2012-02-10

Orixás II




Omolu / Obaluaê

Omolu / Obaluaê



Dia da semana; segunda-feira
Cores: preto, branco, vermelho
Símbolos: cajado (xaxará), búzios.
Elemento: terra
Plantas: cuféia (sete sangrias), erva-de-passarinho, canela de velho, quitoco. Zínia, cravo de defunto.
Animais: cachorro
Metal: chumbo, barro
Comida: pipoca, bolinhos de milho, acaçá, olubajé. Banana da terra.
Bebida: água, vinho tinto
Sincretismo: São Lázaro (17.12) e São Roque (16.8).
Domínio: a terra, as epidemias, a morte.
O que faz: castiga com doenças, mas também cura os males.
Quem é: o Médico dos Pobres e o Senhor dos Cemitérios.
Características: reservado, solitário, simples, trabalhador, serviçal, depressivo, doentio.
Quizília: claridade, sapos
Saudação: Atotô!
Onde recebe oferendas: no cemitério (geralmente no Cruzeiro).
Riscos de saúde: doenças de pele e problemas nas pernas e coluna.
Presentes prediletos: velas, suas comidas e bebidas preferidas.
Observação: O nome de Obaluaê às vezes é usado especificamente para o Omolu jovem, que é mais agressivo; Omolu é o nome mais usado para o Omolu velho, mais introvertido.

Lendas

(1) - Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado.

Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia,para que o mar o levasse.

Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.

Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou.

Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até que o bebê se recuperou.

Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.

(2) - Omolu tinha o rosto muito deformado e a pele cheia de cicatrizes.

Por isso, vivia sempre isolado, se escondendo de todos.

Certo dia, houve uma festa de que todos os Orixás participavam, mas Ogum percebeu que o irmão não tinha vindo dançar.

Quando lhe disseram que ele tinha vergonha de seu aspecto, Ogum foi ao mato, colheu palha e fez uma capa com que Omolu se cobriu da cabeça aos pés, tendo então coragem de se aproximar dos outros.

Mas ainda não dançava, pois todos tinham nojo de tocá-lo.

Apenas Iansã teve coragem; quando dançaram, a ventania levantou a palha e todos viram um rapaz bonito e sadio;e Oxum ficou morrendo de inveja da irmã.



(3) - Quando Obaluaê ficou rapaz, resolveu correr mundo para ganhar a vida.

Partiu vestido com simplicidade e começou a procurar trabalho, mas nada conseguiu.

Logo começou a passar fome, mas nem uma esmola lhe deram. Saindo da cidade, embrenhou-se na mata,onde se alimentava de ervas e caça, tendo por companhia um cão e as serpentes da terra.

Ficou muito doente.Por fim, quando achava que ia morrer, Olorun curou as feridas que cobriam seu corpo.

Agradecido, ele se dedicou à tarefa de viajar pelas aldeias para curar os enfermos e vencer as epidemias que castigaram todos que lhe negaram auxílio e abrigo. 








Nanã


Nanã
Dia da semana: terça-feira
Cores: anil, branco e roxo
Símbolos: vassoura de palha, bastão de hastes de palmeira (Ibiri)
Elemento: terra e água
Plantas: folha da fortuna, viuvinha (trapoeraba roxa ), samambaia, melão de São Caetano, manacá
Animais:
Mineral: terra (é mais velha que a descoberta dos metais), lodo.
Comida: efó, mungunzá, feijão com coco, pirão com batata roxa. Jaca.
Bebida: vinho branco
Sincretismo: Santa Ana (26.7 )
Domínio: Os pântanos e a morte.
O que faz: cuida dos mortos enquanto seus corpos se decompõem no lodo, se preparando para formarem novos seres. Protege contra feitiços e perigos de morte.
Quem é: a mais velha das mães d'água, a Avó dos Orixás e a Mãe dos Mortos.
Características: introvertida, austera, madura, protetora, mártir, rabugenta, vingativa, intrigante.
Quizília: multidões, instrumentos de metal
Saudação: Salubá!
Onde recebe oferendas: em local com ruínas ou pântano.
Riscos de saúde: problemas de coração e circulação; saúde geral fraca.
Presentes prediletos: velas, suas comidas e bebidas preferidas.


