos outros, por falta da real auto-expressão.

Quando avaliamos os outros, estamos, na verdade, nos sujeitando à avaliação de terceiros. E, ainda que o que os outros pensam e dizem sobre nós possa nos levar a uma tristeza profunda, precisamos disso porque não confiamos em nós próprios, nem em Deus.

Nos falta a segurança, firmeza e profundidade em nossa própria medida, que resulta do Amor verdadeiro à Deus. Somos um bando de filhos mesquinhos e ingratos. Os verdadeiros "anjos caídos".

Oras, nos foi dito que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, logo se conclui que, das duas uma: 1)- Deus não é perfeito, por isso, sendo Sua imagem e semelhança, nós também não somos; ou, 2)- somos perfeitos como imagem e semelhança de Deus, mas somos tão ingrtos ( leia-se mimados, ego-ístas e exigentes.) que nem a isso, ( a bondade Divina ), temos a capacidade de reconhecer.

Fazemos questão de andar nas trevas, sendo que somos os reais portadores da luz ( Lúciferes). E somos tão mesquinhos e egoístas que projetamos um bode expiatório, como um ser à parte para levar toda a culpa. Jamais paramos para pensar e admitir, Lúcifer somos nós!

Lúcifer é "O Portador da Luz". E luz é o mesmo que consciência. Perder a consciência é cair em trevas. Trevas é igual a ignorância.

Lúcifer( o ser humano), que é portador da luz ( que é dotado de consciência), por orgulho se tornou ego-ísta e ingrato, perdendo sua luz ( perdendo sua consciência) e caiu nas trevas ( e caiu na ignorância).

Repetindo o parágrafo agora de forma separada:

Lúcifer, que é portador da luz, por orgulho se tornou ego-ísta e ingrato, perdendo sua luz e caiu nas trevas.

Que é a mesma coisa que isso:

O ser humano, que é dotado de consciência, por orgulho se tornou ego-ísta e ingrato, perdendo sua luz perdendo sua consciência e caiu na ignorância.

Acordemos e lembremo-nos, quem despencou fui eu, foi você, fomos todos nós! E não foi do "céu" que despencamos, foi de nossa auto-consciência para as trevas de nossa ignorância, de nossa mesquinhez, de nossa arrogância, de nosso orgulho e de nosso ego-ísmo...

Quem não conhece a si mesmo, quem não quer reconhecer quem se é de verdade, quem não se identifica, não pode ser reconhecido, nem por si nem por ninguém ( inclusive por Jesus).

Quem não se identifica, não pode ouvir a própria voz interior ( a consciência), portanto não pode se arrepender de ser tão ingrato para com seu Criador, e assim sendo, jamais receberá redenção.

Quando alcançamos essa percepção, a de quem somos de fato, somos instado por nossa consciência a nos voltarmos verdadeiramente para Deus, arrependidos e cheios de gratidão por termos sido criados tão belos, tão resplandecente como A Própria Imagem e Semelhança do Criador, e por termos um papel a desempenhar, não só aqui, neste mundo, mas em todo Universo: o de sermos a Imagem e Semelhança Divina.

Quando agirmos como verdadeiros cristãos, ou seja, quando deixarmos o orgulho, o egoísmo, a arrogência e aceitarmos a ajuda, aceitarmos a mão estendida de nosso Irmão Jesus, que não caiu, o ato de julgar os outros, e a si próprio, não terá mais nenhum sentido. Seremos capaz de olhar além das aparências, inclusive dos outros Reinos, ao lado do Reino Hominal.

Só assim teremos o direito de nos auto-intitular Cristãos. Do contrário é heresia, profanação do Santo Nome dO Amado Mestre.


Texto de VSL


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2014-04-29

A Palavra Secreta









Mestre Daisetz Suzuki foi quem apresentou o Zen ao Ocidente, no livro Mística Cristã e Budismo. Nesse livro, mestre Suzuki fala muito em mestre Eckart. Assim, quando se fala em mestre Eckart, todos lembram do Zen-Budismo. Quando orientais tomaram contato com a obra de mestre Eckart sentiram-se como que lendo textos budistas. Sua linguagem, apesar de falar em Deus, expressa o Budismo, especialmente o Zen. (Monge Tokuda - 25 de outubro de 1989)

Hoje vou falar sobre a "palavra secreta". Esta expressão "palavra secreta" é o título de um capítulo do livro de mestre Dogen, o Shobogenzo.

Mestre Eckart diz:

Eu vou em primeiro lugar falar das palavras da sabedoria eterna. Quem quer que me ouça não fique envergonhado. Quem quiser ouvir a sabedoria eterna do Pai deve estar dentro e em casa; deve ter se tornado uno. Então ele pode ouvir a sabedoria eterna do Pai.

Existem três coisas que nos impedem de ouvir a palavra eterna: a primeira é a corporalidade, a segunda é a multiplicidade e a terceira é a temporariedade. Se o homem conseguisse transcender estas três coisas, ele moraria na eternidade. Ele moraria no mundo do espírito, ele moraria na unidade e no deserto, e ali ele ouviria a palavra eterna.

Agora, Nosso Senhor diz "não há quem ouça a minha palavra ou o meu ensinamento a menos que tenha abandonado a si mesmo, pois para ouvir palavra de Deus é preciso um absoluto perder do ego". Portanto, Nosso Senhor diz "Quem quiser ser meu discípulo, que abandone seu próprio ego. Não existe quem possa ouvir as minhas palavras ou o meu ensinamento a menos que tenha abandonado o ego. Todas as coisas nada são em si mesmas, por isso, abandonem este nada e assumam o perfeito ser no qual a vontade é justa. Aquele que abandonou toda a sua vontade, saboreia o ensinamento e ouve as minhas palavras."

Vivendo neste mundo, isso não é tão fácil. Os budistas usam a expressão "mundo saha", e "saha" significa terra de paciência, ainda que não totalmente infeliz. Um pouco infeliz, mas também onde se vivencia alguma felicidade. Não há só sofrimento, mas também felicidade - um pouco de cada. Eu sempre brinco, em primeiro lugar é importante ter paciência, em segundo lugar paciência e em terceiro também paciência; em quarto lugar, ah, em quarto nada, e em quinto, sim, novamente paciência (risos...). Neste mundo a gente precisa de muita paciência.

