Do irreal conduz-me ao Real.Das trevas conduz-me à Luz.Da morte conduz-me à Imortalidade
Quatro são as qualidades necessárias para a Senda:
I – Discernimento.
II – Ausência de desejos (Desapego, abnegação).
III – Boa conduta. IV – Amor.I – DISCERNIMENTO:
Em todo o mundo há somente duas espécies de pessoas – as que sabem e as que não sabem – e o conhecimento é o que importa possuir.
A religião de um homem, a raça a que pertence – não são coisas de importância; o que é realmente importante é o conhecimento – o conhecimento do Plano de Deus em relação aos homens.
Pois Deus tem um plano e esse plano é a Evolução; quando o homem o tiver visto e, realmente, o conhecer, não poderá deixar de cooperar nele, unificando-se com ele, tal a sua glória e beleza.
Assim, pelo fato de possuir o conhecimento, ele está ao lado de Deus, firme no bem e resistente ao mal, trabalhando pela evolução e não com fins pessoais.
Deves discernir entre o que é importante e o que não é. Firme como uma rocha em tudo que concerne ao bem e ao mal, cede invariavelmente aos outros nas coisas de somenos importância.
Pois deves ser sempre amável, bondoso, razoável e condescendente, deixando aos outros a mesma plena liberdade que para ti necessitas.
Procura verificar o que vale a pena ser feito e lembra-te que as coisas não devem ser julgadas pela sua grandeza aparente.
Uma pequena coisa de utilidade imediata à obra do Mestre merece muito mais ser feita, do que uma grande coisa que o mundo considera boa.
Precisas distinguir não somente o útil do inútil, mas ainda o mais útil do menos útil. Alimentar os pobres é uma boa obra, nobre e útil; porém, alimentar-lhes as almas é ainda mais nobre e mais útil...
O teu pensamento acerca dos outros deve ser verdadeiro; não penses a seu respeito aquilo que não saibas.
Não suponhas que os outros estejam sempre pensando em ti. Se um homem faz alguma coisa que julgas poder prejudicar-te, ou diz algo que parece ser-te dirigido, não suponhas imediatamente: "ele pretende ofender-me".
O mais provável é que nunca pensasse em ti pois cada alma tem as suas próprias preocupações e os seus pensamentos não giram, as mais das vezes, em torno senão de si própria.
Se um homem te falar colericamente, não penses: "Ele me odeia e quer ferir-me." Provavelmente, alguém ou alguma coisa o encolerizou e, acontecendo encontrar-te, voltou a sua cólera sobre ti.
Procede insensatamente, pois toda a cólera é insensata, mas nem por isso deves pensar falsamente a seu respeito.
Sê verdadeiro na ação; nunca pretendas parecer senão aquilo que és, pois todo fingimento constitui um obstáculo à pura luz da verdade, que deve brilhar através de ti como a luz do Sol através de um vidro transparente.
Sê verdadeiro na ação; nunca pretendas parecer senão aquilo que és, pois todo fingimento constitui um obstáculo à pura luz da verdade, que deve brilhar através de ti como a luz do Sol através de um vidro transparente.
Precisas discernir entre o egoísmo e o altruísmo, pois o egoísmo reveste muitas formas e, quando pensas tê-lo morto, finalmente numa delas, surge noutra tão forte como sempre.
Porém, gradualmente, o pensamento de auxiliar aos outros te encherá de tal modo, que não haverá lugar nem tempo para pensares em ti mesmo.
De outra maneira, ainda deves utilizar o discernimento: aprende a distinguir a Deus que está em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparência exterior.
Podes ajudar teu irmão pelo que tens de comum com ele – a Vida Divina. Aprende a despertar nele essa Vida, aprende a invocá-la nele; assim o salvarás do mal.
- Fragmentos extraídos do Livro: "AOS PÉS DO MESTRE" ditado pelo Mestre Koot Hoomi a seu discípulo Krishnamurti.
A Busca - Krishnamurti
Longamente peregrinei através de muitas vidas por muitas terras, entre muitos povos em busca da meta que não conhecia.
Carreguei o pesado fardo de muitas posses, das riquezas do mundo, dos confortos que fazem a estagnação.
Prostrei-me ante os altares dos santuários que encontrei à margem da estrada e os deuses me recusaram a meta que pretendia.
E na magia das palavras e na embriaguez do incenso permaneci abrigado nas sombras entre as paredes do templo.
Criei filosofias e credos, complicadas teorias de vida.
Entranhei-me das criações intelectuais do homem com elas me engrandeci em arrogância.
E, tão súbito quanto a tempestade desaba, vi-me nu, esmagado pela agonia de coisas transitórias.
E como as terras do deserto sem sombras assim se tornou minha vida.
Vi e me ouvi eremita.
Livra-te do veneno do preconceito que corrompe tua verdade porque és imenso em teus preconceitos, tanto velhos quanto novos.
Livra-te da estreiteza de tuas tradições, convenções, hábitos, sentimentos de posse.
Como o homem que não tem ouvidos, és surdo para a música melodiosa.
Como o homem que não tem olhos, és cego para o esplendor do crepúsculo.
Como o mergulhador que desce ao fundo do mar arriscando a vida pelo gozo
transitório, deves tu também penetrar fundo em ti mesmo.
Como o audaz alpinista que conquista os altos cumes, deves tu também ascender àquela altura vertiginosa, de onde todas as coisas são vistas em suas verdadeiras proporções.
Como o lótus que, rompendo o lodo, ao céu se eleva deves tu também arredar todas as coisas transitórias se queres descobrir tua força oculta para enfrentar as viscitudes do mundo.
Como a rápida corrente conhece sua nascente, deves tu também conhecer teu próprio Ser.
Como a trilha tortuosa da montanha, descortina a cada instante vistas novas, assim também em ti há uma revelação constante a cada experiência de encontro.
Como o mar encerra uma multidão de seres vivos, em ti fazem ocultos segredos de todos os mundos.
Como a flor que desabrocha à branda luz do sol, deves tu te abrir, se te queres conhecer.
Perscruta tuas próprias profundezas com os olhos límpidos se queres perceber todas as coisas.
Como o lago tranqüilo que reflete o céu, assim deverão os homens e as coisas em ti se refletir.
E como o rio misterioso que no largo mar se lança adentro me lancei no mar da libertação.
A Busca
(Krishnamurti)
(- Post reeditado.)
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