A Cristologia é o estudo sobre Cristo; é uma parte da teologia cristã que estuda e define a natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção à relação com Deus, às origens, ao modo de vida de Jesus de Nazaré, visto que estas origens e o papel dentro da doutrina de salvação tem sido objeto de estudo e discussão desde os primórdios do Cristianismo.
Eixo central da Cristologia
A Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias nações, dentro de várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes e mesmo com algumas controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no eixo central da cristologia no decurso da história do cristianismo são:
·a natureza divino-humana de Jesus (União Hipostática);
·a encarnação;
·a revelação de Deus;
·os milagres;
·os ensinamentos;
·a morte expiatória;
·a ressurreição;
·a ascensão;
·a intercessão em nosso favor;
·a parousia;
·o ofício de Juiz;
·a posição como Cabeça de todas as coisas; e
·a centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração.
·a volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creêm nele.
Talvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era Deus. Um número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora simplesmente o Messias humano prometido no Antigo Testamento.
A inclusão das genealogias de Jesus Cristo em São Mateus 1,1-17 e São Lucas 3,23-38 são explicadas às vezes por esta opinião. Uma explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos Gnósticos que afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano e, assim, nenhuma ancestralidade humana.
A opinião de que Jesus era somente humano foi oposta por líderes da igreja tais como São Paulo, e veio eventualmente a serem aceitas somente por seitas como a dos Ebionitas e (de acordo com São Jerônimo) dos Nazarenos, mas logo subjugadas pelas igrejas ortodoxas de uma forma ou outra.
A Natureza de Cristo
A natureza de Jesus Cristo, é uma questão da busca por determinar se Cristo era um homem com a tendência para pecar igual à de Adão antes do pecado (pré-lapsarianismo) ou uma tendência ao pecado, igual à de Adão depois do pecado (pós-lapsarianismo), ambas diretamente relacionadas com o Plano da Salvação, visto que o ministério de Cristo, se caracterizava pelo exemplo na superação do pecado, mostrando que era possível o homem viver sem pecar.
Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:
·Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai sendo uma criatura sua;
·Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era "carnal" apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão;
·Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que teria se tornado Cristo no ato do batismo;
·Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união de elementos divinos e elementos humanos.
·Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades vivendo no mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo).
·Miafisismo, que defende que em Jesus Cristo há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem natural e completamente para formar uma única e unificada Natureza de Cristo.
·Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas sim "aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade ;
·Trinitarianismo, que crê em Jesus como a segunda pessoa da Trindade divina.
Cristologia Ortodoxa
A Cristologia ortodoxa, defendida pelas Igrejas Católica, Ortodoxas e Protestantes, tem por base o Concílio de Calcedônia (em 451 d.C.), o qual estabelece as bases desta corrente, na qual o Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (união hipostática) e se apresenta em duas naturezas sem distinção, indivisíveis e inseparáveis, de tal forma que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando unidas numa só pessoa.
Para os defensores desta cristologia, o termo "Filho de Deus" aplicado a Jesus deve ser interpretado com a natureza de Deus, gerado já desde o início de tudo e, portanto co-eterno.
Cristologia Monofisita
Discordando da Cristologia Ortodoxa, os monofisitas afastaram-se para compor as Igrejas dissidentes da Síria, da Armênia, do Egito, da Etiópia e da Índia do Sul.
Para eles a natureza divina em Jesus era muito mais forte e preponderante daquela natureza humana.
Mas, estas mesmas Igrejas dissidentes rejeitam o rótulo de monofisita, porque elas afirmam que defendem na verdade o miafisismo, que é a crença de que em Jesus há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem para formar uma única e unificada Natureza de Cristo.
Estas Igrejas afirmam que o miafisismo é diferente do monofisismo, mas esta doutrina cristológica igualmente se diverge da doutrina ortodoxa da união hipostática.
Cristologia Ariana
O arianismo, que recebeu este nome por ser derivado da doutrina de Ário, apresenta uma distinção clara entre o Cristo e o Logos como razão divina.
O Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, porém mais que homem. "O logos é a própria razão divina a qual Deus pai admitiu sair de si mesmo sem a diminuição do seu próprio ser. (Justino Martir)
Fonte: Bíblia, Wikipedia
Cristologia
A Doutrina de Jesus Cristo - de Esequias Soares aborda a natureza humana e divina de Jesus Cristo, seus ofícios como: profeta, sacerdote, rei além dos seus títulos e obras.
