2012-06-24

AS UMBANDAS DENTRO DA UMBANDA - O PLURALISMO







Ramificações – Subgrupos

Vamos elucidar sobre essa questão delicada e necessária, pois o leigo fica confuso com tantos tipos de rituais, liturgias e doutrinas, todas usando a denominação “Umbanda”.

Para quem não conhece a fundo, isso torna-se estranho e acabam por dizerem: Seu Terreiro é de Umbanda Branca? De Umbandomblé? De Umbanda de Mesa? Etc. Então, para dirimir essas dúvidas, vamos sucintamente esclarecer o pluralismo umbandista, ou seja, os vários “segmentos” de Umbandas conhecidas por nós, existentes em solo brasileiro, para que cada um possa agora entender e respeitar as práticas das mais variadas umbandas existentes.

Desde a sua iniciação, a Umbanda tem sofrido modificações em seu modo de ser e operar, onde muitos se distanciaram grandemente da Umbanda original (do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas). Dessas modificações, cada um deu uma roupagem e deviam dar uma nomenclatura própria para se situarem perante a comunidade.

Cremos que tudo isso não se deu pelo simples fato de cada um querer impor a sua verdade, mas simplesmente estavam realizando aquilo que aprenderam, e o que suas mentes achavam estar correto.

Cada um, com certeza deu tudo de si, para o que estava fazendo frutificasse, e no fim, todos estavam envidando esforços para praticarem o que entendiam como Religião de Umbanda. Hoje temos várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes com as bases iniciais, e algumas que absorveram características de outros cultos, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.

Antes do advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, o que existia era conhecido como “Macumba”; onde podemos encontrar uma forte influência de práticas do Catimbó, bem como da magia africana praticada por alguns, pois o Candomblé estruturado surgiu no Rio de Janeiro muito tempo depois da Umbanda (segundo informações do antropólogo Reginaldo Prandi).

Ainda não se conhecia o termo “Umbanda”. João do Rio, em sua obra “Religiões do Rio” de 1904, onde pesquisou toda a religiosidade existente na antiga Capital Federal, não citou em nenhum momento o nome Umbanda; portanto, poderiam existir manifestações de Índios, Pretos-Velhos, etc., aqui e acolá, remanescentes do Catimbó, ou mesmo os primeiros bruxuleios da nova modalidade religiosa, mas ainda não se tinha iniciado a religiosidade de Umbanda, coisa que viria mais tarde, em 1908, pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Morais.

Vamos disponibilizar um texto muito interessante e inteligentemente escrito pelo senhor Cláudio Zeus, em seu livro: UMBANDA SEM MEDO:



UMBANDA – UMA SEITA AFRO?

Por que é importante sabermos que o termo Umbanda, como culto ou religião, pertence ao Caboclo das Sete Encruzilhadas.


A importância da divulgação desse tema se prende a fatores que, embora possam parecer fúteis, a uma primeira vista, (e apenas a uma primeira vista) na verdade coloca freios em muita gente que insiste que faz Umbanda e que, além de não conhecer suas origens, nada faz de Umbanda – é isso que incomoda e faz com que muitos tentem minimizar ou até mesmo desqualificar a importância que Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas têm para o que ele chamou Umbanda. Vou tentar explicar os meandros e as segundas intenções desse tema de debate que muito se vê pelas comunidades do Orkut, MSN e outros.

