2016-02-04

[ O SILÊNCIO EXPRESSA A ORAÇÃO QUE CALA A ALMA - VSL ]






Quando estamos diante de um espectáculo grandioso, majestático, o silêncio é a melhor expressão da nossa admiração e a melhor homenagem que lhe podemos prestar, porque confessa implicitamente que não encontramos palavras para expressar tudo o que sentimos e vivemos nesse momento.

Na nossa oração repousada e íntima, devemos recorrer ao silêncio com alguma frequência; não a um silêncio inexpressivo e estéril, mas a um silêncio actuante, de plenitude com Deus e com todas as coisas.

O silêncio é a palavra mais plena, mais redonda, a que mais diz, a que todos compreendem, a que não precisa de explicação, a que não está limitada por conceitos, a que Deus melhor escuta, a que mais permite que os homens se entendam.

O silêncio da palavra, quando o coração fala; o silêncio da inteligência, quando o espírito vive com intensidade; a inactividade do corpo, quando a alma jorra por todos os poros e se derrama a todos os momentos.


https://www.youtube.com/watch?v=wNlt_AJPysc
Alfonso Milagro in
Os cinco minutos de Deus

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2016-02-03

NADA FAZER, NÃO IR A LUGAR ALGUM






Neste ensinamento, Mestre Linji nos diz que temos de regressar a nós mesmos e confiar em nós mesmos. Não devemos mendigar migalhas de outras fontes, quer sejam Budas, mestres, professores espirituais, sutras ou outras escrituras.

As coisas que procuramos não estão nessas fontes. Esta mensagem aparece com freqüência nos ensinamentos de Mestre Linji, mas é especialmente clara aqui.

Se procurarmos uma coisa fora de nós mesmos, jamais a encontraremos. Temos todas as sementes da condição de Buda dentro de nós. O Buda e os mestres não pertencem ao passado, nem ao futuro, nem a qualquer outro lugar. Eles estão aqui conosco neste momento.

Mestre Linji perguntou: “Quereis saber quem é nos­so mestre, o Buda? O Buda sois vós mesmos, que estais aqui diante de mim, escutando-me ensinar o Darma”.

Essa afirmação é muito revolucionária. Nossa verdadeira pessoa é o Buda e o mestre, e essa verdadeira pessoa está precisamente dentro de nós.

Todos os Budas e todos os mundos dos quais se fala nos sutras são produtos de nos­sa mente, produtos da consciência. Não devemos procu­rá-los no espaço e não podemos encontrá-los no tempo. Só podemos encontrá-los em nossa consciência.

Quando aprendemos os sutras e os comentários, quando escutamos o Darma, nós temos de manter a nossa liberdade. Quando nos deixamos atrair, provocar e seduzir por imagens que as pessoas nos apresentam, nós nos perdemos.

“Amigos na Senda, todos os virtuosos monges da Antiguidade ofereceram uma senda de libertação aos seres humanos. A obrigação deste monge montanhês é apenas encorajar-vos a não permitir que as pessoas vos iludam. Meu conselho deve ser aplicado de imediato. Não sejais indecisos nem duvideis”.

Ao tratar seu público de “Amigos na Senda”, Mestre Linji queria dizer que eles eram seus colegas praticantes, pessoas que seguiam juntas pela mesma senda, como as águas de um rio.

Quando disse “este monge montanhês”, ele referia-se a si mesmo. Professores budistas do passado têm mos­trado as portas do Dharma, meios hábeis para ajudar-nos a encontrar uma saída do sofrimento.

Entretanto, se não com­preendermos esses ensinamentos bem-intencionados podere­mos ficar presos a eles, amarrados a palavras e idéias, e en­tão tais ensinamentos podem virar um empecilho.

Há professores que receiam perder seus seguidores e seu templo se falarem a verdade. Eles temem que, se não fizerem e disserem o que os seguidores querem, não conseguirão pagar as contas de telefone e eletricidade e não terão onde viver nem praticar. 

Isto acontecia na China na época do Mestre Linji e acontece hoje na Europa, nos Estados Unidos e em outros países. Mas Mestre Linji não era como outros professores. Ele tinha a coragem de falar a verdade que tinha no coração; ele só queria ser uma pessoa verdadeira.