São 13 capítulos nos quais o objetivo é oferecer ao leitor a verdadeira identidade de Cristo como revela a Palavra de Deus, denunciando as idéias errôneas dos céticos e dos cultores heterodoxos.
Seu caráter apologético defendendo a Cristologia bíblica, no uso de termos-chave cristológicos, a profundidade no estudo dos ofícios de Cristo e os detalhes e a forma de apresentação: de maneira sistemática e em forma de comentários de passagens bíblicas alusivas ao tema fazem desta obra um valioso compêndio, indispensável para todo aquele que deseja conhecer mais a respeito de Cristo.
ARIANISMO
O arianismo foi uma visão Cristológica sustentada pelos seguidores de Arius, bispo de Alexandria nos primeiros tempos da Igreja primitiva, que negava a existência da consubstancialidade entre Jesus e Deus, que os igualasse, fazendo do Cristo pré-existente uma criatura, embora a primeira e mais excelsa de todas, que encarnara em Jesus de Nazaré.
Jesus então, seria subordinado a Deus, e não o próprio Deus. Segundo Ário só existe um Deus e Jesus é seu filho e não o próprio. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo.
Com esta linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou, na obra "The Arian Controversy": "O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério"[1]
História
Por volta de 319 Ário começou a propagar que só existia um Deus verdadeiro, o "Pai Eterno", princípio de todos os seres. O Cristo-Logos havia sido criado por Ele antes do tempo como um instrumento para a criação, pois a divindade transcendente não poderia entrar em contato com a matéria.
Cristo, inferior e limitado, não possuía o mesmo poder divino, situando-se entre o Pai e os homens. Não se confundia com nenhuma das naturezas por se constituir em um semi-deus. Ário afirmava ainda que o Filho era diferente do Pai em substância.
Essa ideia ligava-se ainda ao antigo culto dos heróis gregos, dentre os quais para ele Cristo sobressaía com o maior, embora apenas possuísse uma divindade em sentido impróprio. Como meio de difusão mais abrangente de suas ideias, fê-lo sob a forma de canções populares.
Um primeiro sínodo, em Alexandria, expulsou Ário da comunhão eclesiástica, mas dois outros concílios, fora do Egito, condenaram aquela decisão, reabilitando-o. Árius procurou o apoio de companheiros que, como ele, haviam sido discípulos de Luciano de Antióquia, em especial Eusébio, bispo de Nicomédia (atual İzmit).
A luta que se seguiu chegou a ameaçar a unidade da Igreja e, ante o perigo de fragmentar também o império, levou o imperador Constantino a enviar Ósio, bispo de Córdoba, seu conselheiro particular, como mediador.
O insucesso da missão levou-o a convocar, em 325, um concílio universal em Niceia (atual İznik).
No Primeiro Concílio de Niceia (325) a maioria dos prelados, corroborada pelo próprio Constantino graças à influência de Santo Atanásio (criador do termo "homoousios", siginificando "de substância idêntica" – para descrever a relação de Cristo com o Pai), condenou as propostas arianas, e declarou-as heréticas, obrigando à queima dos livros que as continham e promulgando a pena de morte para quem os conservasse.
Definiu ainda o chamado "Símbolo de Niceia".[2]
As inúmeras dúvidas suscitadas pelo Sínodo de Niceia reacenderam as lutas, com os prelados acusando-se mutuamente de hereges.
Várias fórmulas dogmáticas foram ensaiadas para complementar a de Niceia, acentuando ainda mais as divisões, num conflito que expôs cada vez mais as diferenças entre o Ocidente latino e o Oriente grego, envolvendo disputas de primazia hierárquica e de política.
Desse modo, num novo sínodo geral, celebrado na fronteira dos dois impérios, os ocidentais se congregaram em torno do símbolo de Niceia e excomungaram os herejes.
Os orientais, a seu apoiaram as ideias de Ário e excomungaram não apenas os bispos apoiantes de Niceia como também o próprio bispo de Roma.
Ário retornou a Constantinopla em 334, a chamado de Constantino e, segundo a lenda, faleceu em 336 quando a caminho de receber a comunhão novamente.
As ideias de Ário foram adotadas por Constâncio II (337-361) sem que, entretanto, se impusessem à Igreja. Difundiram-se entre os povos bárbaros do Norte da Europa, quando da evangelização dos Godos, pela ação de Ulfila, missionário enviado pelo imperador romano do Oriente. Os Ostrogodos e Visigodos chegaram à Europa ocidental já cristianizados, mas arianos.
