2015-05-08

[ SER É INCRÍVEL! ]






"Quão incrível é você. Você aparece como qualquer coisa em tudo. Você pode aparecer como um fragmento separado destas maneiras:

Separado no tempo - "Eu estou atrasado para minha reunião"

Separado no espaço - "Eu gostaria de estar em outro lugar"

Entidade incompleta - "Eu estou tão só", "Preciso de dinheiro para sobreviver"

Impermanente - "Meus dentes estão caindo"

Desconhecido - "Eu não entendo", "Eu preciso perguntar ao Greg Goode qual é a resposta"

Em oposição - "Eu discordo", "estou com raiva", "Eu te odeio"

Em harmonia - "Eu te amo", "eu apenas fluo com a vida"

Sr. correto - "Eu tenho um terno e um emprego e um laptop"

Sr. errado - "Eu estou indo para a prisão"

Você aparece como todos esses cenários no sonho.

Você não está separado de qualquer personagem do sonho e você não está confuso sobre nada. A confusão é apenas mais um cenário do sonho.

Você é ISSO, inteiramente. Inabalável, intocável, sem fronteiras, atemporal e interminável, aparecendo como qualquer coisa em tudo."


[Tao Benny / HoM]


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2015-05-06

ENTENDIMENTO






Todos somos compulsoriamente envolvidos na onda mental que emitimos de nós, em regime de circuito natural.

Categorizamo-nos bons ou maus, conforme o uso de nossos sentimentos e pensamentos, que, no fundo, constituem cargas de energia eletromagnética, com as quais ferimos ou acalentamos, ajudamos ou prejudicamos, vitalizamos ou destruímos, e que voltam, invariavelmente, a nós mesmos, impregnadas dos recursos felizes ou infelizes com que lhes marcamos a rota.

Quando coléricos e irritadiços, agressivos e ásperos para com os outros, criamos por atividade reflexa o desalento e a intemperança, a crueldade e a secura para nós mesmos.

Porém, quando generosos e compreensivos, prestimosos e úteis para com aqueles que nos cercam, criamos, consequentemente, a alegria e a tranqüilidade, a segurança e o bom ânimo para nós próprios.

Até o ingresso na Consciência Cósmica, todos os seres se distinguem na luz com que se elevam ou na sombra pela qual ainda sofrem a influência.

A própria posição vulgar do homem na Terra vale por símbolo dessa condição: por cima o fulgor pleno do Sol, por baixo a escuridade do abismo.

Recolhemos do Pai Celeste os estímulos ao futuro e padecemos os reflexos do passado. Desatando, assim, as algemas do mal que nós mesmos forjamos em detrimento de nossas almas, temos de buscar o bem, senti-lo, mentalizá-lo e plasmá-lo com todos os potenciais de realização ao nosso alcance.

Para começar, precisaremos aprender a separar o criminoso da criminalidade; assim como o trabalhador rural extingue a praga, salvando a lavoura, é necessário que o nosso entendimento improvise meios de auxiliar o companheiro que caiu sob o guante da delinquência, sem alentá-la.

Só o culto infatigável do entendimento pode garantir-nos o equilíbrio indispensável no serviço de auto- burilamento em que devemos empenhar os nossos melhores sonhos.

Apequenar-se para ajudar, sem perder altura, é assegurar a melhoria de todos, acentuando a própria sublimação, porquanto apenas o amor puro é capaz de criar em nossa mente a energia da luz divina, a expandir-se de nós em reflexos de protetora renovação.


(Livro "Pensamento e Vida", Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel)


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ORI - CIÊNCIA DE VIVER






I - Atitudes diante da necessidade
Estar vivo implica ter necessidades. As necessidades são impositivas, inescapáveis. Por isso, é fundamental aprender a lidar com elas. Aqui vão alguns fundamentos práticos para isso;

(1): É preciso cultivar a paciência, pois, se existem necessidades que conseguimos satisfazer rapidamente, muitas outras exigem que saibamos esperar.

(2): Saber esperar exige perseverança, capacidade de não desistir, de não desanimar.

(3): Devemos compreender que certas necessidades exigem que acumulemos méritos por muito tempo.

(4): Outras cobram de nós que nos fortaleçamos.

(5): Outras ainda que nos transformemos.

(6): E não se esqueça de cultivar sempre a autoconfiança, a firmeza e a consciência. Seguindo este cardápio, cedo ou tarde a maioria de nossas necessidades será satisfeita e, para nosso alívio, algumas delas perderão completamente a importância. “Aprenda a lidar com as necessidades sem se deixar arrastar por elas”.


