O que vemos no mundo, o que vemos nas demais pessoas, está dentro de nós. O mundo é um espelho, cada pessoa é um espelho onde vemos o que não conhecemos em nós mesmos, onde vemos o que não aceitamos em nós mesmos, onde vemos o que é difícil admitir que é nossa realidade interior oculta em nosso subconsciente.
Um dia chega, nessa caminhada vertical interior, o momento de tornar-se consciente disso na prática. Nada existe fora, perceptível por nosso senso crítico, que não esteja bem vivo, mas oculto dentro de nós.
Quando isso se torna claro para nós, é o momento em que calamos a língua ferina, é o momento em que nos vemos em parte, exatamente a parte que estamos vendo no outro.
Dor é o que resulta quando cai nossa máscara, nossa auto-imagem de orgulho e perfeição.
E então, dois caminhos se abrem, um buraquinho no chão para enfiar a cabeça como um avestruz, tratando logo esquecer o que vimos no espelho, ou enfrentar a realidade, medindo-nos com vara de ferro em busca de mudanças interiores profundas no trabalho contínuo, ininterrupto sobre nós mesmos.
Katia Coimbra da Silveira
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