2011-09-30
PARA QUE TERREIRO?
Há um número bem grande de pessoas que se declaram umbandistas, mas que não estão praticando..., são “ médiuns que creem mas não frequantam nenhum Terreiro, sendo cada vez maior o número de pessoas que “nascem em berço umbandista, recebem o batismo, mas não praticam sua religião”.
Isso apenas confirmam uma tendência há muito percebida; o crescente número de pessoas que buscam a espiritualidade sem uma religião específica, e deseja a experiência espiritual sem a necessidade de submissão às instituições religiosas.
É a fé individualizada, em que cada um escolhe livremente o que crer, agregando, à vontade, elementos de vários seguimentos religiosos.
Essa constatação faz surgir perguntas que não querem calar-se, exigem respostas urgentes: Para que serve a um Templo religioso, que para os umbandista é o Terreiro? Qual a função de uma comunidade religiosa na experiência espiritual individual de seus fiéis na sociedade?
Vamos definir a palavra templo:
1- É qualquer edificação com uma presença divina dentro dele.
2- Uma edifícação usada para reuniões de qualquer ordens fraternal.
3- Uma edifícação reservada para uma função altamente valorizada. Uma biblioteca é um templo do saber.
Assim, fica claro que templo é uma edificação com finalidade nobre e/ou espiritual. Então, no contexto aqui tratado, o Templo serve para gurdar os ritos e memórias de um determinado culto religioso.
Em tempos em que as crenças são desvalorizadas e particularizadas é importante saber em quem se crê, e os umbandistas compreendem a sua fé como confiar em uma pessoa, sacerdote(-isa), em vários espíritos-guias, assim como em várias Divindades que formam a Hieraquia do Criador Supremo.
Mas também é precisa saber no quê se crê, e por isso os umbandistas chamam de fé um conjunto de crenças, práticas, afirmações e intercâmbio em relação a tudo o que envolve a espiritualidade e Divindades nos quais crêem.
A mediunidade para o umbandista, principalmente a de incorporação, é o que lhe faculta o intercâmbio que irá firmar sua fé, e cada um deve conhecer sua própria mediunidade.
O Terreiro ( Templo ) é a edificação comunitária que prepara e preserva a memória, os fundamentos e conteúdo deixado pelos ascendentes.
Temos, ainda, outra definição mais simplista, porém não menos importante: o nosso Templo é tembém uma Tenda que serve para se por em prática e finalizar o objetivo da mediunidade: a caridade que mantem viva a esperança, fundamento básico para a própria abertura para Os Mistérios Divinos.
Entende-se, desta forma que o Terreiro é a comunidade que preserva a forma de conduta correta ante a expectativa de que O Sagrado Se abra e que, o Favor Divino se derrame sobre os fiéis.
A banalização e a corrupção no trato do sagrado, porém, fazem com que as pessoas percam o encanto que prostra o homem diante da manifestação do Divino.
O mundo está se tornando cada vez mais frio, imediatista e individualizado, na medida em que os humanos não dependem tanto uns dos outros para sobreviverem, condenando-se à superficialidade nas relações.
O terreiro sugere união, e a possibilidade real para os umbandistas resolverem antigas questões que motivam atritos, ( pelo menos em teoria, é o que deveria ser! ).
Num mundo em que se estimula o individualismo, egoísmo, segregação, e competição desenfreada, o Terreiro deveria ser uma comunidade fraterna, de solidariedade, de generosidade e caridade, em primeiro lugar para com seus fiéis.
O Terreiro deveria ser uma comunidade de aceitação, de perdão e de reconciliação.
Para que serve um Templo? Pelo menos o Templo- Terreiro deveria servir para manter viva a fé, a esperança e a crença no Amor de Deus ante o sentimento de vazio e solidão humana. Mas, infelizmente, nem sempre é.
O Terreiro deveria viver o que afirma para poder afirmar o que vive.
O Terreiro deveria ser uma comunidade em que a caridade é a premissa antes de tudo, entre os membros, pois o exercício da mediunidade não é apenas um serviço para se mostrar " aos de fora", mas servir verdadeiramente, antes de tudo " aos de dentro".
O Terreiro é a comunidade dos que se cansaram de esperar e resolvem " por as mãos na massa ". Dos que se rebelam contra a idéia de morte e castigo para compeenderem a Lei do resgate em toda a sua dimensão.
Deveria ser a comunidade dos que já não vivem com medo da morte, dos que vivem a prática do intercâmbios saudável entre os seres nas várias esferas e planos, mas, infelizmente, nem sempre é!