2012-02-16

DISPENSO ESSE JOGO









O direito de ser intolerante na vida não exclui o dever para com os resultados.


Penso que é importante promover caminhos para reflexões, sobre os comentários e suposições em relação ao comportamento alheio de uma forma geral, porém aqui, irei me ater apenas ao contexto religioso.


É comum no dia-a-dia ouvirmos muitas teses absurdas e termos pejorativos sobre pessoas de qualquer crença, baseado apenas no nome de sua religião. 

Muitos fazem menções sórdidas sobre o Panteão desta e daquela religião, sem o menor conhecimento de causa. Por pura ignorância, agem " em nome de Jesus ", como se O Divino Mestre os houvesse eleito árbitros da vida alheia.


Tentar ofender uma Divindade é de uma infantilidade inacreditável, diante de todo o conhecimento histórico e tecnológico que temos.


Todos concordamos que ofender o pai e mãe ( carnal ) dos outros é um ato reprovável. Bem, uma Divindade está empensávelmente além do pai e da mãe, como se concebe pensar em ofendê-La?!


Esquecem que a Divindade que é cultuada num lugar, com um determinado nome, é a mesma cultuada em outro com outro nome. A Divindade é a mesma, só muda o nome porque assim Ela numa língua diferente, e, não foi feito a tradução.


Oras, se é a mesma Divindade, ofendendê-La na religião do outro, depois ir para a própria rezar,orar, etc., pedindo misericórdia, é como renegar o pai e a mãe e depois pedir-lhes a benção. Um despropósito!


Um dos Caboclos que eu incorporo ( óh, sim, eu incorporo Caboclos, também! ) sempre diz: " ...nomes não mudam o que sou, mas o que sou muda os nomes o tempo todo...". Logo, o nome não muda a Divindade, mas Ela muda o que quiser.


Assim, apegar-se a rótulos, nomenclatura, seja do Panteão,  da ritualística ou adeptos de qualquer religião para depreciá-la, ou da própria, considerando-se sábio e salvo é uma grande ilusão. Com certeza uma parcela dos que tenho observado estão excluídos desta conta!


Gosto de pensar de forma simples! E pessoas são pessoas em qualquer lugar, e em todos os tempos agiram e agem de forma semelhante! Há um grande padrão de reincidência no histórico da humanidade, basta querer ver.


Muitas delas se desequilibraram no passado e se desequilibram hoje, acreditando tanto que a sua religião é a única, que chegam ao fanatismo, e partem para agressão verbal e até física, na tentativa de demonstrar suas verdades!


Parece inacreditável pensar que no ano de 2.012, ainda existam pessoas que incitam a perseguição dos que pensam de forma diferente, mesmo tendo todo um histórico de perseguições religiosas através dos tempos, ainda assim se consideram mais fiéis, mais escolhidos, mais sábios, mais salvos, mais, mais, mais...!


Existem diversas frases de efeito sobre a intolerância religiosa, sobre a liberdade de expressão, democracia, etc., contudo estas só terão valor se vier acompanhadas pelo sentido de respeito.


Eu não tenho a obrigação nenhuma de acrer no que e da forma que o outro possa acrer, porém respeito a sua crença por mais excêntrica que ela possa me parecer.


Por que respeito? Simples. Porque o outro tem razão, assim como um outro qualquer que acredita exatamente no oposto do que este acredita.


Dada a nossa limitada compreensão das coisas, somente podemos discorrer e discutir diante de fatos compatíveis e afins, seja por área acadêmica, seja por segmento religioso, ou coisas corriqueiras da vida.

Logo, não existe motivo algum para se discutir e debater entre crenças diferentes, mesmo que utilizando-se do mesmo rótulo ( denominação, nomenclatura ), pois o que traz sentido real é a compatibilidade do ato e da crença na sua essência e não a superficialidade das palavras.

Me perguntam sobre minhas crenças. Estejam certos (as) de que é Universalista. Mas se me perguntam sobre minha Fé, podem ter certeza, sou Conservadora e Ecumênica. Alguém que já aprendeu que para acolher o novo não precisa desprezar o velho.

