2012-09-10

Livro: Umbanda na Umbanda





Capítulo sobre preparo Mediúnico/ Juramento do Médium e Sacerdote de Umbanda


Estou escrevendo o próximo livro "Umbanda na Umbanda" e gostaria de passar-lhes uma pequena degustação. Será lançado em 2013.

Juramento do Médium


Juro como médium de Umbanda respeitar a Deus e minha religião através da ética dentro das bases Crísticas de Oxalá

Coloco-me a disposição da espiritualidade para servir e ajudar no crescimento de minha casa e de minha religião

Comprometo-me a respeitar a hierarquia, buscar aprender sobre a espiritualidade de Umbanda respeitando com lealdade os fundamentos do templo que me acolheu

Jamais utilizarei de minha mediunidade de maneira desonrosa ou desleal

Juro assim como médium de Umbanda, ser um servidor e aprendiz para enaltecer e elevar em nome de Deus os aspectos de minha religião.

Juramento do Sacerdote

Coloco-me perante as forças de Deus e de joelhos rogo Vossa Luz neste juramento


Comprometo-me cumprir com minhas obrigações, respeitando a base Crística de Oxalá perante a Cúpula da religião de Umbanda e perante o Criador.

Jamais cobrarei pela a obrigação de servir aos necessitados e aos meus filhos

Dedicarei-me a ser exemplo para enaltecer o nome de minha religião

Mesmo diante de minhas fragilidades, mesmo se estiver em dificuldades, não virarei as costas a quem necessita.

Levarei sempre a palavra do bem respeitando as Leis do Universo

Ensinarei o que sei aos meus iniciados

Juro e comprometo-me com minha religião e responderei ao Criador pelas minhas falhas

Juro assim como sacerdote de Umbanda ser leal aos desígnios da espiritualidade maior sendo humilde e levando o amor a todos os irmãos sem distinção!


Preparo Mediúnico


Mediunidade é uma coisa séria. Como citado anteriormente, todos nós possuímos esta qualidade enquanto ser humano encarnado; o que imaginamos atraímos, e mesmo sem saber, manipulamos estes influxos de forças que influenciarão o meio, o medianeiro e as pessoas ao seu redor.

E assim como imãs ou como antenas, captamos informações e passamo-las o tempo todo.

Somos bombardeados por forças e informações e muitas vezes acabamos por pensar ou fazer coisas que não faríamos; é ai que se faz necessário o preparo e a compreensão da espiritualidade, pois podem ser forças de ordem luminosa ou trevosa.

A falta de preparo pode acarretar a um médium que se propôs atuar como medianeiro das forças de Umbanda ações desfavoráveis e isto também influencia seu desempenho no auxilio dos assistidos e na sustentação das vibrações espirituais do templo.

Para o ser humano comum, ou profano, assim entendido aquele que não está dentro de um campo espiritual, as coisas acontecem frequentemente, e estes passam a ser envolvidos por forças degeneradas de ordem trevosa, e são levados, são manipulados por agentes obscuros da espiritualidade.

Independente de religião, o ser humano deve estar em comunhão com Deus, pois se assim não for, muitas vezes sofre consequências, um impacto natural pela ignorância que lhe cega e torna-se um grande alvo das baixas vibrações e seres que estão na sua linha vibratória de afinidade.

Ser médium dentro de um trabalho espiritual, seja na Umbanda, seja no espiritismo, ou em outro trabalho que exija esta qualificação, faz do ser humano um instrumento de trabalho espiritual, onde se faz necessário a manifestação, e as coisas são, e se tornam, totalmente diferentes.

Um médium de Umbanda é totalmente diferente de um médium espírita, ou de um médium candomblecista. Os preparos são distintos, embora o preparo que apresento qualquer medianeiro poderá utilizar, mas o campo mediúnico espiritual do médium de Umbanda é diferente.

A estrutura espiritual de um médium de Umbanda transcende, o medianeiro é capaz de atuar com as forças mais sublimes da criação, bem como está preparado para os impactos de vibrações grosseiras provenientes de agentes das trevas.