O Venerável Manh Giac escreveu um poema sobre a leitura do Sutra do Diamante. Eis duas linhas desse poema:

Não mais existe o Sutra do Diamante.
A porta zen desaparece e eu estou sem palavras.
Nós somos expulsos do templo.
Temos a boca presa e não conseguimos dizer nada.


O que estes poemas estão dizendo é que se deixamos que outros nos desnorteiem, acabamos por perder-nos. Não devemos correr atrás de nada nem de ninguém, nem mesmo de um mestre zen.

Tudo o que aprendemos e escutamos deve ser capaz de trazer-nos de volta para nós mesmos e aumentar a nossa capacidade de sermos livres, felizes, estáveis.

Pode ser que ouçamos este ensinamento e o entendamos. Mas talvez sejamos ainda fracos e indecisos e pensemos “Tudo bem, amanhã ou depois vou arrumar as coisas para poder ter liberdade”. 

Mas um rio nunca para de fluir; se hesitarmos, nunca teremos liberdade. Se compreendermos o ensinamento, devemos pô-lo em prática de imediato.

Mestre Linji disse que se os praticantes budistas de seu tempo não conseguiam alcançar a iluminação, era porque eles não tinham confiança.

Hoje, assim como na China do século IX, precipitamo-nos em busca de coisas externas e depois nos sentimos manipulados e controlados pelas situações em que nos metemos.

Se conseguirmos parar com essa ideia de procurar e correr atrás de coisas, veremos que não há diferença entre nós e os mestres, entre nós e o Buda.

Nós realizamos cerimônias tais como tocar a terra, acender incenso ou estar em contato com uma estátua ou um altar, para manter ou renovar nossa confiança em nós mesmos.

Devemos prestar homenagem e tocar a terra diante do Buda de modo a percebermos que aquele que se inclina e quem é destinatário da reverência são um só. 

Prestamos homenagem ao Buda de maneira tal que a fé em nossa capacidade de ser iluminados – de ser felizes ­se fortaleça e cresça a cada dia.

A escritura budista diz que o Buda tem três corpos. Então, nós ficamos perdidos nas palavras “três corpos” e procuramos este ou aquele corpo, sem alcançar a paz, a libertação e a grandeza que é o Buda vivo em nós. Os três corpos de Buda são o corpo do Dharma, o corpo de retribuição e o corpo de transformação.

O Buda tem milhares de corpos de transformação e, se não tomarmos cuidado, nós buscaremos esses corpos em todo canto menos em nós próprios. Nós procuramos essas coisas sem perceber que são apenas produtos da imaginação da mente.

Alguns chamam o criador de Todo-poderoso, como se fosse alguém fora de nós e que tem todo o poder. Se acreditarmos nessa imagem, acreditaremos que depois de morrer iremos para o Reino de Deus e sentaremos aos pés do To­do- poderoso.

Pensamos que ele está num lugar superior e que tem o poder de conseguir o que quiser, enquanto nós estamos aqui embaixo num lugar muito inferior.

O mesmo acontece no budismo. Imaginamos o Re­verenciado pelo Mundo rodeado de luz ilimitada e de inúmeros bodisatvas. Este Buda tem os trinta e dois si­nais auspiciosos e as oitenta características especiais, além de milhares de corpos de retribuição, corpos de transformação e corpos do Dharma.

Aonde iremos para encontrar um Buda? E para encontrar a Deus? Não po­demos achá-los em belas imagens e obras literárias. As pessoas que escreveram a Bíblia e os sutras Mahayana eram artistas que se valiam de imagens para exprimir suas visões interiores.

Disse o Mestre Linji: “Se neste exato momento vós não sois capazes de encontrar o Buda em pessoa, por inúme­ras vidas vindouras tereis de renascer nos três reinos do samsara, sempre buscando alguma coisa da qual vos apossar que vos faça sentir satisfeitos, nascendo continuamente no útero de um bovino ou asinino”.

Neste exato momento estamos escutando o Dharma, e o Buda está conosco, está dentro de nós. Neste momento, se não conseguimos tocar o Buda, não deveríamos falar sobre o futuro. 

