Em minhas constantes pesquisas, hoje me deparei com um texto que, no mínimo deixou-me triste. Sim, fiquei entristecida pelo facto de que o texto encontra-se com uma ampla divulgação e, embora possa não ser a intenção do autor, basta-nos ler poucas linhas para percebermos a imprensão tendenciosa que o mesmo causa, podendo levar ao preconceito em vez de combatê-lo.Deixo aqui uma pergunta para reflexão:- O que é mais importante, colocarmos nossas práticas espírito/religiosas num pedestral de forma que pareça superior à demais, ou colocar em prática os fundamentos delas mesmas que preceitua a irmandade e igualdade de toda Criação Divina?Sugiro uma outra pergunta para ajudar nessa reflexão: | |
Espiritismo codificado por Allan Kardec
O termo "kardecista" não costuma ser o usado por parte dos adeptos, que reservam a palavra "espiritismo" apenas para a doutrina tal qual codificada por Kardec, afirmando não haver diferentes vertentes dentro do espiritismo, e denominando correntes diversas de "espiritualistas".
Estes adeptos entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só, o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista".
Assim, ao seguirem os ensinamentos codificados por Allan Kardec nas obras básicas (ainda que com uma tolerância maior ou menor a conceitos que não são estritamente doutrinários, como a apometria), denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista".
A própria obra desaprova o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo.
Outra parcela dos adeptos, no entanto, considera o uso do termo "kardecismo" apropriado. O uso deste termo é corroborado por fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa.
José Lacerda de Azevedo, médico espírita brasileiro, compreendia o kardecismo como uma "prática ou tentativa de vivência da Doutrina Espírita" criado por brasileiros "permeada de religiosidade, com tendência a se transformar em crença ou seita".
As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda.
Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas.
Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distingui-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".
Cultos afro-brasileiros
No Brasil Império a Constituição de 1824 estabelecia expressamente que a religião oficial do Estado era o Catolicismo.
No último quartel do século XIX, com a difusão das idéias e práticas espíritas no país, registraram-se choques não apenas na imprensa, mas também a nível jurídico-policial, nomeadamente em 1881, quando uma comissão de personalidades ligadas à Federação Espírita Brasileira reuniu-se com o Chefe de Polícia da Corte e, subsequentemente, com o próprio Imperador D. Pedro II, e após a Proclamação da República Brasileira, agora em função do Código Penal de 1890, quando Bezerra de Menezes oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas.
Outros momentos de tensão registrar-se-iam durante o Estado Novo nomeadamente em 1937 e em 1941, o que levou a que a prática dos cultos afro-brasileiros conhecesse uma espécie de sincretismo sob a designação "espiritismo", como em época colonial o fizera com o Catolicismo
Esse raciocínio causou polémica à época. Anos mais tarde, em 1958, o Segundo Congresso Brasileiro de Jornalismo e Escritores Espíritas opôs-se considerar os umbandistas como espíritas. Duas décadas mais tarde, em 1978 o mesmo Reformador publicou que a designação de "espíritas" pelos umbandistas é "imprópria, abusiva e ilegítima".
Na prática, sinteticamente, as semelhanças entre a prática Umbanda e a Doutrina Espírita são: a comunicação entre os vivos e os mortos, admitindo ambas, por conseguinte, a sobrevivência à morte do chamado "espírito"; a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação); o resgate, podendo ser pela dor e sofrimento, das faltas cometidas em anteriores existências; a prática da caridade.
Por outro lado, as principais diferenças são a admissão pela Umbanda: de cerimônias litúrgicas como o batizado e o matrimônio; a presença de imagens em seus cultos; o emprego de plantas em seus cultos; a música dos pontos cantados para as entidades.
De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda branca", que guarda pouca ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô do Recife, o Tambor de Mina ou o Batuque.
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O QUE É ESPIRITISMO?
- DISTINÇÃO IMPORTANTE- Qualquer pessoa que acredite na vida espiritual- ou seja, que existe em si algo mais do que a matéria- é espiritualista. A distinção entre espiritualista e espírita se faz porque os Espíritas acreditam nas manifestações dos espíitos e também na Reencarnação como o meio que Deus nos dá para nos redimirmos de nossos erros e buscarmos a evolução.
