Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos dilacerantes, vemo-la por antena de amor, isolando-lhe os raios, e se o temporal da revolta encharca os que tombam na estrada sob o visco da lama, ei-la que surge igualmente por força neutralizante, subtraindo o lodo e aclarando o caminho...
Remédio nas feridas profundas que se escondem na alma, ante os golpes da injúria, é bálsamo invisível, lenindo toda chaga.
Socorro nobre e justo, é a luz doce da ausência, ajudando e servindo onde a leviandade arroja fogo e fel.
Filha da compaixão, auxilia sem paga impedindo a extensão da maldade infeliz...
Ante a sua presença, a queixa descabida interrompe-se e pára e o verbo contundente empalidece e morre.
Onde vibra, amparando, todo ódio contém-se, e o incêndio da impiedade apaga-se de chofre...
Acessível a todos, vemo-la em toda parte, onde o homem cultiva a caridade simples, debruçando-se, pura, à maneira de aroma envolvente e sublime, anulando o veneno em que a treva se nutre...
Guardemo-la conosco, onde formos chamados, sempre que o mal reponte, delinqüente e sombrio, porque essa estrela oculta, ao alcance de todos, é a prece do silêncio em clima de perdão.
Livro: Paz e Renovação
Emmanuel; Francisco Cândido Xavier