Por que até nos mais altos graus de felicidade o coração continua inquieto? Por que não podemos aceitar simplesmente a alegria e abraçá-la com todo nosso corpo e com toda a nossa alma?
A felicidade dá medo, não dela mesma, mas de não ser real, de ser demais, de ser um sonho... por isso tanta inquietação nos momentos que poderiam ser vividos como se os outros não mais existissem, por isso o olhar pra trás pra ver se a tristeza não seguirá o mesmo caminho, não virá estragar esse tão esperado bocado de alegria.
E por que ficamos nesse estado de expectativa é que não tomamos posse total daquilo que recebemos. Parte de nós se alegra e outra vigia, olha de lado, espera até, para que depois nos sintamos reconfortados no nosso desejo de ter razão.
Deus não nos dá presentes pela metade. Aquilo que nos oferece, oferece inteiramente e se não aproveitamos plenamente daquilo que recebemos é porque nós mesmos estragamos isso com nossas dúvidas e incertezas.
Abrimos nosso coração e deixamos nele uma janela aberta para ver voar nossa alegria. E ainda nos consolamos depois dizendo que a vida é assim. Não... a vida não é assim! Nós a fazemos!
As pessoas mais felizes são aquelas que bebem o riso e se sustentam desse momento presente como se amanhã nunca fosse chegar. Elas pegam de cada dia aquilo que recebem, selam cada noite e cada manhã com uma oração de agradecimento e bastam-se.
Devemos aprender que a vida não é uma fatalidade, embora existam momentos fatais. A alegria não é irmã gêmea da dor e o riso não dá a mão ao choro. Somos nós os responsáveis desse estado de espera, nós que atraímos pra dentro aquilo que repudiamos.
Aquele que quer ficar doente, fica doente, aquele que quer curar-se, cura-se. O que tem fé vai muito longe e o que aproveita da vida, come, bebe e dorme e ainda é coroado com lindos sonhos.
Letícia Thompson