Muitas pessoas sofrendo suas dores vão visitar as igrejas e rezam para Deus. Você, rezando, pedindo, alguma vez escutou a voz de Deus? Talvez sim, ou, tendo ouvido algumas respostas, pense que sim. Muitas pessoas perguntam o que é realmente a palavra de Deus. Alguns respondem: é silêncio. Mas mestre Eckart diz que não, este é um método ainda, não é exatamente a palavra de Deus.

Muitos amam a Deus como se ama uma vaca, esperando leite e queijo. Então rezam a Deus esperando uma coisa em troca. Este não é, entretanto, o verdadeiro amor a Deus. As pessoas têm medo de Deus, agradecem a Deus ou recebem muita coisa de Deus, mas ás vezes têm dúvidas. Deus é isto? Deus existe? Onde está?

A finalidade tanto cristã como budista é encontrar Deus, encontrá-lo intimamente. Isto é muito importante. Por isso, praticar através de livros sagrados é muito importante, mas é necessário praticar também através da contemplação, mas contemplar realmente. Rezar interiormente; isto já é meditação, concentração, e então nós podemos encontrar com Deus. Nesse momento podemos escutar a voz de Deus, a palavra de Deus. Na teologia cristã, a palavra de Cristo é a palavra de Deus, ele veio a este mundo para revelar o que é Deus. Aqui temos também a palavra de mestre Dogen e de mestre Eckart.

Mestre Eckart diz:

Há uma afirmação comum a todos sábios: "quando tudo estava em meio ao silêncio, desceu a mim uma palavra secreta, desde o trono real do alto."

A alma onde isto acontece deve ser mantida completamente pura e viver de maneira nobre completamente em posse de si mesma e voltada inteiramente para dentro.

Em primeiro lugar vamos tomar as palavras "em meio ao silêncio foi falada uma palavra secreta". Mas, meu caro Senhor, onde está o silêncio e onde está o lugar onde a palavra é falada ? Corno acabei de dizer, está no lugar mais puro onde a alma é capaz de chegar, na parte mais nobre, no chão de fato, na essência mesma da alma, que é justamente a parte mais secreta da alma. Ali é que está o silencioso meio, pois nenhuma criatura, nenhuma imagem jamais entrou ali. Nem a própria alma teve desse lugar qualquer compreensão, portanto, ela não está consciente ali de nenhuma imagem, quer seja de si mesma ou de qualquer outra criatura.

Mestre Eckart fala que para escutar a voz ou a palavra de Deus existem três tipos de obstáculos, primeiro a corporalidade, depois a multiplicidade e a temporariedade. É necessário transcender esses três obstáculos. A grande dificuldade é que neste mundo é exatamente com esses três aspectos que existimos. Com a corporalidade nascemos, recebemos este corpo até morrer. Com isto você existe, com isto eu estou aqui, você está aí. Já o tempo instala-se quando nascemos, e depois nos conduz à morte. Assim, para viver eternamente você não pode nascer. Quando nasce há morte. Por isso o Zen usa a expressão "não-nascido". Antes de nascer, qual era sua face original? Antes de seus pais nascerem, qual era sua face original? Como é sua face original? A busca do Zen é isto: o chão, a origem de onde você veio. Corporalidade,. temporariedade e multiplicidade, ou seja, dualidade. Eu sofri tanto com isso! Estou aqui e você está aí. Então há o conflito. Todas as coisas apresentam isso. Bem e mal, rico e pobre, velho e moço, etc... Neste mundo tudo, tudo apresenta-se assim. Como podemos transcender isso? Mestre Eckart diz: "quando tudo estava em meio ao silêncio, então desceu a mim a palavra secreta." Este silêncio é nirvana. A gente encontra o silêncio em todas as linhas de religião e filosofia. Fase silêncio é uma preparação para se ter esta experiência que é original, a experiência religiosa, mística.

Existem dois tipos de religiões, as religiões místicas - de busca e contato direto - e as outras, as religiões de profetas, com muitas regras, etc, que todos devem seguir. O Zen é talvez mais ligado à experiência mesmo de união com Deus. Neste caso é necessário o silêncio; meditação é silêncio, e com isto ocorre a experiência mística. Quando há internamente aquele silêncio, aquela tranqüilidade, aquela calma, nesse momento você vai ouvir a voz de Deus. Este estado, nirvana, mestre Eckart compara com o deserto, com o deserto cheio de areias. Hoje em dia vemos os documentários da televisão sobre o deserto e vemos que é cheio de vida, de insetos e plantas pequeninas. Mas deserto, deserto mesmo, não tem nenhuma vida, é morto. Esta é a experiência de morte religiosa. Não falando fisicamente, mas espiritualmente morte religiosa é uma experiência muito forte, muito importante, só assim é possível o verdadeiro renascimento. Nesta vida é necessário aprender a esquecer, desligar, perder até; isso é doloroso, mas depois ganha-se a verdadeira vida. É como na corrida de maratona: quando chega-se em certo ponto, surge a crise, parece impossível prosseguir, há dificuldade de respiração, dores, cansaço, o cor arece não poder ir além, isto é chamado de "dead point", ponto-da-morte seria o significado. Quando, no entanto, ultrapassa-se esse ponto, tudo fica leve e fácil e pode-se correr até o final.

Mesmo os jogadores de tênis, nadadores ou jogadores de futebol passam por treinamento, dificuldades e superações. O zazen também apresenta dores, dificuldades. Os joelhos doem com as pernas cruzadas, as costas doem, mas é preciso viver esta experiência.

Mestre Dogen nasceu exatamente no ano de 1200 e morreu com 53-54 anos, relativamente moço. Já mestre Eckart nasceu em 1263. Um morreu, o outro nasceu. Apesar de viverem em países diferentes, ambos falam da mesma experiência. Mestre Dogen começou a escrever livros em língua japonesa numa época em que os monges escreviam sempre em chinês. Hoje em dia os pesquisadores de literatura japonesa clássica estudam o Shobogenzo como literatura, não apenas como o livro sagrado do Zen.

Com mestre Eckart ocorreu algo semelhante. Hoje os estudiosos da língua germânica debruçam-se sobre a obra de mestre Eckart porque ele dava seus sermões e aulas na língua da época e não no latim que era a língua oficial. Ele tem estudos feitos em latim também, mas costumava usar a língua germânica para seus sermões e obras e seus contatos com discípulos, freiras e leigos.

