" Na tradição do pensamento ocidental, a emoção opõe-se frontalmente à razão; segundo essa tradição, a emoção cega o homem e o impede de pensar com clareza e sensatez."
O psicólogo francês Guillaume (1967) afirma o seguinte:
" A emoção pode ter um efeito paralisante, tanto para o pensamento como para a ação. A emoção intensa cria um vácuo no espírito. Não encontramos mais o que dizer ou fazer, não podemos mais pensar, já não vemos com clareza na situação concreta, não compreendemos mais as palavras... o aspecto do homem emocionado é, muitas vezes, o de um imbecil, dá impressão de impotência mental.
A emoção turva a razão, distancia o homem da verdade e da conduta correta. Além disso, corresponde a uma dimensão inferior do homem, seria o resquício animalesco de um suposto homem primitivo dentro do homem maduro."
Contrários a tal concepção, outros autores (Berdiaeff, Scheller) afirmam que a dimensão emocional pode contribuir (e não atrapalhar) no contato do homem com a realidade. Nesse sentido, o homem seria dotado de um certo tipo de compreensão afetiva que se faz por uma sintonização empática; o homem compreenderia também se emocionando, sentindo afetivamente os fenômenos da realidade.
Dalgalarrondo diz que mesmo aceitando a tradicional primazia da razão sobre a emoção na apreensão da verdade, deve-se admitir que certas dimensões da vida só são realmente acessíveis pela lente da emoção, pois, como diz o filósofo Pascal, "há razões que a razão desconhece ".