Só o momento presente é real. Se perdermos o momento presente, não poderemos entrar em contato com o Buda e por milhares de vidas seguiremos no ciclo de samsara, sendo concebidos, nascendo e morrendo como os humanos e outros seres.
Todos os mundos do Buda estão contidos neste mo­mento, nós podemos chegar a eles com facilidade e esse é o poder milagroso. Para termos acesso a esse poder, tudo o que precisamos é escutar o sino da consciência e dei­xar que ele nos introduza plenamente no momento atual.

Ao ouvirmos o sino, abandonamos todo pensamen­to, retornamos à respiração e fazemos contato com tempo e espaço ilimitados, com o passado, o presente e todos os mundos. Não há Budas com os quais não possamos fazer contato neste momento.

Mestre Linji perguntou: “Hoje, em toda atividade co­mum que vós realizais, sentis falta de alguma coisa? Há algum momento em que os seis raios de luz milagrosa não resplandeçam?”

As seis luzes milagrosas são nossas consciências sensoriais: visão, audição, olfato, paladar, tato­ e pensamento. Em nossa consciência, a mente luminosa manifesta-se. 

Se usamos estas seis luzes milagro­sas com habilidade, nós somos os Budas. Isto é, em cada instante do nosso dia a dia temos de fazer brilhar a luz da plena atenção.

Vemos alguma coisa e sabemos o que estamos vendo, ouvimos alguma coisa e sabemos o que estamos ouvindo.

Quando olhamos, olhamos como o Buda. Quando cheiramos, cheiramos como o Buda. Quando tocamos, tocamos como o Buda. Quando pen­samos, pensamos como o Buda.

Se em todo momento nossos seis poderes milagrosos estiverem irradiando, nós não teremos nada a fazer. Tornaremo-nos o que Mestre Linji chamava de “pessoa sem objetivo”. Este é o espíri­to do ensinamento de Buda sobre a falta de propósitos, apranihita, uma das três portas da libertação.

O Mestre Linji ensinou que “nenhum dos três domínios é seguro. Estes domínios são como uma casa em chamas. Eles não são o lugar para vós terdes vossa morada da vida inteira. 

A impermanência está constantemente lá, como um demônio, para estender sua mão e tirar-vos a vida, sem distinguir entre jovens e velhos, nobres e humildes”.
Os três mundos de desejo, forma e não-forma carecem de paz. Eles são como uma casa em chamas, um lugar onde não devemos ficar muito à vontade ou por muito tempo. A casa em chamas é uma imagem do Sutra do Lótus.

O demônio da impermanência é a morte. A mão dele segura uma gadanha, com a qual ele destrói inces­santemente, sem distinguir entre jovens e velhos. Como escapamos da casa em chamas?

Mestre Linji ensinou: “Se não quereis ser diferentes do Buda, nosso mestre, não corrais atrás de coisas que estão fora de vós. Todo instante em que vossa mente consegue refletir a luz da pureza é o corpo do Dharma do Buda que está bem aqui em vosso lar”.

(...)

Thich Nhat Hanh, no livro:
NADA FAZER, NÃO IR A LUGAR ALGUM

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RELAXE NAQUILO QUE OCORRE






Pema Chödrön é uma monja budista norte-americana e uma das estudantes mais brilhantes de Chögyam Trungpa Rinpoche, famoso mestre de meditação.

A instrução de meditação que Chögyam Trungpa Rinpoche dava a seus alunos chama-se meditação shamatha-vipashyana.

Quando Trungpa Rinpoche ensinou pela primeira vez no Ocidente, disse a seus alunos para apenas abrir a mente e relaxar.

Quando se sentissem distraídos pelos pensamentos, poderiam simplesmente deixar que eles se dissolvessem e voltar para o estado mental aberto e relaxado.

Após alguns anos, Rinpoche percebeu que várias das pessoas que o haviam procurado achavam essa simples instrução, até certo ponto, impossível de ser praticada e precisavam de um pouco mais de técnica para poderem prosseguir.

Nesse momento, sem realmente mudar a intenção básica da meditação, começou a dar instruções de forma um tanto diferente. Passou a dar mais ênfase à postura e ensinou as pessoas a voltar muito levemente sua atenção para a expiração.