II - A atitude de educar-se e de educar os outros

Educar-se é ter permanentemente a sua disposição uma fonte de água pura e cristalina. A sede de conhecer, de saber, de compreender deveria ser sempre estimulada, apoiada, pois ela torna os homens verdadeiramente humanos.

Na medida em que bebemos das águas do conhecimento, elas podem, por nosso intermédio, se alargar, crescer, tornar-se um grande rio fluente que irá nutrir um incontável número de seres humanos.

Na verdade, quem se educa acaba educando os outros, pois é levado a beneficiar seus semelhantes de várias maneiras. Por isso, educar-se é não apenas nobre, mas necessário, imprescindível mesmo. É também uma forma de retribuirmos à humanidade o que dela recebemos.


1 - A felicidade “Lembre-se diariamente que não há caminho para a felicidade; pelo contrário, a felicidade é o caminho”.

Acreditamos, equivocadamente, que a felicidade é um estado que alcançaremos um dia, caso aconteçam algumas coisas que desejamos. Com essa atitude, vivemos tensos todos os dias de nossa vida, lutando para obter o passaporte para a felicidade.

E a experiência nos mostra que os que tiveram a chance de realizar aquilo com que sonhavam logo se desiludiram e recomeçaram a procurar a felicidade em alguma outra quimera.

Na verdade, a felicidade é um estado de espírito, uma disposição interior. É uma atitude diante da vida, do imenso privilégio de estar vivo.

É o agradecimento que se faz diariamente por poder participar da vida neste planeta que é tão belo, embora, muitas vezes, tão desafiador.

Felicidade é gostar de sorrir, é ser grato por existir. É, pois, um estado interior que pode ser cultivado diariamente. Só depende de sua atitude!


2 - Não pense negativamente

Não invista sua energia na idéia de crises e infortúnios. Em vez disso, perceba que há, neste planeta, inúmeras possibilidades de progresso, e que são praticamente inesgotáveis.

Existe, ao nosso redor, um poço sem fundo de novas idéias, que estão a nossa espera. Por isso, pense “progresso”, “prosperidade”, “possibilidades”. Fazendo isso, você naturalmente acessará a criatividade que dormita no fundo do seu ser.


3 - A autoimportância é um problema

Todos nós temos de procurar encontrar nosso valor específico como indivíduos que somos. Isso é humano e natural. Mas é errado confundir essa atitude com a auto- importância. 

A auto- importância é uma força insaciável, pois está sempre exigindo que tenhamos mais poder, mais prestígio, mais fama, mais dinheiro, mais afeto, ou seja, mais tudo.

Além disso, a autoimportância nos isola dos demais sem percebê-lo, pois nos convence de que somos superiores a todos, fazendo-nos viver uma ficção dolorosa e estéril. Dessa forma, vivemos em conflito com tudo e com todos, pois vemos em tudo uma ameaça em potencial a nossa autoimportância.

Se refletirmos sobre isso, estaremos preparando terreno para que ela se torne menos tirana em nossa vida. Se acrescentarmos a essa visão o fato de podermos fazer decrescer dentro de nós o medo de não termos valor, nosso processo de libertação avançará a passos largos. “Nade liberto e feliz entre os obstáculos da vida”.

a - Saber qual é a medida justa

Saber qual é a medida justa para cada coisa, para cada situação, para cada ato é uma qualidade importantíssima. Precisamos colocar limites no que precisa ser limitado, abrir o que precisa ser aberto, atravessar as dificuldades da vida sem ser derrotado ou seriamente machucado.

A medida justa tem, portanto, duas faces: por um lado precisamos refrear os excessos e, por outro, abrir possibilidades. Nesse sentido, podemos nos comparar a um carro que precisa ter breque, mas precisa também ter acelerador. Se praticarmos essa atitude, poderemos atravessar melhor qualquer crise que se apresente.

b - Ser capaz de se por de acordo

O acordo entre pessoas é a base do sucesso para qualquer iniciativa. Estar de acordo é o segredo da empresa bem sucedida, do casamento estável, do empreendimento artístico de sucesso e de muitas outras coisas.

Estar de acordo fará superar todas as dificuldades que um casal obrigatoriamente encontrará na vida ou que uma empresa, ou de qualquer outro tipo de sociedade terá de enfrentar.

