2011-11-17

DOUTRINA SEM RELIGIÃO









TANTOS CAMINHOS



Como instituição, ela poderia existir ou não; existem tantas instituições, tantas seitas, tantas religiões.

Vemos, por exemplo, que depois do protesto de Lutero surge o protestantismo e hoje existem mais de quatrocentas seitas diferentes com base no mesmo protestantismo.

Há no Catolicismo outras tantas variantes da religião católica. Vamos ao Oriente e vemos várias seitas derivadas do Budismo.

No Japão encontramos o desdobramento de seitas como o xintoísmo, com variações de cultos segundo a crença e a necessidade de cada pessoa.

Assim podemos indagar por que tantas e tantas sendas ou tantos caminhos.



A SALVAÇÃO


Então dizemos: É preciso se ver em primeiro lugar, que existem dois norteamentos de idéias dentro da conceituação espiritualista, religiosa, ou que nome possa ter:

1. Há religiões que trabalham a salvação do indivíduo post-mortem. Se ele faz o bem, vai ter o céu ou o paraíso; se faz o mal, vai ter o inferno, ou se foi um mal menorzinho, vai ter o purgatório. Aí está a salvação depois da morte.

2. Há um pequeno grupo que vê a salvação agora, de imediato. É nesse grupo que incluímos a Corrente da Paz Universal, pois vemos o indivíduo no presente.

Não estamos cogitando de um passado que já perdeu, o que ele era, ou o que foi, e muito menos o que será num futuro.



O PERDÃO ILUSÓRIO


Como idéia, nos afinamos com uma outra doutrina, também de base esotérica, como a nossa, que é a Teosofia, pois primamos pelo encaminhamento da criatura humana com uma auto-responsabilidade.

Ela não pode melhorar do dia para a noite e ficar para o passado, sem haver colheita nenhuma, todo o mal que praticou. Não acreditamos que possa estar praticando crueldades.

praticando coisas não muito elevadas, até mesmo baixas, mas se se voltar para a Igreja, que são vários tipos de igreja, ela de repente encontra solução para tudo.

Seu mal fica como que apagado de vez, completamente apagado, e isso deixa a criatura com uma alminha nova em folha.

Isto é bem diferente do que ensinam os princípios esotéricos e universalistas que defendo. Bem diferente é do que eles pregam e ensinam.

O importante é o indivíduo em si, aprendendo uma forma de se auto-realizar-se.



A ALMA É O ESTOJO DE DEUS


Nosso caminho é mais um princípio de psicologia avançada, que propriamente uma religião.

Entendam o que quero dizer por psicologia, que seria o conhecimento da alma.

De um alma não na forma preceitual da psicologia comum, que é materialista. A alma, para Freud, não existia. Existia o psiquismo.

A alma era um nome. E assim a psicologia que se estuda em universidades atuais, é uma psicologia até sem alma, falando de alma.

Para nós a alma é eterna; ela está conosco agora. Mergulhada em nós.

Vivendo em nós, e dentro dessa alma, que está mergulhada em nós, existe uma potência; figurativamente, uma estrela, um fragmento de Deus, pois a alma, ao mergulhar em nós, traz em si esse fragmento.

A alma exercerá o papel de sensibilidade, a girar sobre nossos pensamentos, sobre nossas atitudes.

Mas se não tivermos atitudes harmônicas, num procedimento fraterno, cheio de doçura, de desprendimento, não vamos descobrir, dentro de nossa alma, essa centelha divina.

E a centelha divina será caracterizada como o Eu divino que está em nós.



DOUTRINA SIM, RELIGIÃO NÃO

Ora, esse aglomerado de instituições e de seitas suscitou algo diferente, porque esposamos uma doutrina sem sectarismo.

Aí começa um panorama diferente. Não perguntamos aos senhores: Qual a sua religião? Que princípios místicos o senhor ou a senhora professam?

