2014-01-21
A CIÊNCIA DA MORTE
Conferência proferida por Delmar Domingos de Carvalho
Somos acérrimos defensores dos direitos dos recém-nascidos; reconhecemos que, apesar dos progressos realizados no campo científico sobre a gravidez e o parto, desde os cuidados obstétricos aos meios tecnológicos utilizados e à melhoria das estruturas hospitalares, há, ainda, que percorrer um longo caminho de aperfeiçoamento e de descobertas em vários domínios.
Numa época em que muito se fala, e bem, nos direitos humanos, que, em nosso ver, devia ser deveres e direitos, porque quem não cumpre os deveres, será digno de usufruir dos direitos, onde estão os dos recém-finados?
Não será Hora de se criarem cursos, especialistas, meios e estruturas que contribuem para a criação do que se poderia chamar: Ciência da Morte? (1)
SE é certo que, nos últimos tempos, alguns progressos têm sido realizados, nos sectores da Parapsicologia, na Ciência da reanimação, como noutros sectores, todavia, a realidade é algo dura, desde os medos da morte, à nossa ignorância sobre muitos dos mistérios que continuam a envolvê-la, até aos métodos como, por vezes, são aplicados aos recém-finados.
Neste domínio, a Escola Rosacruz encerra valiosos ensinamentos, produto de idóneas investigações, os quais espiritualizam a Ciência, cientificam a Religião, metafisicam a Arte. Estes são cada vez mais necessários, designadamente para as pessoas de intelecto desenvolvido, mais ainda quando ele se torna demasiado frio e agnóstico.
Alguns desses ensinamentos têm sido comprovados pela ciência médica, vejamos as equipas dos doutores Osis, Moody, F. Shonmaker, M. Ryzll, entre outras. Alguns são já do conhecimento público, caso os do Dr. Raymond Moody, divulgados na sua obra, Life after Life, Vida após a Vida, em que são relatadas várias experiências de pessoas consideradas clinicamente mortas e que, após reanimação, regressam, conscientemente, à vida no Mundo Físico, o mundo dos fenómenos, dos efeitos.
Estes casos comprovam que existe mais do que o corpo físico e que a morte não existe. De um modo geral, esses testemunhos têm em comum determinadas informações: as pessoas sentem um zumbido desagradável (saída do corpo vital que vitaliza o organismo físico e ainda outros veículos menos densos) começam o ver o filme da sua vida no plano físico; vêem um mundo de luz, reconhecem que podem passar através da substância física; observam os médicos e não só reanimando o seu corpo físico; regressam de novo, deixando de temerem a morte, reconhecendo que ela não existe.
Também, nas Actas da Sociedade de Pesquisa Psíquica da Grã-Bretanha e da América do Norte, estão registados numerosos casos que comprovam a sobrevivência após a morte. (2)
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Max Heindel, nos princípios do Século XX, já defendeu a necessidade da criação da Ciência da Morte. Princípios Ocultos de Saúde e Cura, Edição da Fraternidade Rosacruz, Sede Central do Brasil, S. Paulo, 1975.
Depois desta conferência, em 24 de Setembro de 1994, têm vindo a aumentar o número de casos, e em diversos países.
Ao longo deste século XX, outros Centros de Investigação Científica, alguns deles anexos a Universidades Oficiais, têm analisado os fenómenos paranormais, incluindo os casos de memória extra-cerebral, que, na Escola Rosacruz, tem o nome de memória supra-consciente. Além dos já citados, lembremos o Instituto Metapsíquico Internacional de Paris, os da equipa médica do Dr. Alex Cannon, médico de reputação internacional, os do psiquiatra inglês Arthur Guidham, os do Professor Dr. Ivan Stevenson, nos E.U.A. (1), o Instituto de Parapsicologia, na Índia, do DR. Banerjee, etc. Em todos há várias provas sobre relatos de vidas anteriores, onde muitas das vezes estão encerradas as causas remotas de vários problemas mentais e emocionais que, agora, nesta vida, afectavam as pessoas.
