No Budismo, Nirvana (Sânscrito: Pāli; Prácrito): é o estado de libertação do sofrimento (ou dukkha) segundo o pensamento dos monges shramana (em Pāli, "Nibbāna" significa "sopro", "soprar", ou até "ser assoprado"), é o estado atingido pelos Arahant.
De acordo com a concepção budista, o Nirvana seria uma superação do apego aos sentidos, do material e da ignorância; tanto como a superação da existência, a pureza e a transgressão do físico.
Siddhartha Gautama, o Buda, ou na maioria das tradições budistas, também conhecido como Supremo Buda (Sammāsambuddha) descreveu o Nirvana como um estado de calma, paz, pureza de pensamentos, libertação, transgressão física e de pensamentos, a elevação espiritual, e o acordar à realidade.
O Hinduísmo também usa Nirvana como um sinônimo para suas idéias de moksha e fala-se a respeito em vários textos hindus tântricos, bem como na Bhagavad Gita. Os conceitos hindus e budistas de Nirvana "não devem ser considerados equivalentes".
Com esse estado de liberação, quebra-se a roda do karma, interrompendo o processo de contínuos renascimentos.
Introdução
É bem provável que você ja tenha ouvido a palavra "nirvana" alguma vez na sua vida. As pessoas dizem que atingiram o nirvana quando estão bem felizes, por exemplo, ou podem falar de chegar ao nirvana como se fosse uma recompensa eterna recebida após a morte. E, é claro, há a famosa banda de rock chamada Nirvana, que adotou o termo com uma certa dose de ironia.
Como você pode ver, a palavra está bem estabelecida no nosso vocabulário moderno. Mas você sabe o que ela significa de verdade? Para a maioria das pessoas que vivem no ocidente, o nirvana religioso é um mistério total.
Neste artigo, vamos descobrir a verdade sobre este conceito fascinante e ver como ele se encaixa no budismo e no hinduísmo. Se você não sabe muita coisa sobre as religiões orientais, provavelmente vai ficar surpreso ao descobrir o que o nirvana é na verdade.
O nirvana budista
Diversidade religiosaTanto o hinduísmo como o budismo são divididos em várias segmentos diferentes com uma ampla gama de crenças. Muitos teólogos nem mesmo reconhecem o hinduísmo como uma única religião, mas como um aglomerado de práticas religiosas que une vários grupos diferentes. Conseqüentemente, há pouquíssimas qualidades ou crenças que podemos atribuir ao hinduísmo ou ao budismo como um todo. Porém, há várias idéias que caracterizam de maneira geral as duas religiões e, quando falarmos das crenças hindus e budistas, estaremos nos referindo a estas doutrinas gerais comuns à maior parte das principais segmentos.
O termo nirvana associa-se com o hinduísmo, a religião mais antiga do mundo, e com o budismo, sua ramificação mais conhecida. Nas duas religiões, a palavra se refere a um estado mais elevado do ser. O modo como cada uma delas enxerga este estado, porém, é muito diferente. E examinar a distinção entre esses conceitos do nirvana vai nos dar uma maneira excelente de entender algumas das maiores diferenças entre as duas religiões.
O nirvana costuma ser associado principalmente ao budismo, que teve sua origem no hinduísmo durante o século V a.C. Ele começou como um movimento, baseado na filosofia e vida de um homem chamado Sidarta Gautama, dentro do próprio hinduísmo e, eventualmente, se separou para criar seu próprio caminho.
Esse homem, Sidarta Gautama, que posteriormente se tornou o Buda ("o desperto"), nasceu em uma família rica e que governava alguns territórios por volta de 563 a.C., no que hoje é o Nepal moderno. De acordo com a lenda budista, ele levava uma vida protegida e cheia de regalias até completar cerca de 20 anos de idade.
Então, começou a questionar o valor espiritual de sua vida confortável e decidiu abandonar todas as suas posses e ligações emocionais, incluindo sua mulher e um filho jovem. Ele queria compreender a verdadeira natureza da vida e via essas ligações como distrações, em uma idéia que estava de acordo com o pensamento hindu.
Então, tornou-se um shramana, um asceta errante e sem teto cuja vida era dedicada à meditação. Esperava encontrar a iluminação ao desligar-se completamente do mundo, lançando-se ao oposto do que era a sua vida anteriormente e, com o tempo, afastou-se cada vez mais da vida mundana, chegando ao ponto de estar próximo da inanição. E, ainda assim, ele não havia atingido a iluminação.
Imagens de Buda são comuns em templos budistas.
A maioria dos segmento acredita que
a arte pode levar a momentos de iluminação.
Ele chegou à conclusão que se continuasse nesse caminho, morreria sem atingir qualquer tipo de compreensão. E foi então que abandonou sua vida de asceta e aceitou uma refeição oferecida por um estranho. Ele decidiu trilhar o caminho do meio, a vida entre o luxo e a pobreza que havia conhecido.
E, como diz a lenda, foi logo após escolher esse caminho que Sidarta finalmente atingiu a iluminação. Enquanto meditava sob uma árvore, viu todas as suas vidas passadas, para então ver as vidas passadas de outros seres. Finalmente, obteve um conhecimento perfeito e onisciente do nosso mundo e do mundo além do nosso.
No budismo, este estado, que o Buda não pode descrever com a linguagem, chama-se nirvana, uma palavra que significa "extingüir" em sânscrito. Neste caso, significa extingüir a ignorância, ódio e sofrimento material. O termo é mais associado ao budismo, embora seja associado com um conceito semelhante no hinduísmo (como veremos mais adiante).