Por isso, se pudermos desenvolver essa atitude em nós mesmos, se pudermos ser aquele que sempre procura estar de acordo, seremos estimados e valorizados de forma extraordinária. “Colocar-se de acordo com as pessoas e com a natureza é ficar em harmonia com o Todo”.

c - A busca do progresso

“Nunca desencoraje quem faz progressos contínuos, não importando quão lentamente o faça”.

A busca constante do progresso, do aperfeiçoamento, de uma melhor qualidade é o segredo para estarmos mais vivos a cada novo dia.

Quando não temos essa atitude como força motora, estamos estagnados sem percebê-lo.

Por sermos humanos, somos dotados de uma capacidade de desenvolvimento ilimitada, em múltiplas direções.

Se ignorarmos esse fato, limitando-nos a uma repetição mecânica de velhos atos monótonos, se nos deixarmos acomodar na “mesmice”, perderemos o brilho do olhar, pois estaremos perdendo o sabor de estar vivo. Andaremos e nos moveremos, mas não estaremos vivos de fato.


4 - As três faces da vida

“As mentes pequenas são subjugadas e vencidas pelos infortúnios, mas as grandes mentes erguem-se acima deles”.

O fluir da vida nos oferece, basicamente, três cenários: infortúnios, momentos de boa-sorte e fases neutras. Cada um de nós passa, necessariamente, por coisas desagradáveis, agradáveis ou neutras.

Se compreendermos esse fato com clareza, ou seja, que a Grande Dama chamada Vida tem três faces, os momentos difíceis ─ as chamadas crises ─ terão um impacto muito menos doloroso sobre nós.

É fundamental que isso fique bem claro em nossa inteligência, pois a inteligência é a principal arma do ser humano. Armados dessa compreensão, ou seja, de que os cenários da vida se alternam para TODOS os seres humanos, poderemos nos elevar acima dos acontecimentos e continuarmos nosso caminho, seja ele qual for.


I - A atitude do essencial

De tempo em tempo, é muito útil, para nosso bem-estar, nos examinarmos com cuidado, para podermos discernir o que é realmente essencial em nós do que nos veio por intermédio do processo de educação, ou seja, pelos condicionamentos a que fomos submetidos.

Desse ponto de vista, podemos dizer que temos dois lados: um que nos é inerente, e, portanto, genuíno, e outro que nos foi implantado de fora.

O processo de nos implantarem algo é normal e universal. A grande vantagem, porém, de nos tornarmos adultos é que adquirimos a capacidade de olhar para nós mesmos a fim de perceber o que nos foi imposto por esse processo e o que é genuinamente nosso.

Se exercitarmos esse olhar, pouco a pouco iremos distinguindo melhor o que de fato desejamos do que nos foi ensinado que deveríamos desejar; o que de fato pensamos em contraposição ao que todos pensam ao nosso redor; começamos a distinguir o que de fato amamos do que nos foi ensinado a amar; o que de fato somos daquilo que dizem que somos.

Se praticarmos a atitude de olhar para nós mesmos, iremos, pouco a pouco, abandonando tudo o que não nos pertence. E isso nos tornará imensamente livres!


II - A atitude que pode nos levar à abundância

Se formos capazes de trabalhar com intensidade e, ao mesmo tempo, refinar nossa inteligência, cedo ou tarde a abundância e a riqueza virão até nós. Em outras palavras, precisamos cultivar, ao mesmo tempo, a nossa força e a nossa luz.

Desenvolver a inteligência implica aprender a distinguir o verdadeiro do falso, o necessário do supérfluo, o certo do errado, o justo do injusto.

Desenvolver a força significa não permitir que nossa energia de progresso degenere em avidez destemida; que nosso natural anseio por coisas boas não decaia em prazeres descontrolados; que nosso empenho em avançar não destrua nosso caráter.

Se buscarmos essa atitude e a abundância vier nos beneficiar, poderemos dar o próximo passo que é manter a riqueza adquirida. Nessa etapa, é decisivo saber distinguir o que é real do que é apenas aparência.


III - A atitude não conflituosa

Podemos agir cotidianamente a partir de uma atitude belicosa, conflituosa, sem ao menos percebê-lo. Isso é muito comum entre as pessoas e é mais fácil notar essa atitude nos outros do que em nós mesmos.

Vale, pois, a pena nos examinar para detectar esse tipo de disposição, escondida subterraneamente em nós mesmos.