Lendas

(1) - Nanã era rainha de um povo e tinha poder sobre os mortos.

Para roubar esse poder, Oxalá casou com ela, mas não ligava para a mulher.

Então, Nanã fez um feitiço para ter um filho.

Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho (Omolu ) nasceu todo deformado; horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que morresse.

Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orumilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo.

E nasceu Oxumaré, que durante 6 meses vive no céu como o arco-íris, e nos outros 6 é uma cobra que se arrasta no chão.


Só se realizou quando então teve Iansã que lhe herdou os poderes sobre os mortos.


(2) -
Na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore e então Nanã chamava os Eguns para assustá-lo.

Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele.

Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu sua entrada no Jardim dos Eguns.

Mas Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos.

Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que vivia com ela "( ele mesmo).

Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido.



(3) - Certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais importante.

A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual.

Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não é tão importante assim, torceu com as mãos os animais destinados ao sacrifício em seu próprio ritual.

É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal. 








Xangô


Xangô



Dia da semana: quarta-feira
Cores: no Candomblé, vermelho e branco; na Umbanda, marrom.
Símbolos: machado de lâmina dupla(oxé); meteorito.
Elemento: fogo
Plantas: folha de Xangô ( comigo-ninguém-pode ), quiabo, cambará, sabugueiro.
Animais: jabuti
Metal: aço
Comida: amalá, rabada, zorô, bobó, milho assado. Fruta de conde.
Bebida: cerveja preta
Sincretismo: São José (Alafin 19.3), São João (Afonjá 24.6), São Pedro (Badé 29.6), São Jerônimo (Ogodô 30.9).
Domínio: o fogo celeste: raio, trovão, meteorito.
O que faz: corrige injustiças, protege contra catástrofes.
Quem é: o Advogado dos Pobres
Características: autoritário, severo, justiceiro, líder maduro; egocêntrico, mandão.
Quizília: doença e morte
Saudação: Caô Cabiecilê!
Onde recebe oferendas: nas pedreiras
Riscos de saúde: hipertensão e suas consequências; nevralgias e tensão.
Presentes prediletos: velas, charutos, suas comidas e bebidas preferidas.
Observação: vários Orixás foram reunidos na figura de Xangô: reis míticos, guerreiros, deuses do fogo, das tempestades, das pedras. Por isso existem tantas variedades de Xangô.


Lendas

(1) - Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento.

Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram.

Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas.

Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum:

"- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre."

(2)] - Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Iansã, Oxum e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas.

Certo dia, ele subiu num morro próximo,junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes.

Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu.

Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido.

Ele e Iansã correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém.

Desesperado, Xangô bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou. Oxum e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Orixás.








Iansã / Oiá

Iansã / Oiá


Dia da semana: quarta-feira
Cores: vermelho e branco ou coral
Símbolos: chicote (eruexim) , raio
Elemento: fogo/ar
Plantas: sensitiva, espada de Iansã (borda amarela), bambu, periquitinho.
Animais: borboleta
Metal: cobre
Comida: acarajé, bobó, xinxim, pirão. Manga rosa
Bebida: champanha
Sincretismo: Santa Bárbara ( 4.12 )
Domínio: ventania, temporal
O que faz: dá coragem e impulsividade, protege contra desastres e acidentes.
Quem é: a mais impulsiva das companheiras de Xangô, Orixá guerreira e das aventuras.
Características: passional, audaciosa, alegre, agitada, líder, vaidosa, protetora, intrigante, vingativa, irritável.
Quizília: folhas secas , lagartixa
Saudação: Epa Hei!
Onde recebe oferendas: nas pedreira próximas das cachoeiras
Riscos de saúde: problemas de rins e vesícula biliar
Presentes prediletos: um perfume, véus ou outro objeto de toalete; flores amarelas, suas comidas e bebidas.


