As nossas feridas não são nossas. Elas não se originam dentro de nós ou resultam de uma mente defeituosa ou de natureza doentia. Nem surgem de inimigos externos a nós, como forças obscuras enviadas para nos destruir.
Descartes (“Penso, logo existo”), benditas sejam as suas pequenas meias de algodão, era um solitário e isolado homem que criou uma fria, egoísta e altamente intelectual filosofia de separação corpo-mente, que simplesmente não resistiu à investigação direta.
Quando observamos profundamente de primeira mão a experiência em tempo real, não encontramos nenhuma entidade chamada ‘mente’, com um interior e um exterior, e certamente nenhuma ‘mente’ separada de qualquer ‘corpo’ - nós simplesmente percebemos a mutável dança de pensamentos e sensações neste silencioso pano de fundo da não conceitual presença que somos, que os acolhe, sem deixar que estes (pensamentos, sensações) a limitem.
Nossas feridas não se formam dentro ou fora de nós, mas no contexto das relações.
Nós somos seres sociais, e não egos separados flutuando no espaço almejando se conectar, e tudo aquilo que é ocultado, reprimido, não realizado, ainda nas primeiras relações que temos com nossos tutores, aquelas partes da experiência não trazidas à luz - a dor, o pesar, o medo, a raiva, a impotência - são vistas como ameaças ao amor, à segurança, ao bem estar e, por fim, à própria vida, e traduzidas como negativas, escuras, pecaminosas, partes intocáveis de nossos destroçados eus, pedaços vergonhosos que escondemos por medo de perdermos uns aos outros.
Nós imaginamos ter um lado luz e um lado sombra, um vergonhoso lado negro, um eu bom e um eu mau, um eu piedoso e um eu pecaminoso, e aí a grande Guerra começa. O inominável se esconde nas profundezas, e nós nos arrastamos até a luz...
As feridas se formam no contexto das relações, e se curam no contexto das relações. Mais adiante em nossas vidas seremos inteligentemente conduzidos até aqueles que podem nos curar, aqueles que, intencionalmente ou não trazem à tona a repressão, o desamor, as partes ocultas de nós mesmos, e convidam a escuridão a voltar à luz.
E assim a cura pode parecer desagradável no início, e as relações podem ser incrivelmente desafiadoras, e por um tempo podemos não ser capazes de enxergar a inteligência que há nas mesmas, e frequentemente sentimos como se elas trabalhassem ‘contra’ nós, ou na realidade ameaçassem a nossa cura. Podemos nos sentir bem pior!
Mas com o tempo, e mediante profunda reflexão, auto-inquirição e honestidade, e indo além de todos os conceitos de ‘amor’ e de ‘cura’, passamos a ver que as nossas maiores brigas foram as que mais nos ensinaram, e que nossos supostos ‘inimigos’ psicológicos na verdade nos obrigaram a olhar para algo reprimido em nós mesmos, que as separações apenas nos ensinaram a sentar com a mágoa, a embalar o coração partido, a abraçar as partes rejeitadas, os fragmentos abandonados e expulsos criativa e inteligentemente quando éramos mais jovens.
Você está cercado por gurus de todas as formas e tamanhos, e tudo o que você atrair, rejeitar ou temer no outro pode ser apenas algo que precisa ser curado em você mesmo. Talvez seja isso. Mas este ‘talvez’ pode significar tudo quanto o assunto é amor, e não há encontros desperdiçados aqui nesta suprema inteligência, neste reflexivo universo.
Jeff Foster
(tradução: Chris M. - Dharmani)
Quando observamos profundamente de primeira mão a experiência em tempo real, não encontramos nenhuma entidade chamada ‘mente’, com um interior e um exterior, e certamente nenhuma ‘mente’ separada de qualquer ‘corpo’ - nós simplesmente percebemos a mutável dança de pensamentos e sensações neste silencioso pano de fundo da não conceitual presença que somos, que os acolhe, sem deixar que estes (pensamentos, sensações) a limitem.
Nossas feridas não se formam dentro ou fora de nós, mas no contexto das relações.
Nós somos seres sociais, e não egos separados flutuando no espaço almejando se conectar, e tudo aquilo que é ocultado, reprimido, não realizado, ainda nas primeiras relações que temos com nossos tutores, aquelas partes da experiência não trazidas à luz - a dor, o pesar, o medo, a raiva, a impotência - são vistas como ameaças ao amor, à segurança, ao bem estar e, por fim, à própria vida, e traduzidas como negativas, escuras, pecaminosas, partes intocáveis de nossos destroçados eus, pedaços vergonhosos que escondemos por medo de perdermos uns aos outros.
Nós imaginamos ter um lado luz e um lado sombra, um vergonhoso lado negro, um eu bom e um eu mau, um eu piedoso e um eu pecaminoso, e aí a grande Guerra começa. O inominável se esconde nas profundezas, e nós nos arrastamos até a luz...
As feridas se formam no contexto das relações, e se curam no contexto das relações. Mais adiante em nossas vidas seremos inteligentemente conduzidos até aqueles que podem nos curar, aqueles que, intencionalmente ou não trazem à tona a repressão, o desamor, as partes ocultas de nós mesmos, e convidam a escuridão a voltar à luz.
E assim a cura pode parecer desagradável no início, e as relações podem ser incrivelmente desafiadoras, e por um tempo podemos não ser capazes de enxergar a inteligência que há nas mesmas, e frequentemente sentimos como se elas trabalhassem ‘contra’ nós, ou na realidade ameaçassem a nossa cura. Podemos nos sentir bem pior!
Mas com o tempo, e mediante profunda reflexão, auto-inquirição e honestidade, e indo além de todos os conceitos de ‘amor’ e de ‘cura’, passamos a ver que as nossas maiores brigas foram as que mais nos ensinaram, e que nossos supostos ‘inimigos’ psicológicos na verdade nos obrigaram a olhar para algo reprimido em nós mesmos, que as separações apenas nos ensinaram a sentar com a mágoa, a embalar o coração partido, a abraçar as partes rejeitadas, os fragmentos abandonados e expulsos criativa e inteligentemente quando éramos mais jovens.
Você está cercado por gurus de todas as formas e tamanhos, e tudo o que você atrair, rejeitar ou temer no outro pode ser apenas algo que precisa ser curado em você mesmo. Talvez seja isso. Mas este ‘talvez’ pode significar tudo quanto o assunto é amor, e não há encontros desperdiçados aqui nesta suprema inteligência, neste reflexivo universo.
Jeff Foster
(tradução: Chris M. - Dharmani)