O que ele diz é o seguinte: "É difícil falar alguma coisa sobre Deus; tudo o que pode ser dito sobre Deus são enganos. Quando não se fala sobre Ele, é verdade." Mas, de outro lado, mestre Eckart também diz, "eu gosto de falar de Deus". Não se pode falar, mas ele quer e gosta de falar. Aí há um conflito de energias - é por viver certo tipo de experiência que ele não pode ficar calado. Mesmo que não exista ninguém aqui, eu quero falar com esta mesa. Quero falar. Há este impulso, mas o que se pode falar sobre Deus? O que não se pode falar? Isto o Zen-Budismo, de certo modo, desenvolveu: a clareza do aspecto limitado da linguagem e das palavras. Esse capítulo doShobogenzo sobre a palavra secreta fala sobre isto. Em outro capítulo, de título curioso, "0 sermão dos seres insensíveis", também mestre Dogen fala sobre isto.

Buda ganhou a iluminação - Budakaia. Surgiu-lhe então aquela dúvida: "Eu consegui isto, este Darma, mas quem poderia compreendê-lo? Este Darma é muito diferente das coisas do mundo. Totalmente diferente, muito difícil de entender." Ele então procurou dois de seus primeiros professores, mas estes já haviam morrido. Aí lembrou-se de seus cinco últimos companheiros. Quando Buda tornou-se monge, o rei, seu pai, mandou cinco companheiros treinar com ele. Depois de seis anos de treinamento como asceta, Gotama abandonou o treinamento porque compreendeu que esse não era o verdadeiro caminho. Abandonou o ascetismo, e, por conta própria, começou a prática de zazen sob a árvore Bodhi, atingindo assim a iluminação e libertação completas.

Hoje em dia, abrindo o mapa, de Budagaia a Sarnath - onde houve o primeiro sermão para os cinco monges - há muita distância mesmo para quem for de carro, muito mais se considerarmos que Buda foi a pé. Quando estava chegando em Sarnath, um dos seus ex-discípulos disse: "Lá vem Gotama. Ele abandonou a prática ascética, mas se quiser voltar para nós não há problema, a gente deixa, mas já não precisamos respeitá-lo como antigamente pois ele abandonou a prática." Mas enquanto Buda aproximava-se mais e mais, mesmo nada tendo feito, os cinco monges levantaram-se, um preparou água para lavar seus pés, o outro preparou um lugar para ele sentar, o outro logo trouxe alguma comida ou chá, e assim todos os cinco, mesmo sem notar, estavam preparando e dando as boas-vindas ao Buda.

Por que isso? É algo fora do comum. Isso é reconhecido como o sermão da luz radiante. Antes que ele começasse a falar, já havia a luz radiante. Esse foi o primeiro sermão. Com isso as pessoas já estavam preparadas inconscientemente, levantando-se e dando as boas-vindas. Assim, percebendo inconscientemente a luz radiante, eles estavam já preparados para o que Buda iria dizer. Esse sermão da luz radiante mostra que o sermão não é apenas o que sai pela boca.

E eles começaram falando, "você, Gotama", e Sakiamuni disse: "Não, de agora em diante vocês não devem mais chamar-me de bo (você), mas de Buda ou Tatagata". "Tatagata" significa "aquele que vem e que vai". Como é o nome de Deus? Deus é Deus, não tem nome. Da mesma forma Buda, não sendo uma pessoa, responde, "eu sou Tatagata".

E a seguir o Tatagata começou a falar as quatro nobres verdades. Imediatamente um dos discípulos entendeu; no segundo dia dois ou três compreenderam e finalmente todos os cinco entenderam, ganharam a iluminação, tornaram-se Arhats. Então Buda prosseguiu sua vida de sermões e ensinamentos. É preciso lembrar, no entanto, que antes do sermão com as palavras, já ocorrera o sermão da luz radiante.

Para nós, monges Zen, o importante não é a boca que fala. As pessoas falam, falam, falam e não fazem o que falaram. O importante é observar o "sermão do corpo físico", o "sermão da atitude", o "sermão da atividade do corpo físico". Com atitude não se pode mentir, já a palavra, às vezes para impressionar, mistura mentiras. Às vezes eu falo o que não faço com a própria experiência. Isso é mentira. A boca pode mentir, mas com as "costas" não se pode mentir. O que as costas falam não contém mentiras. As crianças têm problemas, o pai e a mãe chegam e dizem, "meus filhos têm problemas". Mas os filhos fazem exatamente o que pai e mãe fazem! Não adianta dizer, "você não pode fazer isto, meu filho", o pai e a mãe estão praticando aquilo também, e os filhos apenas imitam exatamente o que vêem. O pai fala, mas nas suas costas, inconscientemente, a mensagem é diferente e o filho está vendo isso.

Chegando ao mosteiro, o noviço pensa que vai ouvir grandes sermões, grandes aulas, mas nada disso acontece. O mosteiro mantém silêncio e até os mestres mantêm a prática de agricultura, com enxada e foice. Vendo aquela maneira de limpar o jardim, sente-se que é diferente; mesmo na limpeza com vassoura nota-se a diferença. O mesmo se dá com qualquer tipo de atividade e é a característica das artes marciais. Quando se vê alguém praticando o katá, há quantos anos a pessoa repete o mesmo katá, o mesmo golpe? No primeiro ano está praticando o katá, depois, no segundo ano, no terceiro; no quinto ano já há algo diferente.

Com a prática de zazen se dá o mesmo. Eu gosto de usar esta imagem: no início, quando uma pessoa começa o hábito de tomar cachaça, a pessoa e a cachaça são duas coisas separadas. Depois há um segundo estado, a cachaça toma cachaça. Você toma cachaça, fica um pouco bêbado e o coração fica grande. No início você diz, "quero apenas um pouquinho, bem pouquinho, é só, obrigado", depois você diz, "é gostoso, traga outra garrafa"... Aí a cachaça, ela mesmo já está chamando mais cachaça. No início ele bebia a cachaça, agora, neste momento, a cachaça passa a bebê-lo... (risos) Assim é o processo de treinamento. No início é necessário esforço, fazendo zazen, acordando cedo, agüentando dores, etc. Você está fazendo zazen, fica contente, mostra orgulho, etc... - a dualidade ainda está presente. Depois, com a continuidade da prática de zazen, da mesma forma que a cachaça chama a cachaça, o zazen chama o zazen. Não sei bem por que, mas fica o costume de sentar constantemente em zazen.