Lendas

(1) - Certa vez, Xangô foi visitar o irmão Ogum e conheceu sua esposa Iansã.

Os dois se apaixonaram e Iansã largou Ogum, indo viver com Xangô. Tempos depois, com saudades, Iansã voltou para Ogum; então Xangô chamou seu exército e atacou o reino do irmão.

Enquanto lutavam, Ogum mandou Iansã para o reino de Oxossi.

Quando Xangô, vencedor, foi buscá-la, porque ela havia se casado com Oxossi. Atacou-o, e Oxossi mandou Iansã para o reino de Omolu.

E a história se repetiu, até que Iansã foi esposa de todos os Orixás.

Mas no final acabou voltando a viver com Xangô, e de sua união nasceram os gêmeos Ibeji.

(2) - Iansã e Xangô sempre foram muito companheiros, mas Xangô, como rei, queria sempre ser o mais poderoso de todos.

Iansã não se conformava com isso, pois ela é muito independente e não admite ser mandada por ninguém.

Certa vez, disseram a Xangô que, num reino vizinho, havia um sacerdote que conhecia uma poção que, quando ingerida, dava o poder de lançar fogo pela boca.

Como estava envolvido numa luta, Xangô mandou Iansã buscar a poção para ele.

Ao voltar, ela começou a pensar que não era justo que só Xangô tivesse esse poder; então, tomou um pouquinho da poção, para que o marido não percebesse.

Assim, ela ficou com o poder mágico mas, como tomou pouca poção, é dona apenas dos ventos e dos raios, e Xangõ ficou com os trovões.

(3) -  Iansã viveu por muito tempo com Xangô e foi sua melhor companheira de aventuras. Apesar de sua inconstância, ela gostava muito dele.

Por isso, quando Xangô morreu, ela ficou tão desesperada que não quis mais viver.

Pediu aos Orixás que aceitassem sua ida para o mundo dos mortos em companhia do marido e então se matou. Por ter ido pela própria vontade, Iansã se tornou amiga dos Eguns.

É por isso que Iansã é o único Orixá que tem coragem de participar do culto dos mortos, dominando-os com seu chicote. 






Obá

Obá
Dia da semana: quarta-feira
Cores: laranja, amarelo
Símbolos: espada, escudo
Elemento: água
Plantas: ipoméia, mangueira, manjericão, rosa branca
Animais: galinha d'angola
Metal: cobre
Comida: moqueca de ovo, abará, amalá, padê. Manga espada
Bebida: champanha
Sincretismo: Santa Joana d'Arc (30.5)
Domínio: águas revoltas
O que faz: defende a justiça, procura refazer o equilíbrio.
Quem é: a companheira mais austera de Xangô.
Características: responsável, equilibrada, justiceira, séria, reprimida, invejosa, ressentida, intrigante.
Quizília: sopa, peixe de água doce
Saudação: Obá Xirê!
Onde recebe oferendas: nas cachoeiras
Riscos de saúde: problemas de ouvido e garganta, fraqueza de vários órgãos.
Presentes prediletos: um perfume ou adereço, flores amarelas, suas comidas e bebidas.

Lendas

(1) - Obá era uma das esposas de Xangô, mas ela não era nem aventureira como Iansã, nem dengosa como Oxum; por isso, se sentia desprezada pelo marido.

Percebendo que Xangô gostava da comida feita por Oxum, pediu-lhe que a ensinasse a cozinhar.

Para enganá-la, Oxum cobriu a cabeça com um pano, fez uma sopa de cogumelos e disse que era o prato preferido de Xangô, uma sopa com suas orelhas.

Obá fez uma sopa em que colocou uma de suas orelhas.

Quando Xangô chegou, ela o serviu toda contente, mas quando ele viu a orelha, ficou enojado e brigou com ela. Nisso, Oxum tirou o pano da cabeça, mostrando as orelhas perfeitas, e começou a rir.