E caso fôssemos fechados dentro de limites, de repente umas pessoas, por terem estas ou aquelas religiões, por nós não se interessariam. Eu também não me interessaria em fazer palestras para elas.

O que seria um verdadeiro absurdo, porque se a minha doutrina vê alma e o espírito que está em cada um, vê algo mais importante do que o invólucro, do que o selo aparente da uma religião.

As religiões se modificam, as doutrinas se adaptam dentro do espaço e do tempo, mas a criatura humana não, ela é, dentro dela mesma algo de permanente.

E foi este ponto permanente que descobri em mim e em outras tantas pessoas que me fez fundar um Movimento que chamasse a atenção para o indivíduo e tudo que ele pudesse fazer de proveitoso para a sua felicidade.



PODEMOS SER FELIZES


Com essa idéia de termos algo de divino e profundo em nosso interior, algo de eterno, vejam que beleza. Passamos a ver que entrando em contato com esse ponto divino da consciência superior em nós, somos felizes, porque todas as dores e as mágoas que tivéramos ou que estão conosco ou que virão a estar, não atingirão esse centro interno.

Pensem comigo. Fizemos com isso uma descoberta estupenda.

Há algo em mim que não sofre, e que eu posso me apoiar neste algo que não sofre; basta me concentrar nesse centro de força, e não vou sentir mais as dores morais, e às vezes até físicas.



AJUDAR-SE PARA AJUDAR


Com isso estarei preparado para uma grande marcha dentro de minha evolução na Terra, porque quem está preparado para sentir que domina de seu interior as suas fraquezas, está preparado também para ajudar seu semelhante.

Quem não tem domínio sobre si mesmo não pode ajudar ninguém.

E é exatamente este um dos pontos mais importantes, porque por ter domínio sobre si mesmo e poder ajudar alguém é que essa criatura assim preparada pode ser considerada como componente da Fraternidade humana.

E o grande trabalho nosso, como o de todas as doutrinas, universal nesse ponto do espiritualismo, é fazer preponderar de fato entre os homens e mulheres, uma doação permanente, nas áreas individuais e coletivas.



UNIVERSALISMO ESOTÉRICO


Chega de tanta separação: “Você é de outro caminho, não é do meu!” “Eu sou de outra seita, não tenho nada com você.”

“Não posso ler seu livro, porque é proibido pela minha religião. Eu só leio determinado livro que me impuseram.”

Isso tudo é produto de uma ignorância que a humanidade vai perdendo devagar ou perderá de vez um dia, porque feliz é aquele que tem a liberdade de palmilhar as sendas de todos caminhos, e usar da inteligência para compreender a doutrina de seu próximo.

A isso se chama Universalismo. – E por que Esotérico? Porque se formula algo oculto dentro dos ensinamentos dos chamados grandes Mestres.



OS GRANDES MESTRES


Mas quem são esses grandes Mestres? Uma pergunta natural. Um teósofo responderia logo, e nós, que somos universalistas e esoteristas, também como eles responderíamos: “‘Existem, sim!”

Não pensamos que a Terra é composta só de indivíduos maus ou alguns bons, ou seja, também, composta de indivíduos que são dirigidos politicamente e outros que dirigem politicamente os povos e as nações.

Há seres de hierarquias mais elevadas. Grande parte encarnados no mundo, que vivem em santuários na Terra.

Esses seres são chamados de grandes Mestres, os Senhores de piedade, são os Iluminados.

São seres que, inesperadamente socorrem criaturas que jamais esperavam que fossem socorridas. Esses seres já podem ter apertado a mão de cada um de vocês, ter visto vocês numa praça, ter observado uma deficiência psíquica, um medo, uma fobia, que cada um às vezes tem e procurado se aproximar para tirar a angústia desse estado.



A FRATERNIDADE ATIVA


Dentro desse turbilhão que é o mundo, vocês pensam que não há uma Fraternidade? De seres iluminados? Fiquem certos que há, e eu faço parte dela, quero ser fraterno, e todo aquele que quiser será componente dessa Fraternidade.

