Por Rodrigo Queiroz
A mediunidade é um assunto que permite infinitos desdobramentos e, portanto, é sempre pertinente, necessário e explorável.
Allan Kardec ao escrever O Livro dos Médiuns, apesar do título ser pretensioso, não esgota em si o assunto Médium e Mediunidade, muito pelo contrário, nesta obra temos o início da exploração e discussão deste assunto importante para a espécie humana.
Mais de 150 anos se passaram da publicação desta obra, assim muitos fenômenos ocorreram e muitos tipos de médiuns passaram e passam por este plano físico da existência.
Entendemos que a mediunidade está presente em todos os indivíduos, pois a mediunidade não é propriedade de nenhuma religião ou segmento espiritualista.
O que se faz necessário explorar é o que chamo de Mediunismo Umbandista ou "Mediunidade de Terreiro". Há alguns anos venho explorando o assunto mediunidade na realidade da Umbanda e percebemos que a maneira como a mediunid ade é desdobrada na realidade da Umbanda é bastante diferente que em outros seguimentos com o uso consciente da mediunidade.
Não se trata das particularidades do ritual e dinâmicas internas dos terreiros, vai além.
Começamos a refletir sobre algo abaixo:
"Faz 06 meses que Fulano freqüenta o Centro Espírita Luz e Amor. Participa regularmente dos estudos mediúnicos, agora vai participar das atividades práticas...
Após a leitura do Evangelho e das palavras explanadas pelo presidente da mesa iniciam as manifestações dos mentores, ao que Fulano "estremece" o corpo e uma entidade se manifesta:
- Boa noite a quem é de boa noite!
- Seja bem vindo irmão! Qual o seu nome?
- Eu vim para dizer que este meu cavalo deve procurar um terreiro para iniciar sua missão, somos gratos a todos, mas o caminho dele é na Umbanda, eu me chamo Exu..."
Histórias como estas são cada vez mais comuns entre Umbandistas que, a ntes de chegar ao terreiro, tiveram sua passagem pelo Espiritismo.
Neste caso cabe a pergunta: - Se a mediunidade é algo inerente ao indivíduo, podendo ser exercida em "qualquer" segmento, porque então há esta "exigência" de um determinado médium buscar a Umbanda?
Acaso, este é melhor ou pior que os outros irmãos do Centro Espírita?
Também não cabe, neste caso, apontar a discriminação de alguns centros em relação às entidades típicas da Umbanda. Já temos notícias de muitos e muitos centros espíritas que abrem as reuniões para manifestação de pretos velhos, caboclos etc.
Por que afinal o Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas teve como missão fundar a religião Umbanda?
Com o advento da Umbanda acontece o rompimento de muitos médiuns espíritas que vão abarcar aos terreiros de Umbanda, também com o surgimento do ritual de Umbanda uma nova modalidade de mediunismo aflora, ou melhor, encontra solo fértil para de sdobrar-se.
Por que, que mesmo querendo, muitos médiuns atuantes na seara espírita não conseguem incorporar um Exu ou um Caboclo? E por que, mesmo querendo, um médium que traz a companhia de guias típicos da Umbanda não consegue evitar a manifestação destas entidades e, em algum momento, estarão pisando um solo Umbandista?
Com isso é visto que há mais sobre Mediunidade, Mediunismo e Umbanda a se explorar, refletir e compreender.
Não se trata de classificar ou desclassificar a mediunidade de um campo ou outro, mas sim de buscar entender como e porque há esta diferença.
Os médiuns evangélicos encontram nas igrejas evangélicas um campo propício para esta mediunidade, da mesma maneira entre os médiuns católicos, os espíritas, os candomblecistas e, inclusive, os Umbandistas.
Mediunidade é algo global e universal, entretanto é importante compreender diferentes mediunismos e campos de ação. Para cada segmento há também uma ou outra faculdade mediúnica que é mais atuante ou característica. Da mesma maneira que cada segmento apresenta níveis vibratórios e magnéticos específicos, bem como campos de ação bem delineados.
Vou encerrando aqui este texto como uma provocação reflexiva, logo ampliarei esta discussão.
Grande abraço,