2014-04-02

" CAPTANDO A ESSÊNCIA "








O MUNDO COMO ESPELHO DA ALMA


Não Há Nada Separando a Nossa
Vida Interna do Universo Exterior



Um princípio básico da filosofia esotérica é o da correspondência inevitável entre o mundo externo, objetivo, e o mundo interno ou subjetivo.

À luz deste princípio, pode-se dizer que de certo modo não existem alguns temas que são “espirituais” (como meditação e devoção, por exemplo), e outros temas que são “não-espirituais”, como justiça social, equilíbrio ambiental ou ética na administração pública.

O que existe são algumas maneiras espirituais de olhar para todos os temas da vida, e outras maneiras não-espirituais de olhar para qualquer coisa.

Segundo o poeta Mário Quintana, não há assuntos que são “poéticos”, ao lado de outros que não o são. Há pontos de vista que são poéticos, em relação a qualquer coisa; e outros pontos de vista que não o são. A poesia, como a espiritualidade, está mais no olhar do que na coisa olhada.

É verdade que tudo depende do ponto de vista que adotamos para observar a vida: mas isso não deve levar-nos para o terreno ilusório da idealização ingênua.

Devem ser preservados o nosso espírito crítico e a nossa coragem de questionar. Imobilidade é sinônimo de morte, e o mundo ao nosso redor, assim como cada um de nós, está longe de qualquer coisa parecida com perfeição.

Assim, o olhar espiritual implica um certo rigor e uma exigência de movimento em direção a uma meta nobre. Não é exigida perfeição; mas tanto a vida como a lei do carma exigem constante aperfeiçoamento.

Quando aquele que busca a verdade finalmente compreende o princípio da correspondência dinâmica entre o que é interno e o que é externo, ele vê que o ponto de vista a partir do qual olha o universo é determinado pela forma como sua alma se organiza em determinado momento.

Ele enxerga o mundo externo como uma expressão e um espelho do seu estado de espírito e da situação da sua alma. E, no entanto, isso não é o suficiente.

O aprendiz deve perceber que a recíproca é igualmente verdadeira. Também o seu estado de espírito reflete, em um plano subjetivo, aquilo que ocorre no mundo ao redor. O universo psicológico tem um nível de consciência que registra em si mesmo os fatos do universo exterior, e se adapta a eles.

“A mente se torna como aquilo que ela observa”, ensinam os Aforismos de Ioga de Patañjali (Sutras I-04 e II-11, entre outros). Graças a essa comunicação de mão dupla, não há separação possível entre mundo externo e mundo interno. Embora possam ser distintos e diferentes um do outro, eles interagem o tempo todo inevitavelmente. O autoconhecimento é indispensável para que se compreenda o universo. Ao mesmo tempo, estudar o universo permite expandir o conhecimento de nós mesmos. Por isso o tratado místico “Luz no Caminho” faz as seguintes recomendações a quem deseja encontrar de fato a verdade:

* “Procura o caminho.”
* “Procura o caminho retirando-te para o teu interior.”
* “Procura o caminho avançando corajosamente para o exterior.” [1]

É a partir do princípio da comunicação dinâmica entre mundo interno e mundo externo na alma e na aura de cada cidadão que a teosofia original aborda tanto questões “objetivas” quanto temas “subjetivos”, e discute igualmente ética na administração pública, ética no movimento teosófico, preservação do meio ambiente, reflorestamento, sabedoria divina, filosofia esotérica, religiões e filosofias diversas.

Cabe investigar como se pode evitar a dispersão mental, ao examinar tantos temas que aparentemente apontam em direções diferentes. Nosso dever não é afastar necessariamente certos assuntos, catalogando-os como não-espirituais. O correto é ter atenção e desapego diante de cada um dos fatos observados, e então identificar os padrões essenciais subjacentes a todos eles.

Quando aprendemos a captar a essência das coisas, podemos ter uma ampla diversidade e amplitude de visão, sem que haja dispersão mental.

