Maledicência é o ato de falar mal das pessoas. Definição bem amena para um dos maiores flagelos da Humanidade.
Mais terrivel do que uma agressão fisica. Muito mais do que o corpo, fere a dignidade humana, conspurca reputações, destrói existências.
Mais insidiosa do que uma epidemia, na forma de boato - eu "ouvi dizer" - alastra-se como rastilho de pólvora.
Arma perigosa, está ao alcance de qualquer pessoa, em qualquer idade, e é muito fácil usá-la: basta ter um pouco de maldade no coração.
Toda pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Diminuir o valor dos outros dá ao maledicente a grata ilusão de aumentar o próprio valor.
A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesma. Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.
São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.
Tribunal corrupto, nele o réu está, invariavelmente, ausente. É acusado, julgado e condenado, sem direito de defesa, sem contestação, sem misericórdia.
Tão devastadora e, no entanto, não implica nenhum compromisso para quem a emprega. Jamais encontraremos o autor de um boato maldoso, de uma "fofoca” comprometedora.
O maledicente sempre "vende" o que "comprou".
Exemplo típico de seu poder infernal foi o comportamento da multidão, que reverenciou Jesus na entra da triunfal, em Jerusalém; no entanto, poucos dias depois, instigada pela maledicência dos sacerdotes judeus, festejou sua crucificação, cercando a cruz de impropérios e zombarias.
A maledicência tem sua origem, sem dúvida, no atraso moral da criatura humana. É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Não se dá conta aquele que se compraz em criticar a vida alheia, que a maledicência é um ato de autofagia (condição do animal que se nutre da própria substância, que come o próprio corpo). O maledicente pratica a autofagia moral.
Jesus adverte que o maldizente fatalmente será vítima da maledicência, quer porque onde estiver criará ambiente propício à disseminação de seu veneno, quer porque a Vida o situará, inelutavelmente, numa posição que o sujeitará a críticas e comentários desairosos, a fim de que aprenda a respeitar o próximo.
Deixando bem claro que a ninguém compete o direito de julgar, o Mestre recomenda que, antes de procurarmos ciscos no olho de nosso irrnão, tratemos de remover a lasca de madeira que repousa, tranquila, no nosso.
Se possuímos incontáveis defeitos, se há tantas tendências inferiores em nossa personalidade, por que o atrevimento de criticar o comportamento alheio?
E há os estudos de Psicologia que oferecem uma dimensão bem maior ao ensinamento evangélico.
Admitem hoje os psicólogos que tendemos a identificar com facilidade nos outros o que existe em abundância em nós. O mal que vemos em outrem é algo do mal que mora em nosso coração.
Por isso, as pessoas virtuosas, de sentimentos nobres, são incapazes de enxergar maldade no próximo.
É preciso, portanto, treinar a capacidade de enxergar o que as pessoas têm de bom, para que o Bem cresça em nós. O primeiro passo, difícil, mas indispensável, é "minar a maledicência."
Um recurso valioso para isso é usar os três crivos, segundo velha lenda de origem desconhecida, que vários escritores atribuem a Sócrates, outros a Hiram, mestre maçon, e lembrada pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, em mensagem publicada pela revista "Reformador", no mês de junho de 1970:
"Certa feita, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, Sócrates... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa de muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... - ajuntou o sábio, prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos? - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro, três crivos. Observemos se a tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza quanto aquilo que me pretendes comunicar?
- Bem - ponderou o interlocutor -, assegurar, mesmo, não posso... Mas, ouvi dizer e...então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não ... Muito pelo contrário...
- Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... - aduziu o visitante ainda mais agitado. - útil não é...
- Bem - rematou o filósofo num sorriso -, se o que me tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem qualquer edificação para nós. . . "
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.
Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas. Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.
Pense nisso!
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.
A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”.
São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.
Tribunal corrupto, nele o réu está, invariavelmente, ausente. É acusado, julgado e condenado, sem direito de defesa, sem contestação, sem misericórdia.
Tão devastadora e, no entanto, não implica nenhum compromisso para quem a emprega. Jamais encontraremos o autor de um boato maldoso, de uma "fofoca” comprometedora.
O maledicente sempre "vende" o que "comprou".
Ninguém está livre dela, nem mesmo os que se destacam na vida social pela sua capacidade de realização, no setor de suas atividades. Estes, ao contrário, são os mais visados.
Nada mais gratificante para o maledicente do que mostrar que "fulano não é tão bom como se pensa".
Não há agrupamento humano livre da maledicência.
Está presente mesmo onde jamais deveria haver lugar para ela: em instituições inspiradas em ideais religiosos de serviço no campo do Bem.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin, maconha ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras. Fala-se muito por falar, para “matar tempo”.
A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Quando se manifeste nessas comunidades, infiltrando-se pela invigilância de companheiros desavisados, que se fazem agentes do Mal, é algo profundamente lamentável, provocando o afastamento de muitos servidores dedicados e aniquilando as mais pr omissoras esperanças de realização espiritual.
Nem mesmo o Cristo, inspiração suprema desses ideais, esteve livre dela.
Nada mais gratificante para o maledicente do que mostrar que "fulano não é tão bom como se pensa".
Não há agrupamento humano livre da maledicência.