- É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
- O ESPIRITISMO nos traz conceitos novos e profundos a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das leis que regem a vida. Nos faz ver quem somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.
- O Espiritismo abrange todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humanos.
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- Os mais importantes pontos da Doutrina Espírita :
- Deus é a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
- O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.
- A habitação dos Espíritos encarnados- o planeta Terra, coexiste com o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados. Existem outros mundos habitados, com seres em diferentes graus de evolução: iguais, mais ou menos evoluídos que os homens.
- Todas as leis da Natureza são leis divinas, quer sejam físicas ou morais, pois que Deus é o seu autor.
- O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
- Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição.
- Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.
- Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aperfeiçoamento. Os Espíritos evoluem sempre e em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem.
- Conforme o grau de perfeição a que tenham alcançado os espíritos podem ser :Espíritos Puros, aqueles que atingiram a perfeição máxima;Bons Espíritos, aqueles cujo desejo do bem é o que predomina: Espíritos Imperfeitos, são aqueles cuja ignorância, desejo do mal e paixões inferiores ainda predominam.
- A interação dos Espíritos com os homens é constante. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos impelem para o mal.
- Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que nos deixou é o que há de mais representativo da pura Lei de Deus.
- A moral do Cristo, contida no Evangelho, é ocaminho seguro para a evolução de todos os homens. assim como é inata a idéia da existência do Criador.
- A prece enobrece o homem. Quem ora com fervor e confiança torna-se mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assistí-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.
PRÁTICA ESPÍRITA
- Toda a prática espírita é gratuita, dentro dos preceitos do Evangelho : "Dai de graça o que de graça recebestes".
- A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
- O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, ou quaisquer formas de culto exterior.
- O Espiritismo não impõe os seus princípios, mas sim quer que aqueles interessados em conhecê-lo, submetam os seus ensinamentos ao crivo da razão antes de aceitá-los.
- A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz de vida que adotem. Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.
- O Espiritismo respeita todas as religiões, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social.
- Reconhece, ainda, que "o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza".
ESPIRITISMO E AS OUTRAS RELIGIÕES
O Espiritismo é, pois, o mais avançado e perfeito sistema de iniciação espiritual dos tempos modernos, e as claridades dos seus ensinamentos iluminam os caminhos do adepto, como jamais o conseguiram quaisquer das doutrinas até hoje conhecidas e professadas, porque desde o seu advento realizou, entre muitas outras coisas, estas coisas notáveis :
1. colocou as verdades essenciais ao alcance de toda a humanidade, sem distinções de qualquer natureza, salvo as referentes à própria negatividade individual;
2. completou o quadro dos conhecimentos espirituais, compatíveis como entendimento dos homens desta época, transmitindo esclarecimentos ainda não revelados até o presente;
3. eliminou a necessidade de iniciações secretas e sectárias, generalizando seus conhecimentos para toda a massa do povo, sobretudo, popularizando o intercâmbio entre os mundos, pela mediunidade;
4. demonstrou que o progresso espiritual só pode ser realizado em boas condições mediante o desenvolvimento, eqüilibrado e, recíproco, do sentimento e da inteligência;
5. revelou que o Cristo- o Verbo- é o arqutieto da estruturação e da organização da vida neste planeta, medianeiro entre Deus e os homens, e que seu Evangelho é a síntese da mais alta moral e a norma da mais elevada realização espiritual;
6. evidenciou que o conhecimento das coisas de Deus não deve nem pode ser adquirido por métodos contemplativos, no isolament das coisas do mundo, mas, ao contrário, pelo convívio de todos os seres, ao contato das dores, das misérias e das imperfeições de todos os homens, porque a vida, ela mesma é que fornece experiência, sabedoria e elementos de aperfeiçoamento;
7. libertou o homem da escravização religiosa e do esforço, quase sempre improdutivo, da especulação filosófica, ofertando-lhe conhecimentos reais, concludentes, lógicos e completos, todos eles, passíveis de demonstração experimental.
"Religiões e Filosofia"- Edgard Armond-
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Palavras de Kardec :
"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei".
"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade".
"Fora da caridade não há salvação".