  • 1º Ponto: Nunca, ninguém havia chamado de Umbanda a nenhum tipo de culto anteriormente. O que tentam fazer hoje é aproximar o termo embanda (afro) que quer dizer curandeiro para uns (e chefe de culto para outros) e não algum tipo de culto como esse que o Caboclo chamou: “Umbanda – o culto”.
  • 2º Ponto: O Caboclo deixou algumas informações precisas sobre o que seria Umbanda, e isso é o que incomoda mais porque, se observarmos essas diretrizes, aí sim, veremos que alguns grupamentos não poderiam se chamar de Umbanda, o que leva alguns outros a “desconhecerem”, muito propositalmente, o texto que será apresentado abaixo e chegarem a dizer que o que o Caboclo fez foi apenas uma “socialização” do que já havia antes, o que, para qualquer um que saiba ler (e nem precisa interpretar) vai perceber que não poderia ser.
Vamos ver o que o Caboclo nos deixou de informações sobre o culto que ele mesmo diria – “iniciar-se naquele dia”. Preste atenção porque aqui se define o que é a Umbanda do Caboclo das Sete Encruzilhadas (palavras do Caboclo): Aqui inicia-se um novo culto em que os Espíritos de Pretos-Velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como Mestre Supremo, o Cristo”.

Percebemos então, nestes 03 trechos que:

  1. 1) Esse era um novo culto – O Caboclo afirmou ser um novo culto e não uma corruptela de algo já existente;
  1. 2) Que esse novo culto se distanciava das seitas negras deturpadas e dirigidas para a feitiçaria, porque os próprios Pretos-Velhos africanos e os índios nativos de nossa terra (os chamados Caboclos) não encontravam campo de ação (possibilidade de trabalharem) nesses grupamentos – Isso era o que existia antes e era disso que a Umbanda, então criada, deveria se distanciar.
  1. 3) Esse seria um culto embasado no Evangelho de Jesus, reconhecendo-o, inclusive, como “MESTRE SUPREMO”.
Por que eu lhe afirmo que divulgar isso, inclusive até mesmo a existência de Zélio e do Caboclo, não se torna interessante para uma grande parte?

Porque, após a criação e não socialização ou codificação do que já existia, muitos dos inúmeros grupamentos já existentes, (como acontece até hoje), passaram a se autodenominar Umbanda, mesmo passando por cima desses preceitos deixados pelo Caboclo, criando-se então, a confusão que encontramos hoje, inclusive com alguns afirmando que a Umbanda tem que se afastar dos ensinamentos cristãos e abraçar mais os fundamentos afro.... Mas como isso poderia ser, se a Umbanda foi criada em cima de bases cristãs?


O que se percebe então? Percebe-se que há um movimento deturpatório do que foi deixado pelo CDSE (Caboclo das Sete Encruzilhadas), em função das “vontades” daqueles que resolveram ir fazer cabeça no Candomblé e depois vieram “bater Umbanda”, como gostam de dizer.

Ora... bater Umbanda, como se Umbanda fosse Candomblé? Em Candomblé sim, “se bate para os Orixás” porque os Xirês são nada mais do que festividades, toques, como também chamam em louvor aos Orixás e nunca foram Giras de Caridade.

Todos os atendimentos em Candomblés de raiz só são feitos pelo Babalorixá ou Yalorixá e através dos jogos de búzios, opelês (em menor quantidade) e obís. Não há consultas dentro dos Xirês e, nos que hoje há, é porque já se modificaram e se distanciaram de suas raízes, até porque, quem bate papo e dá consultas são os eguns ou catiços, como são chamados alguns tipos de Caboclos e entidades intermediárias.

E vejam que até hoje, os Pretos-Velhos, que seriam remanescentes dessa mesma crença, por “terem sido escravos, negros e africanos” ainda não são aceitos na maioria dos Candomblés. Alguns aceitaram alguns Caboclos porque muitos ainda crêem que eles também são encantados.

Minimizar, ou não divulgar o que era a verdadeira Umbanda, a de raiz, a do Caboclo das Sete Encruzilhadas é, e sempre será importante para os que têm medo da verdade e pretendem abrir Terreiros com fundamentos estranhos, de matanças, feitiçarias, amarrações, etc., e se anunciarem como Umbanda.

