Alguma vez, em nossas vidas, nós já tentamos controlar alguém. Isso é inevitável, pois quem nunca aconselhou um amigo para evitar que ele fizesse uma grande bobagem?
Dar um conselho, uma ajuda, estender a mão é uma forma leve de controle, pois desejamos que a pessoa tome a decisão que julgamos ser a correta, mas nem sempre é a melhor para ela.
Muitos de nós poderemos afirmar que não foi controle, mas sim amor, pois naquele momento estaríamos vendo algo que nosso amigo ou familiar não conseguia perceber, pois estava passando por uma crise.
Até aí, tudo bem – quando os sentimentos sublimes estão presentes, podemos ajudar dando opiniões, mas com a condição de somente emitirmos uma opinião quando alguém pede. Só se dá um parecer quando alguém vem até nós e o solicita.
A lei universal do livre arbítrio não permite que controlemos as atitudes dos demais, porque o carma é como uma senha bancária: pessoal e intransferível.
Partindo desse pressuposto, muitas vezes as pessoas que mais amamos não enxergam o mesmo que nós e precisam passar por
sérias dificuldades para crescerem e evoluírem.
Muitas vezes, o sofrimento é o melhor professor, o melhor pedagogo que vai trazer experiência e força para que cada um de nós possa vencer os nossos desafios.
Alguns de nós, que viemos curar arrogância e prepotência, muitas vezes acreditamos saber tudo o que pode acontecer, acreditamos prever algumas situações, e é aí que começa a obsessão de querermos controlar a vida das pessoas que nos rodeiam.
E o controle é um sentimento viciante, que nos domina ao ponto de abandonarmos a nossa vida para ficar vivendo a vida dos outros, comportando-nos como os outros, pensando no que os outros estão pensando, enfim, vivendo uma vida que não é a nossa.
Certa vez, em uma terapia, ouvi a frase: “Solte as pessoas!”.
É incrível como essa pequena frase me foi libertadora na época. Soltar as pessoas significa que ninguém depende de você, que cada um é livre para viver a vida do jeito que for melhor para cada um – afinal de contas, se tivéssemos que viver a vida de outra pessoa, teríamos encarnado em outro corpo, e não no nosso.
As pessoas são muito importantes em nosso caminho evolutivo, pois, como já falamos em outro momento, as relações são um grande desafio para todos nós e nos ensinam a evoluir, crescer, amar e perdoar. Entretanto, em primeiríssimo lugar, sempre estamos NÓS.
Então pergunto a você, caro leitor: “Como está a sua relação consigo mesmo? Você tem prestado atenção à sua vida? Tem cuidado dela? Ou está prestando mais atenção na vida das outras pessoas?”
Se você está mais concentrado na vida de outrem, experimente soltá-lo, deixá-lo ir, parar de preocupar-se em moldá-lo do jeito que você acha melhor e amá-lo do jeito que ele é. Assim estaremos experimentando uma das maiores dádivas: o perdão.
O perdão é fundamental em um relacionamento baseado no amor, pois por meio dele aprendemos a aceitar as pessoas que nos rodeiam e até mesmo a aceitarmos as nossas falhas e limitações, e esse sentimento ajuda na construção de nossa fortaleza interior, capaz de vencer as dificuldades.
Por Patrícia Cândido
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