Uma visão profunda da realidade vai além dos conceitos superficiais de “interno” e “externo” e alcança a paz e o silêncio sem a necessidade infantil de negar a diversidade. Isso é possível porque, através dessa visão, tudo é observado do ponto de vista do coração do indivíduo e do coração do universo.

Uma nota curta publicada há décadas na revista “Theosophy”, de Los Angeles, ajuda a compreender a interação entre “mundo objetivo” e “mundo subjetivo”. Em sua sessão de cartas e comentários, na edição de setembro de 1974, a revista publicou a seguinte pergunta:

“De que modo o estudo do que está ‘lá fora’ pode contribuir para o conhecimento do Eu Superior, uma questão que é, obviamente, muito interna?”

E um autor anônimo, ligado à Loja Unida de Teosofistas, respondeu:

“Em última instância, ‘interno’ e ‘externo’ são apenas figuras de linguagem, já que o Ser não tem localização, exceto em relação às condições físicas da nossa existência corporal, que são percebidas por nós através dos órgãos dos sentidos. A obra ‘A Voz do Silêncio’ recomenda ao discípulo: ‘olhe para o interior: você é Buddha’ - mas esse ‘interior’ implica um ‘ponto de vista’ a ser adotado pelo aprendiz. Ele deve procurar os princípios motores em todas as coisas. Estes princípios, sendo universais, não são os aspectos mutáveis dos acontecimentos, mas são aqueles significados que persistem e continuam a influenciar outras formas e outras relações mais elevadas.”

O autor da resposta explica:

“Por exemplo, os princípios relevantes em um problema matemático não se aplicam apenas a aquele problema específico. 

A repetida descoberta deste fato dá acesso a um tipo sintetizador de conhecimento - uma compreensão da unidade dentro da diversidade. Do mesmo modo, nós descobrimos que o ser interior do homem, com todas as suas diferentes formas externas, não está separado da natureza que nós percebemos como ‘externa’. 

As relações, e mesmo a identidade do homem com o espírito dinâmico da natureza podem ser compreendidas através da capacidade que a mente autoconsciente tem de reconhecer e observar a si mesma.

Esta é uma função da mente tal como ela existe no homem, isto é, como uma parte da natureza.

Muitas das forças que fazem parte da natureza humana correspondem ao que está ocorrendo ‘lá fora’ - os ciclos sazonais de crescimento, as tempestades, os ajustamentos e reajustamentos, alguns graduais, alguns cataclísmicos, todos contendo em sua completude a expressão total da causa. H.P.B. escreve em ‘A Doutrina Secreta’ sobre a notável coerência com que os acontecimentos ocorrem em ciclos de sete, tanto na natureza como no homem. [2]

Mas em que lugar, na natureza, estão as funções especificamente humanas? O poder de escolha, de iniciativa, de ideação?

Entre essas funções estão não só o poder de saber, de fazer e de ser, mas também o poder de refletir sobre o significado de todas estas ações - suas implicações, seus efeitos - em todos os planos.

Nesta capacidade está o poder de identificar-se com todo o universo, e no entanto ‘permanecer à parte’ - de compreender que o eu não está nem dentro nem fora, mas em todos os lugares.

O desenvolvimento completo desse poder no ser humano é a capacidade de ‘agir pelo Ser e para o Ser de todas as criaturas’.

Isso foi conquistado por aqueles homens aperfeiçoados que se chama de Mestres de Sabedoria, ou Irmãos mais velhos da humanidade, e que não estão separados da natureza mas, ao contrário, são a sua corporificação mais completamente autoconsciente.

Aqueles que tentam viver desse modo se identificam na mesma medida com esse aspecto da natureza, e passam a conhecer tanto a natureza como a si mesmos.” (pp. 341-342)

A compreensão desses fatos ocorre gradualmente, e passa pela prática simultânea da amplitude de horizontes, e do desapego pessoal.

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NOTAS:

[1] Regras I-17 a I-19 em “Light on the Path”, uma obra colocada no papel por M.C., Theosophy Company (India), Bombay, 1991, 90 pp, ver pp. 4-5.

