Pergunta: Tenho dores de cabeça com uma certa frequência e enxaqueca clássica raramente. Em uma época de minha vida sofri com crises de pânico e tinha uma sensação de deslocamento durante o dia, esta se parece como quando estamos no início de uma bebedeira (pouco antes de ficar embriagado) ou com uma tragada de cigarro muito forte. Participo de grupos de estudos de projeciologia e expliquei o fato quando estudávamos a parte de projeção no momento do sono a explicação parecia muito próxima do que me acontecia quando acordado. Foi-me dito que isto realmente pode acontecer quando um espírito vai aplicar um passe ou outra intervenção. O problema é que quando sinto a sensação de deslocamento a dor de cabeça vem em seguida. A explicação foi "você precisa desenvolver a mediunidade". Minha pergunta é: Isto é um sintoma neurológico ou realmente pode ser que necessite desenvolver a mediunidade?
Resposta: Não é fácil dar uma certez a no diagnóstico quando os sintomas são subjetivos. A pessoa relata o que sente mas não há exames que confirmem suas alterações. Isto é comum na enxaqueca e na doença do pânico. Em qualquer um destes quadros pode haver sensações de tonteira e deslocamento corporal, sem que algum exame específico possa constatar as alterações. Mais complicado ainda, será o diagnóstico diferencial destes quadros tipicamente orgânicos com aquelas manifestações que ocorrem no início das chamadas manifestações mediúnicas. É o tempo quem vai nos mostrar ou a eclosão das potencialidades mediúnicas ou a caracterização mais típica da enxaqueca ou do pânico. Quero também alertar para este vício comum dos nossos ambientes espíritas. Na maioria dos centros ainda se estimula a frequência dos adeptos com a sugestão de virem ao centro para "desenvolverem" a sua mediunidade. Convém relermos "O Livro dos Médiuns" onde é afirmativa a orientação de que a me diunidade é uma aptidão que "não se desenvolve". Podemos no máximo disciplinar, educar e instruir o médium, para que ele favoreça, sem obstáculo ou rejeição, a eclosão da sua mediunidade.
Pergunta: O senhor tem notícia de alguma pesquisa onde tenha sido observada alterações nas atividades cerebrais de um médium durante o transe mediúnico? Em caso afirmativo: Que ferramentas foram usadas: eletroencefalograma?, mapeamento cerebral?, ressonância magnética?, tomografia computadorizada? estas pesquisas foram realizadas com um único médium ou com vários?
Resposta: As pesquisas que conheço não se referem a estudos "durante" as manifestações mediúnicas. Sei de pesquisas que revelam particularidades especiais no cérebro de médiuns. O Dr. Sérgio Felipe tem esta constatação na avaliação das calcificações da glândula pineal no cérebro dos médiuns. Pode-se comprovar um certo padrão nas calcificações da pineal d e pessoas tidas como médiuns. A meu ver, estes exames não tem como constatarem por si só a participação das entidades espirituais nas manifestações dos médiuns. Ainda não dispomos de uma imagem semiológica (um Raio X, por exemplo) da dimensão espiritual. O perispírito ainda não se revela em nossos exames médicos. Por outro lado, creio que um estudo sistemático de médiuns poderá mostrar determinado padrão de resultados nos seus diversos exames. É o que acontece no caso de epilépticos, com foco no lobo temporal, que expressam clinicamente uma religiosidade exaltada. Nestes pacientes, tem-se constatado, no eletrencefalograma, uma maior frequência de ondas do tipo beta nos seus eletroencefalogramas. A literatura médica é riquíssima em dados destas pesquisas. São relatos disponíveis nas revistas de neurologia que a Internet permite acesso gratuito. Portanto, se estudarmos uma população significativa de médiuns, talvez possamos revelar um determinado comportamento padrão nos exames destas pessoas. Embora, isto ainda não venha a comprovar que estes médiuns estejam sob atuação espiritual. Como diz Kardec, a lógica e o raciocínio ainda são os melhores métodos de convencimento da verdade espiritual.
Pergunta: Sabemos que a comunicação mediúnica se dá de perispírito para perispírito. Mas observamos que as sensações registradas no corpo físico diferem de médium para médium (inclusive entre médiuns com a mesma faculdade). Isto ocorre devido a região do cérebro físico que é sensibilizada durante a comunicação? Pode nos dizer algo a respeito da transferência de informações do cérebro perispiritual para o cérebro físico?
Resposta: Assim como não existirá nunca uma pessoa igual a outra, também nunca teremos dois médiuns absolutamente idênticos. A mediunidade é um fenômeno de natureza orgânica, se não fosse assim os Espíritos não precisari am do organismo dos médiuns para se manifestarem. Não é de estranhar, portanto, que as reações físicas, que a presença espiritual provoca, seja específica para cada médium. Uns tem suas sensibilidades mais exaltadas que outros, como diz Kardec. Na neurofisiologia de hoje podemos acreditar que as regiões do cérebro emocional (sistema Límbico) de uns e de outros médiuns, são mais ou menos reagentes, no momento da sintonia com o Espírito comunicante. Sabemos, também, que deve ocorrer, nesse encontro de associação de duas mentes, a do médium e a do Espírito, uma liberação torrencial de neurotransmissores, principalmente a melatonina da glândula pineal, produzindo uma constelação de sintomas que o médium mais ou menos sensível deve revelar.
