2019-05-29
Já que não posso mudar o mundo
Nos perdemos acreditando que é possível mudar o mundo.
Não, não é.
Movimentos que tentam mudar o mundo, acabam sucumbindo pela frustração que adiante virará cinismo.
Quantas ideias lindas nasceram em berços de simplicidade e depois cresceram, arregimentaram seguidores, empolgaram, se tornaram grandes e poderosos? Agora trabalham para manterem-se: Viraram um fim em si mesmo. Morreram. Você conhece exemplos.
Jovens idealistas no Brasil da década de sessenta, em grande parte, viraram a réplica do que condenavam. (Como nossos pais, diria Elis Regina). Movimentos genuínos de questionamento à religião perderam escrúpulos, ficaram ricos e cruéis.
A esperança de quem pensa que pode transformar a sociedade costuma ser esmagada pelo peso de engrenagens moedoras de sonhos.
Um idealista que entrar na política será triturado em pouquíssimo tempo. Quem resistirá?
Quando olho para o horizonte acho tudo muito distante e o caminho a percorrer inviável.
Reconheço que o horizonte é uma ilusão, que jamais vou chegar aonde o sol se põe. Mas o horizonte me mantem em movimento.
Caminhando percebo que não sou capaz de mudar o mundo, mas há um porém: tudo o que faço interfere em mundos. Nos meus e dos que cruzam meu caminho.
Os grandes passos capazes de interferir na história são resultado de pequenos passos, pequenos movimentos, pequenas escolhas. Jamais de intenções megalomaníacas.
O micro interfere no macro.
Não creio em pessoas ou instituições que propagandeiam serem capazes de mudar o mundo.
Creio em indivíduos e pequenas atitudes sinceras e desinteressadas.
Creio no poder do desencadeamento de pequenos gestos.
Já que não posso mudar o mundo tentarei ser atento, generoso e gentil.
É aí que mora minha esperança.
flaviosiqueira
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