2014-04-06

[ DA TRISTE REALIDADE ]







Nada exemplifica mais nitidamente o analfabetismo funcional dos atuais estudantes universitários brasileiros do que sua tendência a interpretar TUDO o que lêem na clave da adesão integral ou da condenação inapelável. Não posso dizer sequer que é o mundo da terra plana, pois num plano há inumeráveis direções partindo de inumeráveis pontos, e isso é de uma riqueza infinita em comparação com a linearidade bidirecional onde você está sempre "conosco" ou "contra nós". Mesmo em questões de ciência e filosofia os idiotas só conseguem raciocinar assim. Por exemplo, você é "contra" ou "a favor" da "ciência"? Você é "contra" ou "a favor" da "religião"? Tudo se resolve na dicotomia que, segundo Carl Schmitt, definia especificamente e exclusivamente a luta política, como diferenciada de todas as demais dimensões da vida e do conhecimento: a oposição schmittiana entre "amigos" e "inimigos", excluídas todas as nuances, mediações, complexidades e proporções. Ao longo da minha vida já observei muitas modalidades de estupidez, mas essa que se tornou endêmica entre os universitários de hoje -- inclusive nas áreas científicas mais sofisticadas em aparência -- é algo que eu não podia prever. É algo que está AQUÉM do entendimento humano.
Só por ter produzido e reproduzido em massa esse tipo de mentalidade, a universidade brasileira em geral -- com exceções que devem existir embora eu as desconheça -- já deve ser considerada uma entidade eminentemente criminosa.
Simplesmente não é admissível sustentar com impostos uma entidade cuja meta primordial é animalizar a inteligência humana.
O corolário desse tipo de raciocínio é que se você diz algo contra A você é partidário incondicional de Não-A. Por exemplo, digo que a prática médica é causa de muitas mortes, sou portanto um apologista da supressão completa da prática médica. É, com toda a evidência, um raciocínio maquinal, infra-humano, até mesmo infra-animal -- e é o ÚNICO tipo de raciocínio que os estudantes aprendem nesses subputeiros que são as "universidades" brasileiras.
Até mesmo urubus são capazes de reconhecer cinco objetos diferentes ao mesmo tempo. O universitário brasileiro só chega até dois.
Quando digo que esse raciocínio maquinal é infra-animal, NÃO ESTOU BRINCANDO NEM EXAGERANDO.
Chamem-se Tico e Teco, A e Anti-A ou Nós e Eles, as vias são duas e sempre duas.



Olavo de Carvalho


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