[2] “The Secret Doctrine”, H. P. Blavatsky, vol. I., p. 586; vol II, pp. 622-623 da edição da Theosophy Company.

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Carlos Cardoso Aveline
http://www.teosofiaoriginal.com/2014/03/o-mundo-como-espelho-da-alma.html


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A FIRMEZA DE PROPÓSITO








A Vida Diária De Quem Vive a Sabedoria


O artigo a seguir revela aspectos práticos, mas pouco
conhecidos, da filosofia esotérica ensinada pelos Mestres
de Sabedoria. Alguns estudantes não serão capazes de trilhar
de imediato este caminho, mas isso não é motivo para desanimar.
Ao contrário. A compreensão deve anteceder a ação. A pressa é
inimiga do aperfeiçoamento. O aprendiz tem que preparar-se
serenamente para a caminhada - e deve fazer isso em seu próprio ritmo.

“A Firmeza de Propósito” foi publicado inicialmente na
revista “The Theosophical Movement”, edição de janeiro de 2003.

(C.C.A.)

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“Tendo-se tornado indiferente aos objetos de percepção, o aluno deve buscar o Rajá dos sentidos, o Produtor de Pensamentos, aquele que desperta a ilusão ....
Quando para ele a sua própria forma parece irreal, assim como parecem irreais ao despertar todas as formas que ele vê em sonhos;
Quando ele deixa de ouvir os muitos sons, ele pode discernir o UM - o som interior que elimina o som externo .... .
Antes que a Alma possa compreender e consiga lembrar, ela deve estar unida ao Orador Silencioso ....
Porque então a Alma escutará, e lembrará.
E então, o ouvido interior irá escutar
- A VOZ DO SILÊNCIO.”


- “A Voz do Silêncio”, livro de H. P. Blavatsky.

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É em torno das poucas linhas acima que o estudante de Teosofia deve construir a sua resolução, a sua conduta e a sua prática espiritual diária. Os seus esforços têm que ser concentrados em função de um só objetivo - discernir o UNO - o som interior que elimina o som exterior. Se isto estivesse além do alcance do estudante, a instrução não teria sido colocada na forma como foi. Na verdade, todo o resto do livro “A Voz do Silêncio” só poderá ter utilidade se as poucas indicações contidas nestes versos forem seguidas. A obra é destinada apenas a aqueles que tentam tornar-se indiferentes aos objetos de percepção, e que persistem no esforço enquanto os anos passam, um após o outro, até que a mensagem da vida espiritual se torne clara e forte.

Antes que possa pensar em meditação, o aspirante tem que alcançar um certo grau de concentração. A cada vez, antes que entre em sua hora sagrada dedicada ao mundo espiritual, ele tem que imunizar-se contra todas as reações inferiores e estabilizar-se tornando-se indiferente a visões e sonhos - tanto externos como internos - que projetem objetos de percepção em sua mente. Seu esforço preliminar deve ser por tornar as emoções incapazes de perturbar sua serenidade, pelo menos durante aquela hora.

Ficar aborrecido por sofrer uma injustiça; a indignação e a vergonha de ser alvo de calúnia; o sentimento de ser esquecido e marginalizado pelas próprias pessoas de quem deveria esperar amizade e compreensão - estas são apenas algumas circunstâncias que a vida produz e que, se enfocadas corretamente, tornam-se meios de treinamento para alcançar a indiferença mais elevada. São circunstâncias como estas que ensinam ao discípulo como ir além da atmosfera viciada da existência pessoal. Também há dias de tristeza em que nada parece dar certo, em que sentar para praticar concentração só produz oscilações mais intensas. Surgem momentos em que imagens indesejáveis aparecem uma após a outra, espontaneamente, maldosas e cheias de terror. A matéria tem destas tendências, mas a Alma do homem é mais forte do que qualquer compulsão que elas possam provocar. Também pode haver dias em que, contorcendo-se sob a tirania de outros, ele chega a duvidar de que a fraternidade seja um fato e constitua a chave para a emancipação. Tais são os acontecimentos que testam as almas dos homens, e que, pela sua própria violência, despertam a força da alma e o seu poder de erguer-se e vencer.