Ele pode estar em ambientes distintos como os citados de forma simultânea, dando a este médium uma condição excelsa de atuação, pelo fato de estar dentro da egrégora regida pela cúpula da Umbanda.

Digo que um médium bem preparado é capaz de curar, é capaz de enfrentar verdadeiras hostes do Embaixo, sem sequer ter os respingos de tais vibrações degeneradas.

Muito pelo contrário, o médium que atua dentro deste campo de ação se fortalece a cada batalha, recebe verdadeiros escudos espirituais que lhe permitirão atuar cada vez mais na ajuda e auxilio aos necessitados.

É fato que para ter esta condição o primeiro preparo incontestavelmente é a fé e a maneira que se disponibiliza para a tarefa do servir. Digo assim: fora da caridade não existe salvação!

O médium que tem como lema de sua vida espiritual servir de maneira incondicional sem ver a quem e segue os aspectos Crísticos já citados, tem esplendidamente uma aura e um campo espiritual protegido.

O médium religioso é o contemplativo, é aquele que se reveste das forças dos Orixás, sendo a própria virtude que eles vibram, não guarda rancores e não possui inimigos.

Pode ter os contrários, que por sua vez promovem sua evolução; o fato de ter o perdão em seu conceito de vida,faz com que os seus vínculos de afinidade estejam apenas ligados às esferas superiores, ficando capacitado ao máximo na exímia utilização de suas faculdades.

Este preparo inicial requer desprendimento, requer disciplina em sua vida natural e principalmente na espiritual.

As características espirituais atuam através do campo mental do medianeiro; sua mente só se tornará elevada no momento em que os conflitos internos sejam exauridos de sua vibração mental.

Os medos devem ser tratados; jamais devemos temer agentes espirituais, sejam eles quais forem; respeitaremos sempre; nunca os confrontaremos com ira; nunca vamos desafiá-los; jamais a arrogância deve ser principio de qualquer ação na espiritualidade.

Mas se estamos sobre a égide do Criador, somos palacianos na corte de Luz da cúpula resplandecente de Umbanda, e nada devemos temer pois o medo corrompe a mediunidade, fragiliza o mental e o emocional, que por sua vez abre um campo vasto para seres e forças degeneradas atuarem.

O conhecimento se faz necessário, principalmente sobre as Leis do Bem recitado através de ensinos do nosso Mestre Jesus, ressaltando sempre que o Caboclo das Sete Encruzilhadas assim determinou.

É bom conhecer sobre ervas que vibram aspectos dos Orixás, forças de Deus que estão à nossa disposição e que possibilitam inundarmos nossos campos espirituais mediúnicos com vibrações que nos dão afinidades a correntes espirituais de proteção.

Propiciam um bem fascinante na parte energética, através dos chacras, e vibrações que em influxos ressoam a ação límpida dos poderes de cura que serão manipulados pelos medianeiros.

Como a parte mental é importante para uma boa atuação dentro dos campos espirituais, faz-se necessário o aprendizado sobre práticas meditativas, embora a meditação seja uma ação natural quando contemplamos as forças da Criação.

Busquemos adquirir o hábito meditativo. Este ato promove importantes vibrações de preparo ao medianeiro, facilitando aos guias a conexão de seus fios energéticos às glândulas que sustentam a ligação de manifestações espirituais.

Cada um deve buscar em sua mente meditativa o sentido de seu trabalho religioso, o entendimento de sua encarnação e o porquê se está em um templo religioso, dotando-o de um preparo límpido que os espíritos guias se utilizarão.

O médium, quando entra dentro desta egrégora umbandista, é apresentado através de um batismo, ou através de um cruzamento que simboliza o adentrar deste irmão ao mistério religioso de Umbanda.

A utilização de pemba, água do mar ou cachoeira, de símbolos, permite que o guia faça a conexão deste novo membro às telas da Criação, ou às telas das divindades Orixás.

