Em relação ao mestre e ao discipulado, temos uma idéia muito confusa, diluída e acadêmica.
Em geral a nossa atitude diante do mestre é infantil e/ou adolescente. Temos a atitude, o modo de ser de um aluno do ginásio diante do discipulado, da disciplina e do mestre.
Discípulo e disciplina dizem o mesmo: que a aprendizagem da provocação e do desafio do mestre na via da experiência, é gradual e artesanal.
O mestre, porém, é aquele que mais aprende na provocação e desafio da experiência de vida. Da sua autenticação na formação de seu discípulo.
Por isso, o relacionamento do bom mestre e do bom discípulo jamais é um relacionamento de "cativamento pessoal subjetivo" e mútuo, mas sim um relacionamento de contínua luta de libertação mútua para a própria vocação, para o apelo do sentido da vida.
É pois uma amizade exigente, dura, provocadora, a serviço obediente e disciplinado da experiência da vida .
E o que o mestre ensina não é doutrina, norma, edificação, não é o testemunho pessoal, suas vivências, ou contúdo cumulativo, mas apenas e tão somente [e isto é o todo e tudo!] o modo de ser do discipulado radical à experiência da vida!
Por isso, ao lermos, ao estudarmos os ensinamentos e a vida dos grandes mestres, se não os interpretarmos como explicações do modo de ser, da caminhada da experiência de cada um, seremos apenas "repetidores" de algo passado já sem vigor, seremos como colegiais que copiam a informação da educação formal, sem sermos provocados a também andar no desafio do mestre, no extremo da experiência, do qual ele é mestre. Isto é, um discípulo extraordinariamente obediente, servil, mas não fiel ao seu mestre e a si mesmo.
( VSL )
UM CONTO PARA REFLEXÃO
Como encontrar a Deus
Certa ocasião, um discípulo que procurava seguir o caminho espiritual, dirigiu-se ao seu orientador, dizendo-lhe:
Mestre! Embora o senhor nos tenha ensinado que Deus está sempre à nossa disposição, não consigo encontrá-lo, por mais que O procure.
Como o mestre e o discípulo estavam às margens do rio Ganges, considerado sagrado pelos indianos, que nele se banham para purificar-se, o mestre convidou o discípulo para entrar com ele naquelas águas santificadas.
Ao chegarem a determinado ponto, o mestre segurou o discípulo pelos ombros e mergulhou sua cabeça, sem deixar que ele a levantasse.
O discípulo começou a debater-se, tentando inutilmente sair daquela situação.
Quando o mestre percebeu que ele estava perdendo as forças, soltou-o e ele procurou imediatamente respirar, sorvendo o ar com grande sofreguidão.
Perguntou-lhe o mestre: que foi, meu filho?
Ar, mestre! Ar! Sem respirar, eu morreria.
Respondeu-lhe então o mestre.
No dia em que você procurar Deus com o mesmo empenho com que buscou o ar para viver, você O encontrará.
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Bonito texto não é mesmo? Só que existe outro fator... buscar a Deus somente não adiante, se você não amar o teu próximo como a ti mesmo, todos os teus esforços será em vão. A Fé só é ativada quando existem obras. Mas como assim obras? Obras de caridade! Se você não consegue dar uma esmola a um mendigo como quer encontrar seu criador? Ame loucamente seu semelhante, depois pense em amar loucamente a Deus.
Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? (I João 4:20)
( Thiago Gracino de Oliveira )
- Dedico este post ao pai Rubens Saraceni, meu pai, meu mestre, meu irmão, em quem o paradoxo me espelha e desafia. Sinto-me como o porteiro que, participa sem estar dentro e se ausenta sem, no entanto, estar fora.
A ti, pai Rubens, minha gratidão.VSL