Ás vezes eu não tenho vontade, estou cansado, com preguiça, mas onde eu vou - é meu karma - existem grupos de zazen esperando para a prática de zazen. Então digo, "vamos sentar". Não posso dizer, "ah, estou cansado, a viagem foi muito cansativa, preciso dormir mais, etc...", devo estar de acordo, sentar junto. Algumas vezes durante o zazen chego a dormir (risos), mas acompanho o zazen. Neste caso eu sou fraco, e o Darma é forte. Olhando de outro lado, isto é bom. Quanto mais fraco você for, melhor. Sendo forte, há o ego, você diz, "eu sou forte, pratico o zazen"... - o ego está presente.

Bem, mas estava falando sobre a palavra secreta...

No Shobogenzo se conta, "...uma vez o mestre Ungan Donjo recebeu um ministro". Naquela época acontecia isto, ministros, escritores, artistas praticavam zazen. Como aconteceu também nos Estados Unidos, com muitos hippies, poetas e cantores que praticavam meditação, na época do movimento contra a guerra do Viet-Nam. Então, na história, um ministro chegou ao mosteiro e perguntou ao mestre: "Falam que Buda Gotama transmitiu a palavra secreta a Makakasho, que a compreendeu e não a escondeu; o que significa isto, a palavra secreta de Buda?"

Então o mestre Ungan Donjo dirigiu-se ao ministro dizendo, "ministro!" E este respondeu, "sim!" O mestre completou: "É só isto, entendeu? Se você entendeu, entendeu, e então Makakasho não escondeu. Se você não entendeu, pode então compreender por que esta é chamada de a palavra secreta de Buda."

Vocês entenderam? (risos...) Isto é um koan. Este é um típico koan Zen - fica-se tonto. É preciso voltar atrás e lembrar um pouco a história toda dessa transmissão contínua do Darma. O importante, o essencial na vida do Zen é a transmissão do Darma, este ensinamento que vem de Buda diretamente, e após, de mestre a discípulo através dos budas e patriarcas. O primeiro foi o Buda Gotama, que transmitiu para seu discípulo Makakasho. Desde o momento em que Buda ganhou a iluminação, com 35 anos, até finalizar sua vida, com 80 anos de idade, não se fixou em nenhum lugar, sempre andando, andando, pregando o ensinamento durante 45 anos em mais de 360 lugares diferentes.

Na última parte de sua vida, ficando velho, uma vez uma pessoa ofereceu- lhe uma flor e pediu, "por favor, dê um sermão com esta flor". Essa flor chamada "udombara" abre uma vez a cada cem anos ou uma vez a cada mil anos, ou seja, é algo muito raro. "Por favor, dê-nos um sermão sobre esta flor", pediu a pessoa. Buda aceitou a flor e todos ficaram esperando o que haveria ele de dizer.

Nesse momento Buda não falou nada, apenas mostrou a flor diante da congregação dos monges. Mas aconteceu que entre os monges estava Makakasho, um dos primeiros de seus discípulos e posteriormente seu sucessor, que então, em meio à assembléia, abriu um grande sorriso.

Geralmente Makakasho fazia um treinamento muito duro. Ele tinha nascido em uma família da elevada casta dos brâmanes, e mantinha o treinamento de simplicidade de vida, tanto em roupa como em comida e moradia. Não buscava luxo, nem comida de monges, apenas aceitava o que ganhava. Assim era o seu esforço: treinamento duro, cara fechada. No entanto, ele abriu o sorriso!

Vendo isso, vendo o sorriso de Makakasho, Buda disse: "Eu tenho o Shobogenzo, o tesouro que é o Olho do Darma Correto, e transmiti tudo a Makakasho". Assim foi transmitido a Makakasho o ensinamento essencial de Buda; todos viram, mas nada entenderam do que havia efetivamente se passado.

Então Buda passou, como símbolo de transmissão, o kesa, ou seja, o seu manto dourado, e uma tigela que ele usava sempre. Além de Makakasho ter recebido a tigela e o manto, recebeu uma coisa especial, a palavra secreta!

Já Mestre Eckart diz: "0 que eu ouvi do Pai, não escondi de vocês." É isto. Mestre Eckart viveu aquela experiência original, escutou a palavra de Deus e por isso dispôs-se a falar sobre essa palavra. Mas para falar essa palavra ele tem que tê-la ouvido e tem que ter a força para que a pessoa possa também ouvi-la. Os que quiserem ouvir devem estar preparados. Precisam de silêncio, precisam estar afastados da prática do ego, só nesse momento você pode escutar. O koan do mestre Ungan Donjo ao ministro se dá no contexto desta experiência de transmissão.

Assim, além da transmissão via tigela e manto, houve algo muito especial transmitido, como entre pai e filho, somente como entre pai e filho. Outra pessoa, mesmo vendo, não compreende. Mas Mestre Eckart diz, "do que ouvi nada escondi para vocês". E assim, na verdade, para escutar essa palavra você tem que se retirar.

Nesse momento, então, o que acontece? Unidade! Unidade é intimidade. Buda torna-se "um" com o discípulo. O pai treina o filho, é isto, e assim o filho torna-se o pai também.

Trindade é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas mestre Eckart diz "Gotheit", origem de Deus. Antes de termos as três coisas se aradas temos uma unidade onde retornamos. Então o Pai tornou-se Filho.

Há uma outra história que mestre Eckart conta. Havia um casal, marido e mulher, e por acidente ou doença ela perdeu a visão. Ficou muito triste, mas o marido a tratava com muito carinho, e a consolava. A esposa falou, "estou triste não porque perdi a visão, mas porque por isso vou perder o seu amor". Mas o marido disse, "você não precisa preocupar-se, eu gosto de você, eu a amo", e, tomando uma agulha, furou seus olhos e disse "bem, agora estou cego igual a você".

Da mesma forma, Deus está lá, absoluto, eterno, paz infinita, mas escolhe fazer-se carne e vir ao mundo, e, perdendo a visão, fica igual a nós. Jesus Cristo é Pai, Filho e Espírito Santo. Jesus Cristo é Pai também. É assim que mestre Eckart expressa como nasceu o único Filho de Deus. O Cristianismo tem certas dificuldades quanto a este aspecto; pode gente tornar-se Deus? Não.