Um símbolo do mentor de um templo fixa-se no campo espiritual mediúnico do iniciado, sendo esta apresentação o direcionamento a uma nova esfera à qual ele passa a pertencer, ser regido e protegido.

Embora a ritualística caiba a cada caso e a cada templo, na Umbanda as ações sempre serão de forma a se ligar ao poder da natureza e sempre em contemplação, mesmo entre tanta pluralidade de informações.

Muitos médiuns quando iniciados, são levados às cachoeiras, ou mesmo ao mar, sendo colocado diante do poder Orixá, sentindo em si o acolhimento de sua religião.

Embora os rituais sejam distintos em vários templos, sempre estarão respeitando a ordem natural dos guias de luz, onde o amparo se faz presente no preparo e apresentação do iniciado.

Para podermos distinguir sobre um iniciado na Umbanda, e, por exemplo, um iniciado no culto de nação, da cultura do povo Ketu, conhecido como Iaô (ou Iyao), explico que um Iaô faz o buri e é recolhido, recebendo os assentamentos iniciais de suas forças relacionados a esta cultura religiosa.

Ele é chamado de Iaô dentro do período dos primeiros sete anos; após, passa a ser denominado de Egbomi (irmão mais velho) e antes de se tornar Iaô, são chamados de abian (ou abiã, que significa “novato”).

Este rito é proveniente do culto de nação, embora seja executado em muitos templos de Umbanda, chamada Umbanda Omolokô, umbanda africanizada.

É importante ressaltar que se faz necessário respeitarmos este rito, pois é aceito por muitos guias espirituais que militam na religião de Umbanda; sendo assim asseguro ser viável dentro dos padrões espirituais de Umbanda, onde existe a agregação da compreensão africana que se faz presente, embora eu não pratique tais ritos.

Aproveitando este tema, tenho certeza que muitos já ouviram falar sobre “umbandomblé”, uma mistura de Umbanda com Candomblé. Bem, ai é diferente, pois são duas religiões distintas, e como água e óleo, não se misturam.

Embora tenhamos os Orixás como ponto em comum, não absorvemos o contexto ritualístico do Candomblé e sim da miscigenação cultural do povo Banto e outros povos, onde agregamos por sincretismo o nome Orixás.

Ressalto que o Candomblé, assim como o conhecemos, existe apenas aqui no Brasil, pois na África encontramos o culto de nação. Não confundimos a Umbanda Omolokô, que não é Candomblé, com umbandomblé!

Entendendo este ponto que é complexo e tema de muitas discussões, pois muitos não aceitam e outros sim, retomemos nossa linha de raciocínio e vamos ao preparo do médium antes de sua tarefa dentro do trabalho espiritual.

Nosso campo energético interage o tempo todo com o meio em que estamos; assim sendo, é importante que o médium tenha a atenção sobre alguns locais que na verdade estão com suas vibrações viciadas, que por sua vez sustenta seres degenerados.

Lugares como bares, hospitais, cemitérios, boates, motéis são ambientes com atividades constantes de forças que não condizem com a vibração de um trabalho espiritual de Umbanda. É lógico que se for necessário entrar em um cemitério ou hospital, nada que um pensamento Crístico e banhos de ervas não resolvam.

E os nossos guias espirituais, bem como os Orixás, compreenderão se o medianeiro trabalhar nestes locais; aí se faz necessário que o dirigente espiritual faça um trabalho preparatório diferenciado a este médium; este preparo é personalizado e depende de cada caso bem como da regência do templo espiritual deste médium.

Uma observação: é natural o médium em desenvolvimento ser curioso; o ser humano por natureza é assim. Existem muitos templos que se dizem de Umbanda, mas não o são; atuam com trabalhos destrutivos, onde possíveis desafetos recebem de frequentadores ataques terríveis.

Estou entrando neste assunto, pois já estive nessa fase de querer aprender e acabei entrando em lugares desse tipo, onde o dirigente espiritual se diz religioso, ou umbandista, e na verdade esta em comunhão com as forças das trevas através da magia negra.

