2012-05-07
RELIGIÃO VERDADEIRA?
É comum ao longo de nossas vidas irmos acumulando coisas que, com o passar do tempo nem percebemos quando deixaram de ser úteis e tornaram-se empecílhos.
Mudam-se as estações e com elas as nossas necessidades, mas as
" tralhas " continuam guardadas, só porque um dia foram úteis. Ali permanecem, agora, a prestar-nos um desserviço, porque muitas nos distraem daquilo que hoje nos são mais importantes…
Sendo assim, não devemos ter dó nem piedade de nos livrar daquilo que não nos serve mais, – se é que algum dia nos serviu, sejam coisas ou até mesmo grupos de pessoas.
Podemos também passá-los adiante se por ventura alguém se interessar. Afinal, o que não nos serve mais pode ser a solução que alguém está buscando…
É lógico que precisamos de um certo amadurecimento e discernimento para sabermos separar o que nos serve do que não nos serve mais.
Saber o que se necessita é o mesmo que saber quem se é, ou qual momento da jornada se está vivendo, e essa tarefa é uma das mais difíceis dentre todas.
Guardar coisas e frequêntar lugares inúteis serve tão somente para nos distrair e ocupar o tempo das coisas que realmente merecem o nosso cuidado.
É como carregar peso morto, melhor é deletar o inútil no " oco " do Vazio que a tudo absorve e nunca se preenche, e assim, limpar o espaço para que outros Sentidos possam nos preencher e nos organizar numa outra dinâmica ante a Criação Divina…
Melhor um espaço vazio cheio de significado, do que um espaço cheio de significados vazios…
Este post resulta da leitura de alguns textos referentes ao post anterior.
Há algum tempo eu havia guardado alguns escritos referente ao Universalismo e, entre esses escritos estavam textos de duas ou três denominações universalistas.
Agora, ao compartilhar as definiçoes dada por Zarur, não o faço no sentido de me desvencilhar do texto, mas de dividi-lo com quem aqui me lê para amplificar o seu sentido.
Percebo que quando há em nós a propensão à caridade aliado a esse senso universal sobre a vida, acabamos por " levar " uma vida, de certa forma, franciscana ( de Francisco de Assis).
Quando comecei a ler o texto sobre – A religião de Deus – buscando separar o que deveria descartar, pensei, inicialmente, que este não me era mais útil, mas, refletindo um pouco percebi o quanto ele ecoava em meu íntimo, então decidi postá-lo.
É assim mesmo, quando nos identificamos em um texto, é porque primeiro ele nos leu, só então o lemos…E depois, minha alma segue insistindo em ser encantada por todas as formas de manifestações religiosas…
Falar em uma Religião de D'us faz-nos supor a Religião Verdadeira, mas em mim o senso crítico logo vem à tona e pergunto: D'us tem religião?!
Porque afirmar que há uma religião verdadeira é, também, afirmar que as outras são falsas. Claro, isso é possível para quem escolhe uma e descarta as outras. Contudo não faz sentido para quem acolhe todas, ou nenhuma em especial...
... ( Não confundir essa não escolha de uma em especial como ateísmo, pois aqui há a crença de que todas as formas de manifestações são divinas, e não a negação do divino. ).
Neste caso, o centro irradiador da religiosidade é esférico não angular, vertendo para todo as direções e zonas periféricas.
Pode ser que a maior fraqueza das tradições religiosas esteja justamente neste ponto. Existe Uma Verdade, mas Ela não irradia-se ( propaga-se ) de forma angular, e sim esférica. A absorção pela maioria dos seres encarnados é que é angular ( aos mais adiantados pode até ser circular, mas ainda não é esférica. ).
A Verdade é Única. Portanto, se considermos todos os demais ângulos como falsos, formamos uma dialética negativa como maneira de afirmar um único ângulo, que é somente um ponto de vista ( verdade relativa. ), sobre o que é Inominável.
Certa vez, um estudante fez a seguinte pergunta ao budista, então Superior, Miyoshi, que participava de um encontro multireligioso no estado da Paraíba: “Qual é a religião verdadeira?”. Sem muito pensar, a resposta foi enfática: “Aquela que promova o bem estar para a maioria”. Eu diria: " aquela que contém todas e nenhuma, e não há 'outras' ."
Há uma enorme diversidade religiosa, e supor que uma está mais ou menos correta perante D'us é limitar O Criador à nossa falta de compreensão.
Penso que se D'us aceitou uma única religião como boa, então aceitou todas as outras também, pois uma religião deve atender às necessidades humanas de se " religar" à D'us em primeiro lugar, e depois às querelas metafísicas dos dogmas. Ou, continuaremos a conceber um deus que continua a criar cains pela terra.
E neste mundo há idéias ( leia: ilusões ) demais e pouca ( realiza- ) ação. Aliás, existe uma espécie curiosa de pessoas discutindo ( leia: defendendo ) " idéias inúteis".
E porque estou com a mente apimentada... Umas dizem: " mas o meu
' mestre ' é verdadeiro; fulano servia ao mal, sicrano era/é; não era/é avatar"; " Deus é isso; é aquilo, ou, " beltrano é; não é Deus, e de outro lado outros dizem deus/diabo não existe.