Uma carta de Auxentius, um bispo de Milão do século IV, referindo-se ao missionário Ulfila, apresentou uma descrição clara da teologia ariana sobre a Divindade: Deus, o Pai, nascido antes do tempo e Criador do mundo era separado de um Deus menor, o Logos, Filho único de Deus (Cristo) criado pelo Pai.
Este, trabalhando com o Filho, criou o Espírito Santo, que era subordinado ao Filho e, tal como o Filho, era subordinado do Pai. Segundo outros autores, para Ário o Espírito Santo seria uma criatura do Logos (Filho).
A questão só seria debelada quando, em fins do reinado de Teodósio, ao tornar-se religião oficial do império, o cristianismo ortodoxo-romano afirmou-se em definitivo.
Após o século V, graças às perseguições, o movimento desapareceu gradualmente.
Séculos mais tarde, o nome "Arianos" foi usado na Polónia para referir uma seita Cristã Unitária, a irmandade polaca (Frater Polonorum). Eles inventaram teorias sociais radicais e foram precursores do Iluminismo.
Paralelos modernos
"Semi-arianismo" tem sido um nome aplicado a outros grupos não-trinitários, desde então como as Testemunhas de Jeová e a Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora.
Por exemplo, muitas vezes tem-se dito que as Testemunhas de Jeová e a Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora, estariam seguindo uma forma de arianismo, visto que também não crêem na Trindade, e consideram Jesus como O Filho de Deus.
Mas as Testemunhas de Jeová discordam deste ponto de vista, afirmando que suas crenças não se originam dos ensinamentos de Ário, e que, não adoram o “Deus desconhecido” de Ário.[3]
A doutrina espírita também compreende em Jesus o ser humano mais iluminado, que serve de guia e modelo à humanidade, mas não o confunde com Deus. Na pergunta 17 do Livro dos Espíritos se afirma que "Deus não permite que tudo seja revelado ao homem neste mundo."
Os três (Deus Pai, Jesus Cristo e Espírito Santo) separados
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias também prega a separação de Deus que é pai, Jesus Cristo que é filho literal na carne e Espírito Santo que é o que testifica aos homens as coisas de Deus.
Em consonância com a regra de fé (Primeira Regra de Fé) Joseph Smith Jr. o primeiro profeta da igreja teve uma visão em que viu Deus e Jesus Cristo lado a lado, no que é conhecido como a primeira visão. Existem outros que viram Deus e Jesus Cristo como seres separados, um exemplo bíblico é Estevão, no qual é dito (na tradução de João Ferreira de Almeida):
"Mas ele, estando cheio de Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." (Atos 7:55-56)
A Igreja da Unificação (Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial) fundada pelo Reverendo Sun Myung Moon, também prega e crê na separação entre as pessoas de Deus, Jesus e o Espírito Santo.
Segundo a Teologia Unificacionista, Deus, o Criador encerra em si mesmo as dualidades masculina e feminina, e que Jesus representa a masculinidade perfeita de Deus, enquanto que o Espírito Santo representa a femininidade perfeita de Deus.
Se Jesus não tivesse sido rejeitado pelos seus contemporâneos, Ele constituiria a primeira família perfeita (livres do Pecado original), como Adão e eva restaurados e aperfeiçoados. Sua esposa seria a femininidade divina em substância assim como Ele é a masculinidade divina em substância refletindo a perfeita imagem de Deus na terra.
Como ele morreu sem constituir uma família substancial, Jesus permaneceu como a substância da masculinidade divina em espírito somente e o Espírito Santo assumiu o papel da femininidade substancial em espírito somente, ficando a realização no plano físico por conta da Segunda vinda do Cristo.
Portanto para os unificacionistas, não é errado a crença de que Jesus é Deus e o Espírito Santo é Deus, ou que ambos são Deus, já que isto pode ser dito de um casal que substancialize as características duais de Deus de forma substancial aqui na terra (que era o ideal de Deus para com Adão e Eva).
Por isto Jesus era chamado o último adão, e também Ele dizia que ele mesmo era Deus, ao mesmo tempo que O chamava de Pai.
Notas:
The Arian Controversy in
Nele se afirmava que o Verbo era o verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai, possuindo em comum com Ele a natureza divina e as mesmas perfeições.
Despertai! 8 de fevereiro de 1985, página 17
Bibliografia
SPINELLI, Miguel. Helenização e Recriação de Sentidos. A Filosofia na Época da Expansão do Cristianismo – Séculos II, III e IV. Porto Alegre: Edipucrs, 2002 pp. 237 a 292
Fonte: Wikipedia