Nosso conflito interior e exterior surge por obra de valores cambiantes e contraditórios, baseados no prazer e na dor, não é verdade? A causa de nossa luta é procurarmos descobrir um valor que seja inteiramente satisfatório, invariável e não perturbador; procuramos um valor permanente que proporcione perene deleite, sem vestígio de dúvida ou de dor. Nossa luta constante baseia-se nesta exigência de segurança permanente; queremos segurança, nas coisas, nas relações, no pensamento.
Sem compreender-se o problema da insegurança, não é possível a segurança. Se buscamos segurança, não a encontraremos; a busca da segurança acarreta a destruição da própria segurança. É necessária a insegurança para a com preensão da Realidade, porém uma insegurança que não seja o oposto da segurança.
Uma mente bem ancorada, uma mente que se sente segura em algum refúgio, jamais pode compreender a realidade. O desejo de segurança gera a indolência; torna a mente-coração inflexível e insensível, timorata e sem penetração; impede o estar acessível à realidade. Na profunda insegurança é-nos dada a percepção da Verdade.
Mas necessitamos de uma certa segurança, para vivermos: necessitamos de alimento, de vestuário e de morada, sem o que não é possível a existência. Seria relativamente simples organizar e distribuir eficientemente os recursos necessários à vida, se ficássemos satisfeitos só com o provimento de nossas necessidades fundamentais de cada dia. Não haveria egoísmo nem nacionalismo; não haveria expansão com petitória nem crueldade; não haveria necessidade de governos soberanos separados não haveria guerras se ficássemos inteiramente satisfeitos com o provimento de nossas necessidades diárias. Entretanto, assim não o é.
- Krisnhamurti