2013-12-06
Mente Aberta
As coisas que amamos, as pessoas que amamos são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca, dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta, numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos, e todos nós cansamos,
por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gosto ocre na boca ou na mente,
sei lá,
talvez no ar.
Carlos Drummond de Andrade