Pode-se dizer que o estudante está concentrado quando faz com que toda a sua consciência (corpo, desejos, mente) se volte para um ponto focal de atenção.

Em tais ocasiões, ele coloca toda a força dos seus pensamentos sobre um só ponto, de modo que não há distração nem relaxamento do esforço, durante o tempo em que a concentração é praticada. A energia assim fixada em qualquer assunto ou objeto é intensa e produz resultados cuja magnitude ultrapassa as realizações das mentes que o mundo considera brilhantes.

Durante este esforço concentrado não pode haver desvio de atenção, nem diminuição da unidade compacta do esforço. A fixidez de propósito, a unidirecionalidade, a recusa de qualquer coisa que o afaste do objetivo desejado, e o fechamento de todos os canais que podem trazer para o interior quaisquer elementos externos perturbadores, são requisitos desta prática de concentração. A saúde do corpo é tão vital, para esta prática, quanto uma mente em paz e um temperamento sereno. Sendo algo que leva a um despertar da Alma, esta prática exige uma devoção exclusiva que sabe discriminar entre os diferentes sons, visões, emoções e atos, e que classifica cada um deles como favorável ou como desfavorável ao seu desenvolvimento. Sobre isso, Krishna afirma:

“Esta disciplina divina não pode ser alcançada pelo homem que come em excesso ou come muito pouco, nem por aquele que tem o hábito de dormir muito, ou de dormir muito pouco. A meditação que destrói o sofrimento é produzida naquele que é moderado na comida e na recreação, que é moderado em suas ações, e tem hábitos regulares no sono e na vigília.” (“Bhagavad Gita”, Theosophy Company, Los Angeles, Capítulo VI, 16-17)

Ele diz em seguida que tal pessoa deve concentrar seu coração no verdadeiro Eu e libertar-se de apego a qualquer desejo. Só deve adotar esta prática quem estiver preparado para concentrar seu coração no verdadeiro Eu, que é o Eu de todas as criaturas. Aquele que praticar concentração para algum objetivo diferente deste não está devotado ao Mais Alto, e faz apenas um esforço para possuir a força elevada em função de usá-la em propósitos inferiores e até mesmo não-espirituais.

Se for dada a devida importância às palavras sábias de Krishna, ficará claro que elas exigem uma atenção ativa do aspirante em toda a sua vida diária, sem a exclusão de momento algum. Neste contexto, as ações triviais, feitas ao longo do dia, podem ser obstáculos para a vida elevada. Os costumes estabelecidos na sociedade são prejudiciais. A rivalidade nos negócios e a busca de prazeres “inocentes” são elementos de dissuasão e barreiras para o progresso. A “concentração” é o ato, consciente e cauteloso, de tentar encontrar uma localização para a Alma no Mais Elevado. Esta não é uma tarefa fácil, porque, já no Capítulo Onze do “Bhagavad Gita”, Arjuna confessa que durante sua caminhada ao longo da vida ele havia esquecido quem era Krishna, e havia cometido portanto o erro de não manter a devida reverência pela presença ubíqua que é Krishna. Embora fosse um discípulo de Krishna, ele não havia podido ver a diferença entre o Krishna mortal e o aspecto de Krishna que está presente em todas as coisas. É neste contexto amplo que as palavras de Arjuna devem ser colocadas. Diz ele:

“Tendo sido incapaz de ver a tua majestade, eu te considerei um amigo e me dirigi a ti dizendo: ‘Oh Krishna, filho de Yadu, oh, amigo’ ; e, cegado pelo afeto e pela presunção, eu às vezes te tratei sem respeito no esporte, na recreação, no descanso, em tua cadeira, e durante as tuas refeições, em público e em privado.”

É para evitar tal perda da memória do mais elevado que se deve ter cuidado, porque, se esta memória não estiver sempre presente, a alma não será capaz de descansar no espírito durante cada momento de lazer.