No meu entender, o mais honesto seria que cada grupamento que hoje se diz apenas de Umbanda, se intitulasse, como outros que já o fazem, por exemplo: Umbanda Omolokô, Umbanda Cabula, Esotérica, de Angola e outras mais, já que fogem às Regras básicas que o Caboclo deixou para o seu novo culto (ou seja: não são de bases cristãs), para não deixarem aqueles que nada entendem disso sem saberem, afinal, a que tipo de Umbanda estão adentrando.

O que essas pessoas têm que colocar na cabeça é que o nome Umbanda, como culto, pertence ao CDSE* (ainda que ele não a tenha registrado) e mesmo eu ou você, que praticamos a Umbanda Traçada (que é diferente do Umbandomblé embora muitos confundam), temos que reconhecer que não seguimos a linha doutrinária determinada pelo CDSE – Umbanda com base totalmente cristã – o que não nos tira qualquer valor ou mérito, já que os objetivos finais – Caridade e Amor Fraterno – também são buscados, apenas por caminhos diferentes.


* [ Caboclo das Sete Encruzilhadas. ( Nota de MÉDIUM. )]


O que essas pessoas têm que pôr na cabeça é que devem assumir o tipo ou subgrupo de Umbanda que seguem e, jamais quererem mudar o principal da Umbanda que é a fé, a caridade, o amor ao próximo e, principalmente, também devem assumir que, se estão ligados a Espíritos e encarnados que só sabem fazer feitiçarias, mandingas, amarrações, intrigas, então, nem o nome Umbanda deveria ser usado em seus cultos, já que, desde a criação, isso foi contrariado pelo Caboclo.


Escrevi acima que Umbanda Traçada é diferente de Umbandomblé e, para muitos, isso pode parecer estranho, mas não é. Acontece que existem, generalizando, três tipos de Umbanda e as explico abaixo:

  • Umbanda: A que foi criada pelo CDSE, com bases claramente cristãs – até os Terreiros que foram criados pelo Caboclo tinham nomes de Santos católicos. Os praticantes dessa Umbanda não admitiam (e acho que ainda não admitem) bebidas ou atabaques em seus rituais. Quando muito, o fumo das entidades;

Nota do autor: Essa Umbanda também conhecida como: LINHA BRANCA DE UMBANDA OU UMBANDA TRADICIONAL – UMBANDA DE RAIZ. Oriunda do Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes que lançou as bases da Religião de Umbanda, com doutrina baseada na caridade cristã sem fins pecuniários e na doutrina dos Evangelhos. Tem muita proximidade com o kardecismo e com o catolicismo. Não tinha sujeição a Orixás, atabaques, feituras de santo, adereços e nenhuma influência dos culto-afros.

Todas as outras ramificações guardam vínculos com a Linha Branca de Umbanda do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Leal de Souza dirigia a Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, uma das filiais que formam o septo de casas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, relatou ao Jornal de Umbanda, na edição de Outubro de 1952, que coubera ao Caboclo das Sete Encruzilhadas a incumbência de organizar a “Linha Branca de Umbanda”, seguindo as determinações dos “Guias Superiores” que regem o planeta.

Leal de Souza, em seu livro escreveu:


“A Linha Branca de Umbanda e Demanda tem o seu fundamento no exemplo de Jesus...”

“O objetivo da Linha Branca de Umbanda e Demanda é a prática da caridade, libertando de obsessões, curando as moléstias de origem ou ligação espiritual, desmanchando os trabalhos de magia negra, e preparando um ambiente favorável a operosidade de seus adeptos...”

“Para dar desempenho a sua missão na Terra, o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou quatro Tendas em Niterói e nesta cidade, e outras fora das duas capitais, e todas da Linha Branca de Umbanda e Demanda...”

“A Linha Branca de Umbanda e Demanda está perfeitamente enquadrada na doutrina de Allan Kardec e nos livros do grande codificador, nada se encontra susceptível de condená-la...”

“E o amor de Deus e a prática do bem são a divisa da Linha Branca de Umbanda e Demanda”.