Mais tarde, disse que o momento da expiração era o mais próximo que se podia chegar de simplesmente repousar a mente em seu estado aberto natural e ainda assim ter um objeto ao qual retornar.

Enfatizou ainda que estava se referindo à simples expiração normal, sem qualquer manipulação, e que a atenção deveria ser suave, com um toque de leveza.

Segundo ele, cerca de 25% da atenção estaria voltada para a respiração, de modo que ainda fosse possível ter consciência do ambiente, sem considerá-lo como uma interferência ou obstáculo à meditação.

Anos mais tarde, usou uma analogia bem-humorada, ao comparar a meditação a uma pessoa fantasiada segurando uma colher cheia de água.

É possível estar tranqüilamente sentado ali, vestindo uma roupagem rebuscada e, ainda assim, estar bastante atento à colher de água que se tem nas mãos.

O objetivo não era tentar atingir algum estado especial ou transcender os sons e movimentos da vida normal.

Em vez disso, éramos encorajados a relaxar mais integralmente em nosso ambiente, apreciar o mundo mais integralmente em nosso ambiente, a apreciar o mundo que nos cerca e a verdade simples que acontece a todos os momentos.

A maioria das técnicas de meditação utiliza um objeto — algo a que se retorna repetidamente, não importa o que esteja acontecendo na mente.

Com chuva, granizo, neve, tempo bom ou ruim — simplesmente voltamos ao objeto da meditação. Neste acaso, a expiração é objeto da meditação — a impalpável e fluida expiração sempre em mutação, que não pode ser agarrada e que, mesmo assim, ocorre continuamente.

Quando inspiramos, é como se estivéssemos em uma pausa ou hiato. Não há nada especial a fazer, a não ser esperar pela próxima expiração.

Certa vez expliquei esta técnica a uma amiga que há anos praticava uma concentração muito direcionada tanto para a inspiração quanto para a expiração e ainda para um outro objeto.

Quando terminei, ela disse: “Mas isso é impossível! Ninguém pode fazer isso! Existe todo um espaço onde não há nada em que se concentrar!”

Pela primeira vez, percebi que, inserida exatamente dentro da instrução, estava a oportunidade de deixar fluir completamente.

Já havia ouvido mestres Zen dizerem que meditação é a disposição para morrer continuamente. E ali estava — à medida que cada expiração ocorria e se dissolvia, havia a oportunidade de morrer para tudo o que havia acontecido anteriormente e de relaxar, em vez de entrar em pânico.

Rinpoche nos pediu que, como instrutores de meditação, deixassem de falar em “concentrar” na expiração, mas que em vez disso, usássemos uma linguagem mais fluida.

Então, instruímos os alunos para “entrar em contato com a expiração e deixá-la ir”, ou para “prestar uma atenção leve e suave à expiração”, ou ainda “ser um com a respiração à medida que se relaxa na expiração”.

A diretriz básica era ainda estar aberto e relaxar, sem adicionar nada nem conceituar, voltando sempre à mente tal como ela simplesmente é — clara, lúcida e fresca.

Após um certo tempo, Rinpoche refinou ainda mais as instruções, pedindo que colocássemos em nossos pensamentos o rótulo “pensando”.

Ficávamos ali sentados com nossa expiração e, sem saber como havia acontecido, estávamos lá fora — planejando, tendo preocupações, fantasiando.

Estávamos completamente em um outro mundo feito inteiramente de pensamentos. No momento em que percebíamos que isso havia ocorrido, deveríamos dizer a nós mesmos “pensando” e, sem fazer disso algo muito importante, simplesmente voltar à expiração.

Certa vez vi uma dança inspirada nesse processo. O dançarino entrava no palco e sentava em posição de meditação. Em poucos segundos, pensamentos de paixão começavam a surgir.

O dançarino movia-se dentro deles, tornando-se cada vez mais arrebatado, desde o momento em que um leve vestígio de paixão começava a se desenvolver, até uma completa fantasia sexual.

Soava, então, um pequeno sino, uma voz tranqüila dizia “pensando” e o dançarino voltava a relaxar na postura de meditação.

Cerca de cinco segundos depois, começava a dança da raiva, mais uma vez iniciando-se com uma pequena irritação e explodindo em movimentação frenética.

