2014-04-21
NÃO HÁ O QUE SER DITO
Por que tão longe do que se pode
Está o que se pretende?
A memória...
Que rasga os sonhos
Em cada palavra
Encontra impedimentos
Para o que mal se começou
Por que então, penarmos
Cheios de medo de deixar o outro ser?
Propensos a vivermos esse mal
Para que falar mais
Repetir sempre as palavras sem efeitos
E todas as frases e atos que ferem?
Talvez uma vã tentativa
De cobrir o que deveria ser dito
E não se ousa pronunciar:
Que é mentira essa entrega!...
Para que tanta força nas palavras
Que já não constroem nada
Também já não quebram nada?
É somente aluguel para os vícios
Por que não terminar essa ladainha
E em silêncio real, refletir no sentido
Daquilo que em tudo está latente?
Só a harmonia declara um viver sadio
Uma brisa na janela
Que se abre em qualquer lua
E ver que impera algo quando se cala
Um sentido
Como fogo a clarear
O sacrifício do que se pensa que é
Para assumir
O que possível seria
Se o silêncio suportasse as dúvidas
Porém, se as dúvidas
São detritos da indulgência
De liberdade negada, ...
Então, para que tanto barulho?
Se um dia tudo passa
Mesmo que não nos leve junto?
E desse pouco envolvimento
Nunca teremos o bastante para dar
Nem para receber!?
VSL
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