2013-08-15
Laços e não laços (ou quase laços e quase não laços...)
A gente pode não estar pronto para tudo e seguramente, nunca estaremos.
Acredito que ter a consciência da nossa impotência é muito mais maduro do que acreditar-se totalmente preparado para as infinitas circunstâncias da vida. No entanto, ter essa sabedoria não implica nem justifica a falta de ação. Não é plausível sermos imparciais sobre os nossos próprios assuntos, escolhas e relações por medo de errar.
Quem não escolhe, quem se abstém, já está fazendo uma escolha: A escolha de não escolher o seu próprio rumo ou destino.
O tempo passa e conforme ele corre percebemos ao olhar para o lado, ao olhar para trás aquelas pessoas que sempre estiveram e estão ao nosso lado. São laços que têm inúmeros porquês de permanecerem: conforto, paz, alegria, sintonia, intimidade, ideal e também incontáveis sensações indescritíveis de parceria e amizade.
Há tanta gente, são tantos que passam deixando coisas, levando pedaços...É tanta gente que já foi e ainda terão tantas que circularão em nós, diante de nós com o único destino de partir, que não ouso mais lamentar essas perdas.
Agradeço as pessoas que ajudaram a construir quem eu sou, mas também não vou me prender àquelas que já não me trazem nada além de desconfortos, apenas por um passado, por uma história. Assumo ser mais tolerante, mais complacente aos antigos laços.
Eles tem uma grande importância e razão de ser em minha trajetória, mas eu me canso e não sinto grandes culpas em deixar para lá. Por um tempo? Para sempre? Quem vai saber...?
As pessoas mudam, se mostram ou a gente mesmo as descobre, e logo, passam a não mais fazer parte do que queremos para nós, do que nos agrega ao compartilhar idéias e momentos.
Posso estar errada, sempre fui muito precipitada em agir. Sempre pequei pela ação e sinto-me bem errando sempre por escolher o que será da minha vida e quem estará nela.
Tem gente que não faz mais sentido e que nem me causa mais dor no coração dizer que já passou, ou que por hora não dá.
Não sinto falta de novas pessoas como sinto que à algumas pessoas falte, mas sei que sobram algumas e nesse caso, sobras incomodam muito mais do que faltas.
É importante estar aberto ao novo, mas é mais importante ainda saber ser com calma e sem afobação uma pessoa que tenha a habilidade em criar vínculos, eu acho que tenho. E ao contrário também.
[ Faço minhas essas palavras. E mais, isso nada tem a ver com amar e/ou gostar. Tem a ver com desembaraços para ambos os lados.
Amar e gostar das pessoas não torna obrigatório um relacionamento estreito. Isso poderá ser: dependência, interesses ( de comum acordo ou não ).
O verdadeiro compartilhamento que vem do amor e do gostar é espontâneo, do contrário, não é real.
Se for uma obrigação, o nome já diz tudo: é uma obrigação, a qual só é realizada por que se obriga a tal, do contrário não ocorreria porque obrigação não é sinônimo de amor ou gostar.
Esse negócio de "passar relatório e bater cartão" é fruto de equívocos quanto a natureza real do amor e do gostar.
Sabemos ( pelo menos deveríamos saber) que gostar não é amar e nem amar é o mesmo que gostar.
Há muitas pessoas de quem gostamos mas não as amamos, outras apesar de as amarmos não conseguimos gostar delas.
A maioria consegue gostar com mais autenticidade que amar. E não adiante entrar na defensiva pensando ou dizendo que gosta e ama todas as pessoas, isso é mentira! Não sejamos hipócritas.]
Por Pamela Facco