2015-08-18

OS SONHOS






- Qual a sua função?

Do ponto de vista psicanalítico, o símbolo do sonho é de significado fixo e, portanto, a sua interpretação é uniforme.
Já para a Psicologia Analítica, o simbolismo do sonho depende da associação feita pelo sonhador, isto é, o símbolo não possui exclusivamente um único significado universal, mas sim significados conectados com as experiências e memórias do sonhador. Portanto, a interpretação não é uniforme e permite um procedimento que se chama amplificação.

A amplificação de sonhos consiste em observar e explorar cada elemento presente no sonho, analisar e aprofundar o significado de cada símbolo de acordo com o que significam para o sonhador.

Através desse procedimento, o sonhador pode associar os símbolos às situações (internas ou externas) da sua vida, a mecanismos psíquicos frequentemente utilizados por si ou que compensação eles carregam em si.

Apesar do fascínio do homem sobre os seus sonhos, devemos saber que para se analisar os sonhos, muitas vezes anotá-los simplesmente não é suficiente. Muitas vezes é preciso um especialista que ajude a amplificar e otimizar as questões do sonho para a consciência, o que dificilmente conseguimos sozinhos.

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TIPOS DE SONHOS


Os sonhos podem ser classificados em grandes ou pequenos.

Sonhos grandes são sonhos mais arquetípicos, míticos, muitas vezes indecifráveis do ponto de vista individual, porém carregados de uma energia capaz de "sacudir" a psique e modificar o curso da vida do indivíduo. 

Já os pequenos falam da vida quotidiana e expressam mecanismos, complexos, defesas e aspectos mais inconscientes da vida individual, falam do quotidiano psíquico do sonhador.

Os pequenos sonhos, são os sonhos mais habituais e que nos situam nas nossas ações e escolhas no mundo.

Abaixo veremos 10 benefícios - entre funções psíquicas dos sonhos e funções na vida quotidiana - que podem ajudá-lo a conhecer-se melhor, através do que sonha.


1. Aprofundar o relacionamento consigo próprio: ao entrar em contato com os seus sonhos, o sonhador percebe muitas das suas características psíquicas e emocionais, criando maior vínculo com a sua intuição, modificando atitudes e comportamentos, elaborando sintomas físicos e compreendendo mais conscientemente as situações da sua vida.

Sonhar permite ao sonhador, levar em consideração todas as instâncias de si mesmo, ou seja, conscientes e inconscientes.


2. Entender melhor os universos externo e interno: Ao sonhar, percebemos que existem dois mundos: um que observamos, vivemos empiricamente, percebemos, interpretamos e onde passamos a maior parte do nosso tempo acordados.

O outro é de consistência diferente, e acontece quando dormimos e existimos de uma maneira diferente, pois o inconsciente não está atrelado às questões morais e éticas.

A sua lógica de funcionamento é própria, mas ainda assim capaz de nos mostrar o que não vemos acordados. Assim percebemos que somos feitos de partes que se completam.


3. Relatar o processo de individualização: Quando acompanhamos os sonhos, vamos traçando uma história conectada com o nosso propósito de vida, amadurecemos e tecemos um caminho que é só nosso, que nos pertence.

Os sonhos analisados sequencialmente, nessa jornada são como um guia que nos pode orientar rumo à nossa própria finalidade na existência, ou seja, o propósito de estarmos aqui e agora.


4. Oferecer recursos riquíssimos para uma boa terapia: A aplicação clínica da análise dos sonhos é uma ferramenta importante, que dá ao terapeuta a localização do sonhador dentro do processo, o seu progresso, os entraves, as modificações psíquicas que estão a ocorrer. Isto é bastante útil e fidedigno, favorecendo o ganho de consciência ao longo da terapia.


5. Compensar e equilibrar a psique: A principal função ressaltada por Jung é a função compensadora do sonho.

Ela equilibra as vivências externas com as internas, havendo então um contrabalanço entre ambas. Por exemplo: um evento que gerou muita raiva no sonhador sem que a pudesse demonstrar, gera um desequilíbrio psíquico que pode ser vivido no sonho, como uma situação de conflito em que o sonhador diz e age de forma bastante agressiva.

Não acontece do lado de fora, mas pode acontecer dentro. Dessa forma, o sonho "alivia" a tensão psíquica gerada pela discordância entre o externo e o interno, ainda que temporariamente.


6. Demonstrar o que fazer: Muitas vezes o sonho resume tarefas para o preenchimento de uma condição, etapas pelas quais o sonhador deverá passar para angariar um nível mais elevado de consciência.

Os sonhos podem também ser interpretados como uma peça teatral, que apresenta uma situação problemática e mostra o seu desenvolvimento e conclusão. Com isso, o sonhador tem a possibilidade de repensar escolhas, questionar uma situação instalada, enfim, pode modificar a sua percepção acerca dos eventos que a ele, se apresentam externamente.


7. Desgastar acontecimentos traumáticos: Sonhos reativos são os sonhos que se repetem, evocando situações traumáticas vividas anteriormente pelo sonhador, como traumas de guerra, acidentes graves, catástrofes, etc..

Ocorrem com o intuito de desgastar a energia que se acumulou em torno do trauma, até que se esgote ou que esta o significado dessa situação possa ser alterado ou “redesenhado” pela via consciente.

8. Comunicar-se: Sonhos telepáticos são de existência inegável, porém também de causa inexplicável. Caracterizam-se por pessoas que sonham o mesmo sonho ou que conversam no sonho em tempos muito próximos, sem que um necessariamente saiba do outro.

Em geral, pode ocorrer entre pessoas distantes ou mesmo entre pessoas próximas que vivem o mesmo sonho, na mesma noite e que a conversar, podem descobrir que se comunicaram via inconsciente. 

São mais raros e muitas vezes podem passar despercebidos, caso falar sobre os sonhos não seja um hábito.

9. Prever acontecimentos: Sonhos prospectivos ou premonitórios são sonhos difíceis de identificar, já que somente podem ser percebidos depois e quando de facto, o evento ocorre. Até para os que estão atentos aos seus sonhos e ao seu mundo interno, os sonhos premonitórios são difíceis de ser identificados.

Podem relatar grandes eventos, como uma morte, gravidez ou acidente, mas também podem falar de prospecções ligadas a fatos quotidianos. São também raros, porém possíveis. 

De qualquer maneira, mais do que entendê-los como profecias, eles devem ser entendidos como um rascunho, uma possibilidade preliminar.


10. Aguçar e promover insights criativos: Quantos inventores, cientistas, pintores e escritores já tiveram as suas obras ou trabalhos criados e desenvolvidos a partir de insights obtidos em sonhos?

Quando nos conectamos aos nossos sonhos, podemos aceder ás nossas ideias de maneira mais livre e por isso a nossa criatividade flui sem entraves.

Algumas vezes podemos até perceber a forma de concretizar, e de fazerem as obras tornarem-se reais no mundo concreto.


Com todos estes benefícios agregados, torna-se claro que aceder aos sonhos, ao inconsciente, é uma tarefa que além de fascinante, é também útil. Dá sentido. Conecta o ser humano às suas forças vitais e ao seu código interno de funcionamento, para ser mais saudável e efetivo na vida.


 Por Sila


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