(Trecho extraído do livro: “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda” – 1933)


Este termo foi realçado no 1º Congresso Nacional de Umbanda sob o título: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA LINHA BRANCA DE UMBANDA – Memória apresentada pela Cabana de Pai Thomé do Senhor do Bonfim, na sessão de 26 de Outubro de 1941, pelo seu Delegado Sr. Josué Mendes.


Visava o estudo aprofundado da temática mediúnica, bem como diferenciar as práticas umbandistas tradicionais das práticas emergentes onde a mistura de culto-afros com a Umbanda já se fazia presente.

Com isso, a partir daí, toda prática umbandista distanciada de ritualísticas afros, de magias negras, de despachos para o mal, etc., e aproximada das práticas cristãs, vestuário branco, orações, desobsessões, etc., era rotulada pelo povo de “Umbanda Branca”.

Com tudo isso, a partir daí, diferenciando as práticas de baixo espiritismo, fetichismo, totemismo, feitiçarias, macumbarias e qualquer sorte de malefícios, o povo passou a classificar as práticas de Umbanda voltadas a caridade, evangelização, desobsessão, bênçãos, desmanches de magias negras, etc., como práticas da “Umbanda Branca”. 


Esse termo ficou plantado na mente do povo como designativo de Umbanda voltada ao amor e a Espiritualidade Superior. Até hoje, quando muitos assistidos entram num Templo Umbandista, imediatamente perguntam: Aqui é Umbanda Branca?


Hoje, observamos muito irmãos umbandistas se apegarem ao fato de quem se intitular praticante da “Umbanda Branca” está sendo preconceituoso, pois, jocosamente, dizem não existir também Umbanda vermelha, Umbanda verde, etc.. Esqueceram-se o fato importante, de muitos indivíduos abrirem suas casas com o nome de Umbanda, mas praticam cultos estranhos, distanciados no Evangelho Redentor.

Por isso, para diferenciar a Umbanda original das práticas estranhas, com doutrinas, magias, crenças e rituais que nada aproximavam no preconizado por Nosso Senhor Jesus Cristo, defendido pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas e seus seguidores, se intitulavam de: “Linha Branca de Umbanda”. 


Não adianta querermos tapar o Sol com a peneira; somos sabedores da existência de muito Terreiros que se denominam de Umbanda, mas estão largamente distanciados da linha mestra umbandista.


Portanto o termo “Umbanda Branca” foi e é usado pelo povo, para saberem se o local que estão entrando, prática Magia Branca. É só isso.

  • Umbanda Traçada: A que admitiu (a princípio ou posteriormente) a presença (como trabalhadores) dos Exus e Pomba Giras, personagens da Quimbanda que eram até temidos no início e hoje já viraram Guardiões, e outras entidades intermediárias, trabalhadores de excelente performance, sempre visando a caridade, porque, se assim não for, não podem se considerar Umbanda. É chamada de Traçada ou Cruzada porque nela existe o cruzamento (ou entrelaçamento) de dois tipos de trabalhadores: os de Umbanda (Caboclos – índios nativos – e Pretos Velhos) e os de Quimbanda (Exus, Pomba Giras, Bugres, malandros, etc.);

Nota do autor: Essa Umbanda nós conhecemos como: Umbanda Traçada, Mista ou Cruzada – Tem influência do Catimbó, do sincretismo e suas práticas. Faz uso indiscriminado de oferendas, despachos e algumas casas, de bebidas alcoólicas. Sem cunho e estudo doutrinário próprio. Tem o uso de atabaques e/ou tambores. Largo uso de roupagens coloridas, adereços, danças e festas (internas e externas). Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular.