Ela exerce influências benéficas através das artes, das ciências, como da medicina, das filosofias e até das religiões.

Seres há que se reúnem em grandes universidades e se encontram nos lugares mais inesperados. Vou contar rapidamente um caso, para se ter idéia de grupos fraternos que atuam dentro de universidades e em lugares diferentes. Vou citar o célebre grupo da Argélia.

Eram seres e SÃO, que se dedicam ao bem da raça humana, são membros de todos os países. Uns são negros, outros são de tez de hindu, outro é louro de olhos azuis e assim por diante. Eles se reúnem, e durante um certo tempo se reuniram na Argélia.



O GRUPO DA ARGÉLIA



Um amigo meu íntimo fez parte desse grupo e me contou uma das coisas mais extraordinárias. Pela Lei suprema do livre-arbítrio da Humanidade, não pode haver interferências, ninguém pode interferir no destino de um povo, de uma nação, ou de uma pessoa, porque todos devem cumprir o seu carma.

Mas esses grandes seres compreendem a Lei muito acima de nós, e quando as coisas vão ficando excessivas, eles interferem. Então se deu o caso com um desses componentes que era da Manchúria:

O caso do Vietnã – Foi lançada em debate a questão do Vietnã. Vocês que lêem, os com mais idade que acompanharam, sabem o horror que foi o Vietnã.

Não havia jeito, de parar a covardia. Todos os dias morriam crestados com napalm e outras armas, com experiências de armas novas milhares e milhares de pessoas.

Eles se reuniram e disseram: “Este conflito já chegou ao clímax. Superou a dor necessária da libertação de alguém.”

“Eu tenho a solução” – O jogo político era tão acirrado, que até mesmo os componentes russos, americanos e europeus, que numa assembléia tentavam acabar com a guerra no Vietnã, não encontravam em suas cabeças uma formulação justa nem equânime.

De repente, no meio deles, sem que ninguém tivesse notado, levanta-se o homem da Manchúria, de pequena estatura, um “orientalzinho”. Levanta-se na assembléia e fala num inglês arrastado e estranho: “Eu tenho a solução.”

Os presentes, surpresos com aquele indivíduo estranho que vem trazer a solução para um conflito monumental, impossível para eles, ouviram o que tinha a dizer: “Eu tenho a solução!”

As sete palavras – Quatro ou cinco se retiraram, julgando que se tratava de um louco, e ficaram os demais membros militares, já muito preocupados com o prolongamento daquela tragédia toda.

O homem vai, escreve num papel sete palavras e pede para cada um dos presentes copiar e passar para os outros. Daquele dia em diante, a paz se fez no Vietnã. O que ele escreveu?

O que ele falou? Aquele “orientalzinho”, para ter uma característica, deixou seu recado e ninguém mais o encontrou. Em nenhum país. Era o componente de um grupo dedicado ao trabalho pela paz entre os homens.



ESTA É A NOSSA DOUTRINA


E assim, em várias regiões da Terra, há lugares, às vezes bem escondidos ou conhecidos, sendo os mais importantes no Himalaia e, fiquemos satisfeitos, na América do Sul, no Iucatã.

Fraternidades dedicadas ao Bem, e cuja doutrina, que eles procuram espalhar pelo mundo, não é diferente desta doutrina que eu há trinta anos venho passando para todos que queiram me ouvir, e tenho a certeza de que quem ouvir minhas palavras, não são minhas essas palavras, e praticar e viver dentro de si em meditação o que estou dizendo, vai se sentir muito feliz, e amará de tal modo a seu semelhante, que se nivelará aos deuses mais puros e se tornará uma criatura liberta de todas as angústias terráqueas.


Luiz Goulart


Luiz Goulart explica, numa palestra no início dos anos 70, 

por que criou a Corrente da Paz Universal.