O fato é que uma atitude mais harmônica nos torna mais descontraídos, mais leves, mais agradáveis e o mundo ao nosso redor reage a isso de forma muito positiva. Estar em conflito é estar rígido. Estar em harmonia é estar relaxado.

A disposição conflituosa é carrancuda enquanto a harmônica é sorridente. Podemos optar pela melhor disposição, mas, se não percebermos nossas atitudes subjacentes, como poderemos optar?


IV - A atitude de lidar com os obstáculos

Sempre existirão obstáculos em nosso caminho, por isso, é decisivo aprender a lidar com eles. Para isso, o primeiro passo consiste em sermos capazes de prevê-los, se não todos, pelo menos alguns deles.

O fato de prevermos aumenta nossa força e diminui o impacto desagradável que uma oposição sempre nos causa.

O segundo passo consiste em não batermos de frente contra as barreiras. É preciso respeitá-las e contorná-las.

O terceiro passo consiste em sabermos quando agir contra aquilo que está opondo-se e quando devemos prudentemente nos retirar da situação.

O último passo consiste em ficarmos preparados para jamais desistir totalmente de nosso intento, apoiados na convicção de que a perseverança faz milagres. “Se tivermos a força e a clareza necessárias, enfrentaremos com sabedoria os obstáculos que a vida nos impõe”.


1 - A atitude de manter-se aberto

Estar fechado significa estar cheio de conceitos e rótulos de todo tipo, o que implica fazer julgamentos, sem parar. 

Esse fechamento tem como conseqüência direta uma contração afetiva, ou seja, gera barreiras emocionais que nos separam de tudo e de todos, tornando-nos verdadeiras ilhas humanas.

Para que isso não aconteça, podemos nos inspirar na montanha que, por ser sólida e confiante, está aberta de todos os lados.


2 - A atitude de nutrição

Todo ser humano tem necessidade de nutrir-se. Mas não necessitamos apenas do alimento físico: precisamos também alimentar nosso intelecto e nossa afetividade. 

Sabendo disso, devemos procurar nos alimentar bem em todos os sentidos. Para isso, precisamos aprender a ser cada vez mais inteligentes e a nos empenhar em desenvolver um coração cada vez mais afetivo. Para completar, vamos estimular os outros a fazerem o mesmo.


3 - A atitude de clareza

É delicioso encontrar alguém que tenha clareza de espírito e de coração. Tudo que emana dessa pessoa faz bem para a nossa cabeça e o nosso coração. 

A receptividade dela nos acolhe e sua compreensão nos conforta. E o mais cativante é que ela nos mostra que podemos também ser totalmente claros.


4 - A atitude de saber manter-se à distância

Muitas vezes nos queixamos de alguém que nos fez algo desagradável. Geralmente essas coisas acontecem porque permitimos nos envolver com algumas pessoas de má qualidade ou com outras que são excelentes, mas confusas.

Por isso, existe a arte de manter certo recuo, de manter certa distância em relação a algumas situações. Isso exige muita firmeza de nossa parte. Essa firmeza, porém, não pode descambar em má vontade e intolerância.

Manter-se firme significa ter o controle interno dos nossos atos, enquanto, externamente, permanecemos tolerantes e generosos. “Mantenha-se firme em seu centro e o mundo à sua volta vai girar harmonicamente.


Texto: Paulo e Lauro Raful
http://www.ogrupo.org.br



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2015-05-05

Continnum, Reencarnação e Alma...






Osho , tenho uma pergunta: Buda não falava de Deus, porque a existência de Deus não podia ser provada, mas falava de outras vidas e de reencarnação, como pode isso? Buda disse que não existe alma, então o que permanece depois da morte?

Essa pergunta é muito importante, é uma das contribuições mais fundamentais de Buda à existência humana - a ideia de "não-eu". Ela é muito complexa por isso escute atentamente porque ela vai de encontro a todos os padrões a que você foi condicionado.

Vou apresentar algumas analogias para você ter alguma ideia do que ele chama de não-eu.

Seu corpo é um saco de pele. A pele define o seu corpo; ela define onde você e o mundo começam; é uma demarcação em torno de você. Ela o protege do mundo, o divide do mundo e lhe concede apenas alguma aberturas entre você e o mundo. (...)

Você se livra muitas vezes da sua pele, mas o processo é muito lento e por isso você nunca se apercebe dele. (...) A mudança é muito sutil. A pele continua mudando e você continua pensando consigo mesmo que este é o seu corpo, o mesmo corpo, mas não é o mesmo corpo é um continnum.

