2013-12-29

Fé e Vida








A chama da esperança incendiava os corações e se refletia no brilho dos olhos, que fitavam, desafiadoramente, o futuro.

O Messias havia discorrido sobre as bênçãos e consolações reservadas aos humildes e simples, aos mansos e pacificadores.

Já se preparava para afastar-se da massa humana, quando alguém inquiriu:
— E a fé? Qual a tarefa que desempenha na vida?
“— A fé — explicitou, sem censura ou cansaço — é a lâmpada que se acende na mente para clarear a razão e aquece os sentimentos para atuarem com segurança de paz.
Nascidas nas fontes insondáveis da psique divina, de que todos somos herdeiros, é a estrela em noite escura apontando rumo, linfa refrescante no deserto, pão nutriente na fome espiritual.
Espontânea, quando irrompe dos refolhos da alma, e, sustentada pelo combustível do amor, faz-se confiança e estímulo para a luta libertadora que todos travamos com nós mesmos, em relação aos outros e em favor da Sociedade na qual nos movimentamos.
Racional quando surge como consequência da análise das coisas, do estudo do Universo e do aprofundamento das questões da vida, que dizem respeito à Criação.
A fé na criatura, na humanidade, no conhecimento, no progresso de alguma forma é filha da vivência espiritual do homem com Deus, inevitável conquista do ser imortal no seu processo de ascensão.
O céptico, atormentado e zombeteiro, encontra-se enfermo da emoção e, quando se diz douto, entroniza no ego a própria ignorância. Desejando ver Deus, se duvida, não o consegue, e se lobriga, já não tem por que duvidar. Para lográ-lo, no entanto, necessita despojar-se da presunção e buscá-Lo.
O homem sem fé é comparável ao nauta que conduz a embarcação, esquecido de que ela perdeu o leme.
A fé é uma atitude emocional e uma conquista intelectual em favor da Vida.
Pode ser trabalhada através da meditação, que a desenvolve e amplia, da oração, que a consolida, bem como da ação que a demonstra.
Ao abandono, perde a vitalidade, enquanto que estimulada, se expande e arde como labareda divina que jamais consome.
A fé possibilita as conquistas aos himalaias das dificuldades e a vitória sobre os labirintos das paixões.
A fé jamais se confunde, porque intui sempre o correto caminho a seguir, estabelecendo os deveres a cumprir e nunca teme nada, em razão de que, estribada na verdade, não teme conflitos nem suspeitas.
O que hoje se lhe apresenta como impossível de operar, amanhã surge como factível e depois se torna realização vitoriosa.
A Fé é a luz da Vida.”


( A um passo da imortalidade, de Eros; Divaldo P. Franco )