A concentração que o discípulo deve buscar é totalmente diferente do que se entende por concentração em épocas mais recentes. Os charlatães são muitos e o mercado de aprendizes ambiciosos se expande rapidamente. Concentração parece ser apenas o uso de uma força que, como qualquer outra, pode ser aplicada para bons ou maus objetivos. Está na moda adquirir concentração para obter progresso pessoal e conseguir domínio sobre os destinos de outros homens. O estudante de Teosofia é advertido contra a prática de concentração em função de objetivos ignóbeis e pessoais. Sendo alguém que tenta colocar os interesses dos outros acima dos seus próprios, espera-se que ele adquira estabilidade mental e acumule reservas de força interior. Ele deve fazer isso para que esteja melhor preparado para servir a humanidade. Os seus esforços de concentração devem girar em torno do desejo de tornar a Teosofia um poder vivo, capaz de manifestar-se através da sua força vital. Na concentração, ele deve encontrar aquela potência que irá capacitá-lo a produzir um vasto amor fraterno, capaz de atravessar as barreiras de raça, casta, credo e cor. Ele tem que reunir em si mesmo vastos estoques de energia, que mais adiante lhe darão a força necessária para trabalhar inegoisticamente pela humanidade, e por todos os homens, bons ou maus. Para alcançar um objetivo tão elevado, ele deve deixar de ser um homem arrastado pelos desejos, e transformar-se em uma força impessoal para o bem. Ele treina a si mesmo para colocar os seus sentidos e seus órgãos de ação a serviço do esforço para beneficiar a todos. Consequentemente, quando um tal aspirante senta-se para praticar concentração, ele tenta esquecer por completo o seu eu pessoal. Ao fazer isso, ele fica mais preparado para ser completamente tomado por aquele sincero altruísmo que não conhece barreiras e está livre de toda limitação.

Uma vez que o estudante tenha este objetivo nobre, como é que ele pode planejar seus próximos passos? Que conhecimentos ele busca, que poderes ele ambiciona?

A concentração deve tornar-se um modo de vida e um atributo íntimo do homem desperto. No entanto, para aquele que prefere aproximar-se gradualmente da concentração, o melhor exercício é o de revisar o que ele fez como ser pessoal nas vinte e quatro horas anteriores. Será que a Teosofia caminhou junto com ele pelo caminho espinhoso da disciplina? Será que ela foi o pano de fundo dos seus planos, dos seus êxitos e fracassos? Ao olhar para cada acontecimento, ele deve examiná-lo como se estivesse no trono do Altíssimo. Será que o ideal de uma fraternidade universal da humanidade está presente em sua interação com os outros? Será que ele mostrou indiferença em relação a seus próprios sofrimentos e manteve sua alma em paz mesmo quando a injustiça pessoal foi praticada contra ele, e de modo cruel? Será que ele foi procurar quem estava necessitado de uma palavra de sabedoria e mostrou para esta pessoa a proteção benigna de uma LEI viva? Ele teve compaixão pelas fraquezas dos outros? Cumpriu seus deveres? Ou não os cumpriu? Ou cumpriu-os com indiferença? Ou cumpriu-os com uma dedicação total, nascida de um sentimento de devoção? Ele foi fraterno com todos os seres? Abriu espaço para que o progresso de outras pessoas estivesse assegurado? Cada acontecimento deve ser visto em retrospecto, e de cada um deve ser tirada uma lição para a vida que deve ser vivida.

Diante de cada ação, e cada reação, cinco perguntas devem ser feitas:

1) Minha ação evocou em mim aquela solidariedade que é manifestação do amor imortal?

2) A ação sintetizou a unidade entre pensamento, palavra e atitude prática?

3) A ação serviu para construir reservas daquela calma que permanece imperturbável ao longo de todas as experiências?

4) Foi manifestada aquela coragem que surge da alma desperta?

5) Esteve presente com eficiência, em todos os níveis do ser, uma divina indiferença em relação a dor e prazer?

