2011-12-31

MINHA TRISTE REALIDADE








È triste admitir, mas nos dias de hoje é quase impossível não se entristecer em administrar uma tenda de Umbanda, sempre que lembramos de como era antigamente e vemos o hoje enxergamos uma disparidade cada vez maior.

O texto '' As sete lágrimas do Preto Velho'' (que julgo lindo e verdadeiro), narra alguns problemas cotidianos que atingem a casa de Umbanda e a própria Umbanda em si, porém olhando friamente, vejo centenas de outros problemas que se estivessem nesta linda narrativa, transformariam seu título para ''O mar de lágrimas do Preto Velho''.

Abandono fútil, descaso, falta de comprometimento,falta de respeito, baixa assiduidade, interesses escusos, excesso de faltas e tantos outros problemas que nem vou citá-los, acabam por nos fazer tomar atitudes que punem alguns poucos ''inocentes comprometidos com a causa'' e aumentar nossa preocupação em relação á continuidade de nossos trabalhos.

Por mais que tentemos passar adiante o que aprendemos em nosso desenvolvimento mediúnico, são poucos os que querem realmente aprender e aumentar seus conhecimentos, a grande maioria de médiuns está preocupada com títulos, nomes e posições hieráticas outorgados por sacerdotes (isas) mais duvidosos ainda, pois prá mim, quem levanta médiuns despreparados espiritualmente e físicamente, está conivente com o erro, fomentando futuros charlatões que jamais terão a experiência de vida necessária para uma completa vida sacerdotal.

Entendo que um terreiro de Umbanda não é um local de passatempo, nem de paquera e muito menos spa urbano onde se vai quando se quer se distrair ou relaxar, a casa santa não deveria ser um esconderijo para os momentos de desespero e angústia e sim local prazeiroso de se frequentar.

Muitos médiuns utilizam o culto semanal como fuga de problemas domésticos e incompatibilidades familiares, apresentando-se ao trabalho espiritual, totalmente desarmonizados interiormente, comprometendo toda a corrente de santo, enquanto outros tantos, vão para ver se algo muda em suas vidas, julgando que dádivas caem do céu á quem não as mereça e sem nenhum esforço ou reforma íntima.

Conheço pessoas que durante muitos anos viveram determinados dramas pessoais e familiares. Conviveram com vícios, prostituições, adultérios, brigas e outras tantas mazelas, e suas antigas crenças em nada resolveram ou modificaram as suas vidas, tornando-os totalmente resignados á esta enfermidades do mundo.

Porém, quando migram para a Umbanda querem que todos estes problemas que á tempos os afligem desapareçam de suas vidas como se nunca houvessem existido.

O que sabemos nós, crentes nas leis do merecimento e carma que, é impossível se resolver num curto espaço de tempo?

Muitos acham que podemos adulterar determinações astrais [ e espirituais ] e modificar destinos ao nosso bel prazer, prevalecendo [ a vontade de ] quem nos procura na maioria das vezes munidos com pouca fé, ou para testar-nos em nossa espiritualidade.

Muitos médiuns acham que ser médiuns se resume simplesmente á frequentar seu culto semanalmente e não vivenciar os ensinamentos de nossa sagrada Umbanda em seu dia-a-dia.


Por PAI MARIO DE OGUM