Está presente mesmo onde jamais deveria haver lugar para ela: em instituições inspiradas em ideais religiosos de serviço no campo do Bem.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin, maconha ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas seguras. Fala-se muito por falar, para “matar tempo”.
A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Quando se manifeste nessas comunidades, infiltrando-se pela invigilância de companheiros desavisados, que se fazem agentes do Mal, é algo profundamente lamentável, provocando o afastamento de muitos servidores dedicados e aniquilando as mais pr omissoras esperanças de realização espiritual.
Nem mesmo o Cristo, inspiração suprema desses ideais, esteve livre dela.
Exemplo típico de seu poder infernal foi o comportamento da multidão, que reverenciou Jesus na entra da triunfal, em Jerusalém; no entanto, poucos dias depois, instigada pela maledicência dos sacerdotes judeus, festejou sua crucificação, cercando a cruz de impropérios e zombarias.
A maledicência tem sua origem, sem dúvida, no atraso moral da criatura humana. É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.
Intelectualmente, a Humanidade atingiu culminâncias. Chegamos à Lua, desintegramos o átomo.
Moralmente, entretanto, somos subdesenvolvidos, quase tão agressivos e inconseqüentes como os habitantes das cavernas, e, se o verniz de civilidade nos impede de usar a clava, usamos a língua, atendendo a propósitos de auto-afirmação, revide, justificação ou pelo simples prazer de atirar pedras em vidraças alheias.
Moralmente, entretanto, somos subdesenvolvidos, quase tão agressivos e inconseqüentes como os habitantes das cavernas, e, se o verniz de civilidade nos impede de usar a clava, usamos a língua, atendendo a propósitos de auto-afirmação, revide, justificação ou pelo simples prazer de atirar pedras em vidraças alheias.
Não se dá conta aquele que se compraz em criticar a vida alheia, que a maledicência é um ato de autofagia (condição do animal que se nutre da própria substância, que come o próprio corpo). O maledicente pratica a autofagia moral.
A má palavra, o comentário desairoso contra alguém geram, no autor, um clima de desajuste íntimo, em que ele perde força psíquica e se autodestrói moralmente, envenenando-se com a própria maldade.
Por isso, pessoas que se comprazem nesse tipo de comportamento são sempre inquietas e infelizes.
Por isso, pessoas que se comprazem nesse tipo de comportamento são sempre inquietas e infelizes.
Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel. Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio.
São enfermos em demorado processo de reajuste. Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
São enfermos em demorado processo de reajuste. Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
Jesus adverte que o maldizente fatalmente será vítima da maledicência, quer porque onde estiver criará ambiente propício à disseminação de seu veneno, quer porque a Vida o situará, inelutavelmente, numa posição que o sujeitará a críticas e comentários desairosos, a fim de que aprenda a respeitar o próximo.
Deixando bem claro que a ninguém compete o direito de julgar, o Mestre recomenda que, antes de procurarmos ciscos no olho de nosso irrnão, tratemos de remover a lasca de madeira que repousa, tranquila, no nosso.
Se possuímos incontáveis defeitos, se há tantas tendências inferiores em nossa personalidade, por que o atrevimento de criticar o comportamento alheio?
E há os estudos de Psicologia que oferecem uma dimensão bem maior ao ensinamento evangélico.
Admitem hoje os psicólogos que tendemos a identificar com facilidade nos outros o que existe em abundância em nós. O mal que vemos em outrem é algo do mal que mora em nosso coração.
Por isso, as pessoas virtuosas, de sentimentos nobres, são incapazes de enxergar maldade no próximo.
É preciso, portanto, treinar a capacidade de enxergar o que as pessoas têm de bom, para que o Bem cresça em nós. O primeiro passo, difícil, mas indispensável, é "minar a maledicência."
Um recurso valioso para isso é usar os três crivos, segundo velha lenda de origem desconhecida, que vários escritores atribuem a Sócrates, outros a Hiram, mestre maçon, e lembrada pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, em mensagem publicada pela revista "Reformador", no mês de junho de 1970:
"Certa feita, um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, Sócrates... Na condição de teu amigo, tenho alguma coisa de muito grave para dizer-te, em particular...
- Espera!... - ajuntou o sábio, prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três crivos? - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro, três crivos. Observemos se a tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza quanto aquilo que me pretendes comunicar?
- Bem - ponderou o interlocutor -, assegurar, mesmo, não posso... Mas, ouvi dizer e...então...
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não ... Muito pelo contrário...
- Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?!... - aduziu o visitante ainda mais agitado. - útil não é...
- Bem - rematou o filósofo num sorriso -, se o que me tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem qualquer edificação para nós. . . "
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos e resolvem dificuldades.
Falando, espíritos missionários reformularam os alicerces do pensamento humano.
Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões, enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações, transformando-as em ruínas. Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.
Pense nisso!
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura.
A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”.
-Trechos extarídos de"A voz do monte"
- Richard Simonetti e “A Essência da Amizade”
- Huberto Rohden
- Richard Simonetti e “A Essência da Amizade”
- Huberto Rohden
Léa Cristina Ximenes de Andrade
Facilitadora Universalista
E-mail: ximenes.andrade@gmail.com