  • Umbandomblé: Todas as Umbandas que praticam em seus cultos, os ritos absorvidos dos Candomblés, sejam de que nações forem. Nessas Umbandas há “toques” para Orixás, costumam usar brajás ao invés de guias, recolhem “filhos de santo”, usam quelês, sacrificam e colocam “oxu” nos oris de seus adeptos... e por aí vai. O que as assemelha à Umbanda original e as afasta do Candomblé de raiz é o trabalho com entidades tipo Pretos-Velhos e Caboclos e mesmo Exus infiltrados (porque esses não são os Orixás-Exu das nações) que vêm,... aí sim, trabalhar para a caridade



    Nota do autor: Essa Umbanda nós conhecemos como Umbanda Omolokô (também conhecida como Umbanda Primitiva, de Almas e Angola): Iniciada pelo Tatá Tancredo da Silva em 1950, onde encontramos um misto entre os cultos, liturgias, rituais africanos (bantu) e o trabalho direcionado por Guias Espirituais.
    Faz uso de camarinhas, sacrifícios de animais, ebós, raspagens, catulagem, etc.


    Usando a Umbanda como fonte matricial, para esta via alternativa, Tancredo organizou o que vulgarmente é denominado de Umbandomblé. Influenciou grandemente as práticas da conhecida Umbanda Popular.
        
    As Umbandas Traçadas ou Cruzadas não absorveram, necessariamente, ritos e práticas afro, e essa é a grande diferença delas para a Umbandomblé.
    Algumas até absorveram mais algumas entidades de Catimbó e outros grupamentos de raízes nordestinas e outras ainda, preferiram “cruzar” seus ensinamentos com os dos “Mestres Orientais”.
    Eu colocaria ainda, como subgrupo das Umbandas Traçadas ou Cruzadas, as Umbandas Esotéricas e mesmo as Iniciáticas, já que nelas, além dos trabalhos com as entidades já citadas, existe a adaptação de ensinamentos e até mesmo de entidades tidas como “orientais” e sábios de outras nações que não as africanas.
    E diria mais ainda: Em termos de abertura para novas aprendizagens, a Umbanda Traçada é a que mais se encontra nessa posição, já que as outras duas tendem a se prender muito em suas raízes (ou cristã, ou afro) e desmerecerem alguns dos conhecimentos mais modernos que nos chegam através de outras correntes de Espíritos e mesmo da ciência.
    Que isso não seja tomado como desmerecimento para qualquer tipo de Umbanda, pois, guardadas as devidas proporções e se o culto visa à caridade, o amor fraterno e a fé, então todas têm em si a semente de Umbanda, ainda que não seja exatamente a que o CDSE criou.

    Agora, se alguém cria um agrupamento para misturarem cultos “ao deus dará”, explorar a caridade, impingir medos aos seus seguidores, sair matando cães e gatos pra saciar suas sedes de sangue e de impressionismo... aí, pelo amor de Deus, ....... isso não pode ser chamado de Umbanda!!!

    Custa muito às diversas Umbandas se identificarem por suas raízes ou suas doutrinas para que nem tudo seja apenas Umbanda? Vão ficar menos Umbanda por causa disto? Vamos a um raciocínio? Imaginemos que você que agora me lê, através de uma entidade ou não, venha a criar amanhã, um novo culto espiritualista, digamos... ALABANDA, e nos diz que este será um novo culto que só fará trabalhos através dos Ciganos e Boiadeiros, por exemplo, e também será voltado exclusivamente para as práticas Ciganas e a Magia dos Boiadeiros. Depois de alguns anos você vê que alguns outros grupos passaram a se autodenominar ALABANDA, trabalham com mineiros, com Orixás de Nação e suas “obrigações”, com Exus, Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, malandros, tentam decifrar o que seria ALABANDA, mas não ousam perguntar a você, que foi o (a) criador (a), o que seria, e ainda por cima, depois disso tudo ainda começam a discutir porque acham que Alabanda deveria “voltar às raízes afro” já que os “Orixás” são afro.
    O que você diria, honestamente? Foi isso o que aconteceu com a Umbanda criada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Não seria melhor que cada Alabanda dessas que se formou após, se identificasse convenientemente? Eis aí o porquê de, desde muitos anos atrás (isso não é de hoje), já se falar de codificação de Umbanda e até hoje, ninguém saber exatamente qual das Umbandas se vai codificar – todas, não dá mesmo!
    De minha parte posso lhes dizer que a Umbanda que eu pratico é totalmente Cruzada e praticamente nada nela existe de Ritual de Nação Afro, embora tenha que conhecer alguns fundamentos para casos em que certos problemas mediúnicos tenham origem em entidades específicas. Talvez a melhor descrição para ela seria de Umbanda Aberta. Sempre aberta para melhores conhecimentos e aprimoramentos ritualísticos que realmente possam ter fundamento, venham de onde vierem.

