2014-04-15

Jornalista dinamarquês desiste de cobrir a Copa e deixa o Brasil


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"Sou um cara usado para impressionar", relatou Mikkel Jensen


Por: Felipe Barros, da PLACAR


Mikkel Jensen deixou o Brasil ao descobrir "limpeza" feita para agradar pessoas como ele - um gringo | Crédito: Reprodução/Facebook

O jornalista dinamarquês Mikkel Jensen tinha o sonho de cobrir a Copa do Mundo no Brasil, mas não o cumprirá. Segundo ele, que esteve no país desde setembro do ano passado, as mudanças praticadas no país são feitas unicamente para impressionar pessoas como ele e a imprensa internacional. "Eu sou um cara usado para impressionar", justificou, em artigo publicado em seu perfil do Facebook (e que pode ser lido abaixo).
O sonho de Jensen de assistir "o melhor esporte do mundo em um país maravilhoso" terminou a apenas dois meses do pontapé inicial. Em visita a Fortaleza, "a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje", o dinamarquês esteve em contato com algumas crianças de rua. Uma delas lhe ofereceu um pacote de amendoins, e o impressionou.
"Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$ 10.000 e um Master Card no bolso. Inacreditável", relatou Jensen.
O jornalista optou por deixar o país quando se deu conta de que muitas crianças em situação de rua estão desaparecendo para dar aos turistas uma imagem mais "limpa" das cidades-sede. "Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da história em reais – também é um preço que eu estou convencido incluindo vidas das crianças", escreveu.
"Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil", concluiu Jensen, que já está de volta à Dinamarca.
Leia o artigo na íntegra:
Quase dois anos e meio atrás eu estava sonhando em cobrir a Copa do Mundo no Brasil. O melhor esporte do mundo em um país maravilhoso. Eu fiz um plano e fui estudar no Brasil, aprendi Português e estava preparado para voltar.
Voltei em setembro de 2013. O sonho seria cumprido. Mas hoje, dois meses antes da festa da Copa eu decidi que não vou continuar aqui. O sonho se transformou em um pesadelo.
Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, forças armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.
Em Março, eu estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo a noite em área com muitos turistas. Por que? Para deixar a cidade limpa para os gringo e a imprensa internacional? Por causa de mim?
Em Fortaleza eu encontrei com Allison, 13 anos, que vive nas ruas da cidade. Um cara com uma vida muito difícil. Ele não tinha nada – só um pacote de amendoins. Quando nos encontramos ele me ofereceu tudo o que tinha, ou seja, os amendoins. Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$10.000 e uma Master Card no bolso. Inacreditável.
Mas a vida dele está em perigo por causa de pessoas como eu. Ele corre o risco de se tornar a próxima vítima da limpeza que acontece na cidade de Fortaleza.
Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da historia em reais e centavos – também é um preço que eu estou convencido incluindo vidas das crianças.
Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.
Alguns quer dois ingressos para França – Equador no dia 25 de Junho?
Mikkel Jensen - jornalista independente do Dinamarca e correspondente em Rio de Janeiro

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Leitores, eu sei que vocês devem estar estranhando esse tipo de publicações aqui neste blog, mas se eu não sair de cima do muro não poderei me queixar amanhã, quando o brasil se tornar pior que a Coréia e Cuba juntas.

Aqui, em nosso(?) Pais, tudo já passou dos limites para que o cidadão que se diz consciente continue omisso.

Nenhum "super-homem" das estrelas virá salvar nossa pátria. Somos nós que devemos assumir nossas responsabilidades sociais e nossa cidadania para algo mais, além de exigir direitos e leis até para um espirro diferente.

Cada membro de uma família e tudo o que ocorre dentro da casa desta família é do interesse e responsabilidade de todos. Se o Brasil é uma nação ( família), então o que ocorre dentro de "nossa casa" é responsabilidade de todos. Logo, lavar as mãos é deixar que outros decidam, até se você deve ou não usar a internet, que, agora, você usa para ler isso aqui.

Espiritualidade é por a mão na massa, caridade é ir a campo, onde está a carência. Ser espiritualizado em retiros pacíficos é fácil, até o mendigo da esquina consegue.

Ser espiritualizado cobrando pelos trabalhos é fácil, nossas esquinas estão lotadas desse Tipo.

Ser espiritualizado deixando o trabalho pesado nas mãos de outros é fácil, é o que a maioria faz.

Ser espiritualizado... ( etc. ) É por isso que nos encontramos numa situação em que o horizonte é cada vez mais escuro.

Paremos com a hipocrisia e prestemos atenção!


( Da brasileira zé ninguém que administra este blog. )

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