Veio, então, a dança da solidão, do entorpecimento e, a cada uma delas, o sino soava, a voz dizia “pensando” e ele simplesmente relaxava, mais e mais, no que começou a ser a imensa paz e espaço de simplesmente estar sentado ali.

Dizer internamente “pensando” constitui um ponto muito interessante da meditação. Nesse momento, podemos treinar conscientemente a suavidade e o desenvolvimento de uma atitude de julgamento.

A palavra sânscrita para bondade amorosa é maitri, também traduzida como amizade incondicional. Portanto, sempre que dizemos a nós mesmos “pensando”, estamos cultivando essa amizade incondicional por tudo que surge na mente.

Esse método simples e direto de despertar é extremamente precioso, já que esse tipo de compaixão incondicional não é fácil de alcançar.

Às vezes, sentimos culpa. Às vezes, somos arrogantes. Em outras, nossos pensamentos e lembranças os aterrorizam e nos tornam muito infelizes.

Os pensamentos cruzam nossa mente o tempo todo e, quando sentamos, estamos dando a todos eles muito espaço para que surjam.

Como nuvens em um céu amplo ou ondas em um vasto mar, estamos dando a todos os nossos pensamentos espaço para que apareçam.

Quando um deles atrai nossa atenção e nos arrebata, quer seja agradável ou desagradável, devemos rotulá-lo “pensando”, com toda a abertura e bondade que pudermos reunir, e deixar que ele se dissolva no amplo céu. Não há problema se as nuvens e ondas imediatamente retornam.

Simplesmente reconhecemos sua existência mais uma vez, com amizade incondicional, rotulamos “pensando” e deixamos que elas se dissolvam continuamente.

Às vezes, as pessoas usam a meditação para tentar evitar mais sentimentos ou pensamentos perturbadores.

Tentamos usar o rótulo como uma forma de afastar o que nos incomoda e, quando nos conectamos com algo prazeroso ou inspirador, podemos achar que finalmente conseguimos e tentamos ficar nesse ponto onde há paz, harmonia e onde não temos nada a temer.

Portanto, desde o início, é bom lembrar sempre que meditar relaciona-se com abrir e relaxar, surja o que surgir, sem selecionar ou escolher.

Definitivamente, não significa reprimir nada e também não tem a finalidade de estimular o apego. Allen Ginsberg usa a expressão “mente surpresa”. Você senta e — opa! — surge uma surpresa bem desagradável. Tudo bem.

Quem seja assim. Não devemos rejeitar esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como “pensando” e deixar que ele vá. Então — opa! — aparece uma surpresa muito agradável. Tudo bem. Que seja assim.

Mais uma vez, não devemos nos apegar a esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como “pensando” e deixar que ele vá. Percebemos que essas surpresas não têm fim.

Milarepa, yogue tibetano do século XII, cantava maravilhosamente suas canções sobre a forma correta de meditar. Uma delas dizia que há mais projeções na mente que partículas de poeira em um raio de sol e que nem mesmo centenas de lanças podem pôr fim a isso.

Portanto, como meditadores, também podem parar de lutar contra nossos pensamentos e perceber que honestidade e senso de humor são muito inspiradores e úteis contra ou a favor de algo.

De qualquer forma, o objetivo não é tentar livrar-se dos pensamentos, mas ver sua verdadeira natureza. Ficaremos dando voltas inúteis com nossos pensamentos se acreditarmos em sua solidez. Na verdade, eles são como imagens de sonho.

São como uma ilusão — não são tão sólidos assim. Como dizemos, são apenas pensamentos.

Ao longo dos anos, Rinpoche continuou a aperfeiçoar as instruções sobre postura, afirmando que aplicar esforço durante a meditação nunca era uma boa idéia.

Portanto, recebíamos instruções de que não havia problema em nos movimentarmos quando sentíamos dores nas pernas ou nas costas.

Entretanto, logo se tornou claro que, trabalhando com a postura correta, era possível estar bem mais relaxado e acomodado no próprio corpo por meio de ajustes muito sutis.

Os movimentos amplos traziam conforto por cerca de cinco ou dez minutos e, em seguida, precisávamos nos mover outra vez.