Para identificarmos esses locais é sempre bom perguntar qual a base daquela casa; se for dito que a base foi a estabelecida pelo fundador da Umbanda, você pode estar no local ideal, ainda tendo que se verificar se as atitudes, dos filhos e do dirigente condizem com a realidade apresentada.

Uma sugestão: se você é médium em busca de uma casa, visite o local por pelo menos três meses, e depois tire sua conclusão, lembrando que não é você quem escolhe a casa e sim os seus mentores espirituais. Se você é um médium visitante, e está em um templo verdadeiramente religioso, ótimo.

Se estiver em um templo degenerado, vai sofrer as consequências e os impactos serão inevitáveis. Cabe sempre um preparo, antes mesmo de visitar qualquer local, como o acender de uma vela ao anjo protetor ou mesmo às suas forças e um banho de ervas, para se proteger.

Adentrando ao assunto depuração de nossas vibrações antes de irmos aos trabalhos espirituais, procuremos compreender sobre a alimentação.

Para aqueles que se alimentam de carne, é necessário que resguardem pelo menos vinte e quatro horas antes do trabalho, mas o ideal é quarenta e oito horas, tempo indicado para a eliminação do alimento. Por que isto?

O animal possui suas vibrações naturais que não condizem com a vibração do medianeiro, bem como as vibrações do sofrimento do animal ficam no campo espiritual e energético das pessoas através das toxinas e da dimensão distinta do animal. Não é indicada a ingestão de carne por este motivo. Colocando as palavras de Ramatis: Vocês que se alimentam de carne estão saciando sua fome com cadáveres.

Mas aqui segue uma experiência própria. Um medianeiro que atua nos campos de descarregos, desobssesões, atuando nos maiores impactos dentro da espiritualidade onde trabalha com seus guardiões na linhagem de desfazer trabalhos de ordem trevosa, necessita de alimentos que contenham sangue.

Um medianeiro vegetariano, embora com sua aura límpida, não tem sustentação para confrontar e eliminar trabalhos em que, na grande maioria, foi utilizado o sacrifício animal.

Sou médium desde meus nove anos de idade; terminei meu desenvolvimento com a firmeza de preparo aos dezoito anos; desde então nas giras de esquerda, meu Exu indica que eu coma carne nos dias desses trabalhos. Isto eu, pois a regra geral é para que os médiuns não ingiram carne horas antes dos trabalhos espirituais.

Parece um contra-senso, porém toda regra tem suas exceções, onde, neste caso, invariavelmente encontram-se certos atributos que vão favorecer um determinado trabalho, ou médium, a fim de exaurir por completo as nocividades excedentes no meio humano.

Um dia pode até ser que eu mesmo vire um vegetariano; mas acredito que quando isto ocorrer, algumas tarefas na linha em que atuo, serão modificadas, ou mesmo outro medianeiro passe a exercer a função determinada a mim, e há outros que com certeza atuam desta maneira.

Alimentar-se de frutas, verduras e leguminosas dará ao medianeiro uma excelente vibração espiritual; seu campo áurico estará propício para as tarefas de cura. Beber água é uma fonte rica de energias positivas; o ser humano deve tomar no mínimo um litro e meio de água para um bom funcionamento de seu corpo.

O ideal, para não fazermos distinção entre o homem e a mulher, é um consumo de cerca de três litros por dia, incluindo o que consumimos de líquidos através, inclusive, dos alimentos.

Assim acontece com o medianeiro que toma água; indo além, quando se ingere água permite-se atuar melhor no descarrego, e na parte curadora.

Os espíritos guias encontram vibrações que são exuberantes através do chacra umbilical, possibilitando o envolvimento dos seres degenerados, que são levados aos campos aos quaispertencem, isto na desobsessão.

Na cura, os espíritos que atuam na corrente médica usam os influxos do medianeiro para beneficiar o assistido; assim eles conseguem manipular fórmulas curadoras que utilizam nos necessitados.