Já no Budismo não há isto. Buda significa "desperto". Todos temos a natureza de Buda e então temos a possibilidade de tornarmo-nos Buda também. Pode o Cristianismo dizer que as criaturas venham a tornar-se Deus? Parece difícil. Mas para Eckart, sim! Quando escutar a palavra de Deus, a palavra secreta, oculta, eterna, interna, você se torna o único Filho de Deus. Tornar-se Filho significa adquirir a capacidade de ser Pai.

Neste mundo todos querem viver eternamente, mesmo sabendo que devem morrer. Então como fazem? Casando..., virão os filhos. Como os filhos até certo ponto têm a mesma qualidade dos pais, ao crescer vão casar e por sua vez terão filhos. Dessa forma algo transmite-se eternamente. O desejo sexual não é só prazer não, é a necessidade imensa de viver eternamente.

Com a religião é diferente, é entrar naquela dimensão absoluta onde não há mais nascimento e morte, é o estado eterno, absoluto. Isto é nirvana, e vivendo-se este estado de nirvana não há mais vida e morte. Religião é isso, e dessa maneira vive-se eternamente.

O Pai tornou-se Filho, mas isso não significa que é algo ocorrido entre criaturas. Quando falamos "criatura", há imediatamente duas individualidades "criador" e "criatura", e há ainda o tempo. Quando falamos no tempo, surgem todos os defeitos deste mundo. O que nasce, já está condenado a morrer. Somos mortais. Viver eternamente significa transcender. Quando mestre Eckart usa esta palavra "nascimento", para ele isto significa que Deus nasceu neste mundo sem perder a qualidade de ser Deus que foi capaz de viver a simultaneidade original, transcendental, e a simultaneidade histórica.

Jesus Cristo viveu neste mundo por trinta e três anos. Nasceu em Nazaré e morreu. Mas nasceu, viveu e morreu durante esse tempo em uma simultaneidade, ou seja, naquele lugar fundo no chão onde há o absoluto e eterno. Mostrou para nós o corpo físico, sofreu igualmente na cruz, mas alguma coisa mostrou-se transcendente. Dizer que o único filho de Deus nasce dentro da alma limitada significa a possibilidade de nos tornarmos o único filho de Deus. Tornar-se Deus, ou seja, viver neste mundo desde a eternidade. Isto chama-se "satori" ou "iluminação" no Budismo. Isto tem que ocorrer nesta vida. Muitos perguntam, "existe a reencarnação ou não?", ou, "você acredita na reencarnação?". A resposta é "sim e não". De uma certa maneira sim, mas quando há a experiência de nirvana, de silêncio, a experiência do deserto, instala-se a dimensão do eterno e absoluto, então não há mais reencarnação.

Jesus Cristo ou esse marido que furou os olhos escolheram este mundo, voltaram para cá, descendo. Em lugar de dizer, "venham até aqui em cima", o que seria difícil para as pessoas, Deus disse, "eu vou", é muito fácil. Deus faz isto quando você está preparado para tal. O que é necessário para a preparação? Apenas que você entre no silêncio, que abandone a si próprio. É necessário abandonar o ego.

Abandonar corpo e mente é a experiência fundamental de mestre Dogen. Mestre Eckart também fala, "é preciso abandonar". Abandonar é difícil por quê? Porque há compreensão errada, distorcida. E com isto se sofre. Mestre Eckart diz que abandonar a si próprio não ê sofrimento, é o caminho mais rápido para encontrar com Deus, e então a palavra secreta revela-se.

Na verdade, a realidade última deste mundo não está nada escondida. Por isso se diz aqui que Makakasho não escondeu nada. Essa verdade está presente dentro de nós. O paraíso não se dá após a morte, está aqui. Vocês não vêem porque sua visão está contaminada com a idéia de ego, vocês praticam a consciência kármica. É preciso sair disto, arrancando este "olho-de-ego" e colocando o "olho-de-Buda".

Os budistas falam que existem cinco tipos de olhos: olho físico, olho de Darma, olho de sabedoria, olho de Buda e olho de ser. Temos apenas um olho, o físico, e este está contaminado. O que está vendo, será que está vendo verdadeiramente? Está vendo apenas a projeção de sua mente, de sua consciência e de seu inconsciente também. Você vê o que quer. Você não vê o que existe e vê o que não existe, e assim, segue projetando suas consciências. Isso é o que chamamos de karma. Você não consegue ver de nenhuma outra maneira, isto é o karma. Praticando o silêncio, pratica-se a purificação. O silêncio é escuridão, noite. Como o místico espanhol São João da Cruz, na subida do monte Carmelo, fala na noite da consciência, na noite das idéias, na noite da vontade, na noite das lembranças, na noite do espírito, noite da alma, etc., e com isto, subindo montanhas em processo de meditação, passa pelo processo de purificação e chega ao topo da montanha.

Na verdade, o topo da montanha está aí, embaixo dos seus pés. Nunca esteve escondido. Nosso problema não é que Deus tenha escondido algo, você é que tem a culpa por sua consciência contaminada que dá nascimento e suporte ao ego.

Quando se vivencia a consciência de ego, sente-se, "eu estou aqui e você está ai. Surge imediatamente a dualidade a multiplicidade e a corporalidade. E a questão do físico. Estou tomando este espaço com este corpo, este espaço você não pode tomar, de jeito nenhum. Isso é bom, mas ao mesmo tempo é um limite. Então chega o momento de transcender a corporalidade, a temporariedade e a multiplicidade. Nesse momento ocorrem o deserto, a morte, a unidade - o uno.

O rei Salomão encontrou aquela lendária flor, o lírio. Ele tinha enormes riquezas, mas foi justamente dentro de uma flor que encontrou mais riquezas do que todas as suas riquezas reunidas. Por quê? Deus estava ali presente. Deus é um, além dele nada há. Se você entende isto, mesmo dentro de um mosquito você encontrará Deus, e este mosquito, o pernilongo, se tornará, então, mais sublime do que quaisquer dos anjos mais elevados.

Nada está escondido, apenas não vemos. Conta-se que um monge estava passando pela frente de um açougue e escutou o diálogo do freguês com o açougueiro. O freguês perguntou, nesta carne é fresca? O açougueiro respondeu, "na minha loja nada há que não seja fresco, de boa qualidade". Quando o monge escutou, "na minha loja é tudo bom, toda a carne é boa", nesse instante atingiu a iluminação.