Pergunta: Durante o fenômeno mediúnico, principalmente os mais ostensivos (por exemplo, a psicofonia sonambúlica ou "incorporação") existem variações orgânicas no médium que podem se r mensuradas? Existindo estas variações, aumentam com a profundidade do transe?
Resposta: São constantes e facilmente detectadas as diversas alterações que ocorrem no organismo dos médiuns durante as manifestações espirituais. Como já disse, nenhuma delas com a propriedade de afirmar categoricamente a presença de entidades espirituais, já que, todas estas alterações são inespecíficas e, podem ocorrer em diversas outras situações tipicamente orgânicas. Podem ocorrer, por exemplo, em crises de pânico, em situações de stress, em crises emocionais ou comportamentos histéricos diversos. Podem também ser induzidas por atuação de um hipnotizador experiente. Vale a pena ler os trabalhos sobre o sonambulismo e sua relação com a mediunidade. Sonambulismo não é a mesma coisa que mediunidade embora esteja nas suas bases fundamentais por se relacionar também com os chamados processos de "emancipação" da Alma. Kardec diz na introdu ção de "O Livro dos Espíritos", que estudou o sonambulismo por 35 anos. Escrevi um histórico sobre o assunto no livro "Ciência da Alma - de Mesmer à Kardec", editado pela Folha Espírita. Podemos rever ali as manifestações orgânicas do sonambulismo, da catalepsia e da letargia. A FEB tem excelentes livros sobre Espiritismo e Hipnotismo que sugiro sejam revistos ("Hipnotismo e mediunidade" - César Lombroso e, "Hipnotismo e espiritismo" - José Laponi).
Pergunta: Gostaria de saber como acontece a conexão perispírito-corpo físico, tendo em vista se tratar de contato entre diferentes estados de matéria.
Resposta: Não tenho conhecimento suficiente para esclarecer esta pergunta. Aprendemos, porém, com André Luiz, que da mesma maneira que a física que estuda os átomos já revelou que é muito sutil a fronteira que separa a matéria, ao nível sub-atômico, da energia que a consolida. Em se tratando da transição entre o cor po físico e o corpo espiritual, a fronteira que separa ambos é também imperceptível em seus limites, por se tratar de uma transição em nível puramente energético. É preciso lembrar que ambos os corpos, o físico e o espiritual, são procedentes da mesma fonte material, qual seja, o Fluido Cósmico Universal.
Pergunta: Gostaria de saber como se pode distinguir as alucinações (sejam de natureza visual como auditivas, olfativas e táteis) presentes nas psicoses e a mediunidade. Também gostaria de saber se há algum estudo mais aprofundado sobre o tema, já que estou fazendo um estudo sobre fatores morais e sua importância na medicina psicossomática e psiquiatria. Já fizeram algum estudo com Spect, Scanners, Tomografia e contraste para saber quais as áreas que os médiuns utilizam na hora do transe mediúnico ?
Resposta: Os quadros de alucinação das diversas manifestações psicóticas são quase sempre de conteúdo repetit ivo. Aqui ou em qualquer parte do mundo o psicótico revela predominantemente uma alucinação auditiva em que as vozes que escutam são quase sempre condenatórias e de conteúdo persecutório entre muitas outras características. Além do que, o psicótico mostra todo um contexto sintomático relativamente fácil de ser reconhecido pelo seu caráter delirante e pela desagregação do pensamento que o dissocia por completo da realidade. O médium, com suas percepções visuais ou auditivas, em nenhum momento vai referir ideias persecutórias ou dissociações com a realidade. O bom senso vai revelar a lucidez do médium e o maior ou menor significado da mensagem que ouve ou observa pela vidência. O Prof. Denizard, de Santa Maria/RS tem um livro histórico sobre alucinações. Em "O Livro dos médiuns", Kardec propõe que as alucinações por danos cerebrais podem ocorrer por leitura que o espírito da pessoa faz do seu próprio cérebro. É um hipótese inter essante a ser melhor estudada. Recomendo também a leitura do livro "Psiquiatria e mediunismo" - Leopoldo Balduino, Ed. FEB.
Pergunta: Gostaria de saber mais sobre a glândula pineal. O que diz o neurologista sobre o assunto?
Resposta: Para o neurologista a Pineal está ligada a nosso ritmo circadiano (dia-noite), ocasião em que interfere na produção de hormônio de crescimento. Ela, no período noturno, produz seu hormônio, a melatonina que tem efeito relaxante, anticonvulsivante e bloqueador dos estímulos sexuais. Os animais que hibernam, procuram as cavernas escuras, onde a pineal produzirá um taxa maior de melatonina. Nestas ocasiões eles se mantém alheios ao acasalamento que volta a ocorrer com a saída do sol na primavera. A pineal parece atuar, também, no sistema de orientação magnética das aves migratórias, que percorrem grandes distâncias em volta da Terra, em busca de seus abrigos nas transições do inverno e da p rimavera. No homem, a principal função que a medicina atual reconhece para a pineal, está ligada à sexualidade. Por ocasião da puberdade a pineal reduz suas taxas de melatonina, permitindo o desabrochar, no menino e na menina, as características externas das sua sexualidade, tanto no aspeto anatômico (pelos pubianos, seios, órgãos genitais) como fisiológicos (libido). Entre nós, o Dr. Sérgio Felipe tem, em São Paulo, o Pineal-mind, um Instituto de orientação médico-espírita dedicado ao estudo da glândula pineal.
( Dr. Nubor Facure )
Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
http://www.cvdee.org.br