A alimentação, bem como a ingestão de água de maneira correta, melhora a atuação do medianeiro, sendo fonte importante do preparo de seu campo mediúnico espiritual.

Também se deve tomar cuidado para não ingerir água demais. Se tudo que é bom tem na sua falta uma fonte de problemas, o excesso também deve ser evitado.

O baixo consumo de água traz questões metabólicas e funcionais ao organismo humano. O excesso deve ser evitado em razão não só da toxicidade existente na nossa água, bem como porque os rins têm uma taxa de eliminação de líquidos que deve ser respeitada.

Médiuns que possuem algum tipo de vício têm sérias dificuldades no trato espiritual; o alcoolismo degenera o campo espiritual, dotando o medianeiro de vibrações que se tornam afim com seres mais densos.

O tabaco atua no bloqueio de energias que são regeneradoras dos campos vibratórios dos assistidos, bem como dificulta a conexão do médium com o guia.

A maconha segue com os mesmos sintomas do tabaco, porém, com nuances que ligam o campo do medianeiro a espíritos sofredores. Quando se fuma maconha, entra-se em um estado de euforia que ilumina o campo energético relacionado ao chacra básico, atraindo estes irmãos negativados.

Drogas como a cocaína, anfetamina, crack e outras do gênero, atuam destruindo os centros de força, desregulando-os totalmente; tais medianeiros passam a ser vampirizados por seres de ordem densa, acontecendo o bloqueio espiritual entre médium e guia de luz.

Em hipótese alguma um médium deve entrar em uma sessão após ingerir bebidas alcoólicas, fazer uso de drogas. Em relação ao tabaco existe certa tolerância, mas deve ser evitado o quanto possível.

O preparo de um médium sempre deve ocorrer através do compartilhamento com a mãe natureza, lembrando que a Umbanda é um culto à natureza.

Nossos campos mediúnico espiritual, energético, mental, emocional, são sensíveis às energias existentes, sejam elas de cunho positivo ou não.

Desta forma, as pessoas em geral muitas vezes se sobrecarregam de fatores energomagnéticos, nocivos ou não, e são influenciadas diretamente.

Como citado em relação a ambientes que possuem cargas viciadas que os medianeiros devem evitar antes de ir ao seu trabalho litúrgico, digo que em outros ambientes comuns também encontramos forças estagnadas que nos envolvem.

Desta maneira necessitamos de forças relacionadas ao sol, à chuva, à terra, à água, ao ar, e tudo isto de uma só vez; assim estaremos livres de aspectos degenerados e ainda positivando toda a esfera de forças que possuímos.

Esta aglutinação de forças só se faz presente nas ervas, sendo ainda que, as ervas, em sua variedade e dotadas de uma pluralidade de vibrações, nos dão a condição de classificá-las e distingui-las em suas ondas vibratórias a determinadas forças dos Orixás.

Assim, encontramos, por exemplo, o boldo, que pode ser relacionado a Oxalá, também conhecido como tapete de Oxalá, o manjericão, para Xangô, aroeira para Ogum ou Exu, e assim por diante, onde determinadas ervas são direcionadoras destas forças de nossos pais Orixás.

Cada templo e cada dirigente espiritual possuem seus próprios fundamentos em relação às ervas e as indicam de forma direcionada aos seus filhos. Podemos classificar algumas mais conhecidas; porém, existe uma variedade esplêndida de ervas que darão aos médiuns o preparo necessário para suas atividades espirituais.

Deve-se lembrar que as ervas ainda são utilizadas para os banhos dos assistidos, onde os espíritos guias os recomendam, inclusive como chás para beneficiá-los.

Em minha casa, todo filho que é indicado pelo guia chefe para compor a corrente mediúnica, passa a possuir um assentamento de força que vejo como vital em meu trabalho. Este assentamento de força está direcionado ao anjo protetor, ou anjo da guarda.