Entre 1 382 provas, apenas vamos focar duas, comprovadas pela equipa do Dr. Alex Cannon, que usava o hipnotismo, (a Escola Rosacruz desaconselha esta prática, mesmo para fins científicos). No começo das suas investigações o Dr. Cannon era acérrimo opositor às doutrinas da reincarnação) Daí que logo que os doentes começavam a falar de períodos anteriores, ele cortava as suas investigações. Todavia, tanto ouviu que acabou por resolver analisar esses testemunhos sobre vidas anteriores, concluindo que afinal muitos dos problemas actuais tinham a sua raiz nesse passado, e que só eliminando as causas, poderão cessar os efeitos.
Assim, na sua obra The Power Within, O Poder Interior, expõe diversos casos, donde retiramos, apenas dois, como já afirmámos. Um, o de uma mulher que sofria de um terrível medo da água. A causa estava numa vida passada, nos tempos em que tinha sido escrava no Império Romano, em que foi atada com cadeias a uma pedra, tendo morrido afogada; o outro caso tratava-se do senhor A. que era um conceituado homem de negócios que tinha um enorme temor em descer das alturas. Neste caso, o problema residia no facto de em combate ter caído de uma enorme altura, morrendo.
Na revista Vida Sã, órgão da Sociedade Portuguesa de Naturalogia, com sede em Lisboa, no seu número 10/79, veio publicado mais uma prova da Lei dos Renascimentos.
Transcrevendo:
Na Itália existe um professor que, além de médico, é advogado, e que descobriu o seguinte caso de um jovem italiano que se dizia norte-americano.
Incitando a aprender inglês, o italiano, de 21 anos, assimilou com extraordinária facilidade, comentando inclusive, que não estava aprendendo, mas sim recordando. Razão tinha Platão quando disse: “aprender é recordar”.
Bem, esse jovem afirmava que havia nascido nos E.U.A. de que tinha morrido na Itália! O professor italiano Rancanneli resolveu fazer uma consulta ao Departamento de Estado sobre o soldado X, que teria morrido na Itália, na II Grande Guerra.
Veio a resposta…a ficha que acompanhou a informação trazia uma foto: as duas pessoas eram iguais, tanto na estrutura, como nos traços do rosto e para deixar o leitor com algo para pensar: as impressões digitais eram iguais!
E, neste caso, as pessoas ainda estão vivas para comprovar.
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Na sua obra European Cases of the Reincarnation Type, edição McFarland & Company, Inc, Publishers, 2003, surgem factos comprovados anteriormente pelo nosso querido Mestre e Amigo, Francisco Marques Rodrigues.
Também, as experiências do psiquiatra George Ritchie comprovam o que a Escola Rosacruz ensina sobre os Mundos supra-físicos que interpenetram os inferiores, tal como os nossos corpos superiores interpenetram o físico.
Na sua obra Voltar do amanhã, o Dr. George relata suas experiências após ser considerado morto clinicamente. Além do que já se focou nos casos do Dr. Moody, ele vai mais longe: observa os mortos vivos, isto é, os que tinham nascido para o santo etéreo monte, fá-lo com mente científica; analisa o estado dos desencarnados, amantes do álcool: via-os povoarem as tabernas, seus corpos atravessavam as canecas das cervejas, o balcão da taberna, misturavam-se quase com os corpos dos que estavam vivendo no Mundo Físico, e, porque não podiam beber, sofriam terrivelmente; os suicidas estavam numa agonia profunda, etc.
Quanto aos que viviam, no plano físico, chamavam-lhe à atenção uma certa luminescência que todos possuíam e que, em certas condições, se alterava.
