2012-04-07

Tomando um novo rumo






" Até que a mente e o intelecto estejam em sintonia, o coração não pode funcionar bem.

As coisas velhas, quando guardadas no coração, influenciam a mente. Mas o intelecto pode acalmar a mente através do entendimento e da razão.

Isso faz com que a mente experimente a paz e o coração experimente a cura.

A mente funciona bem quando o coração está curado. Com um coração forte nada pode influenciar a alma. "  
(Dadi Janki – Brahma Kumaris)

Diante da realidade em transformação, muitas pessoas sentem-se compelidas a encontrar um novo rumo para sua vida.

Algumas são impulsionadas em direção a algo novo, a partir de um anseio interno; outras buscam mudar, porque aquilo que funcionou até aqui se esgotou.

Outras ainda são quase que forçadas a mudar por algum evento externo. Qualquer que seja a razão, os tempos pedem mudança.

Mudar significa que devemos deixar algo para trás. E, às vezes, o que precisamos deixar para trás é algo que amamos e que prezamos. Algo que nos trouxe muita alegria, que nos trouxe reconhecimento e sucesso, seja por um breve momento ou por um longo período. Algo que vai nos deixar saudades.

Nestes casos, o desapegar-se é muito mais desafiante, razão pela qual tendemos a enfatizar os aspectos negativos, acreditando que isto nos ajuda no processo de desapego.

Deixar algo para trás é, certamente, um grande desafio. Mas não há necessidade de denegrir nossa experiência.

É preciso ter em mente que, quando desqualificamos uma experiência de nossa vida, é a nós mesmas que estamos desqualificando. E mais, não apenas nos desqualificamos, mas também deixamos de usufruir dos ganhos que toda experiência propicia. Assim, perdemos duas vezes.


Perdemos algo que fez parte de nossa vida e sempre fará, pois não há como desfazer aquilo que vivenciamos, apenas podemos aprender e transformar. E perdemos valor próprio, porque não nos responsabilizamos por nossa vida e nossa trajetória, deixando de acumular saber.


Não há algo que seja ruim em si. Vivenciamos os acontecimentos como bons ou ruins, baseado em nosso julgamento pessoal e nas nossas crenças, mas tudo tem algo para nos ensinar.

Quando algo ou alguém nos incomoda ou nos deixa insatisfeitas, isto apenas significa que temos algo a aprender e a transformar.

Não é tarefa de ninguém facilitar nossa vida ou nos deixar feliz. Ninguém é obrigado a atender nossas expectativas. E isto não significa que não as tenhamos ou que não as devemos ter.

Como seres humanos, temos sempre muitas expectativas em relação à vida e aos acontecimentos.

São nossas expectativas que nos impulsionam para diante. E nos frustramos, quando as coisas não acontecem do modo como gostaríamos.

Cabe a cada um de nós buscar meios e recursos para atender às próprias expectativas. Claro que, entre estes meios, incluo pessoas e circunstâncias que podem nos complementar ou auxiliar na realização das nossas expectativas.

E é sempre muito bom quando encontramos pessoas e ocasiões apropriadas! Mas é nossa tarefa encontrá-las.

O mais curioso é que sempre o fazemos, tendo consciência disto ou não. Mesmo quando parece que nos envolvemos com a pessoa errada, seja em uma relação amorosa, uma relação profissional ou simplesmente alguém que vai nos prestar um serviço pago, geralmente é a situação mais apropriada para aprendermos aquilo que precisamos aprender.

E por isto, é importante nos responsabilizarmos não apenas pelos sucessos, mas principalmente pelos infortúnios.

Vamos entender isto melhor. Nossa personalidade – nosso ego – é a roupagem que usamos para transitar pela vida neste planeta. Quanto melhor o material da roupa, quando mais bem estruturada, projetada e cuidada é a roupa, melhor vamos estar vestidas.

Pode ser uma roupa simples ou refinada, não importa. Mas, se deixamos que o vestido decida para onde vamos, quando vivemos nossa vida de acordo com a roupa que vestimos, então abrimos mão do nosso caminho.

Permitir que as circunstâncias decidam como vivemos nossa vida é o mesmo que deixar a roupa que estamos vestindo decidir para onde vamos. Às vezes podemos gostar da festa em que nos leva, mas outras vezes talvez gostaríamos de estar em outro lugar, com outras pessoas, fazendo outras coisas.

Seja qual for a roupa que estivermos vestindo, não é ela que deveria estar ditando nossa trajetória. Quem decide nosso caminho é a alma. Aquela parte de nós que escolheu as experiências que vamos viver durante esta viagem pela vida terrena.

Foi nossa alma que escolheu a roupa que estamos vestindo, porque ela é a mais apropriada para aprendermos aquilo que viemos aprender. Apenas precisamos nos conscientizar disto.

Ao programar uma viagem, escolhemos o destino, a empresa com que vamos viajar, em que acomodações vamos nos hospedar, o que gostaríamos de ver e conhecer.

E seguimos nossa viagem, que nunca será como imaginamos, porque muitas coisas imprevistas acontecem ao longo do caminho.

Algumas delas incômodas, outras prazerosas. E precisamos encontrar uma solução para cada uma delas.

No final das contas, são as soluções que encontramos a cada momento que darão o sabor à nossa viagem. E vão enriquecer nossa experiência.

Quando escolhemos ficar com o aspecto negativo das situações, alimentamos nossa frustração, nossa raiva, nosso desvalor.

É importante nos conscientizarmos que, quaisquer que tenham sido as desventuras na nossa trajetória, elas contribuíram para que chegássemos até aqui. E por esta simples razão convém que sejamos gratos por isto.

Todas as nossas experiências, sejam prazerosas ou desastradas, sejam intencionais ou inconscientes, sempre farão parte do nosso ‘pacote de poder’, este conjunto de experiências que impulsionam nosso crescimento.

Quando desqualificamos nossas experiências, estamos nos

desfazendo de nosso próprio poder. Para que possamos assimilar todas as nossas experiências e transformá-las em recursos pessoais, precisamos primeiro apreciar o poder que contêm e depois deixá-las ir sem ressentimento.

Isto desintoxica o coração e abre espaço para sentimentos expansivos, de amor, de felicidade, de valor. Isto nos torna mais flexíveis e habilidosos em lidar com situações desafiantes.

Na trajetória pela eternidade, tudo que precisamos levar conosco é nosso aprendizado e não uma imensa bagagem de histórias e situações, seja de sucesso ou frustração, de felicidade ou infelicidade.

Desfaça-se de sua bagagem e vamos seguir, leves, livres, soltos, rumo ao desconhecido!"

Monika von Koss