Faz-se necessário, como preparo, que o medianeiro tenha o hábito de firmar seu anjo protetor. Só para que possamos compreender o termo “firmar”, explica-se que se trata de um ato de comunhão de introspecção, onde passa a existir a contemplação de suas forças. Faz-se fundamental que o dirigente ensine esta necessidade de oração, de meditação.

O acender de uma vela deixa de ser um ato apenas ritual, para ser um ato contemplativo de grande valor religioso.

É o próprio religar a Deus, se tornando um ato único e que define uma força que chamamos de fé atuante representada pelo fogo da vela, que expande os poderes da Criação ao medianeiro.

É desta maneira que os espíritos guias atuam em relação a acender uma vela quando em trabalho, fixando suas forças, trazendo os aspectos de seus mistérios ao templo, ao medianeiro e ao assistido. Estes fundamentos são o ponto crucial de preparo do médium; quando este passa a compreender tais ritos, ele abre em seu campo mental o que é chamado de poder atômico.

As forças dos Orixás se conectam aos seus centros de força, permitindo a canalização e, em trabalhos espirituais, a manifestação.

O preparo do médium passa também pelo aspecto de como ele interpreta algumas ações dentro do templo. O adentrar em solo sagrado, que é o seu templo de umbanda onde ele atua como religioso, possui fundamentos e forças que se tornam parte de suas próprias energias.

Antes de qualquer trabalho religioso, o médium faz o que já foi citado, tomando seu banho de ervas, firmando seu anjo protetor, colocando sua roupa ritualística religiosa, e, chegando ao templo, saúda a entrada, tocando o solo realizando o sinal da cruz.

Desta maneira, o medianeiro saudou o Alto, o Embaixo, a Direita e a Esquerda do templo. Vai até a tronqueira e reverencia os guardiões pedindo licença. Vai até o seu dirigente, lhe pedindo a benção. Vai até o altar e, tocando seu frontal nele, pede licença para sua tarefa espiritual, entregando-se como médium de Umbanda, para a prática da caridade.

Disciplina é um fundamento necessário para todos estes preparos; ser médium de Umbanda requer este atributo; creio que os preceitos só são realizados pelo medianeiro que possui esta disciplina.

O preparo anterior aos trabalhos espirituais também envolve o lado sexual, pois a troca de influxos através do ato sexual faz com que o campo mediúnico fique defasado em vibrações vitais que são utilizadas pelos espíritos guias. Sendo assim, nas vinte e quatro horas que antecedem o trabalho evita-se o contato sexual, bem como nas três horas seguintes.

É importante entender que o ato sexual não é visto como força negativa, ou pecaminosa; muito pelo contrário, é um aspecto importante, não só em razão da reprodução, como também para o equilíbrio de nossas energias.

As glândulas, através dos hormônios, regulam-se quando existe esta troca; as glândulas eliminam e produzem efeitos que ajudam o bom andamento de nossos órgãos e, por consequência, nossas energias e a nossa própria saúde.

A disciplina envolve tudo dentro de um templo religioso; o médium deve sempre observar os fundamentos que a casa traz, e assim seguir esse padrão. Os espíritos guias agem da mesma forma; entram em sintonia espiritual com a coroa do templo e assim atuam seguindo a hierarquia natural da casa onde prestará o auxílio como espírito guia.

Ressalto mais uma vez em relação às vestes, que é fundamental que as roupas sejam consagradas ao trabalho espiritual, trazendo em si um aspecto comportamental. Vestes decotadas, curtas ou apertadas não condizem com o meio ritualístico religioso, sendo sábia e prudente a utilização de uma vestimenta ritualística adequada.

Os preparos dos médiuns possuem uma variação de acordo com a doutrina aplicada; é, e sempre será fundamental o médium seguir as normas da casa, mesmo que estas sejam diferentes das aqui mencionadas; este trabalho escrito tem apenas um cunho informativo sobre este tema tão relevante.

Pai Ortiz Bello
Próximo Livro "Umbanda na Umbanda" Ortiz Belo de Souza em 2013.