Essa luminosidade que se estende para além do corpo físico, não só do ser humano, como do animal e da planta, é a irradiação da energia vital do já denominado corpo vital que, no ser humano, é composto por quatro éteres, o químico, ligado à assimilação dos alimentos; o da vida, ligado à reprodução; o luminoso, aos órgãos de percepção sensorial; e o reflector, à memória. Tem sido captado por meio da fotografia Kirlian. Foi esse corpo que foi pesado nas experiências do Dr. Dougall quando este procurava determinar se algo, invisível, abandonava o corpo físico do ser humano ao morrer. A pessoa agonizante era colocada num dos pratos de uma balança, e, no outro, pesos até ao equilíbrio. Em todos os casos investigados por este médico do Hospital Geral de Massachusetts notou-se que no momento preciso em que a pessoa exalava o último suspiro, que o prato dos pesos descia subitamente, elevando-se o leito e o corpo colocados no outro prato. Concluíram, então, que seria a alma que tinha sido pesada. Ora a alma é uma essência superior que não pertence ao plano físico e não é possível ser pesada por tecnologias deste plano. Por isso, mais tarde, o Prof. Twining, chefe do Departamento Científico da Escola Politécnica de Los Angeles ao fazer experiências com ratos e gatinhos, encerrados em frascos hermeticamente fechados e colocados em balanças de grande sensibilidade e estas dentro de uma caixa de cristal donde extraíra toda a humidade, tenha observado que também eles perdiam peso ao morrerem. Isso gerou polémica nos meios científicos. Todavia, porque os animais também têm esse corpo vital, embora sem éter reflector, estas experiências vieram comprovar o que é estudado e investigado pelo ocultismo científico.
Aproximamo-nos de uma nova Era Cultural durante a qual alguns mistérios que envolvem a vida e a morte serão desvendados, permitindo-nos começar a “ver e crer” como S. Tomé. Estamos num período de transição, de profundas mutações, daí a grande confusão, insegurança, destruições e incertezas reinantes.
Quando vencermos esta fase de orgulho intelectual, de egoísmo e materialismo, reconhecer-se-á que a vida não é o resultado de forças físico–químicas, muito menos da obra do acaso, pois este não existe, nem foi criada do “nada”, pois do nada, nada vem.
Nada acaba, tudo se transforma é um princípio universal muito conhecido.
Por isso, a Morte é tão só, como disse Max Heindel, um acontecimento natural na evolução do espírito imortal.
Logo, o nascimento no Mundo Físico é a morte para os Mundos Superiores; por sua vez, esta é, apenas, o nascimento para eles.
Ambos são pontos de eternidade a qual vivemos a cada momento.
Daí que, o que vulgarmente chamamos de Nascimento e de Morte, sejam conceitos relativos, comuns, consoante os planos, donde e para onde o Espírito a Vida, “caminha”, evoluindo desde a “queda”no plano físico até à sua completa libertação destes ciclos.
Na Vida Universal há um constante fluxo e refluxo. Isso se verifica na “alternância do dia e da noite, da Primavera e do Inverno, da Vida e da Morte, etc.”
Quem não conhece os ciclos da água, do carbono e outros? E os ciclos cósmicos, desde o lunar que se reflecte nas marés, nos ciclos de estro, nos ciclos menstruais, em alguns ciclos neuróticos, até aos ciclos do ano Sideral, não são provas da manifestação da vida cíclica?
Todos eles, contudo, não se repetem de uma forma monótona, igual, há sempre pequenas diferenças, mudanças, e isso, porque a Vida se manifesta em ciclos, sim, mas espiralados.
Estas actividades espiraladas existem, ainda, nas nebulosas centrais, nas moléculas do ADN, etc.
Perguntar-se-á, então? Será possível que a onda de vida humana parte integrante da Vida da Natureza, não esteja sujeita a esta Lei Universal?
Em cada ano deverá a Terra despertar do seu sono invernal; deverão a árvore e a flor viver de novo e somente o ser humano morrer para sempre? Não é possível.
Como explicar com lógica, a existência de génios, de loucos e idiotas, de paralíticos e de cegos, etc?
Pela hereditariedade? Pelos genes diferentes? Pela criação divina? Que absurdos?! Que espécie de Sabedoria, de Justiça e de Amor seria a de um Deus que, ora criava um Mozart, ora um demente; ora um ser saudável, ora um paralítico, etc? Onde estariam as mesmas oportunidades para sermos avaliados numa só vida? Se assim fosse, esse Deus seria um monstro, quando Ele é Amor, Sabedoria. E será que a matéria, em si, os genes, poderão produzir, tais diferenças? Elas não estarão na nossa longínqua evolução, avançando ou retrogradando, aprendendo com vigor, com inteligência, com trabalho e colocando esse saber ao Serviço de toda a criação, vidas após vidas, de tal forma que, quando de novo no Mundo Físico, “recordam tudo isso com facilidade”, e outros passam a vida em guerras, em vícios, na exploração do próximo, etc?