Quando você estava no útero da sua mãe, no primeiro dia você era apenas uma célula, invisível a olho nu; essa era sua pele naquela época, esse era o seu corpo; então você começou a crescer; após nove meses você nasceu - e então tinha um corpo totalmente diferente;

Se de repente você se deparasse consigo mesmo com apenas um dia de idade, recém-nascido, não conseguiria reconhecer que aquele é você.

Você mudou muito. Mas ainda assim você acha que você é o mesmo. De certa maneira você é porque é a mesma continuidade; e de certa maneira não é porque tem estado continuamente mudando.

Da mesma maneira que a pele é o ego. A pele mantém seu corpo dentro de um padrão, de uma definição, de um limite; o ego mantém o conteúdo da sua mente dentro de um limite;

O ego é a pele interna para que você saiba quem você é; do contrário estaria perdido - não saberia quem é quem; quem sou eu e quem é o outro. (...)

A ideia do ego é utilitária, torna você claramente separado dos outros. Mas também é uma pele, uma pele muito sutil que guarda todos os conteúdos da sua mente - memória, seu passado, seus desejos, seus planos, seu futuro, seu presente, seu amor, seu ódio, sua raiva, sua tristeza, sua felicidade;

Você guarda tudo isso num saco. Mas você também não é esse ego. Porque esse também está sempre mudando e muda mais do que a pele do corpo. A cada momento ele está mudando. (...)

Assim como você nasceu de seus pais , você é uma continuidade. Vocês não são o mesmo. Você não é seu pai não é sua mãe - mas ainda assim é seu pai e sua mãe, porque você continua a mesma tradição a mesma linhagem, a mesma herança.

Buda diz que o ego é uma continuidade não é uma substância - continuidade como uma chama que salta de uma labareda para outra, continuidade como um rio que flui, continuidade como o corpo.(...)

Buda diz que quando uma pessoa morre, os desejos acumulados de toda sua vida, as lembranças acumuladas de toda a sua vida, os padrões e karmas de toda a sua vida saltam como ondas de energia para um novo útero. É um salto. A palavra exata na física - os físicos o chama de "salto quântico" - um salto de energia pura, sem nenhuma substância nela. Buda foi o primeiro físico quântico, Einstein o seguiu 25 séculos depois.(...)

Quando uma pessoa morre, o corpo desaparece, a parte material desaparece, mas a parte imaterial, a parte mente, é uma vibração. Essa vibração é liberada, transmitida. E então, sempre que um útero certo estiver pronto para essa vibração, ela vai ali penetrar.

Não há ninguém indo - não há ego nenhum indo. Não há necessidade de que nada substancial vá; é apenas um impulso de energia. A ênfase é que isso é mais uma vez o mesmo saco do ego saltando.

Uma casa tornou-se inabitável, um corpo onde não é mais possível viver; O antigo desejo pela vida - o termo que Buda usava é tanha, a ânsia pela vida - está tão vivo, ardendo. Esse mesmo desejo dá um salto.

Agora escute a física moderna. Ela diz que não existe matéria. (...) A matéria é simplesmente pura energia se movendo em uma velocidade tão fantástica que o próprio movimento cria a falsa ilusão, a aparência de substância. (...) A substância não existe, só existe energia pura. A ciência moderna diz só existe energia imaterial.

Por isso digo que Buda é muito científico. Ele não fala sobre Deus, mas fala sobre o não eu imaterial. Do mesmo modo que a ciência moderna extraiu a ideia de substância da sua metafísica, Buda extraiu a ideia de eu da metafísica dele.

O eu e a substância são correlatos. É difícil acreditar que a parede é não substancial, isto é, não existe materialmente, é pura energia, e da mesma maneira é difícil acreditar que não existe individualidade em você. (...)

Agora vou apresentar coisas que vão tornar isto mais claro. Não posso dizer se você vai entender, mas vai tornar tudo mais claro.(...)

Buda diz não há caminhante apenas o caminhar acontece; A vida não consiste de coisas. Buda diz a vida consiste de eventos. E é exatamente isso que a ciência moderna está dizendo: há apenas processos, não coisas - eventos.

Até mesmo dizer que a vida existe não é correto. Existem apenas milhares e milhares de processos de vida. A vida é apenas uma ideia. Não há nada como "vida". (...)