Bem, em relação ao segundo grupo, não há o que discutir, pois não se discute sobre o que não existe. Já quanto ao primeiro grupo, forçam na minha mente aquele refrão provocatico: “a religião é ópio do povo”.
Em minhas reflexões a respeito desta colocação, penso que muitas religiões acabam mesmo tornando-se o ópio, não porque para isso foram fundamentadas.
Mas porque há pessoas que precisam de ópio para continuar vivendo, e por causa de suas necessidades viciam-se por tudo o que lhes oferece consolo, apegando-se às ideologias na esperança de serem salvas, delas mesmas. Como, dependentes em busca do ópio, uma multidão de necessitados fazem fila, onde quer que se lhes ofereça o menor alívio.
Então todas as religiões são ópio? - Qualquer uma pode vir a tornar-se, caso haja praticantes que necessitem da droga que ela irá representar.
Todo e qualquer fundamento religioso que descambar para a idolatria, seja da liturgia, seja das imagens, das alegorias, dos cantos, ou de seus líderes, como algo que " acrescenta valor" ao indivíduo, tornar-se-a ópio.
Este é o ópio. Assim, toda e qualquer religião pode ser tudo aquilo que o praticante desejar que ela seja.
Pode-se acreditar no poder dos mestres? Não estou falando dos Mestres, e sim de mestres, com m minúsculo. Penso que o pior ópio de qualquer religião seja quando " o mestre " se torna idolatrado ( estando ele encarnado ou não )...
Quando isto ocorre, na minha singela opinião, ele ( o tal mestre ) deve ser destruído dentro da pessoa. Quando a destruição se efetua, então encerra-se o período da ilusão, e o ser volta a sentir D'us como D'us e seu semelhante como seu semelhante de verdade.
Por isso me sinto bem dentro da universalidade umbandista, não se ganha nada, apenas trabalha-se para o próprio crescimento ( um esforço semelhante àquele empregado pela criança ao levar o talher de comida à própria boca, para continuar a viver e crescer, até tornar-se adulta e, ainda assim, como adulta continuar com o ritual para a manutenção do que se conquistou ).
Deve-se respeitar tanto o mendigo que mora nas ruas, quanto qualquer irmão abastado, o irmão supostamente evoluido tanto quanto ao que se sabe caído.
Na verdade, aquele mendigo tanto quanto eu, segundo os próprios recursos no momento, apenas está " comendo a sua porção diária de alimento".
Sou médium em tempo integral, ou seja, sirvo na hora que D'us quiser, na hora em que as Hierarquias divinas precisarem de mim como instrumento, e não com hora marcada porque me é mais conveniente.
Se batem à minha porta e o pedinte está morendo de sede e fome, não lhe mandarei esperar dar a hora do jantar para socorrê-lo. Dou-lhe do que tiver no momento...
Me parece que fazer caridade apenas em lugares pré estabelecidos e preparados, e com o reloginho marcando o tempo, é egoísmo. Esta é uma caridade exclusivista, protótipo do pequeno elitismo, também é ópio.
Tudo aquilo que estimula a ilusão e o separatismo é ópio. É ópio também a leitura de frases de efeito, de “auto-ajuda” com seu compartilhamento nas redes sociais, e, na realidade não se faz nada para transformar o mundo.
É cinismo praticar o espiritualismo/espiritismo e continuar na inércia do “faço de conta que não vejo nada”, ou " faça o que digo, mas não o que faço! ".
Lembrando dos exemplos de Sidhartha e Jesus, o Caminho requer renúncia. Renúncia inclusive do ópio da família, dos mestres, das religiões..., e das fraternidades amadas
O entendimento de uma Bem Aventurança é como estar navegando num único barco em que todos os outros também se abrigam. Lá se abrigam os cristãos, muçulmanos, judeus, palestinos, ateus, sábios, alienados, homens, mulheres, pedras, cachorros e gatos...
Caso o barco venha a sofrer uma avaria, todos sofrerão as consequências. Há pois, a necessidade de todos colaborarem para o bem de todos, assim, quem sabe, o barco não afunda. Pensar que apenas as pedras ou os alienados irão afundar é uma grande ignorância.
Entendo uma religião como ponte de libertação, de iluminação e como ponte, todas são ótimas se servir para atravessar o rio, ao contrário do ópio que ilude supondo que só uns privilegiados podem atravessar ( ..., e, libertação, e iluminação não é passe de mágica! Lembremos-nos de que a criança leva um bom tempo para se tornar adulta.).
Tal qual o pediatra, o nutricionista, que ajudam os genitores a encontrar ao alimento que melhor nutrirá a sua criança, um líder religioso de uma determinada denominação deve judar os fiéis, sem discriminação das outras ( pediatras e nutricionistas não se dizem os únicos donos da razão, em seu meio! ), a encontrar o melhor meio para a própria iluminação.
Bem, fico por aqui para não me aprofundar de forma a tornar meu texto incompreensível a alguns.
VSL