Somos possuidores de livre arbítrio para escolher o caminho, mas somos inteiramente responsáveis, de acordo com a Lei da Causa e do Efeito, que o povo, na sua sabedoria milenária, diz: “cá se fazem, cá se pagam”; ou “quem semeia ventos, colhe tempestades”, etc, e à qual Cristo referiu, dizendo: “ o que semeares, colherás”.
A onda de vida humana é como a água, disse Goethe: desce à Terra, aqui circula, até que de novo se evapora, subindo aos planos superiores, em estado fluido, para novamente se condensar e descer ao plano físico, repetindo-se o ciclo e outros ciclos.
Camões, outro poeta desta Escola, escreveu: “Quando vim….de NOVO AO MUNDO…” no que Fernando Pessoa lembrou:” Quando no AMPLIANTE CICLO DO RENASCER/ NA NOVA CARNE VIVER MEU ESPÌRITO VIAJADO”. Quantos outros poetas, cientistas, filósofos, artistas, etc, acreditaram naquilo que no século XX se denomina de “memória extra-cerebral” e que vai sendo comprovado cientificamente. Lembremos, apenas, os poetas latinos Virgílio e Ovídio, o italiano Dante, Pitágoras, Hipócrates, o Pai da Medicina, Sócrates e Platão, os ingleses Shakespeare e Walter Scott, o francês Vítor Hugo, o grande médico Paracelso, cujas comemorações do 5ºCentenário do seu nascimento, realizadas no ano passado, tiveram elevado nível científico, académico, em várias Universidades e por eminentes professores universitários, sendo reabilitado nesses meios, o célebre pedagogo checo João Amós Coménio, patrono da UNESCO e da ONU, Mesmer, Isaac Newton, Max Heindel, Lincoln, Gandhi, Orígenes, S. Clemente de Alexandria, Santo Agostinho e outros.
Diagrama do Conceito Rosacruz do Cosmo, de Max Heindel, em que sob o tema:
UM CICLO DA VIDA, INFORMA MAGISTRALMENTE A LEI DO RENASCIMENTO E COMO TUDO SE PROCESSA AO LONGO DE CADA CICLO.
Cremos que é Hora de se investigarem ainda mais toda esta área ligada aos campos da Parapsicologia, das Ciências da Reanimação, com rigor científico, mas de mente aberta, livre de preconceitos.
Na medida em que essas realidades se forem conscientizando em nós mesmos, muitos preconceitos e dogmas serão derrubados, mudar-se-ão as concepções sobre a Vida e a Morte, como enormes influências nos campos da pedagogia, na medicina, etc. O próprio fenómeno da xenofobia diminuirá.
Ver-se-á que a responsabilidade pelo destino individual e colectivo é nossa e que a regeneração humana, base da verdadeira libertação, exige um melhor conhecimento de nós mesmos, na sua décupla constituição e nas suas relações com o Macrocosmo.
A DÉCUPLA CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO, DIAGRAMANº 5 DO CONCEITO ROSACRUZ DO COSMO DE MAX HEINDEL.
Daí que urge aprofundar as investigações sobre o que acontecerá com a morte do corpo físico.
Segundo os últimos relatos, começamos a observar o filme da nossa vida, o que está de acordo com os ensinamentos da Escola Rosacruz, ou seja, que, após a morte efectiva, o Ego sai com os veículos superiores, corpo de desejos e a mente, começamos a observar o filme da vida anterior que é gravado nesses veículos superiores, dela dependendo as experiências dessa vida. O futuro da cada qual depende muito de tudo o que for feito durante esse período, que, segundo a Escola Rosacruz, demora de algumas horas até três dias e meio, consoante a idade e outras condições individuais.
Urge investigar cada vez mais tudo o que contribuir para um conhecimento de nós mesmos e as suas interligações com o Macrocosmo, com as Leis Naturais.
