Com o apoio da Prefeitura de Mangaratiba – conforme anunciou o carro de som de Fernandão Ferroviário, a mesma Prefeitura que, ano passado, já havia gasto recursos públicos no Projeto Libertas Almas, contrariando dispositivo da Constituição Federal – os protestantes armaram uma tenda na areia da praia de Muriqui, com moderna aparelhagem de som, potentes alto-falantes, mesa de 24 canais, teclados e guitarras, na noite de 31 de dezembro.
Disputando espaço com os umbandistas – todos de branco - que mantiveram a tradição centenária de louvar a rainha do mar com flores e cantos, uma cantante que se dizia “evangélica” – toda de negro - berrava que era preciso muita coragem para ficar com Jesus.
Não entendi a mensagem. Então, ainda é preciso coragem para ser cristão? Tal como no império romano anterior a Constantino? Só se for no Afganistão.
Durante sua cantoria, ela tentava vender seu CD por dez reais à reduzida plateia, em que alguns participantes vestiam as cores de Iemanjá: o azul e o branco.
Fiquei pouco tempo assistindo a pretensa louvação, pois, quando ouvi falar em dinheiro, eu parti para outra. E fui assistir outras louvações em toda a orla.
Os umbandistas tiveram que se distanciar muito do local, até onde o som dos alto-falantes não perturbasse seu canto e orações.
A louvação à Iemanjá atrai milhares de turistas e sempre fez parte dos festejos da passagem de ano em nosso estado.
Sem qualquer ajuda oficial, na noite de 31 de dezembro, sempre ocorreu a gigantesca e impressionante comemoração popular de Iemanjá nas praias cariocas e fluminenses, o mesmo acontecendo em Santos e em Porto Alegre.
Em Salvador, a festa ocorre no dia 2 de fevereiro. Na Paraíba e em São Paulo, no dia 8 de dezembro.
Ano passado, os protestantes armaram sua barraca no calçadão da praia. Este ano foram para a areia.
No final deste ano novo, gostaria de vê-los descalços jogando flores no mar.
Na foto acima, a estátua que representa Iemanjá na praia do Meio, em Natal.
Odoiá! Iemanjá...
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