A dualidade é produzida pela linguagem. Você está caminhando - Buda diz que há apenas o caminhar. Você está pensando - Buda diz que existe o pensamento, não o pensador. O "pensador" é uma linguagem que é baseada na dualidade, ela transforma tudo em dualidade.(...)

A vida é um processo continuo, não apenas "processo" mas processos, uma continuidade, um continnum.(...) Buda diz que você não tem nenhuma individualidade, o universo é mas não há individualidade nele...

Há milhões de processos, mas nenhuma individualidade. Ele não tem centro, é tudo circunferência. É muito difícil você captar isso, a menos que você medite. Por isso Buda não entrava em discussões metafísicas, ele diz: Medite. Porque na meditação essas coisas se tornam mais claras.

Quando o pensar para, de repente você vê - o pensador desapareceu. Era uma sombra. E quando o pensador desaparece, como você pode dizer, como você pode sentir "eu sou"? Não sobrou nenhum "eu", você é puro espaço. É o que Buda chama de Anatta, o espaço puro do não-eu. É uma experiência fantástica. (...)

Foi isso que aconteceu quando Buda veio ao mundo. Ele entrou no âmago do seu chamado self e também ficou confuso - o que fazer? "Não existe individualidade, o self, mas existe reencarnação." Entretanto se ele não fosse um grande cientista mas apenas um filósofo comum ele teria esquecido tudo a respeito disso. (...)

Buda é ilógico porque a sua insistência em não ir contra a realidade é absoluta.(...) Ele está trazendo uma visão real, original; Ele diz que não existe alma, individualidade, e existe reencarnação. Esse é um salto quântico.

Então, quando digo que ele é um cientista, quero dizer exatamente isso. E, se você entender a linguagem da física moderna, você vai conseguir entender Buda. Na verdade é impossível entender Buda, sem entender a física moderna. Pela primeira vez a física moderna apresentou um paralelo.

Heisenberg, Planck e Einstein apresentaram um paralelo. A matéria desapareceu; há apenas energia, sem self nela, sem substância nela; E o que Buda diz é a mesma coisa: anatta não-eu."(...)

Quando você se compreende como puro espaço e muitos eventos acontecendo, você se torna desapegado. Então você se torna destemido, porque não há nada a perder, não há ninguém para perder nada. E você não mais estará repleto de ânsia de viver, porque você não se concebe como um self individual.

Por isso não teme a morte e não tem uma ânsia de viver. Não pensa no passado e não projeta o futuro; Você simplesmente É - tão puro quanto o vasto céu lá fora; você também se torna um puro céu em seu interior. E o encontro desse dois céus, o interior e o exterior é o que Buda chama de Nirvana".

Osho em Destino, Liberdade e Alma


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[ MUTISMO NÃO É A MESMA COISA QUE SILÊNCIO ]






“Mutismo é ignorar ou ser ignorado, solidão que machuca, fechar-se para a vida. Silêncio é liberdade.

O comum é confundir os dois. Nem a aparência é a mesma. A face da pessoa em silêncio é serena, tem um quê iluminado. A face da pessoa em mutismo é amargurada, um quê sombrio.

Quando dialogar, negociar, discutir, brigar e surtar, depois orar, perdoar e calar não resolverem a situação, e, pelo contrário, encher a mente de ressentimento, com uma recusa sistemática ao diálogo civilizado, é porque a vida está empurrando a pessoa para sair dessa zona de conflito, até descobrir que mutismo é veneno e silêncio é cura.

Se alguém que você ama te ignorar e isso fizer você sofrer, lembre-se, não existe um só ser humano na face da terra, que ao endurecer o coração, a ponto de ignorar quem o ama, não esteja igualmente mergulhado em sua natureza de sofrimento, de inconsciência. Ele pode estar vivendo o lado mais sombrio do ego.

Você sofre porque aquele que você ama, refugiou-se na noite escura e fria da alma. Por isso, se você se iluminar na vibração da compreensão e da compaixão, em vez de mágoa e raiva, você vai se libertar, o desequilíbrio vai silenciar, e aí sim, você pode resolver o que está destinado a solucionar. 

Agora, se achar que não vale a pena, o juiz sempre é você.

O fato é que não precisa se condenar a sofrer pelo mutismo, seu ou do outro. Vá para a liberdade, renuncie ao sofrimento. Silêncio é divino. Nunca mais os confundirá. 

O beabá do autoconhecimento começa na compreensão exata das palavras.”


Nilsa Alarcon e J. C. Alarcon


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