Furiosa, Obá se atirou sobre ela e as duas brigaram até que Xangô explodiu de raiva, fazendo as duas fugirem e se transformarem em rios.

É por isso que, ao dançar, Obá cobre uma orelha com o escudo.








Ogum


Ogum

Dia da semana: quinta-feira (para alguns, terça-feira)
Cores: no Candomblé, anil; na Umbanda, vermelho e branco
Símbolos: ferramentas: facão, machadinha, pá, enxada, picareta, serrote, martelo etc.
Elemento: ar/terra
Plantas: espada de Ogum, guiné, caruru, beldroega
Animais: cavalo
Metal: ferro trabalhado
Comida: adalu, feijão assado, farofa, inhame.
Bebida: cerveja clara
Sincretismo: São Jorge ( 23.4 ) ou São Sebastião ( 20.1 )
Domínio: a reta dos caminhos, as lutas, o trabalho.
O que faz: dá força para vencer demandas e habilidade para lidar com ferro.
Quem é: o aventureiro desbravador e conquistador. Padroeiro dos militares e artesãos.
Características: corajoso e aventureiro, explosivo mas de coração grande, sem sofisticação.
Quizília: lugares fechados, quiabo
Saudação: Patakori!
Onde recebe oferendas: nos caminhos e estradas de ferro; no centro das encruzilhadas.
Riscos de saúde: hipertensão, problemas nos braços, nevralgias.
Presentes prediletos: flores vermelhas, velas, charutos, suas comidas e bebidas.
Observação: originalmente, a festa de Ogum era a da colheita do inhame. Ele é um Orixá da agricultura.

Lendas

(1) - Ogum foi o segundo filho de Iemanjá e era muito ligado ao irmão mais velho, Exu.

Os dois eram muito aventureiros e brincalhões, estavam sempre fazendo estrepolias juntos.

Quando Exu foi expulso de casa pelos pais, Ogum ficou muito zangado e resolveu acompanhar o irmão.

Foi atrás dele e por muito tempo os dois correram mundo juntos.

Exu, o mais esperto, resolvia para onde iriam; e Ogum, o mais forte e guerreiro, ia vencendo todas as dificuldades do caminho.

É por isso que Ogum sempre surge no culto logo depois de Exu, pois honrar seu irmão preferido é a melhor forma de agradá-lo; e enquanto Exu é o dono das encruzilhadas, Ogum governa a reta dos caminhos.

(2) - Quando Ogum conquistou o reino de Irê, deu o trono para o filho e partiu em busca de novas batalhas.

Anos depois, ele voltou ; mas chegou no dia de uma festa religiosa em que todos deviam guardar silêncio.

Sentindo sede, quis beber, mas o vinho havia sido todo usado no ritual religioso; pediu comida e ninguém lhe respondeu, por causa da proibição religiosa. Pensando que o desprezavam, Ogum puxou a espada e matou todo mundo.

Quando terminou a cerimônia religiosa, o filho veio ao encontro de Ogum, prestou-lhe todas as homenagens e ofereceu-lhe um banquete.

Quando lhe explicaram o que ocorrera, Ogum ficou horrorizado com seu crime.

Cravou a espada no chão e fez com que se abrisse um grande buraco por onde se afundou, tornando-se desde então um Orixá.

(3) - Depois que Exu foi expulso de casa pelos pais, ficou decidido que Ogum, o segundo filho, seria o sucessor do pai no governo.

Entretanto, Ogum não gostava desse tipo de atividade.

Seu prazer estava nas aventuras.

Quando substituiu o pai durante uma viagem deste, Ogum deixou de lado as funções de governante, dedicando-se a passeios e confusões com os amigos.

Estava sempre se metendo com as namoradas alheias e arrumando brigas.

Para mantê-lo sossegado, então, o pai lhe deu o comando do exército e a missão de responder às agressões ao reino e de conquistar novos territórios.

Nessas atividades, ele foi muito bem sucedido. 