Independentemente do fato de as respostas serem “sim” ou “não”, o esforço de concentração registrará na memória qual deve ser a movimentação ideal da alma para que ela continue em pleno contato com sua fonte e origem.

Tudo isso ocorre no retrospecto -; o levantamento de créditos e débitos, a assimilação da experiência, a produção de um conhecimento capaz de fazer frente a situações similares no futuro. O exercício marca o final de um dia de vinte e quatro horas. Mas há também outro exercício em que a imaginação é convidada a cumprir um papel extremamente importante na vida do indivíduo. No início do dia, a Alma deve registrar a sua visão no corpo físico, prevendo e planejando através de imagens mentais como será o dia. Que deveres devem ser cumpridos? Qual será sua atitude em tal ou qual momento do dia? Com quem ele se encontrará, provavelmente? É possível que ele tenha que ouvir calúnias? Se isto ocorrer, como ele se comportará? Será que ele poderá atrair alguém para o caminho correto? Se há a possibilidade de que alguém seja injustamente atacado em sua presença, como é que ele fará sua defesa e ao mesmo tempo preservará o padrão de respeitabilidade, decência e bom comportamento? Se podem surgir circunstâncias calamitosas, de que modo ele controlará suas reações, como usará a circunstância para vencer um mau hábito ou aumentar um mérito - nele mesmo e nos outros? Uma meia hora dedicada a tal trabalho tende a crescer mais e mais, até que cada momento livre passa a ser usado para aproximar a personalidade individual da sua luz interior.

Como um bom artesão, o homem que pratica concentração seleciona e arranja os seus instrumentos para o esforço a ser empreendido. O escultor, o pintor e o artista invocam suas musas; por que motivo aquele que esculpe e pinta com a vida não faria o mesmo? É exatamente isso que ele deve fazer com o poder de concentração, depois de estabelecer sua ligação com o eu superior. Ele tem o privilégio e a responsabilidade de criar e projetar neste plano as imagens que a sua alma constrói - imagens de ações bem feitas e de dias e noites dedicados à busca do sagrado.

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Título original do texto acima: “Fixity of Purpose”. O artigo também pode ser encontrado em inglês no site www.FilosofiaEsoterica.com e seus websites associados.

The Theosophical Movement

http://www.teosofiaoriginal.com/2014/02/a-firmeza-de-proposito.html


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TRANSCENDENDO A COMPETIÇÃO








Ao Caminhar Para a Sabedoria, Observamos Em Paz o Processo da Ignorância


Um vasto número de pessoas sabe que o caminho espiritual só pode ser trilhado através do altruísmo. Porém a alma humana é complexa e contraditória, e precisa passar por uma transmutação alquímica gradual.

Devido à força da ignorância coletiva acumulada, não são raros os sentimentos de competição entre aliados e companheiros de caminhada espiritual.

Eles devem ser observados em paz, tanto no caso de sentirmos inveja, como no caso de sentirmos que somos objetos de inveja.

Invejar alguém é um sinal seguro de fraqueza. Quem sofre deste problema é um fraco. É um ser que sofre.

A cobiça de algo que o outro tem - como por exemplo a sinceridade, ou a confiança na vida - é um sentimento negativo e contraproducente. Ocorre com frequência sem que se perceba, nas pessoas de coração puro.

Parece surgir do nada.

Os sentimentos competitivos podem ocorrer dentro do casal, entre irmãos, amigos e colegas de profissão. Eles devem deve ser aceitos como um fato humano no plano consciente e combatidos pelo reforço da auto-estima.

O auto-respeito e a autoconfiança reforçam a humildade, sempre que são acompanhados de discernimento. Estes fatores tornam a inveja desnecessária.

Deve-se competir consigo mesmo. O importante é sermos melhores, hoje, do que nós mesmos éramos ontem.

