2015-08-24
SILÊNCIO É LIBERDADE
Existirá uma solução total, completa, para todos os nossos problemas, como o da morte, o amor, o findar das guerras, o racismo, as lutas de classes, enfim, todos os absurdos da mente?
Essa solução existe, mas é muito importante formularmos corretamente a questão, e isso parece dificílimo.
No geral, temos tanta ânsia por encontrar a resposta, que só nos interessa o imediato, o que pode acontecer já. E desse modo, a impaciência dita as respostas; respostas que conferem satisfação e conforto, e que nos fazem julgá-las como corretas.
Desejamos conhecer o verdadeiro significado das coisas, conhecer a extraordinária complexidade da existência, porém não escutamos de verdade.
Só podemos escutar quando a nossa mente permanece silenciosa, quando deixa de reagir imediatamente; então surge um intervalo entre a reação e o que se escuta.
Nesse intervalo há quietude e silêncio. E só nesse silêncio há compreensão, que não é compreensão intelectual.
Se existir um intervalo entre aquilo que é dito e a nossa reação ao que é dito, nesse intervalo - quer o prolonguemos por um período longo ou apenas alguns segundos - é que surge a clareza. Esse intervalo constitui o cérebro novo.
A reação imediata representa o cérebro "velho". Só o novo é capaz de compreender, não o velho. Só quando esse cérebro velho se aquieta, se torna possível descobrir a existência dum movimento de qualidade completamente diferente, e é esse movimento que há de trazer clareza, porquanto só ele é clareza.
Todos os problemas podem ser resolvidos à luz do silêncio. Essa luz porém, não provém do movimento milenar do pensamento, nem sequer brota do conhecimento auto-revelador.
Essa luz não pode ser acesa nem pelo tempo nem por meio de nenhuma ação da vontade, mas sucede pela meditação. Na meditação a linha divisiva entre os seres desaparece, e a luz do silêncio destrói o conhecimento do "eu"... Silêncio é liberdade.
(Jiddu Krishnamurti, trechos do livro 'A Arte de Viver')
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