Neste mundo é tudo bom. Nada tem defeito. Por que então tantas dificuldades, tantos problemas entre nós? Porque a mente cria problemas, oculta a verdade. Cria o bem, o bom, o mau. Na verdade não existe o bem e o mal, isto é apenas uma dualidade, uma discriminação. É preciso penetrar a não-discriminação. Tudo está em seu lugar no mundo do Darma, do absoluto. Nada falta. Nós, no entanto, fazemos a discriminação, "isso é bom, isso é ruim" Cada um constrói seu próprio sofrimento ao fazer essa discriminação. Você mesmo sofre com isso. Neste mundo está tudo perfeito, o problema é você mesmo. Aqui e agora você pode encontrar o absoluto, o eterno. Está tudo perfeito, nada há para se queixar.

O fato de muitos japoneses terem os olhos puxados conduz muitos a terem complexos. Uma pessoa diz, "eu sou brasileiro, nasci aqui", o outro fala, "eu nasci no Japão, sou japonês, tenho olhos puxados", surge então o complexo, "tenho cabelo preto, liso e por isso quero tingir de outra cor, mas isso me deixa mais feio". Quando você aceita os olhos puxados, com isto pode manifestar a glória de Deus! As coisas todas são diferentes umas das outras, as plantas são diferentes entre si, essas diferenças revelam a glória de Deus.

Uns são baixinhos, outros feios, uns ricos, outros pobre, ou aleijados, mancos; isso não importa, cada um revela a glória de Deus. Em um determinado momento, repentinamente tudo muda. Tudo se revela, nada permanece escondido. Então o mestre chamou, "ministro!", e este imediatamente respondeu, "sim, mestre!" O que está acontecendo aqui? Nós temos tudo.

Há um outro episódio em que um ministro visitou um outro mestre. O mestre estava assando batata-doce nas brasas e assoprava continuamente para avivar o fogo. O ministro chamou, "mestre, mestre!" O mestre, ocupado com o fogo e a batata-doce, e com o nariz que pingava sem parar, não atendeu imediatamente. O ministro zangou-se e, virando-se começou a sair. O mestre então chamou, "ministro!". Este imediatamente parou e voltou-se. Então o mestre concluiu, "porque você respeita os ouvidos e não respeita os olhos?". O ministro ouviu e, sentindo a força da lição, inclinou-se ao mestre. "O que é o caminho?", perguntou então. O mestre respondeu, "está vendo? Nuvens estão no céu e algo está dentro da garrafa".

O segredo não tem nenhum segredo. Um monge Zen procura seu mestre e pede-lhe, "por favor, ensine-me o segredo do Budismo". O mestre responde, "sim, se você quiser; quando todos houverem saído, ninguém mais estiver aqui, procure-me aqui e eu lhe ensinarei". O monge responde, "ah, sim", e mais tarde volta e sussurra, "mestre, agora não há mais ninguém aqui, por favor, ensine-me o segredo!" O mestre então leva o discípulo ao jardim e diz, "está vendo? Esta árvore é muito alta e essa outra é muito baixa, entendeu?". "Árvores altas e árvores baixas", com isso ele mostra tudo! Num canteiro, plantando sementes de ameixeiras, cerejeiras, crisântemos ou o que seja, ele lida com estas variedades de plantas. Plantando bambú, é bambú que crescerá, ninguém tem o poder de trocar isso. É isso ai - nós é que complicamos a nós mesmos querendo classificar as coisas e mudar tudo.

Eu estava falando sobre os vários tipos de sermões: o sermão da luz radiante, o sermão da atividade com o corpo e ações..., mas há outro sermão, o sermão de "um tom" ou "uma voz". Quando Buda falava, todos entendiam de acordo com seu estado de consciência e compreensão. Estas histórias podemos também encontrar dentro da Bíblia. Quando Jesus Cristo apareceu e recebeu o Espírito Santo, havia muitas pessoas provenientes de países de línguas diferentes, mas, ainda assim, quando falou com o Espírito Santo, todos entenderam. Lembram dessa passagem? Como pode ocorrer isso? Um tom, um som, uma voz. Até pedras entendem, até paredes e portas escutam, porque é o Darma. Isto é a "palavra secreta". Quando você vai purificando sua mente e torna-se residente do deserto, alguém passa a falar-lhe internamente. Quem é este alguém? É vocé mesmo!

O primeiro capítulo do Evangelho de São João diz: "no princípio era o Verbo". "No princípio" significa o quê? Princípio do tempo? Não! "No princípio significa "origem", o período antes de Deus haver criado este mundo. Jesus Cristo estava à direita de Deus Pai, ele estava vendo o Pai criar o mundo. Ele mesmo estava lá. Daisetz Suzuki certa vez dirigiu-se a vários pensadores cristãos, dizendo: "Tenho uma pergunta para vocês, cristãos: quando Deus estava criando o mundo, quem estava vendo isso?" Ninguém respondeu e então ele mesmo ofereceu a resposta: "eu".

Sempre é importante esta atitude, "eu, agora, aqui". Deus criou este mundo - criou é passado, mas está ainda criando agora, neste exato momento.

Estamos constantemente criando o mundo a cada instante. E esta mesa, existe ou não? Não existe? E o que estamos vendo? Se voltarmos aqui amanhã e a encontrarmos? E se morrermos nesse espaço de tempo? Alguém vai vê-la. Mas, ainda assim, esta mesa está sendo criada por nós, agora, a cada momento, a cada instante. Fitando o espelho, vemos nosso envelhecimento. Alguns ficam tristes por ficarem velhos. Não precisam ficar tristes, não. Mestre Eckart diz, "dez anos antes nosso rosto era liso e bonito; agora, dez anos se passaram e apareceram muitas rugas, e surge então a tristeza". Não é preciso olhar assim, essa não é a realidade! Hoje estamos encontrando um novo rosto e fitando-o como da primeira vez, é uma e experiência totalmente nova. Amanhã será também um novo rosto e assim por diante! A cada vez fitamos uma forma totalmente original, a cada vez nos defrontamos com o absoluto! Criamos constantemente o mundo, neste exato momento fazemos isso. Tudo vai mudando sempre, isto é criar.

