A figura de Jesus não é exclusividade apenas do cristianismo, mas se desenvolveu em varias religiões, desde o judaísmo, sua religião original, passando pelo cristianismo católico e ortodoxo, as seitas gnósticas, atingindo também o islamismo, além de uma reinterpretação pelo protestantismo, pelos grupos para-cristãos (adventistas, testemunhas de Jeová, mórmons), sem esquecer-se de sua influência no sincretismo com as religiões afro-americanas (candomblé, umbanda) e sua repercussão nas religiões orientais (hinduísmo e budismo).
Faremos um breve perfil da imagem de Jesus nestas várias expressões religiosas.
O judaísmo é o berço cultural e religioso de Jesus. Jesus é judeu e como tal foi gerado e educado segundo as tradições judaicas, foi circuncidado, apresentado no templo, fez peregrinação ao templo de Jerusalém, celebrava as festas tradicionais (Páscoa, em especial), apesar de ter vivido em Nazaré, na Galileia, conhecida como cidade de pagãos.
Sua doutrina não diferia essencialmente daquilo que está na Torah, a não ser por um apego literal a lei e as normas litúrgicas. Após a ruptura com as concepções mais literais e a proposta messiânica apresentada por ele, Jesus foi condenado e crucificado pelas autoridades romanas por incitação dos lideres religiosos fariseus e saduceus.
O judaísmo posterior ficará dividido entre o reconhecimento de Jesus como rabino e a rejeição de sua figura messiânica.
O cristianismo, como o nome já esclarece, é a religião que se funda na figura de Jesus, o Cristo (mashiah, ungido).
Graças às pregações missionárias de Paulo de Tarso, varias comunidades foram fundadas pelo mediterrâneo, estas assumiram uma visão universalista da proposta salvífica de Cristo, aceitando a conversão de gentios.
Os evangelhos forneceram imagens diferentes de Jesus, que além de messias judaico, torna-se o Verbo (Logos), identificando-se com o próprio Deus. O Jesus histórico dá lugar ao Jesus mítico.
Desta forma, o cristianismo torna-se uma religião universal e espalha-se por todo império romano, o que lhe permitiu ampliar suas fronteiras.
Muitos nobres romanos e intelectuais acabaram sendo seduzidos pelo cristianismo. Ao mesmo tempo, com o sincretismo entre cristianismo e religiões e filosofias gregas surgem os cristianismo gnósticos, a imagem de Jesus é ampliada assumindo características diversas.
O islamismo tem uma rica tradição sobre a figura de Jesus (Seidna Issa, o senhor Jesus), o Verbo de Deus, que aparece varias vezes no Corão, mas também em toda tradição oral e escrita do Islã.
Ao contrario dos Evangelhos, o Corão apresenta Jesus como um muçulmano ao pé da letra, submisso a Allah e seus preceitos, apesar de não aceito pelas autoridades judaicas, ele não é crucificado como vemos nos escritos neotestamentários, segundo o Corão, Jesus é transfigurado e elevado aos céus, enquanto Judas o traidor assume sua forma e é morto em seu lugar.
“Não sendo, na realidade, certo que o mataram nem o crucificaram, mas o confundiram com outro”, diz o Corão, (4ª surata, versículo 157).
Para os muçulmanos, Jesus não é o filho de Deus, não equivalente a ele, não há trindade, Jesus é um profeta, mas Maomé o sucede como o ultimo deles.
O islamismo tem uma rica tradição sobre a figura de Jesus (Seidna Issa, o senhor Jesus), o Verbo de Deus, que aparece varias vezes no Corão, mas também em toda tradição oral e escrita do Islã.
Ao contrario dos Evangelhos, o Corão apresenta Jesus como um muçulmano ao pé da letra, submisso a Allah e seus preceitos, apesar de não aceito pelas autoridades judaicas, ele não é crucificado como vemos nos escritos neotestamentários, segundo o Corão, Jesus é transfigurado e elevado aos céus, enquanto Judas o traidor assume sua forma e é morto em seu lugar.
“Não sendo, na realidade, certo que o mataram nem o crucificaram, mas o confundiram com outro”, diz o Corão, (4ª surata, versículo 157).
Para os muçulmanos, Jesus não é o filho de Deus, não equivalente a ele, não há trindade, Jesus é um profeta, mas Maomé o sucede como o ultimo deles.
Também podemos seguir os passos de Jesus nas religiões orientais. Há inclusive uma tradição que Jesus teria vivido na Caxemira (Índia), onde supostamente se encontra seu tumulo, segundo alguns ele teria peregrinado pela Índia, Tibet e Nepal, o que deu origem ao livro “A vida de santo Issa”.
Jesus no hinduísmo representaria uma avatar, um ser superior capaz de encarnar-se para ajudar a humanidade em momentos críticos, podendo ser visto com uma das encarnações de Vishnu e até mesmo como uma manifestação de Krishna.
Com o crescimento e desenvolvimento da Igreja Católica Romana, surgem incompatibilidades com os orientais (ortodoxos) e, posteriormente, com os chamados protestantes (luteranos, reformados, anglicanos e batistas), a partir deles Jesus torna-se novamente a figura central do cristianismo, que durante a Idade Media católica foi obnubilada pela figura da Virgem Maria e dos vários Santos da tradição católica.
No final do século XIX , surgem novas religiões que adotaram concepções diversas do cristianismo tradicional, são os chamamos ‘para-cristianismos’, religiões como os adventistas (do 7º dia), as Testemunhas de Jeová e os Mórmons.
Entre estes encontramos tradições diversas, revelações particulares que trazem novas características ao cristianismo original, os adventistas surgem como uma visão literalista da segunda vinda de Jesus, apontando juntamente com as Testemunhas de Jeová, datas seguidas para o inicio do armagedon.
Os mórmons trazem um novo ‘evangelho’, ‘o livro de Mórmon’, revelado pelo anjo Moroni a Joseph Smith, o qual seria um complemento dos ensinamentos de Jesus, desta vez aos povos americanos.
A figura de Jesus também foi está presente em forma sincretizada nas religiões afro-americanas, das quais destacamos o Candomblé e a Umbanda.
Jesus é identificado com Oxalá, o Orixá branco (ou ‘Orisá Funfun’, são vários Oorixás que tem como característica a cor branca, inclusive nas oferendas) responsável pela criação do mundo e da espécie humana, representa também a paz, traz como símbolos uma espada e um escudo, bem como um cajado (Opaxorô), sua cor é o branco com azul e seu dia é a sexta-feira.
Seu sincretismo caracteriza-se na Bahia através da festa do Senhor do Bonfim.
Como podemos perceber, Jesus tornou-se um personagem universal, capaz de assumir diferentes feições em cada cultura, mas sempre mantendo suas características inconfundíveis, o amor incondicional e a capacidade de agregar os ideais de paz e solidariedade entre as pessoas.
Francisco José da Silva
Prof. Mestre em Filosofia
Coordenador do Curso de Filosofia
- UFCA (Universidade Federal do Cariri)
http://www.opovo.com.br/app/opovo/espiritualidade/2013/12/21/noticiasjornalespiritualidade,3180308/jesus-de-todos-os-povos.shtml
http://www.opovo.com.br/app/opovo/espiritualidade/2013/12/21/noticiasjornalespiritualidade,3180308/jesus-de-todos-os-povos.shtml