2012-01-27

SÃO SEBASTIÃO E O SINCRETISMO NO BRASIL.







CATÓLICO E O SINCRETISMO:



O sincretismo católico-umbanda no Brasil foi uma contrução dos próprios escravos.

População negra dominada, trazida ao Brasil a ferro, nos navios que faziam o tráfico humano, os africanos seguiram as leis históricas que presidem as relações entre os povos."

A população negra teve que se adaptar para sobreviver conjuntamente com o dominante e produz-se uma série de acomodações e adaptações, tanto da parte do vencedor como do vencido".


Os africanos não abandonaram as suas crenças religiosas muito pelo contrario.

O negro, procurou acomodar a sua cresça a nova situação e o processo mais inteligente foi exatamente o de comparar as qualidades dos seus ORIXÁS com as dos Santos católicos.

Tomaram como base o Santo mais adorado do lugar: daí, algumas alterações verificadas no sincretismo, especialmente na Bahia e no Rio de Janeiro.





Os Senhores, primeiramente não entenderam mais achavam graça no sincretismo e como consideravam os africanos ignorantes, consentiam na prática bem disfarçada de seus cultos.

E assim, graças à inteligência dos sacerdotes africanos, as suas antiqüíssimas e sábias idéias religiosas puderam sobreviver até hoje, apesar da intolerância de uma ou outra autoridade policial atrasada.

E que a UMBANDA é uma (...) religião brasileira e, contra ela não adianta a burrice de um simples mortal.


Voces sabem que a diferença mais notável é quanto a Oxossi e Ogum. Enquanto no Rio, Ogum é equiparado a São Jorge, na Bahia é Santo Antônio. Oxóssi que, no Rio, é São Sebastião, na Bahia é São Jorge.






YEMANJÁ E OXUN são comparadas a Nossa Senhora, sob diversas invocações. Os Nagôs, ao que parece, consideram OXÚN "faceira e vaidosa", concepção que diverge da adotada no OMOLOCÔ do Rio, para o qual OXÚN é o símbolo da "dona de casa".


Na verdade, o sincretismo é também um fenômeno histórico (...) [ que influencia ] a filosofia religiosa de Umbanda.


Onde há coincidência é quanto ao Senhor do Universo, Deus e seu Filho. Nesse ponto, todas as religiões coincidem. Só há um DEUS e um só FILHO DE DEUS. DEUS é DEUS.

Tem ELE, na Umbanda, os nomes de Zambi, OLORUN; ZAMBI, no Omolocô; no NAGÔ. chamam-nO também, OXALÁ ALUFAN, sendo JESUS CRISTO O OXALÁ GUIAN, isto é, OXALÁ NOVO.


São Sebastião: A "característica" que une São Sebastião a Oxossi é o objeto com o qual ele fora martirizado - a flecha.


Sua história...






São Sebastião era um soldado romano cristão, que viveu no século III d.C., quando o cristianismo era ainda proibido.

Enquanto o Imperador Romano não sabia da sua religião, o tinha como homem de confiança, mas quando tomou ciência, o condenou ao martírio pelas mãos dos arqueiros.

Por outro lado temos que, na religião dos Orixás, Oxossi é o Orixá provedor.

É o Orixá da caça e da pesca que cultuamos para que não nos falte o alimento.

É o Orixá que nos concede o axé da fartura, sempre à medida que necessitamos, não entendendo aqui fartura como algo para além da nossa capacidade de consumir.

E um dos instrumentos de caça de Oxossi é a flecha. Em tempos de preocupação com o meio ambiente, a melhor forma de defini-lo é como Orixá do equilíbrio ecológico.


Portanto, não podemos indicar como paralelo a profissão de ambos, pois o paralelo militar entre os santos católicos e os Orixás se dá entre São Jorge e Ogun; nem tampouco falar em paralelo de morte, posto que São Sebastião foi um ser humano datado historicamente que foi martirizado por duas flechas, enquanto Oxossi é um Orixá - Essência Divina - que até no mito em que morre, é ressuscitado.