"Um tom", Sermão de "um tom". O que é este "um tom"? Mestre Eckart diz, "escutei a palavra do Pai e vou falar para vocês", EIe mesmo tem que se tornar a palavra e a palavra mesma tem que falar! Não é a boca que fala a palavra, a palavra se fala. A palavra secreta, a palavra de Deus, ela mesma fala a palavra - aí está a diferença. O sermão geralmente apresenta muitas histórias, ensinamentos - a boca está falando. Às vezes eu minto, apenas falo o que aprendi, mas o importante aqui é tornar-me as palavras. Isto significa que aquilo que estava oculto aparece, mostra-se, revela-se. Esta é a função das palavras.

Então em "Gotheit", origem de Deus, o Pai está lá, escondido. Quem vê Deus tem que morrer. O Pai entrou no Filho, veio a este mundo, apareceu com corpo físico, nós pudemos ver. Se o único Filho de Deus nasce dentro de sua alma, você escuta a palavra secreta e torna-se o Filho de Deus. Escutando a palavra, você recebe todas as potencialidades, todas as forças. Você pode falar a palavra, pois não mais será a boca apenas que fala, você mesmo é a palavra e fala. Nesse momento você vive este mundo realmente, isso é a realização de si próprio.

Há um capítulo do Shobogenzo que diz assim, "você sabe pintar a primavera? Então pinte!" Como é isso? Pintou. "Deixe-me ver... Ah, isto não é primavera, é flor de cerejeira..." - no Japão as cerejeiras florescem na primavera. "Isto não é primavera não, isto é flor de primavera, isto é flor de cerejeira, por favor, pinte a primavera!" Como pode a primavera ser pintada? Nova tentativa. "Isto é flor de ameixeira, não é primavera." Como podemos pintá-la?

Entendeu? Estamos vivendo este mundo, vivendo condenados à morte, mas muitos vivem como uma fumaça, como uma faísca, como espuma ou como uma sombra, não estão vivendo não. Para viver realmente, tem que ser capaz de pintar a primavera, e não cerejeiras ou ameixeiras. E preciso pintar a primavera mesmo. Como? O mestre toma então o pincel, "ah, já pintei a primavera". "Como? O que é isto? Isto é a primavera? Isto é flor de cerejeira, isto é flor de ameixeira!?" "Sim, quando a primavera está presente, a flor de ameixeira abre, a flor de cerejeira desabrocha, então, dentro da flor de ameixeira e de cerejeira está presente a primavera!" Dentro de você, de seu corpo, sejam altos ou magros, baixos, gordos, inteligentes, ignorantes, aí está a primavera, a presença de Deus, de Buda. Fora daí não existem nem a primavera, nem Deus, nem Buda - nada encontrará. Vazio apenas, vasto nada.

Quando Madalena visitou o corpo sem vida de Cristo, encontrou dois anjos. "O que está procurando?", perguntaram eles. "Se você está procurando aquele Jesus Cristo que morreu, não vai encontrar." Mestre Eckart interpreta essa passagem assim: "Deus não é encontrado em nenhum lugar; para a parte mais elevada da alma, Deus não está em lugar algum, mas para a parte inferior da alma, Deus está presente em todos os lugares." Então, em sua própria vida, você, encontrando-se consigo mesmo, pode manifestar a glória de Deus, revelar o que é Deus. Com dificuldade, com sofrimento, com defeitos. É com isso mesmo que você pode mostrar.

Muitas pessoas estão constantemente vivendo com a mente no futuro ou no passado. Jovens dizem, "ah, sou muito pobre, preciso estudar, é importante que eu me forme como engenheiro, como médico, como advogado, etc., só assim vou ganhar dinheiro e estarei realizado...". Isto é ainda o futuro, ainda não chegou. Os velhos dizem, "ah, eu já fiz muito nessa vida, sou muito importante, tenho cargos importantes". Isso tudo é passado.

E como estão agora todos, velhos e moços, no exato momento presente, neste exato instante? Como estão todos, fora do referencial do tempo passado e do tempo futuro, fora da temporariedade, como estão frente à eternidade? Nada podem mostrar, não estão realizados, vivem confusões apenas! Plenitude é preencher tudo aqui e agora. Com isso se chega ao estado. Isso depende da mente. A mente é que faz o sofrimento, a alegria, a felicidade.


Ryotan Tokuda

texto gentilmente cedido pelo Centro de
Estudos Budistas Bodisatva
www.bodisatva.org
http://www.sotozencuritiba.org/a_palavra_secreta.php




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2014-04-25

A Criança e a Pérola







Antes de partir,
antes que a verdade da Palavra
fosse transmitida por meu Pai para mim,
estava escrito em meu coração
que esta viagem me levaria
a sete caminhos que me conduziriam
para começar da ravina mais profunda.
É aí que a Pérola espera
o filho do rei.
E assim começa o caminho
de volta à Pátria,
onde a púrpura real
está pronta para o herdeiro,
quando a tarefa for cumprida.

A Criança e a Pérola
Revista Pentagrama - Dezembro/1999



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2014-04-24

SILENCIE A MENTE








Quando estamos em silêncio, não interferimos em nada a nossa volta e, por esse motivo, não geramos o caos. O silêncio demarca os espaços entre as palavras, entre os pensamentos e também o espaço entre nós e o mundo. Agir em silêncio é ato de humildade e de forte compromisso com a ação e não com o resultado, pois não há expectativa de aprovação.

Quando paro penso no que vou falar, geralmente fico quieto, pois compreendo que em grande parte, o que falo, é tradução de uma massiva confusão mental inerente de preconceitos e informações mal formadas da minha própria mente. Porém, há uma diferença nobre em falar o que pensa e falar o que se sente. Quando trago do fundo sentimentos, emoções e pensamentos construídos a partir da observação dessas emoções, brota um silêncio profundo.

Devemos silenciar e deixar que esse silêncio tome conta de todo o nosso ser e que cada momento de silêncio seja uma oportunidade de “mergulhar em si mesmo”.

Por minha própria experiência, posso dizer que a prática do zazen (meditação zen), se traduz em uma excelente ferramenta para estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com todos os seres.

A meditação zen possibilita às pessoas manterem-se conectadas com sua verdadeira natureza. À medida que avançamos na prática, vamos percebemos melhor os condicionamentos sociais, familiares, que tanto aprisionam nossa mente. A criança está constantemente presente, iluminada, repleta de amor. Com os condicionamentos, aos poucos ela se afasta desse estado natural de ser.

