2014-04-16
Sociedade hipócrita
“Queremos uma sociedade onde as pessoas são livres para fazer escolhas, cometer erros, ser generoso e compassivo isso é o que entendemos por uma sociedade moral, não uma sociedade onde o Estado é responsável por tudo, e ninguém é responsável pelo estado”.
(Margareth Thatcher)
[ Em 99%, quem cala consente. E diante de atos e fatos consumados, quem cala é cúmplice! ]
Fingimento, impostura, simulação, falsidade, falsa devoção significa hipocrisia, isso é a própria sociedade brasileira. Além de hipócrita a sociedade brasileira não tem direção, se move conforme as conveniências e se afasta cada vez mais de uma sociedade moral, submetida à vontade de um Estado contaminado de imoralidade e incompetência, onde aproveitadores se aproveitam do Estado e ninguém “é responsável pelo estado”. John Adams, em discurso no ano de 1798, assim se expressou sobre a constituição americana: “Nós não temos governo armado com potência capaz de competir com as paixões humanas desenfreadas pela moralidade e religião. Avareza, ambição, vingança ou galhardia, iria quebrar os fios mais fortes da nossa Constituição como uma baleia que passa por uma rede. Nossa constituição foi feita somente para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro”. Lamentavelmente não tivemos a sorte de ter um homem da envergadura de um John Adams, e muito menos uma sociedade que pudesse construir uma constituição semelhante a dos EUA. Pertencemos às leis que fizemos para nos proteger e que nos oprimem. Aproveitando o pensamento de Edouard Rod, “nada somos além de objetos dessa contraditória abstração, o Estado, que torna cada individuo escravo em nome da vontade de todos, que, tomados isoladamente, desejariam exatamente o oposto do que estão obrigados a fazer”.
A hipocrisia da sociedade brasileira chega a ponto de virar o rosto para uma verdade cristalina de que o Brasil, mais especificamente a Amazônia, os estados amazônicos são ignorados como organismos federados, e já estão sendo controlados por forças colonialistas modernas com instrumentos sutis que anestesiam a sociedade para não sentir a dor da perda da soberania e do território amazônico. Esse poder global colonialista domina a ONU, o dinheiro, portanto, comanda o mundo. Para esse poder global e dinástico, diante de uma sociedade brasileira hipócrita, volúvel e sem convicção, pouco importa que os brasileiros estejam se matando, roubando, invadindo propriedades, destruindo patrimônios públicos e privados. Os tentáculos desse “polvo”, de poder incomensurável, estão dirigidos para o domínio do mercado, e, em se tratando do Brasil, para a Amazônia ou para os estados amazônicos, que fazem parte do projeto geopolítico. Para esse pessoal pouco importa se no Brasil há mais assassinatos que na Palestina, no Afeganistão, na Síria e no Iraque juntos; se há mais assassinatos no Brasil que em toda a América do Norte, mais do que na Europa, que no Japão e na Oceania; para essas forças econômicas pouco importa que a guerra do Vietnã que matou 50.000 pessoas em sete anos, e que o Brasil mata a mesma quantidade em um ano; para esses senhores do mundo, pouco importa se o climatologista da USP, Ricardo Augusto Felício tenha afirmado peremptoriamente: que o tão propalado aquecimento global é apenas uma hipótese e não carece de prova científica; que o homem não tem poder para mexer no planeta Terra; que o ambientalista confunde propositalmente ações locais com ações planetárias; que não adianta provar que o gelo da Antártica derrete e congela de novo; que o nível do mar não está subindo, como comprovado pelo comprometido IPCC, subiu apenas 50 centímetros em 100 anos; que para que a Antártica derreta, a temperatura da Terra teria que subir no mínimo de 20º a 30º acima da atual temperatura; que o efeito estufa é uma falácia, não existe; que o ozônio desaparece na Antártica, e o que está em jogo neste assunto do ozônio é puramente uma questão de ordem econômica, de patentes vencidas que mexe com bilhões de dólares; que a garoa tradicional de São Paulo não está desaparecendo, é somente um processo cíclico; que a floresta amazônica, como propalado em passado recente, nunca foi o pulmão do mundo; que a vegetação responde ao clima, sendo a floresta amazônica uma floresta de chuva, ou seja, a floresta está na Amazônia porque chove, e não chove porque tem floresta; que recentemente foi descoberto 6.000 km de um aquífero amazônico, o maior do Brasil (o que atrai mais a cobiça dos colonialistas modernos); que a Rio+20 foi apenas um evento para que os colonialistas prendessem suas colônias (Amazônia e Brasil) nas coleiras; que aquecimento global não existe, o que existe são apenas mudanças climáticas realizadas pelo planeta, independente da vontade do homem. O homem, mesmo que tente, não consegue poluir o planeta, polui apenas o meio ambiente em que vive, nas cidades, ao redor de sua casa e mais nada.
Em 30.03.2014, o IPCC publicou suas previsões feitas em computador para o ano de 2100, “chute grande”, o qual o climatologista Luiz Carlos Molion, entrevistado, logo discordou. Para Molion, o produtor rural não deve levar em consideração esses resultados que são baseados em modelos que não reproduzem a situação atual. O homem nada pode fazer diante de mudanças climáticas, ele deve apenas se ajustar a elas, pois não tem competência, poder para reverter às mudanças promovidas pela força da natureza, pelo sol, pelos oceanos, pelos vulcões e terremotos. Essa falácia ambientalista, de tempo em tempo, são vitalizadas. Dessa vez veio à cena Ragendra Pachauri, presidente do IPCC, que com a cara mais dura afirma que os cientistas lidam com dados científicos (criados por eles para enganar). Referindo-se ao Brasil trouxe imediatamente como foco a Amazônia e a necessidade de protegê-la (entendo que dos brasileiros para evitar atropelos ao projeto de dominação da região em consolidação).
A hipocrisia da sociedade brasileira pode ser exemplificada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária – CNA, uma força econômica e política extraordinária responsável por manter em bom tamanho o PIB brasileiro, por gerar renda, emprego, e ter como presidente uma senadora. O paradoxo que confirma a hipocrisia é que a senadora presidente do CNA faz parte da base de sustentação política do governo petista, o que explica que a CNA nunca usou o seu poder político e econômico para dar um basta nas ações governamentais que fragilizam os produtores de alimentos e matérias primas, como por exemplo, a política ambiental nociva, a ação policialesca do IBAMA, as permanentes invasões de propriedades agrícolas e outras questões que estão destruindo o estado de direito brasileiro. A hipocrisia não está apenas no comando da CNA, se alastra pelos grandes produtores e exportadores agrícolas, que dado sua importância econômica tem tratamento privilegiado pelo governo petista, o que lhes dá o direito de ignorar o que vem acontecendo nos estados amazônicos, onde seu desenvolvimento foi travado para atender os interesses dos colonizadores modernos. Em se tratando do Norte brasileiro a hipocrisia é generalizada, atinge todos os setores produtivos, a política, o social e a moral. Guy de Maupassant alerta que “quando se fala de antropófagos, sorrimos com orgulho, proclamando nossa superioridade sobre aqueles selvagens. Quais são os selvagens, os verdadeiros selvagens? Aqueles que lutam para comer os vencidos ou aqueles que lutam para matar, com o único intuito de matar?”. Existe maior hipocrisia do que a de assistir os assassinatos de brasileiros inocentes, virar a cara e apoiar um governo incapaz de protegê-los?
Armando Soares – economistae
-mail: teixeira.soares@uol.com.br
http://libertatum.blogspot.com.br/2014/04/sociedade-hipocrita.html
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