Ao atingir o nirvana, é possível escapar da samsara, o ciclo de reencarnação que é característica tanto do hinduísmo como do budismo. Em cada vida, uma alma é punida ou recompensada baseando-se em suas ações passadas, ou carma, feitas na vida atual e em vidas passadas (que também inclui vidas que vivemos como animais).
É importante perceber que a lei do carma não ocorre devido ao julgamento de um deus sobre o comportamento da pessoa; na verdade, é algo mais parecido com as leis do movimento de Newton: cada ação tem uma reação de mesma intensidade e no sentido oposto. Acontece automaticamente, por si só.
Quando atingimos o nirvana, paramos de acumular mau carma pois já o transcendemos. passando o resto de nossa vida, e algumas vezes vidas, eliminando o mau carma que já havíamos acumulado.
Uma vez que tivermos escapado totalmente do ciclo cármico, atingimos o parinirvana, o nirvana final, no além-vida.
Da mesma maneira que ocorre com o nirvana hindu, as almas que atingiram o parinirvana ficam livres do ciclo de reencarnação. Buda nunca especificou como era o parinirvana e, de acordo com o pensamento budista, ele está além da compreensão humana normal.
Na próxima seção, vamos descobrir o que o Buda receitou para atingir o nirvana na Terra e o parinirvana no além-vida.
Atingindo o nirvana
Buda não conseguiu descrever completamente sua nova compreensão do universo, mas pôde disseminar a mensagem essencial de sua iluminação e orientar as pessoas para que atingissem a mesma compreensão. Ele viajava de um lugar a outro ensinando as 4 nobres verdades: a vida é sofrimento; esse sofrimento é causado por ignorância da verdadeira natureza do universo; a única maneira de encerrar este sofrimento é superar a ignorância e apego às coisas materiais; é possível superar a ignorância e o apego ao seguir o Nobre Caminho Óctuplo.
O Nobre Caminho Óctuplo é uma lista de 8 ideais que orientam uma pessoa em direção a uma maior compreensão do universo. Eles são:
- ponto de vista correto
- pensamento correto
- fala correta
- ação correta
- meio de vida correto
- esforço correto
- atenção correta
- concentração correta
Superficialmente, os 8 ideais são um tanto quanto vagos, ficando abertos a qualquer interpretação. Os diferentes segmentos budistas os enxergam de modo diferente, mas, de maneira geral, os budistas seguem o caminho ao abordar o mundo com compaixão, paciência e alegria, e ao contemplar o universo através da meditação.
Os objetivos fundamentais são cultivar a moralidade (shila), meditação (dhyana) e sabedoria (prajna).
Os budistas que atingem o nirvana sozinhos se tornam budas, aqueles que despertaram (algo diferente de "o Buda", o buda específico que encarnou como Sidarta). Assim como o Buda, outros budas também ganham a onisciência quando se tornam iluminados. Já os budistas que atingem o nirvana com o auxílio de um guia buda se tornam arhats, pessoas que são iluminadas sem serem oniscientes.
Embora o nirvana seja possível para qualquer pessoa, na maioria dos segmentos budistas apenas os monges tentam atingi-lo. Já os budistas leigos (que estão fora da comunidade monástica) lutam por uma existência mais elevada na próxima vida, seguindo o Nobre Caminho Óctuplo e ajudando os outros numa tentativa de acumular bom carma. Olhando por esse ponto de vista, eles estão no caminho do nirvana porque estão preparando-se para uma vida futura onde possam atingi-lo.
Nirvana hindu
Na tradição hindu, o nirvana (mais conhecido como moksha) é a reunião com Brahma, o Deus universal ou alma universal. No hinduísmo tradicional, uma alma atinge este estado após viver muitas vidas, nas quais vai subindo pelo varna, ou sistema de castas.
Os seres humanos acumulam bom carma ao realizar as obrigações da casta em que nasceram. Se uma pessoa nasceu em uma casta inferior, sua única esperança é se comportar de acordo com sua casta para subir a uma casta mais elevada na próxima vida.
Quando uma alma atingir as castas superiores, pode escapar do ciclo de reencarnação ao eliminar o mau carma. Isso inclui fazer boas ações (possivelmente durante várias vidas) e também retirar as distrações materiais de seu caminho.
Quando uma alma finalmente escapa do ciclo cármico, torna-se uno com Brahma logo que sua última encarnação corporal morrer, passando a existir em um plano mais elevado da existência que transcende os sofrimentos da vida material. Essencialmente, podemos dizer que a alma é reunida à energia intangível que criou o universo.
O budismo surgiu da idéia alternativa que Sidarta tinha sobre o samsara e a transcendência da vida material. Na filosofia budista, o melhor caminho para a iluminação é um meio termo entre o luxo de muitos nas castas superiores e a pobreza do mais devoto dos santos hindus.
Além de tudo que já mencionamos, Sidarta também foi uma espécie de reformista social. Ensinou que qualquer um pode atingir a iluminação e escapar do samsara se seguir o caminho correto, uma idéia que rejeitava por completo a estrutura de castas que definia o hinduísmo tradicional. Provavelmente, essa foi a diferença mais importante entre as duas religiões, ao menos no nascimento do budismo.
Os mundos do hinduísmo e do budismo, assim como o conceito do nirvana, são muito detalhados e com diferentes interpretações e faces. Da mesma maneira que na maioria das religiões, é possível resumir as idéias fundamentais rapidamente, mas os detalhes são tantos que pode-se passar a vida inteira os estudando.
Fonte : http://pessoas.hsw.uol.com.br/