Sendo assim, poder-se-á considerar a eutanásia, no plano Cósmico? À primeira vista parece que, em certos casos, seria uma atitude filantrópica. Todavia, face às Leis Cósmicas, ao actual esquema evolutivo, recorrer à eutanásia, seja a pedido dos doentes, considerados incuráveis, ou dos que desejam o suicídio, ou baseado em outro suporte mais ou menos legal, acaba por ser prejudicial à evolução. Na próxima vida eis de novo essas lições para aprender, quiçá, mais duras, às quais também estão sujeitos os agentes que a praticam, pois perante as Leis Cósmicas todos somos iguais, sejamos soldados ou generais. O que se deverá fazer, sim, é procurar por todos os meios aliviar os sofrimentos das pessoas e, acima de tudo, investigar as causas profundas que conduziram a esse estado e ajudar esses nossos irmãos a libertarem-se. Cada caso é um caso, pois há estados em que esta última acção pode não ser possível.
Desejamos profundamente que cada ser humano não passe por provas dolorosas, que o ideal é aprendermos a lições com o menor sofrimento possível, mas a dor em muitos casos, acaba por ser uma prova que nos eleva a um novo estado mais puro e elevado.
Os moribundos, os recém-finados, os mortos, devem-nos uma especial, carinhosa e lúcida atenção.
Quando houver a certeza que a morte está próxima, eminente, embora, enquanto haja vida, deve haver sempre a esperança, porque para Deus nada é incurável, como afirmou Paracelso, esse eminente médico rosacruz, contudo, não se deve prolongar a vida por meio de drogas ou pelos processos tecnológicos. Tudo isso obriga o espírito a reentrar nos seus corpos subtis e neles permanecer por mais umas horas ou dias, prolongando uma tortura o que é uma violência contra um moribundo indefeso.
Depois da morte, o corpo físico devia ser posto numa câmara com gelo, durante os três dias e meio necessários para a recolha do filme da vida. Este sistema já existe em alguns países, como na Califórnia, U.S.A.. Durante este período deve-se evitar o embalsamamento, a cremação, a autópsia, nestas condições os golpes são sentidos, perturbando o registo da vida e com este facto as experiências anteriores, base da futura evolução. Colocar os corpos em jazigos é outro erro, prolonga por muito mais tempo a decomposição dos corpos.
Também, nesse período, devemos evitar lamentos, os berreiros histéricos, o barulho que as pessoas fazem junto ao corpo; e ainda evitar a extracção de órgãos, como o perigo até de não permitir um eventual retorno ao mundo físico, com graves efeitos para todos, dado que ainda não há conhecimentos suficientes que, claramente comprovem, que a morte real já existiu.
Face ao exposto, o melhor que se deve fazer aos recém-finados, é dar-lhes um ambiente de silêncio profundo, envolto em oração ou concentração profunda, sem exteriorização.
Neste campo, sabemos que já existem, em alguns países, especialistas para tratarem devidamente os nossos irmãos moribundos, os recém-finados, designadamente, médicos, enfermeiros e outras pessoas. Existem cursos para todos os que desejam servir nesta área tão valiosa e carente. É um passo muito importante. Outros virão, como sejam, sensibilizarmo-nos e lutarmos pela criação da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS MORIBUNDOS E DOS RECÉM-FINADOS.
Outros costumes muito antigos deixarão de ser usados, como sejam usar velas de cera junto aos recém-finados, visitar os cemitérios, o que só perturba quem nasceu para os mundos superiores e também, por vezes, os que fazem essas visitas.
Compreendemos, perfeitamente, a dor que nos acompanha nos trabalhos de luto, por experiência própria, mas é tempo de deixar o hábito de usar o luto, o negro, nos fatos, nas tarjetas dos envelopes, faixas nos veículos, etc, especialmente prolongar esse hábito até que chegue a nossa hora de o nosso corpo físico também ir para a tumba, pois desta vida o que levamos é só os nossos pensamentos, emoções, sentimentos, acções.
É Hora de dizer como o poeta: A MORTE NÃO EXISTE. OU COMO OS LATINOS: “ABBIIT NON OBIIT”, ELE FOI-SE EMBORA, APENAS NASCEU PARA OUTRO LADO, NÃO MORREU.
Delmar Domingos de Carvalho
NOTA:
Esta conferência proferida, em 24 de Setembro de 1994, no auditório do Instituto de Cervantes, em Lisboa, foi enquadrada na Mesa-Redonda organizada pelo Instituto Francisco Marques Rodrigues, Centro de Tanatologia.
Um momento em que o autor interveio nessa Mesa-Redonda.
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Foto de Maria Amélia Carvalho.