2014-01-25

Fora da caridade não há salvação!







À pergunta do doutor da lei:


“Mestre, qual é o maior mandamento da lei?”, Jesus respondeu: “Ame ao Senhor seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. 


O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”. (Mateus, 22:36-40)

São Paulo compreendeu de tal forma essa verdade que, na citada carta aos coríntios, colocou a caridade acima mesmo da fé. Porque a caridade está ao alcance de todos – o ignorante e o sábio, o rico e o pobre – e independe de toda crença particular. 

E fez mais: definiu a verdadeira caridade não somente como beneficência (dar esmolas, fazer doações, angariar donativos), mas como a reunião de todas as qualidades do coração (paciência, doçura, humildade, generosidade, tolerância) no relacionamento com o próximo.

Ao apoiar-se sobre um princípio universal, a máxima Fora da caridade não há salvação abre a todos os filhos de Deus o acesso à felicidade suprema. Consagra o princípio da igualdade diante de Deus e a liberdade de consciência. Por ela, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja sua maneira de adorar a Deus, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros, em consonância com os ensinamentos do Cristo e com a lei evangélica.

Contrariamente, a máxima Fora da Igreja não há salvação, ao consagrar a fé especial em dogmas particulares, em lugar da fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, comum a todas as religiões, é exclusiva e absoluta.

Em vez de unir os filhos de Deus, os divide. Em vez de incentivá-los no amor a seus irmãos, alimenta a hostilidade entre os adeptos de diferentes cultos.

Sua equivalente Fora da verdade não há salvação é também exclusivista, porque não há uma só seita que não pretenda ter o privilégio da verdade. E, no entanto, quem pode vangloriar-se de possuir inteiramente a verdade?

Se o círculo dos conhecimentos se amplia incessantemente e as idéias vigentes são atualizadas e corrigidas a cada dia?

Somente os espíritos superiores conhecem a verdade absoluta. À humanidade terrestre só é dado conhecer uma verdade relativa e proporcional a seu grau de adiantamento.

Submetendo todas as nossas ações ao controle da caridade, portanto, não somente deixaremos de fazer o mal, mas seremos levados a fazer o bem. 

É preciso que nossa virtude seja ativa. Para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade; para não fazer o mal, bastam, freqüentemente, a inércia e a negligência.


Allan Kardec,
O Evangelho segundo o Espiritismo,
Capítulo X