    (Trecho extraído de: http://umbandasemmedo.blogspot.com)


    Vamos apontar outras ramificações e/ou sub-grupos da Umbanda do nosso conhecimento:


    Obs. Consideramos “ramificações”, as umbandas que criam grupos e/ou escolas.



    Umbanda de Mesa Branca: De expressiva influência da chamada “Doutrina Espírita Kardecista”. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos africanos (Orixás), nem o trabalho dos Exus e Pombas-Gira, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinária se prende mais ao trabalho de Guias como Caboclos, Pretos Velhos, Crianças e Linha do Oriente somente.

    Umbanda Esotérica: “É a vertente fundamentada pelo médium Woodrow Wilson da Matta e Silva, também conhecido com mestre Yapacani (28/06/1917 – 17/04/1988), surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 1956, com a publicação do livro “Umbanda de Todos Nós”. Sua doutrina é fortemente influenciada pela Teosofia, pela Astrologia, pela Cabala e por outras escolas ocultistas mundiais e baseada no instrumento esotérico conhecido como Arqueômetro, criado por Saint Yves D’Alveydre e com o qual se acredita ser possível conhecer uma linguagem oculta universal que relaciona os símbolos astrológicos, as combinações numerológicas, as relações da cabala e o uso das cores”.
    (http://registrosdeumbanda.wordpress.com)
    Apregoa que a Umbanda é milenar, e possui um código doutrinário próprio, com rituais, liturgias e sacramentos diferenciados.
        

    Umbanda Iniciática: É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada por Francisco Rivas Neto em São Paulo/SP (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha), filho espiritual de W. W. da Matta e Silva, e seu continuador, onde há à busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Aumbhandan, o Ponto de Convergência e Síntese. Também possui um código doutrinário próprio, com rituais, liturgias e sacramentos diferenciados.


    Umbandaime: Em 1989, quando se iniciaram as Giras de Umbanda no Céu do Mapiá/Amazonas (Igreja Daimista), seu iniciador, o Padrinho Sebastião Mota de Mello, seguidor e discípulo do Mestre Raimundo Irineu Serra, intitulou-a de Umbandaime. Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular, mais a ingestão do Ayahuaska (Santo Daime). Apesar do avanço dessa linha dentro da linha daimista do CEFLURIS (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra), tal estudo não é incorporado ao calendário oficial de trabalhos da instituição.




    Umbantimbó: Esse termo foi introduzido por nós, para classificar as muitas práticas de umbandas pelo nordeste, onde, antigamente praticava-se Catimbó, e com o tempo, transformaram-se em Umbanda. Mas a mistura prevalece inclusive alguns adotando ritualísticas do Candomblé, com sacrifício de animais.
    Atualmente, em São Paulo, devido a surgirem “cursos” de Catimbó, muitos Terreiros estão aderindo à suas práticas, introduzindo-a no seu calendário ritualístico e litúrgico, inclusive, abrindo dias específicos para práticas do Catimbó e manifestações de seus Mestres.