Vejamos o que quero dizer com isso: Ser Universalista na crença quer dizer que aceito e acredito em todas as formas de expressão e manifestação Divina. Creio que tudo e todos vêm de uma mesma Fonte ( D'us é único, não é!? ).


Já em minha fé sou conservadora porque não abri mão da Tradição da qual sou herdeira. Isso implica em observar e respeitar as hierarquias, cada uma segundo seu grau e ordem, porque a Vida manifesta-se graduada e ordenada. Sem isso seríamos como elétrons desgarrados e nada produziríamos.


Na minha fé sou, também, ecumênica. Bem, o que isso quer dizer exatamente? Quer dizer que posso estar ao lado das pessoas aceitando-as e respeitando-as, sem que comunguemos a mesma fé e crenças.

Quando se tem a mesma fé, há uma comunhão. Mas quando se é ecumênico, embora não haja a comunhão, há a confraternização, com cada um respeitando e aceitando o outro em suas escollhas.

Todos nós temos o direito de escolha e essa escolha inclui estar perto ou não de pessoas sem postura e/ou situações desagradáveis, isto é básico e não é exclusivo da religião alguma.


A não concordância de ideais e crenças não deveria tornar alguém um inimigo. É essa a grande ignorância que geram as guerras, matam pessoas por conta de suas idéias, de suas crenças, mas as idéias e crenças não estão acima das vidas das pessoas.


Idéias e crenças mudam. Podemos despir uma pessoa de todas as suas crenças e idéias, ela ainda terá uma vida e poderá reconstruir suas idéias e crenças, porque não podemos despi-la de sua fé.


Muitos perdem tempo em supor que eu faço a mínima distinção entre esta ou aquela religião! Como pessoa encarnada ( portanto, com falhas gravíssimas! ), eu ainda faço distinção de pessoas, não consigo conviver indiferente com algumas posturas, mas de religiões não, em todas de cujo trabalho participei, senti verdadeira comunhão com o Divino.


É desgastante essa questão, pois até irmãos umbandistas acham que o fato de se servir à D'us através da Umbanda, exclui a Verdade e o Amor Divino nas e através das outras religiões.


Francamente isso para mim não é relevante! Se me consideram muito espírita, católica, etc., eu lhes pergunto: qual é o problema em ser espírita e/ou católica, ou ainda outra denominação qualquer?


A FONTE SUPREMA, a quem denominamos D'us, é única, não importa o que fizermos, pensarmos, crermos, ou descrermos. Não há como escaparmos de D'us, mesmo quando O negamos, pois a vida que manifestamos vem dELE.


Eu escolhi a Umbanda, por extremo Amor. Amor pelos Orixás que vi manifestar-Se e comandar Seus médiuns, amor pela simplicidade, amor pelo meus antepassados que me assistem como Guias e que sutilmente me conduzem.


Eu continuarei com meu trabalho, girando de forma muito bela e pura ante o altar de meu próprio coração, sugiro que cada um faça o mesmo em sua crença, que ocupem seus corações e pensamentos com coisas que justificam e gratificam suas escolhas, este é um caminho sábio!


Digo, ainda, que eu sou responsável pelo que digo e escrevo, mas não sou responsável pela sua interpretação.

E por falar nisso, a cada dia que passa comprovo o quanto as pessoas tem dificuldade de interpretação de textos, tanto que para tudo o que falam ou escrevem, precisam destacar os títulos honoríficos que possuem para tentar dar veracidade ao que pensam.


Hoje, tenho ainda, muita esperança em construirmos uma sociedade mais coesa e com os pés no chão, para apreendermos o sentido verdadeiro de coisas primárias como respeitar o próximo e não levar as diferenças nas manifestação de fé e crença, para o lado pessoal.


Então, entenda que se lhe é importante entrar em debates acirrados e imprudutivos ( a meu ver! ), por gentileza, procure entre os vários grupos de discussões disponíveis na Rede, de coração, eu dispenso esse jogo!


Sem mais, agradeço a sua atenção e atitude que gerou estas reflexões.




VSL