2011-12-10

Tempo de amolar o machado








Conta-se que um jovem lenhador ficara impressionado com a eficácia e rapidez com que um velho e experiente lenhador da região onde morava, cortava e empilhava madeiras das árvores que cortava.


O jovem o admirava, e o seu desejo permanente era de, um dia, tornar-se tão bom, senão melhor, que aquele homem, no ofício de cortar madeira.


Certo dia, o rapaz resolveu procurar o velho lenhador, no propósito de aprender com quem mais sabia.


Enfim ele poderia tornar-se o melhor lenhador que aquela cidade já tinha ouvido falar. Passados apenas alguns dias daquele aprendizado, o jovem resolvera que já sabia tudo, e que aquele senhor não era tão bom assim quanto falavam.


Impetuoso, afrontou o velho lenhador, desafiando-o para uma disputa: em um dia de trabalho, quem cortaria mais árvores.


O experiente lenhador aceitou, sabendo que seria uma oportunidade para dar uma lição ao jovem arrogante.


Lá se foram os dois decidir quem seria o melhor.


De um lado, o jovem, forte, robusto e incansável, mantinha-se firme, cortando as suas árvores sem parar.


Do outro, o velho lenhador, desenvolvendo o seu trabalho, silencioso, tranquilo, também firme e sem demonstrar nenhum cansaço.


Num dado momento, o jovem olhou para trás a fim de ver como estava o velho lenhador, e qual não foi a sua surpresa, ao vê-lo sentado.


O jovem sorriu e pensou: Além de velho e cansado, está ficando tolo. Por acaso não sabe ele que estamos numa disputa?


Assim, ele prosseguiu cortando lenha sem parar, sem descansar um minuto.


Ao final do tempo estabelecido, encontraram-se os dois, e os representantes da comissão julgadora foram efetuar a contagem e medição.


Para a admiração de todos, foi constatado que o velho havia cortado quase duas vezes mais árvores que o jovem desafiante.


Este, espantado e irritado, ao mesmo tempo, indagou-lhe qual o segredo para cortar tantas árvores, se, uma ou duas vezes que parara para olhar, o vira sentado e tranquilo.


Ele, ao contrário, não havia parado ou descansado nenhuma vez.


O velho, sabiamente, lhe respondeu:


Todas as vezes que você me via sentado, eu não estava simplesmente parado, descansando. Eu estava amolando o meu machado!