2015-08-18

AS PALAVRAS






São como um cristal
as palavras...
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
Barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas,
inocentes, leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.

E mesmo pálidas,
verdes paraísos lembram ainda...
Quem as escuta?

Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


( Eugênio de Andrade )


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