Não devemos mentir a nós próprios dizendo que somos melhores que outra pessoa: ninguém é melhor que ninguém. Todos são valiosos, cada um a seu modo, uma vez que tenham boa intenção e façam o melhor que podem. Devemos fazer o melhor da nossa parte e irradiar o melhor para os colegas, incondicionalmente. Cabe garantir que o tempo não passa em vão, e que aprendemos alguma coisa.

Quando nos tornamos alvo de inveja de um colega de caminhada, devemos examinar nosso próprio coração. Será que somos suficientemente humildes?

Talvez seja o caso de tomar providências para que nossos defeitos se tornem um pouco mais visíveis. Gautama Buddha recomendava a seus discípulos mostrar suas falhas e esconder suas virtudes, conforme registra H.P. Blavatsky em “Ísis Sem Véu”.

Ao esquecer de nós, lembramos de amar a vida como ela é. Então a aceitamos como um todo e incondicionalmente, e a melhoramos com ações decididas que fazem parte do processo natural de aperfeiçoamento de todos os seres.



Carlos Cardoso Aveline:
http://www.teosofiaoriginal.com/2013/12/transcendendo-competicao.html

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CAROS LEITORES,...

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Olá, pessoas que seguem este blog! Minhas saudações a todos e, sobretudo minha gratidão pela paciência e presença.

Permitam-me me justificar, dentro de um limite, a vocês!

A pessoa que criou este blog, o criou dentro de um propósito ao qual ela estava compromissada. Embora umbandista praticante, sempre se declarou com uma visão universalista sobre a vida.

Há dois anos, esta pessoa não mais está presente nas postagens aqui feitas.

Quem tem feito as postagens, de forma eventual, sou eu, uma pessoa a quem ela confiou o blog. Eu não tenho a mesma experiência e capacidade que ela, não sou de nenhuma religião, de nenhum "sei lá o quê" da Nova Era, não sou médium e não tenho nenhuma ligação direta ou indireta com mensagens das epopéias galáticas, também não sigo nenhum tipo de sistema mágico, seja ocultista, ou de bruxaria.

Ah, quase me esqueço; não sou adepta de nenhum sistema filosófico, também. Não tenho nenhum compromisso com qualquer seguimento aqui postado, assim como não tenho nenhuma animosidade de qualquer natureza, portanto que fique bem claro, eu sou neutra para todos e tudo.

E reafirmo, não sigo religião alguma, portanto não sou umbandista e não tenho competência para abordar o assunto. Também não sei escrever com profundidade, por isso posto textos de terceiros, o que não garante profundidade, pois também não tenho maturidade para uma análise profunda.

Na verdade, eu sou um ser bem medíocre, pouca capacidade em tudo, pois a minha infatilidade me impede de ir mais além, contudo estou aqui de peito aberto, apoiando com coragem, alguém que me considerou digna o bastante para cuidar de algo com seu nome, e eu estou a " azedá-lo".

Pode não parecer, mas eu leio o que os seguidores postam. Eu não comento porque não estou autorizada a comentar, nem responder a comentário " in box", por isso não o faço.

Quando for preciso, eu farei um post, como este, com o assunto em pauta, mas só trato de assuntos que se relacionam com este blog, jamais criticarei a forma como os outros se comportam em seus próprios blogs. Isso não é da minha conta. Se não gosto, saio está resolvido.

Quanto ao layout do blog, eu só posso dizer que, cada um tem suas fases e áreas de atenção no auto-amadurecimento, eu não sou diferente.

Recapitulando: não tenho competência para nada que seja um pouco mais profundo. Também não estou ensinando nada, não estou vendendo nada, e muito menos querendo confete, tanto que meu nome jamais irá aparecer aqui. O nome de assinatura nas postagens é da dona do blog, não o meu.

Bem, por enquanto é isso, agradeço aos que continuarem a seguir o blog, e aos que não gostarem do que leu, gratidão ainda maior!

Namastê!





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2014-03-22

DESCULPEM A DESORDEM!








Seguidores, caríssimos, do blog, por favor, aguardem que logo mais trago-lhes uma explicação sobre as mudanças no blog, ok!

Agradeço a paciência! Paz e Bem para todos!


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