Acabamos seguindo os seis pontos da boa postura para conseguir realmente nos acomodar. Esses seis pontos são: (1) onde sentar, (2) pernas, (3) tronco, (4) mãos, (5) olhos e (6) boca.

As instruções são as seguintes:

1. Quer você esteja sentado em uma almofada colocada no chão ou em uma cadeira, o assento deve ser plano, sem inclinação para a esquerda ou para a direita, para frente ou para trás.

2. As pernas devem estar confortavelmente cruzadas à frente — ou, se estiver sentado em uma cadeira, os pés devem estar bem apoiados no chão e os joelhos afastados alguns centímetros.

3. O tronco (da cabeça até o assento) deve estar ereto, com a parte posterior firme e a parte anterior aberta. Se estiver em uma cadeira, é melhor não se encostar Se você começar a encurvar, simplesmente sente ereto outra vez.

4. As mãos ficam abertas, com as palmas para baixo, repousadas sobre as coxas.

5. Os olhos permanecem abertos, indicando uma atitude de estar desperto e relaxado em tudo que acontece. O olhar dirige-se ligeiramente para baixo, para um ponto localizado aproximadamente dois metros à frente.

6. A boca fica levemente entreaberta, de modo que o maxilar relaxe, permitindo que o ar circule livremente pela boca e pelo nariz. A ponta da língua pode estar apoiada no céu da boca.

Sempre que sentamos para meditar, podemos percorrer esses seis pontos e, quando nos sentirmos distraídos durante a meditação, podemos trazer nossa atenção de volta para o corpo e repassá-los.

Então, com a sensação de estar recomeçando, voltamos mais uma vez à expiração. Não devemos nos preocupar quando percebermos que fomos levados pelos pensamentos. Apenas dizemos internamente “pensando”, e voltamos à abertura e relaxamento da expiração.

Mais uma vez e mais uma vez — voltamos sempre a estar exatamente onde estamos.

No início, as pessoas acham essa meditação empolgante. É como um novo projeto e achamos que a prática talvez nos livre de nossos aspectos indesejáveis e nos torne pessoas alertas, isentas de julgamento e incondicionalmente cordiais.

Entretanto, após um certo tempo, essa sensação se esgota. Encontramos um tempo todos os dias e sentamos em nossa própria companhia.

Voltamos à respiração continuamente, atravessamos o tédio, a irritação, o medo e o bem-estar. Essa perseverança e repetição — quando contêm honestidade, leveza, humor e bondade — são a própria recompensa.

Quando recebemos as instruções, podemos colocá-las em prática. O que vai acontecer em seguida depende de nós.

Em última análise, com que intensidade estamos dispostos a ter mais leveza e a soltar as rédeas?

Quanto de honestidade existe no propósito de estar consigo mesmo?

– Pema Chödrön
Do livro: “Quando Tudo se Desfaz”


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DOS NOSSOS PRÓPRIOS MISTÉRIOS






"Eu pensei que não sabia Ser
E os milênios...
Os milênios se sucederam!"

VSL



***



"(...) Vinha de atravessar a serra e os seus aspectos pardos e desertos. Eram oito horas da noite. Os céus estavam pesados e sujos. E, ou fosse um certo adormecimento cerebral produzido pelo rolar monótono da diligência, ou fosse a debilidade nervosa da fadiga, ou a influência da paisagem escarpada e chata, sobre o côncavo silêncio noturno, ou a opressão da eletricidade que enchia as alturas, o fato é que eu - que sou naturalmente positivo e realista - tinha vindo tiranizado pela imaginação e pelas quimeras.

Existe no fundo de cada um de nós, é certo - tão friamente educados que sejamos -, um resto de misticismo; e basta às vezes uma paisagem soturna, o velho muro de um cemitério, um ermo ascético, as emolientes brancuras de um luar - para que esse fundo místico suba, siga como um nevoeiro, encha a alma, a sensação e a idéia, e fique assim o mais matemático, ou o mais crítico, tão triste, tão visionário, tão idealista - como um velho monge poeta. (...)"


