A cada geração, novos conceitos surgem e tabus são ultrapassados. Nossa realização junto ao Supremo difere mediante a cultura e a época em que se encontra manifestada.
Como os antigos, vivenciamos a renovação, a reciclagem de antigos conceitos e princípios espirituais, os quais, neste mundo material, podem ser verificados dentro de três princípios básicos, relacionados ao padrão vibracional a que estamos conectados.
Baixa Espiritualidade – primeiramente, é de bom tom esclarecer que se trata de nível hierárquico de trabalho espiritual, de acordo com o nível de espiritualidade das pessoas que trabalham esse caminho – todos os níveis da espiritualidade devem ser trabalhados para que haja equilíbrio no plano.
Assim, por baixa espiritualidade deve ser compreendido o nível mais básico, o equivalente aos primeiros degraus do caminho espiritual.
Dentro desta linha encontram-se doutrinas que possuem a hierarquia espiritual mais próxima da densidade material, algumas vezes com princípios filosóficos ligados ao aprisionamento do Ser para a sua futura libertação.
Os caminhos relacionados à baixa espiritualidade trabalham, geralmente, com a compaixão e o consolo das dificuldades humanas, sendo mais complacente com os erros cometidos em função da limitação do nível de consciência do ser humano encarnado neste plano.
Média Espiritualidade – O caminho do Meio encontra-se entre a densidade mais próxima da matéria e a sutileza das hierarquias espirituais mais elevadas, muitas vezes levando a um contato mais próximo com o Supremo (...)
Alta Espiritualidade – Na alta espiritualidade há a ligação direta com as mais altas hierarquias espirituais que podem ser acessadas. O padrão energético é extremamente sutil, com princípios ligados diretamente à libertação total do Ser, a nível espiritual, emocional e material.
É um caminho mais exigente por envolver níveis de consciência mais elevados, trabalhando com o esclarecimento àqueles que percorrem tais caminhos.
Por serem doutrinas que buscam a libertação, trabalham com a verdade (“Conheces a verdade e a verdade vos libertará”). São raras as almas que conseguem atender à exigência desse caminho intenso e profundo. (...)
Apesar de todos os caminhos de busca da espiritualidade estarem disponíveis, com a vida moderna nossos valores e princípios mudaram de uma forma tal, que se tornou difícil a possibilidade de uma profunda rendição em busca de realização espiritual. A determinação e a seriedade perante o caminho tornou-se conflitiva.
Particularmente, sigo um principio que busca uma profunda cognição, visando tornar-me o próprio caminho, seja ele qual for. Nesta senda, trilhei vários caminhos, inclusive o monastério. Às vezes, fico chateado pelo fato de que o aprofundamento do Ser em sua caminhada espiritual “não é moda”. Se virasse moda, como tantas que temos em nossa sociedade moderna, o mundo seria bem melhor.
O caminho, em especial no ocidente, é muitas vezes centralizado na via material, pela busca do vil metal, que representa oposto da verdadeira busca espiritual. Muitos acreditam que algum curso de “final de semana”, possam realmente transformá-lo em sacerdote, xamã, mago, alquimista, cabalista ... e assim correm os vãs títulos que iludem nosso ego e tapeiam nossa busca.
A espiritualidade, infelizmente [felizmente! ], não é algo que se compre, passando um cartão de crédito.
Os cursos, tão comuns nas grandes cidades, possuem sua importância na disseminação do conhecimento, levando o buscador a iniciar-se dentro de uma linha. Porém, a espiritualidade não funciona como uma faculdade, da qual você sai com um diploma, habilitado a exercer a profissão na qual se formou.
Na espiritualidade, muitas vezes a realização de um curso pode não acrescer nada para aquele que o realizou.
Assim como muitas pessoas, que nunca fizeram um curso sequer, muitas vezes até analfabetas (em nossos conceitos civilizados apenas, destaque-se), é muito mais espiritualizada que vários doutores formados em nossas universidades (os xamãs indígenas que o digam...).
Quero destacar, que a realização de um curso que envolva questões espiritualistas, por si só, não faz a pessoa realizadora do mesmo.
Mais importante do que acumular títulos é sua realização. Por realização entenda-se trazer tais ensinamentos para a nossa vida diária e, assim, transformar este despertar numa nova dimensão existencial para si próprio e para as pessoas que se encontram envoltas a nós.
Mais importante que qualquer curso, é a espiritualidade que praticamos no dia-a-dia, buscando conhecer melhor a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor e, com sorte, conseguirmos perdoar a nós mesmos por ainda sermos tão egoístas e termos tantas tentações fúteis, erros grosseiros e desamor.
Com mais sorte ainda, conseguirmos também perdoar aos demais ao nosso redor pelos mesmos erros que cometemos todos os dias.
Quem sabe um dia, realmente amarmos uns aos outros incondicionalmente (um dia chego lá...).
Por Acarya Maha Surya Pandit