    Umbanda Mirim: Assim nominamos o subgrupo que teve e tem uma grande influência em muitos Terreiros.
     Iniciado pelo Caboclo Mirim através de seu médium – Benjamim Figueiredo no Rio de Janeiro/RJ. Tem doutrina e característica própria. Não utilizam imagens de Santos e nem sincretismo; não fazem uso das guias (colares) no pescoço e nem trabalhos com Exus e Pombas-Gira.
    Faz uso de tambores em Giras festivas (1 vez por mês), roupagens somente brancas; não utiliza bebidas alcoólicas e abomina a matança de animais. 
    Desvinculou-se totalmente da doutrina, ritualística e liturgias católica e dos cultos afros.




    Umbanda Eclética Maior: É a vertente fundamentada por Oceano de Sá (23/02/1911 – 21/04/1985), mais conhecido como mestre Yokaanam, surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 27/03/1946, com a fundação da Fraternidade Eclética Espiritualista Universal. Diz que: “A verdadeira Umbanda fundada nos planos espirituais por Mestre Lanuh e, no plano físico por Mestre Yokaanam como obra complementar da codificação do Mestre Allan Kardec. Umbanda Eclética!... Umbanda Superior... Umbanda Maior... Umbanda Simbólica!... Direita Total!”
    Têm fundamentos, doutrinas e rituais próprios e independentes.



    Umbanda Guaracyana: É a vertente fundamentada pelo médium Sebastião Gomes de Souza (1950  – ), mais conhecido como Carlos Buby, surgida em São Paulo/SP, em 02/08/1973, com a fundação da Templo Guaracy do Brasil, e em várias países. Têm fundamentos, doutrinas e rituais muito próximos a Umbanda Popular.



    Umbanda dos Sete Raios: É a vertente fundamentada por Ney Nery do Reis (Itabuna, (26/09/1929 – ), mais conhecido como Omolubá, e por Israel Cysneiros, surgida no Rio de Janeiro/RJ, em novembro de 1978, com a publicação do livro “Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa”. Têm rituais e liturgias muito próximos a Umbanda Popular.     

    Umbanda Popular: Tem forte influência de ritualísticas do Candomblé, do Catimbó, do catolicismo, do sincretismo e suas práticas. 
    Faz uso indiscriminado de oferendas, despachos e algumas casas, de bebidas alcoólicas. Sem cunho e estudo doutrinário próprio. 
    Faz  uso de atabaques e/ou tambores. Largo uso de roupagens coloridas, adereços, danças e festas (internas e externas). Embora com influência do Candomblé, não realizam ritualísticas com sacrifícios de animais, a não ser em alguns casos particulares, onde alguns dirigentes, às escondidas, praticam tal ato numa ritualística solitária e pessoal, mas não como prática religiosa de Terreiro.
     Arregimenta a maioria esmagadora dos Terreiros ditos de Umbanda.
     “É uma das mais antigas vertentes, fruto da umbandização de antigas casas de Macumbas, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a ser praticada. É a vertente mais aberta a novidades, podendo ser comparada, guardada as devidas proporções, com o que alguns estudiosos da religião identificam como uma característica própria da religiosidade das grandes cidades do mundo ocidental na atualidade, onde os indivíduos escolhem, como se estivessem em um supermercado, e adotam as práticas místicas e religiosas que mais lhe convêm, podendo, inclusive, associar aquelas de duas ou mais religiões”.
     (http://registrosdeumbanda.wordpress.com)

    Umbanda Aumpram: É a vertente fundamentada pelo médium Roger Feraudy (1923 – 22/03/2006), surgida no Rio de Janeiro/RJ, em 1986, com a publicação do livro Umbanda, Essa Desconhecida.
     Esta vertente é uma derivação da Umbanda Esotérica, das quais foi se distanciando ao adotar os trabalhos de apometria e ao desenvolver a sua doutrina da origem da Umbanda, a qual prega que a mesma surgiu a 700.000 anos em dois continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida, que teriam afundado no oceano em um cataclismo planetário, os quais teriam sido os locais em que terráqueos e seres extraterrestres teriam vividos juntos e onde estes teriam ensinado àqueles sobre o Aumpram, a verdadeira Lei Divina.
    (http://registrosdeumbanda.wordpress.com) 