“No Zazen não devemos ter expectativas. Zazen não é uma técnica para obter o que quer que seja, é muito mais natural do que isso. No entanto, as coisas mais naturais são por vezes as mais difíceis. E porquê? Porque pensamos. Não há nada de errado com o pensamento. Pensar é um processo muito natural, mas deixamo-nos condicionar muito facilmente pelos nossos pensamentos e damos-lhes muito valor. Tentamos cuidar de nós mesmos, da estrutura do nosso ego, através do pensamento. Pensar é uma abstração. Não é ser, é pensar sobre ser. E uma vez que ‘nascemos e morremos sete mil vezes por segundo’, as condições que pensamos já desapareceram. Pensamos acerca de sombras em vez de sermos a própria vida.” Maezumi Roshi (1931-1995).

Geralmente a utilizo em diversos momentos do dia, acessando esse silêncio interior, “observando a mim mesmo”. Sugiro que você comece a praticar esta observação antes de deitar-se ao anoitecer para clarear sua mente, deixando-a menos turbulenta.

Somos como um lago. A cada vez que aprofundamos a nossa observação sobre este lago, conhecemos ainda mais qual a sua profundidade e, cada vez que sabemos o quão profundo ele é, mais imersos passamos a perceber melhor o mundo e as coisas como realmente são.

A cada dia a nossa vida fica mais atribulada, cheia de questões não resolvidas e assuntos para “correr atrás”. Penso que isto só acontece porque ainda nos mantemos muito na superfície do desse lago, e nos esquecemos de nos aprofundar por completo no que realmente somos.

A nossa prática deve priorizar o “conhecermos a nós mesmos”, e ajudarmos os outros a mergulharem em seus lagos em silêncio.

“A verdadeira inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a solução dos problemas é encontrada”. 


(Eckhart Tolle em O Poder do Silêncio)


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[Perguntas e respostas]








1) Por que diferentemente de todos os outros seres da natureza nós temos consciência?


Monge Genshô – Mas eles têm consciência, apenas é mais fraca. Eles também sofrem, têm medo, amam e temem a morte. Quem pode afirmar que animais não sentem saudade e não sofrem a morte de seus companheiros ou donos?

Acontece que o homem está degraus acima no exercício de sua consciência, mas essa consciência que lhe dá o conhecimento de sua finitude, lhe traz também uma angústia existencial que o animal não sente.

Por isso o homem cria religiões e crenças, que são uma forma de escapar da angústia existencial. O budismo se recusa a dar ao homem uma solução fácil como eternidade ou um nada após a morte


2) A gente sempre ouve falar da influência do Zen nas artes japonesas, até mesmo nas artes marciais, como é possível praticar o Zen dessa forma?


Monge Genshô – Esse Zen que estamos falando você não vai praticar integralmente através das artes marciais. Realmente o Zen influenciou de forma intensa tanto as artes chinesas quanto as japonesas.

Com a prática da arte marcial você pode ganhar disciplina, sensibilidade, auto-controle e pode mesmo desenvolver o “ki”, forma de energia, que o ajudará na pratica do Zen.

Quando você desenvolve sua sensibilidade é natural que seja levado à prática espiritual.

Porém as artes, mesmo as fortemente influenciadas pelo Zen, não o levarão sozinhas à iluminação. Não são práticas para a iluminação, são somente artes influenciadas filosófica e espiritualmente pelo Zen como um caminho.

Os mestres marciais que desenvolveram grande qualidade espiritual não praticavam somente arte marcial.

Temos exemplos de Mestres Zen que foram grandes artistas, como Monge Ryokan, um mestre da Escola Soto que era um grande calígrafo e poeta.

O fundador da Escola Soto no Japão, Mestre Dogen, era um poeta maravilhoso. Monge Takuan escreveu e influenciou muito um grande mestre da espada.


Monge Guenshô
http://opicodamontanha.blogspot.com.br/2014/04/so-nos-temos-consciencia.html


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2014-04-23

Masculinidade, o que está acontecendo com os homens de De HOJE?









Masculinidade, o que está acontecendo com os homens de De HOJE?


1-
https://www.youtube.com/watch?v=BHGpE3A3dWc
2 -
https://www.youtube.com/watch?v=FT6Zt32ZqVQ




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Feminismo, o maior inimigo das mulheres








A sociedade moderna está mergulhada no conceito de igualdade. Cada vez mais luta-se para equiparar o homem à mulher e vice-versa. Se a igualdade pretendida fosse em relação aos direitos civis, cuja necessidade é inegável, não seria, de fato, um problema. Porém, o que acontece é que esta sociedade moderna, eivada do relativismo cultural, quer é transformar a mulher no novo homem e o homem na nova mulher, invertendo e pervertendo os valores mais elementares.

Deus criou o homem e a mulher em igual dignidade, mas quis que houvesse uma diferença entre os dois sexos. Esta diferença em "ser homem" e "ser mulher" faz com que exista uma complementariedade entre eles. Foram criados por Deus para formarem um conjunto, não um se sobrepondo ao outro, mas em perfeita sintonia um com outro. Lutar contra esse projeto, fazendo com que a mulher tente, por todos os meios, ocupar o lugar do homem é lutar diretamente contra o projeto de Deus, contra a natureza humana.

A liberação sexual promovida pelos métodos anticoncepcionais, longe de trazer a sensação de igualdade entre o homem e mulher, transformou a mulher numa máquina de prazer, pois agora ela sabe que pode ter uma vida sexual ativa sem a consequente gravidez. Não precisa ter compromisso com o parceiro, não precisa sentir-se segura ou amada. Ledo engano. O que se vê são cada vez mais mulheres frustradas, depressivas, olhando para trás e percebendo que estão vazias, correndo contra o tempo para manterem-se jovens, pois nada mais têm a oferecer que não o invólucro.

A liberdade da mulher, na verdade, transformou-se numa prisão. Hoje, elas se vêem presas a estereótipos ditados pela agenda feminista, cujo maior objetivo é destruir a essência da mulher, igualando-a ao homem. Transformando seus úteros em lugares estéreis e varrendo para debaixo do tapete o instinto natural da espécie: a maternidade.

Portanto, urge que cada mulher, criada à semelhança de Deus, recupere o seu lugar na Criação. Que a mulher seja mulher em toda sua plenitude!!


Padre Paulo Ricardo
https://www.youtube.com/watch?v=80JuBmps6Qk



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