- (Eça de Queirós) in Singularidades de uma rapariga



***


♫ "Venha como você é, como você era,
Como eu quero que você seja ♫
Como um amigo, como um amigo, como um velho inimigo ♫
Tome seu tempo, apresse-se ♫
A escolha é sua, não se atrase ♫
Tome um descanso como um amigo, como uma velha memória.
Memória, a memória, a memória.♫

♫ Venha mergulhado em lama, embebido em água sanitária
Como eu quero que você seja
Como uma tendência, como um amigo, como uma velha memória.
Memória, a memória, a memória♫

♫ E eu juro que eu não tenho uma arma
Não, eu não tenho uma arma (4x)
Memória
Memória
Memória."♫

_______

♫ Come as you are, as you were,
As I want you to be
As a friend, as a friend, as an old enemy
Take your time, hurry up
The choice is yours, don't be late
Take a rest as a friend as an old memory.
Memory, memory, memory.♫

♫ Come doused in mud, soaked in bleach
As I want you to be
As a trend, as a friend, as an old memory.
Memory, memory, memory♫

♫ And I swear that I don't have a gun
No I don't have a gun(4x)
Memory
Memory
Memory.♫

https://www.youtube.com/watch?v=vabnZ9-ex7o
Nirvana

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[ DA PERPLEXIDADE DO DESPERTAR ]






"(...)

Acontece que na minha vida inteira eu nunca me senti sozinho, nem sequer por um momento, mesmo quando eu estava trancado no meu quarto, eu sentia como se algo sobrenatural estivesse ali sussurrando nos meus ouvidos, me observando, seguindo cada passo meu, e eu sempre me questionei o porquê disso.

Quando eu menos esperava, atravessando a rua agora, de madrugada, no meu aniversário, eu simplesmente parei, no meio da rua, como se algo me mandasse parar, e me senti pela primeira vez completamente sozinho no mundo, de repente uma avenida que eu atravesso todos os dias me pareceu algo completamente diferente do que eu estou acostumado a ver, simplesmente fiquei parado no meio de uma faixa de trânsito, não ligando que talvez pudesse aparecer um ônibus e me atropelar, porque eu era dono de mim mesmo agora, não precisava de me preocupar com ninguém, só tinha de ficar ali parado observando o mundo de uma forma que eu nunca imaginei que veria na minha vida, completamente sozinho.

Não se pode deixar abalar pelas injustiças que acontecem em sua vida, se Deus não é justo, que ele guarde as suas imperfeições para ele, eu sempre serei e, pode parecer besteira, mas um dia eu realmente vou chegar no topo desse mundo, pregar minha bandeira e virá-lo do avesso, com acompanhamento ou sem acompanhamento."


por Marcelo Riceputi

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"Existe apenas um praticante do mal no planeta: a inconsciência humana. 

Compreender isso é o caminho para o perdão.
Quando perdoamos, nossa identidade de vítima se dissipa e nossa verdadeira força se manifesta - a força da presença. 

Portanto, em vez de culpar a escuridão, acenda a luz."


Eckhart Tolle

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MENSAGEM DE MÃE MARIA






Hoje quero deixar um recado que recebi de Maria.

A partir de hoje, 3 de fevereiro até 5 de fevereiro, estará acontecendo uma limpeza de memorias de outras vidas.

Não acontecerá para toda a humanidade, mas acontecerá para muitos.

Será retirada as experiencias que nos faz agir ou reagir de forma agressiva, nos ajudando a cada vez mais sermos nos mesmos.

Ela me disse também que esse processo irá consumir muito a nossa energia, então é importante bebermos bastante água, caminharmos descalços, estarmos junto a natureza, meditar e também de estarmos consciente de que é apenas uma limpeza, pois muitos se sentirão como se estivessem gripados ou muito irritados, mas serão sintomas passageiros, basta um pouco de paciência.

Eu vejo essas limpezas (por mais que as vezes sejam fortes) como grandes presentes do Universo, então meus queridos, nesses próximos dois dias, relaxem e aproveitem a paisagem.

Namaste!

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Mensagem canalizada/artigo publicado por Trabalhadores da Luz
Mensagem de 3 de fevereiro 2016
Perfil da Canal Luciana Attorresi
http://trabalhadoresdaluz.altervista.org/divina-maria-as-proximas-36-horas/


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