Oxossi


Oxossi

Dia da semana: quinta-feira
Cores: verde
Símbolos: arco e flecha (damatá), chicote (iruquerê)
Elemento: terra
Plantas: milho, jasmim-manga, carqueja, cróton.
Animais: porco do mato
Metal: latão
Comida: axoxô, quibebe, milho cozido, tapioca, pamonha, canjica, frutas.
Bebida: aluá, batida de mel
Sincretismo: São Sebastião (20.1) ou São Jorge (23.4)
Domínio: as matas, os animais silvestres
O que faz: protege contra perigos, castiga quem faz coisas erradas; protege os animais e plantas.
Quem é: o Rei da Mata, o provedor de sustento, o vingador.
Características: refinado, exigente, sensível, discreto, rancoroso
Quizília: cabeca de bicho, (nos sacrifícios e alimentos) , ovo
Saudação: Okê Arô !
Onde recebe oferendas: na mata
Riscos de saúde: problemas de olhos, boca, dores musculares, intestino
Presentes prediletos: charutos, velas, mel, suas comidas e bebidas.

Lendas

(1) - Quando Oxum e Oxossi se conheceram, ele logo se apaixonou e quis casar com ela.

Oxum concordou, mas impôs a condição de que ele fosse com ela para a mansão de seu pai disfarçado de mulher, para não ter a entrada impedida.

Oxossi aceitou, sem perguntar se isso lhe traria problemas.

Então Oxum o transformou em mulher e eles foram juntos para o palácio.

Lá, Oxossi foi muito bem recebido, pois foi apresentado como uma amiga de Oxum; e assim os dois puderam viver juntos por muito tempo.

Meses depois, Oxum não pôde mais esconder a gravidez; Oxalá descobriu a verdade e expulsou Oxossi do palácio.

Por ter se transformado em mulher, Oxossi se tornou bissexual; e seu filho, Logunedê, também.

(2) - Oxossi era ajudante do irmão Ogum e carregava suas flechas. Certo dia, numa das caçadas, encontrou o irmão Ossain, que vivia na floresta e era um mago.

Ossain enfeitiçou-o e Oxossi ficou servindo a ele por algum tempo. Quando o efeito do feitiço passou, Oxossi quis voltar para casa, mas a mãe Iemanjá não o aceitou.

Então, Oxossi voltou para a mata e foi morar com Ossain, que lhe ensinou todos os mistério da floresta e de seus habitantes.

Desde então, Oxossi se tornou um grande caçador, passando a garantir a alimentação da família e defendendo animais e plantas de pessoas que matam sem necessidade.

(3) -
Odé era um grande caçador.

Certo dia, ele saiu para caçar sem antes consultar o oráculo Ifá nem cumprir os ritos necessários.

Depois de algum tempo andando na floresta, encontrou uma serpente: era Oxumaré em sua forma terrestre.

A cobra falou que Odé não devia matá-la; mas ele não se importou, matou-a, cortou-a em pedaços e levou para casa, onde a cozinhou e comeu; depois foi dormir.

No outro dia, sua esposa Oxum encontrou-o morto, com um rastro de cobra saindo de seu corpo e indo para a mata.

Oxum tanto se lamentou e chorou, que Ifá o fez renascer como Orixá, com o nome de Oxossi.

(4) - Certa vez, no reino de Ifá, surgiu um pássaro enorme que, voando bem no meio da cidade, não deixava que o povo fizesse as festas do tempo da colheita.

O rei convocou todos os arqueiros do reino, que usaram todas as suas flechas sem conseguir espantar o animal; e por isso foram executados.

O último a comparecer tinha somente uma flecha mas sua mãe, com medo de que ele fosse condenado à morte, consultou Ifá e soube que o filho devia fazer uma oferenda aos deuses antes de tentar a sorte.

O rapaz obedeceu e, com sua única flecha, matou o monstro.

O rapaz foi muito aclamado pelo povo e passou a se chamar Oxossi, o grande caçador.

Fonte: www.pallaseditora.com.br