Só nos resta realmente a flecha, mas ainda assim com sentidos diversos: as que alvejaram São Sebastião eram confeccionadas para a guerra; enquanto as de Oxóssi são símbolos da caça.


Enquanto os santos católicos e os Orixás são entidades espirituais diferentes, Jesus Cristo é a mesma pessoa de OXALÁ GUIAN (ou OXAGUIAN).


Quem tiver vocação para pensar a religiosidade e o sincretismo, analise bem o significado do culto da visita dos 3 Reis Magos (um africano, um europeu e um asiático) a Jesus Cristo em Seu nascimento.


RELEMBRANDO: O ESTADO NOVO REPRIMINDO A RELIGIÕES AFRO BRASILEIRAS.






Durante o governo de Agamenon Magalhães, os cultos afrobrasileiros foram proibidos e perseguidos, porque o seu governo “era declaradamente de maioria católico e apontava na perspectiva de que tudo o que não fosse cristão era digno de perseguição e combate.”

Nesta perspectiva, os seguidores dos cultos afro-brasileiros só podiam realizar seus atos religiosos em particular, no espaço privado, e não em lugares públicos.


Contra esta intolerância religiosa e para poderem praticar os seus atos religiosos, os seguidores (as) dos cultos afro-brasileiros, usaram como estratégia, sincretizar as suas práticas religiosas, escondendo-as por meio da prática da religião do dominador, onde só assim podia cultuar seus Orixás (Deuses africanos), comparando-Os aos santos cultuados pela igreja católica.


Mas os afro-brasileiros nunca foram apoiados ou encorajados a praticar abertamente sua religião tradicional, suas práticas religiosas foram proibidas e perseguidas.

Entretanto, o sincretismo religioso com os santos católicos deu a elas certa legitimidade entre a população predominantemente católica do Brasil.

Na verdade, as religiões de matriz africana ficaram a margem das elites governantes tanto no nível regional quanto (...) nacional.


“As manifestações religiosas eram tidas como práticas bárbaras, magias e superstições, além de serem criminalizadas pelo código civil, como exercício ilegal da medicina, ou mesmo puro charlatanismo [...]

Durante o Estado Novo, no governo de Agamenon Magalhães, houve um forte recrudescimento no combate às práticas e costumes dos negros e negras, sobretudo aquelas de caráter religioso.






Aproximadamente no período da década de 1930, “os maracatus foram utilizados pelos praticantes da religião afro-descendentes para acobertar suas práticas religiosas, uma vez que apesar dos preconceitos, os maracatus possuíam legitimidade para circular nas ruas durante o carnaval.” . A partir desta afirmação surgiram algumas inquietações.


Na atualidade, os seguidores (as) dos cultos afro-brasileiros da cidade do Recife, precisam camuflar sua religiosidade (...) [ por trás ] dos maracatus?

Os preconceitos, discriminações e as formas pejorativas à religiosidade afro-brasileira continuam permeando nossa sociedade?

Ou será que estamos revivendo as repressões ocorridas com os nossos ancestrais nos séculos XVI a XVIII?

Acreditamos que hoje, a religião afrobrasileira esteja passando por processos de transformações em nossa sociedade, seja ela, no campo político, social ou educacional.


Deste modo, para compreendermos estas transformações sociais, analisaremos a relação sócio-religiosa entre os seguidores (as) e não seguidores (as) dos cultos afro-brasileiros. É preciso intenssificar a conscientização de respeito às diferenças religiosas neste espaço de igualdade e de tolerância.


Um afro abraço.


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BIBLIOGRAFIA/FONTE:

www.umbandamenor.kit.net/www.sidneyrezende.com/Negros Hereges, Agentes do Diabo. Religiosidade Negra e Inquisição em Portugal – séculos XVI-XVIII. In: FLORENTINO, Manolo e MACHADO, Caalda (Orgs.). Ensaios Sobre a Escravidão (z). Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.

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Cultura Afro-descendente no Recife: Maracatus, valentes e catimbós. Recife: Edições Bagaço, 2007

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UNEGRO/Rio de Janeiro