     Umbanda Sagrada: É a vertente fundamentada pelo médium Rubens Saraceni, surgida em São Caetano do Sul/SP, em 1996, com a criação do Curso de Teologia de Umbanda.
     Sua doutrina procura ser totalmente independente das doutrinas africanistas, kardecista, católica, orientalista e esotérica, pois considera que a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça a influências das mesmas na religião. 
    É calcada em doutrina própria, dando ênfase ao culto aos Orixás como divindades, às práticas de magias, despachos e oferendas. Tem muita proximidade com os trabalhos da Umbanda Popular.


    Entre outras pouco conhecidas e/ou divulgadas....
    Os segmentos Omolokô e/ou Umbandomblé, saíram totalmente das diretrizes básicas da Umbanda, pois, particularmente, fazem uso do sacrifício de animais em rituais, prática abominável em ritualísticas umbandistas; recolhem “filhos de santo”, fazem camarinhas, raspagem, catulagem, usam quelês, realizam festas e longos cultos a Orixás; algumas casas cobram por trabalhos realizados, etc.
    A Umbanda não foi e nem será codificada, pois tem como uma das principais missões, o atendimento primário, ou seja, face-a-face. Os entendimentos e vivências humanas são múltiplos; como atendê-los com orientações programadas? A Umbanda adapta-se ao local em que está. Utiliza recursos e arquétipos fluídicos regionais de apresentação, conforme a localidade em que está sediada.
    A Umbanda é criada e moldada de acordo com o local que é praticada. Por isso os vários tipos de Umbanda. Portanto, quanto à diversidade (ramificações e/ou sub-grupos), está tudo certo, sendo esse o caminho da Umbanda, pois se assim não for, não servirá para atender o povo.
    O que não pode ser feito, é descaracterizar uma ramificação umbandista a bel prazer, dando-lhe cunho particular, dizendo posteriormente que “segue” àquele sub-grupo, só que de maneira diferente, porque os tempos são outros.
    Diz Pai Joaquim de Aruanda: “... Umbanda é centro a centro; é trabalho a trabalho; porque de um trabalho para outro pode mudar a diretriz da casa. Hoje o povo pode fazer isso, amanhã não pode.

    A Umbanda é criada para quem está sentado naquele dia, naquela hora. E o Espírito não precisa defender o Preto-Velho ou o índio; ele tem que buscar aquilo que precisa às pessoas que estão sentadas.
    A Umbanda é dos Espíritos, mas não é feita para os Espíritos; é feita para a matéria. Então, quando você me pede para fazer uma codificação, para falar cada nome que é, impossível; porque cada coisa aqui é uma coisa e num outro centro desta cidade vai outra”.
    “... Tudo está perfeito. Tudo. Tudo o que acontece é obra de Deus, e Deus é a perfeição. Então, mais do que certo ou errado, tudo está perfeito. Nada acontece fora da hora. Nada tem uma repercussão maior ou menor do que deveria ter. Não nos cabe julgar nada. Nos cabe viver a coisa com perfeição”.

    Todas as formas de Umbanda estão corretas. Só devemos escoimar da Umbanda o supérfluo, as superstições, os totemismo, os fetichismos, as idolatrias, os cultos desgastantes e primaristas, os despachos e oferendas disparatados, as magias estranhas e descabidas, e procurar seguir os ensinamentos de Jesus, o trabalho edificante de reforma íntima, a caridade desmedida todos pautados na razão e no bom senso.

    (Trecho extraído do livro:

    Umbanda – A Manifestação do Espírito para a Caridade 
    – autoria de Pai Juruá)